Alguns dias depois...
Chegamos ao dia 15 de Janeiro, o dia da operação do meu avô. Os alarmes tocaram mais cedo. Acordamos todos dominados por uma sensação de insegurança desesperadora, era tudo culpa da possibilidade de perder o avô. Não conseguíamos encontrar um único momento de sossego, passei parte da noite a pensar nas difíceis noites da minha avó e do meu pai que juntos passaram quase uma vida ao lado do avô. Em menos de duas horas, tínhamos de estar no hospital, o desânimo tomou tomado conta de nós, embora que alguma réstia de esperaça vivesse dentro de nós.A aflicção tomou conta de nós e pesou como uma espécie de camada de chumbo lançada no mar, e isso nos afundava ao desespero que notava-se facilmente na palidez dos nossos rostos. Com o clima demasiado tenso no hospital, não havia condições de confortar uns aos outros, a dor era enorme e o seu efeito parecia atingir todos com a mesma intensidade. Quando as coisas insistem em não correr bem, Deus é o priNo Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, encontramos o senhor Jacinto à nossa espera. Fiquei feliz por revê-lo e a minha mãe previamente perguntou sobre o funcionamento das coisas. Os meus pais raramente se afeiçoam a alguém, eles sempre foram egocêntricos da cabeça aos pés. Quanto a mim, eu apenas conseguia pensar em duas coisas: matar as saudades de casa e abraçar a dona Isilda. As nossas saudades eram imensas, e também não via a hora de rever a Evandra.Abandonamos o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro nas imediações do distrito da Maianga e fomos para casa. Durante o caminho enviei uma mensagem para a Evandra a pedir para que ela ficasse à minha espera em minha casa, ainda assim ela demorou a chegar, mas não achei mal porque rever a minha melhor amiga era extremamente importante para mim. A saudade apertava o meu coração, e eu queria dar os presentes em primeira mão para a minha melhor amiga.Adormeci durante o caminho, o sono emanado do cansaço acabou por venc
Dia 27 de Janeiro. Um novo dia, um novo amanhecer.Uma noite coberta de sobressaltos raramente vem acompanhada de um lindo amanhecer. Acordei com um enorme receio de enfrentar o mundo, por causa de tudo o que aconteceu, e o pior de tudo é que nesta mesma semana a dona Isilda iniciava o seu tempo de ausência para cuidar da sua primeira filha, que deu à luz o seu primeiro neto. Mãe dedicada como é a dona Isilda, a minha mãe nem lhe poderia negar a dispensa, porque a dona Isilda sempre foi um exemplo de mãe protectora e abdicaria do seu emprego, caso lhe fosse negada a dispensa por algum tempo.Sem ninguém para conversar e desabafar. Em casa estávamos apenas minha mãe e eu naquele domingo em que ela acordou cedo e decidiu acordar-me também para irmos juntas à missa adorar e agradecer a Deus pelas enormes bênçãos. Fomos à igreja e, na volta, a minha mãe tentou criar algum assunto na tentativa de gerar uma empatia entre nós, mas estava difícil, porque sempre que ela me pergu
Acordei desesperada por provar a minha inocência no primeiro dia de aulas. Sempre foi menosprezado por mim, mas aquele primeiro dia de aulas seria determinante para a minha vida. Tudo o que me ocorria era ir ao Colégio Nobre e provar a minha inocência. Ainda cedinho, despedi-me da minha mãe e fui com muita pressa para o carro, onde dei um enorme “bom dia” ao senhor Jacinto e pedi-lhe para que chegasse o mais rápido possível ao colégio.Cheguei ao colégio e fui directamente para o refeitório. Na trajectória do portão ao refeitório todos para mim apontavam. Fui forte ignorando tudo e todos, pois a única verdade é que eu nada tinha a perder, apenas duas escolhas, era tudo ou nada.Permaneci focada na enorme vontade de fazer justiça. Em pensamentos íntimos eu pedia forças para seguir em frente. Minutos depois, corajosamente entrei no refeitório, onde me deparei com a maioria dos alunos. Nunca fui uma pessoa apologista da violência ou de atitudes que levam a grandes d
