2º capitulo

Durante a noite...

Tiago se ajeitou no chão do quarto enquanto Érika ficou com a cama, às vezes ela o via reclamar, tentou ignorar por um tempo, mas foi vencida.

- Kurt...

- O que foi?

- Você quer dormir na cama?

- E você vai dormir onde?

- Aqui, a cama é grande, podemos dividir.

Tiago se levantou do chão e deitou na cama puxando o cobertor dela.

- Hei! Sem roncar e roubar a coberta, ta frio!

- Eu não roubo a coberta é você quem rouba! E quanto ao ronco, o meu ronco é música para o ouvido da maioria das mulheres.

Érika começou a rir alto.

- Eu podia dormir sem essa.

Quando o dia amanheceu Tiago estava com os braços envolta de Érika e sua cabeça apoiada nos ombros dela, Érika se remexeu um pouco na cama e então percebeu que estava presa nos braços dele, a respiração dele estava em seu rosto e aquela sensação era muito estranha.

Tiago abriu os olhos percebendo a tensão dela e então se lembrou de que não estava deitado com uma garota e sim com Érika, a soltou rapidamente e sentou-se na cama sem graça.

- Desculpa, não estou acostumado a dormir com... Com alguém sem...

- Tudo bem, esquece.

Ele sorriu e então se espreguiçou.

- No apartamento teremos duas camas separadas e isso não vai acontecer, agora vamos tomar um banho e encerrar a conta, temos a entrevista às nove.

- Verdade, eu vou primeiro, você sabe eu demoro.

Ela se levantou apressada e entrou no banheiro sem esperar a resposta dele, Tiago arrumou a cama e afofou os travesseiros, quando bateu neles sentiu o perfume de Érika, respirou fundo e pôs o travesseiro no lugar, que sensação era aquela? Sentiu-se estranho, de repente estava tendo dificuldade para separar as coisas, mas isso nunca tinha sido um problema antes, por que agora?

Saiu do quarto e foi até a recepção da pousada para encerrar a conta, quando voltou Érika já estava pronta, ela ainda estava um pouco arredia com ele, parecia desconfortável e ele não podia esconder que também se sentia assim, será que ela estava sentindo o mesmo? Entrou no banho e deixou a água encharcar o corpo e apagar definitivamente os pensamentos.

Tiago e Érika chegaram cedo na comitiva de imprensa, o segundo a chegar foi Sebastien e por último Eduardo.

O clima entre Sebastien e Eduardo ainda estava pesado, Sebastien não sabia se teria coragem de fingir que o beijo em Suélen não tinha significado nada, porém se não fizesse isso Eduardo sairia da banda e ele não podia arriscar perder o guitarrista agora com tudo certo para os shows.

Eles sentaram na banca de frente para os repórteres que começaram a tirar muitas fotos ao mesmo tempo, Seven estava certo eram urubus em cima da carniça, Érika ficou cega com tantos flash e começou a coçar os olhos.

Seven estava de pé no canto esquerdo, como o bom empresário que era observava cada pergunta e cada ataque para ver se seria necessário intervir ou não, o pessoal da editora estava do lado direito e respondia as perguntas referentes à gravação do CD.

Algumas perguntas eram leves como, por exemplo, as sobre as criações das músicas e do perfil da banda, já outras eram mais pesadas, quando a seção parecia ter fim uma ruiva se levantou na plateia para perguntar.

- Sebastien, durante a premiação você parece ter sido surpreendido por uma mocinha no palco, mas depois houve uma briga entre você e o guitarrista e não pudemos fotografá-la, seu amigo nos revelou que está solteiro, mas e aí? Quem é a menina misteriosa?

 Sebastien olhou para baixo e depois olhou para o pai, queria que Seven interviesse, mas sabia que tinha que dar uma resposta.

- Não sei, ela invadiu o palco do nada como uma doida, mas não a conheço, nunca a vi em minha vida, quanto à briga com meu colega foi um descuido, ele acabou batendo em mim por brincadeira, tínhamos combinado que bateríamos um no outro caso vencêssemos, eu, aliás, bati nele assim que saímos do palco.

A moça pareceu ficar satisfeita.

Em casa Suélem ouviu a resposta de Sebastien e desligou a TV.

“Nem a conheço” e “Invadiu o palco como uma doida” eram as frases que ela tinha marcado em sua mente, ela começou a chorar pensando em o quanto tinha sido burra, com sorte nenhuma das fotos tiradas dela mostravam seu rosto, ela aparecia apenas de costas beijando ele então não seria reconhecida por ninguém da editora do seu livro ou da escola, aquilo tinha sido o suficiente também para ela se decidir, ela aceitaria a proposta que havia recebido da editora.

Assim que Sebastien se retirou da banca Eduardo o seguiu.

- Você respondeu bem, foi o melhor para ela.

- Cala boca Eduardo, eu acabei de destruir ela, ela deve ta lá acabada! Eu não vou te perdoar por ter me feito escolher entre ela e a banda, a gente vai continuar tocando de boas juntos, mas a nossa amizade não vai ser mesma, isso você pode ter certeza!

Sebastien foi embora sozinho, se sentia mal por Suélen, se sentia impotente, queria visitá-la dizer a ela que teve que falar aquilo por causa do irmão dela, mas que no fundo tinha gostado do beijo que ela tinha dado, mas ele sabia que ela não o receberia então decidiu não ir.

Dias depois...

Suélen decidiu que era sua hora de partir... E aceitar a proposta da Editora para lançar seu livro nos Estados Unidos, dar um tempo para esfriar a cabeça e esquecer Sebastien faria bem a ela, ela precisava conviver com outras pessoas e dar uma chance a si mesma de voltar a ser quem um dia ela desejou ser, alguém mais forte.

Eduardo a acompanhou até o aeroporto, ela soltou a mala para poder abraçá-lo.

- Tem mesmo certeza de que quer ir? Eu não estarei lá para te proteger e se você tiver uma nova crise.

Ela abraçou o irmão com carinho.

- Eu estarei com o a Karol da editora, ela vai te ligar até se eu respirar diferente, eu ficarei bem e bom, não vai ser tanto tempo assim, somente uns dois meses até divulgar o livro pelo país, depois eu volto.

- Promete que vai me ligar todos os dias? Não sei se saberei viver sem ter você em casa.

- Vai ser bom para você também, ter mais liberdade para tomar suas próprias decisões e seguir com a banda.

- Sebastien perguntou de você.

- Diga que estou bem, eu deixei uma carta para ele, está na gaveta do criado mudo ao lado da cama, prometa que entregará intacta e sem ler.

- Eu já estraguei o seu lance com ele, prometo que não vou sabotar nada, entregarei a ele do jeito como você está me pedindo.

- Ok, tenho que ir, está na minha hora.

Suélen embarcou no avião sem olhar para trás, era engraçado ver como ela tinha crescido tão rápido e em tão pouco tempo, não era mais aquela menina amedrontada, que ele tinha que proteger da própria sombra e por mais que doesse admitir, ele devia isso a Sebastien.

A banda logo foi empurrada para uma avalanche de coisas novas, Tiago precisou se afastar da empresa Kirtman onde trabalhava com Seven antes de saber que ele era seu pai, e Sebastien decidiu que teria que pegar disciplinas da faculdade á distancia caso quisesse terminar o semestre sem acabar perdendo alguma cadeira, para Érika tudo aquilo vinha acontecendo rápido demais, ela sabia que não ficaria na banda, pois tinha um ano ainda da escola para terminar e sabia que não poderia simplesmente largar seu pai no Rio de Janeiro e seguir com a banda, então ela permaneceria com eles durante suas férias como o combinado com Nicholas e depois voltaria para sua vidinha comum, se é que daria para voltar a normalidade, suas redes sociais estavam super lotadas de pessoas que ela nunca tinha visto, mas que diziam que amavam o fato dela saber tocar bateria, sem querer ela tinha incentivado muitas garotas a serem diferentes.

Eduardo, porém, estava se mantendo mais afastado de todos, ele se culpava por ter afastado Sebastien e se culpava também por Suélen ter decidido partir, ele sabia que tudo isso tinha acontecido por egoísmo dele, ele achou que assim protegeria Suélen de uma decepção, mas na verdade dessa forma ele acabou ensinando ela o que era ter a primeira decepção amorosa e isso a fez partir, a amizade dele e Sebastien nunca mais tinha voltado a ser a mesma, eles mal falavam e quando falavam eram assuntos recorrentes da banda, a cada dia que passava ele se sentia mais solitário.