As noites bem passadas decorrem de boa companhia ou de um doce sonho, e eu tive um doce sonho. Acordei com uma óptima disposição para mais uma quinta-feira da minha vida. O Davi sempre ligava para mim a cada manhã para dar-me um bom dia, mas aquela quinta-feira não seguiu o hábito, tornando-se o dia da excepção. Olhei para o telemóvel e não havia registos de chamadas não atendidas.Desci para tomar o café da manhã. Ansiosa, fiz um compasso de espera a ler o jornal com outra parte da minha atenção voltada para o telemóvel e mesmo assim a ligação não chegava, o pior de tudo é que o hábito faz o costume.O ego deixava-me cega e impedia-me de perceber o óbvio. A realidade é que tamanha ansiedade era consequência da enorme saudade do carinho e da atenção que um dia me foram dadas pelo Davi. Os meus ouvidos ansiavam pela sua voz e se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Deixei o orgulho de lado e liguei para ele, com o pretexto de desejar-lhe um óptimo dia, mas nã
Acordei desesperada por provar a minha inocência no primeiro dia de aulas. Sempre foi menosprezado por mim, mas aquele primeiro dia de aulas seria determinante para a minha vida. Tudo o que me ocorria era ir ao Colégio Nobre e provar a minha inocência. Ainda cedinho, despedi-me da minha mãe e fui com muita pressa para o carro, onde dei um enorme “bom dia” ao senhor Jacinto e pedi-lhe para que chegasse o mais rápido possível ao colégio.Cheguei ao colégio e fui directamente para o refeitório. Na trajectória do portão ao refeitório todos para mim apontavam. Fui forte ignorando tudo e todos, pois a única verdade é que eu nada tinha a perder, apenas duas escolhas, era tudo ou nada.Permaneci focada na enorme vontade de fazer justiça. Em pensamentos íntimos eu pedia forças para seguir em frente. Minutos depois, corajosamente entrei no refeitório, onde me deparei com a maioria dos alunos. Nunca fui uma pessoa apologista da violência ou de atitudes que levam a grandes d
Acordei desesperada por provar a minha inocência no primeiro dia de aulas. Sempre foi menosprezado por mim, mas aquele primeiro dia de aulas seria determinante para a minha vida. Tudo o que me ocorria era ir ao Colégio Nobre e provar a minha inocência. Ainda cedinho, despedi-me da minha mãe e fui com muita pressa para o carro, onde dei um enorme “bom dia” ao senhor Jacinto e pedi-lhe para que chegasse o mais rápido possível ao colégio.Cheguei ao colégio e fui directamente para o refeitório. Na trajectória do portão ao refeitório todos para mim apontavam. Fui forte ignorando tudo e todos, pois a única verdade é que eu nada tinha a perder, apenas duas escolhas, era tudo ou nada.Permaneci focada na enorme vontade de fazer justiça. Em pensamentos íntimos eu pedia forças para seguir em frente. Minutos depois, corajosamente entrei no refeitório, onde me deparei com a maioria dos alunos. Nunca fui uma pessoa apologista da violência ou de atitudes que levam a grandes d
Levantei cedo da cama e comecei a andar pela casa. Cheguei até à sala de estar e olhei para as paredes onde ficam as fotos de família. A saudade que sentíamos do meu pai aumentava a cada segundo, tanto para mim como para a minha mãe, que também era especialista em omitir sentimentos, tal como o meu pai. Todavia, ninguém resiste aos sintomas do amor e a saudade é o maior deles. A saudade surge com maior frequência quando chega a noite. De um jeito inexplicável ela cria pontes de nostalgia e aperta o coração quando menos esperamos.O meu avô recuperou-se e o meu pai voltou a Luanda. O novo dia expressou a prévia necessidade de ir ao Aeroporto a busca do meu pai. A minha mãe não demonstrava, mas eu notei nela uma enorme ansiedade de voltar toca-lo e sentir o seu cheiro mais do que nunca. Fomos ao Aeroporto 4 de Fevereiro e lá um diálogo fluido matava as saudades, através deste dialogo o meu pai notou uma enorme mudança em mim e me teceu um elogio qua
A primeira quinzena do mês de Dezembro.Em uma risonha manhã fiz a minha formatura, e ao cair da noite estava previsto o Baile dos Finalistas. Todos aqueles acontecimentos para mim simbolizavam o começar de um enorme sonho... estar no jardim dos consagrados finalistas nobres acompanhada dos meus pais, ouvir as honrosas palavras do director Xavier e receber o meu certificado de conclusão do ensino médio das mãos do então ministro da educação. As escolas dos ricos são privilegiadas e desfrutam da presença de figuras da ribalta nestes dias.O melhor de tudo é que a minha família estava comigo. Os meus pais estiveram comigo naquele momento fundamental da minha vida. No fim das contas, a minha mãe conseguiu o que sempre quis, eu finalmente tinha concluído o ensino médio em Ciências Económicas e Jurídicas, e meio caminho estava andado para a concretização da minha formação. Logo após a entrega do meu certificado, a minha mãe proporcionou um momento inesquecível quando te