Érika se jogou no sofá exausta, era o primeiro dia desde o concurso das bandas que ela podia respirar calmamente e descansar, Sebastien sentou ao seu lado e relaxou ponto a cabeça para trás e fechando os olhos, Eduardo largou a guitarra no canto e pegou uma garrafinha de água gelada.

- Juro que não acredito que vamos ter um dia de folga, isso parece inacreditável.

Érika abriu os olhos e sorriu.

- Eu nem sei como estou acompanhando o pique de vocês, vai ser estranho voltar para o Rio de janeiro e para minha vida normal de escola e casa.

Tiago sentou ao lado dela e segurou sua mão.

- Sabe que não precisa desaparecer das nossas vidas, pode vir nos visitar sempre que quiser, você também é uma Ravens, mesmo que por pouco tempo.

Ela sorriu segurando a mão dele.

- Eu sei, mas sinceramente acho muito difícil vocês terem algum tempo para mim, não acho que a agenda vai diminuir depois que eu sair, pelo contrário esse é só o começo.

Seven entrou na garagem com um monte de papéis, ele vinha fazendo um ótimo trabalho como empresário.

- Felizmente tenho que concordar com Érika, o público realmente ama vocês, acabei de fechar contrato com a última data que tínhamos livre para o mês que vêm, parece que não vai parar de chover shows para vocês tão cedo, se quiserem aproveitar os últimos momentos como humanos normais, talvez esse seja o momento.

Sebastien abriu os olhos curioso.

- Como assim pai?

- Bom, de acordo com a agenda de vocês, hoje à noite e amanhã são os últimos dias livres que terão até o dia 17 de setembro, então... Se quiserem aproveitar...

Érika saltou do sofá animada.

- Oba, finalmente um dia de folga, sempre quis conhecer as boates de São Paulo.

Tiago olhou para ela e se deixou cair no sofá exausto.

- Você não pode estar falando sério... Como consegue ter tanto entusiasmo?

Sebastien começou a rir.

- Mulheres, a NASA deveria estudá-las... Elas não têm explicação.

A boate estava cheia, eles começaram a se misturar, Érika dançava no meio da multidão, tinha tantas pessoas ali que era tão bom não ser reconhecida por ninguém, Tiago não tirava os olhos dela, ela agitava os braços sob a cabeça e pulava no ritmo da música, Eduardo foi dançar com ela e Sebastien e Tiago se sentaram para beber alguma coisa.

- Me sinto um velho aqui sentado enquanto ela dança daquele jeito.

- Nunca fui bom em dança, não sei por que as mulheres gostam tanto disso.

Os dois seguiram conversando.

Érika aceitou uma bebida que Eduardo deu a ela, estava com calor o local estava lotado e ela estava começando a ficar sufocada, porém a bebida ajudava.

- Que negócio é esse?

- É Bacardi!

- Tem um gosto ótimo!

E ela tomou um, dois, três e então resolveu trocar o sabor, o tipo, o tamanho, quando percebeu estava totalmente nas nuvens, Eduardo só percebeu por que ela começou a rir de tudo sem parar, então olhou para Tiago e fez um sinal para ele.

- O que você deu para ela beber?

- Nada! Só uns golezinhos de Bacardi!

- Uns golezinhos? Ela nunca bebeu álcool! Qualquer um ml faz efeito!

Mas Érika não tinha bebido apenas uns golezinhos e sim muitos golezinhos, Tiago a puxou pelo braço e ela caiu na pista de dança, mas isso não era exatamente um problema já que ela já tinha caído umas vinte vezes e continuava a rir de si mesma, Tiago então resolveu levantar ela nos ombros, Érika percebeu que estava sendo carregada e começou a bater nas costas dele.

- Hei! Me solta eu quero dançar!

- Já dançou demais por hoje Érika, vamos pra casa.

Nessa hora ela viu o mundo começar a girar e apagou, ele a colocou no carro e prendeu o sinto de segurança depois voltou para falar com os meninos.

- Tenho que levar ela pra casa, ela tá péssima.

- Tudo bem, vai lá e cuida dela, mas acho que seria bom vocês dormirem na mansão hoje, eu sei que você e meu pai não estão se dando super bem, mas olha lá... – Sebastien apontou para o outro lado da rua onde um carro estava estacionado e alguém tirava fotos.

- É sério? Até aqui vamos ser perseguidos? Isso está acabando comigo!

- Por isso acho melhor dormirem lá em casa, pelo menos lá você pode apostar que os seguranças não vão deixar eles passarem.

- Acho que não tenho escolha, mas vou querer só ver levar esse “gambá” escadaria a cima.

Disse rindo falando de Érika que estava apagada no banco de trás.

Érika se acordou no meio do caminho e começou a falar umas coisas sem sentido, Tiago olhou pelo espelho retrovisor e deu uma bronca nela, mas ela começou a rir sem parar, eles estacionaram o carro no jardim e tiraram ela do carro, Sebastien foi na frente abrindo a porta enquanto Tiago ajudava ela a caminhar, volta e meia ela tropicava nos pés e voltava a rir alto, isso fez com que Seven acordasse e resolvesse descer, quando eles estava subindo as escadas com ela Seven ligou a luz e cruzou os braços olhando para eles sério.

- O que vocês têm na cabeça? Ela é menor de idade! Olha o estado em que ela está!

- Desculpa pai, quando a gente viu ela já tava assim.

- Leve ela para cima e coloque-a em baixo do chuveiro eu vou chamar a Thereza para fazer um café e ajudar vocês.

Seven desceu as escadas e foi até a cozinha, Sebastien ajudou Tiago até chegar ao banheiro.

- Eu vou pegar uma toalha para ela, já volto.

Tiago empurrou Érika para dentro do Box.

- Para Tiago! Não quero tomar banho!

Ela reclamou e tentou escapar, mas Tiago trancou a passagem dela e a colocou para dentro novamente.

- Vamos Érika colabora...

Ele passou a braço por ela para alcançar o registro do chuveiro e ela se pendurou no pescoço dele.

- Só se você também ficar.

- Para com isso que eu sou seu irmão.

Ele abriu a água e ela começou a se molhar.

- Tá gelado, meu Deus que frio! – Novamente ela tentou escapar e ele a segurou em baixo da água, ela o abraçou pela cintura e o puxou para baixo do chuveiro.

- Érika me solta eu to me molhando inteiro!

- Não solto não, você também não me soltou.

Ele tentou se soltar dela e ela escorregou, ele a ajuntou do chão e ela voltou a rir alto.

- Para de rir! Caramba quanto foi que você bebeu?

Ele segurou o rosto dela contra as mãos e ela parou de rir, os olhares de encontraram em meio à água do chuveiro, Tiago a olhou dos pés a cabeça, como ela podia ter ficado tão bonita de repente? Ele passou os dedos pelos lábios dela que entreabriu a boca, ele tinha que se afastar, sair dali o mais rápido possível, mas seus pés estavam presos ao chão, quando ele percebeu era tarde demais, inclinou a cabeça para ela e a beijou, Érika deu um passo para trás escapando do beijo dele, mas ainda próxima demais, as testas estavam coladas uma a outra e ele a segurava pelo rosto, ela abriu os olhos e encontrou os dele e então se entregou a aquela sensação que a estava dominando desde que ela tinha chegado e Tiago também se deixou dominar, chocou os lábios nos dela novamente e aprofundou o beijo, a segurou pela cintura e a levantou na ponta dos pés a pressionando contra a parede, como aquilo era bom, como vencer aquela sensação podia ser tão bom, era como se eles tinham sonhado com isso durante toda a sua vida, Tiago ouviu um barulho na porta e então a soltou rapidamente apavorado com o que tinha feito, olhou para trás e viu Thereza parada na porta com a toalha nas mãos, ela tinha visto o beijo e parecia confusa e quem não estaria? Eles eram irmãos! Ou não eram? Sebastien chegou logo depois e ficou sem entender por que os três estavam se olhando sérios, Tiago disparou de dentro do Box agarrou a toalha das mãos da mulher e saiu porta a fora, ele precisava se ver longe de Érika, por que ele tinha feito isso? Por que tinha se deixado vencer? Ela era sua irmã! Ele não devia encostar em um fio de cabelo dela!

Nessa hora a voz fraca de Catherine começou a soar em sua cabeça o deixando ainda mais culpado, “Ame Érika como sua irmã, apenas assim”. Era como se ela soubesse que isso não iria funcionar.

Sebastien deixou Érika com Thereza que a ajudaria a trocar de roupas e lhe daria um café forte para tomar e foi atrás de Tiago, acabou encontrando o amigo no jardim.

- O que aconteceu lá afinal?

Tiago afundou a cabeça entre os joelhos e depois voltou a erguer o rosto para encarar o amigo.

- Eu a beijei.

- Beijou a Érika? A sua irmã?

- Não chama ela assim, faz eu me sentir ainda pior.

- É na verdade ela não é sua irmã.

- Mas é como se fosse! E, aliás, sempre foi assim, eu sempre a vi assim eu nunca me senti atraído por ela ou coisa do tipo! Mas confesso que desde que ela chegou eu...

- Tem se sentido mais atraído por ela?

- Muito, eu não sei por que isso tinha que estar acontecendo, quando a mãe dela me pediu para que eu cuidasse dela e disse que eu devia amá-la como uma irmã eu achei graça, quando em um milhão de anos eu a veria de alguma outra forma?

- Mas agora você a vê...

- Por quê?

- Vocês se afastaram, escuta não é algo tão horrível assim, seria horrível se vocês fossem de fato irmãos, mas vocês não são, foram induzidos a pensar dessa forma a acreditar nisso, mas então você veio para cá e descobriu que tinha uma família e ela foi para o Rio e ficou com a verdadeira família dela, a fantasia que vocês criaram caiu por terra, vocês não acreditam mais nela e a mente de vocês provou isso hoje.

Tiago voltou a mergulhar a cabeça entre as pernas decepcionado consigo mesmo.

- Eu fui fraco e não posso mais ser logo ela vai voltar para a casa dela e será como se isso nunca tivesse acontecido, seremos os irmãos que sempre fomos e pronto.

- É isso que você quer acreditar que irá acontecer?

- É isso que vai acontecer! Eu e ela é impossível! Nós nunca ficaremos juntos! Nunca!

Tiago voltou para dentro de casa e descobriu que Érika já estava deitada, amanhã seria um outro dia e provavelmente ela não se lembraria de nada do que tinha acontecido, ele infelizmente não tinha essa sorte, demorou horas para poder pegar no sono a cena ficou se repetindo, uma, duas até três vezes até que finalmente ele apagou.

E na semana seguinte eles tocaram, cantaram e fizeram muitos shows e Érika não sabia mais se Tiago a ignorava ou se ela é que o ignorava, dentro do apartamento ou no estúdio, na mansão ou nos ensaios, quando por fim chegou o ultimo dia ela recolheu suas coisas dobrou cuidadosamente na mala e caminhou em silêncio até a cozinha.

- Estou pronta, me leva até o aeroporto?

Ele fez um sinal positivo com a cabeça e a conduziu até lá, Érika se afastou dele e olhou para trás, ele ainda estava lá parado, o que tinha acontecido com eles? Por que estavam tão culpados? Como se fossem suspeitos de algum crime ou algo semelhante, ele caminhou apressado até ela e lhe abraçou com força, ela afundou a cabeça em seu ombro e deixou cair algumas lágrimas.

- Eu sei que é loucura, mas sinto que é a ultima vez que te vejo.

- Deixa de ser boba, vamos nos ver muitas e muitas vezes ainda.

- Deveríamos conversar sobre o que aconteceu.

Ele ficou sério e respirou fundo se afastando um pouco.

- Vamos esquecer isso, ok? Foi um erro, eu me deixei levar pelo momento e você tava bêbada então...

- Mas isso nos afastou...

- Nada vai nos afastar, entendeu?

Ele segurou o rosto dela entre as mãos e seu coração voltou a falhar, que olhos eram aqueles que tinham tanto poder sobre ele? Ele tinha visto aquela menina crescer, precisava se afastar dela e deixá-la ir, somente com ela bem longe é que ele estaria a salvo, Érika sentiu a respiração dele e fez o que precisava ser feito, deu o primeiro passo para longe dele, agarrou a mala e deu um belo sorriso amarelo e extremamente falso.

- Vamos?

E eles partiram em silêncio e assim permaneceram até chegar ao aeroporto, aquela sensação era sem dúvidas a mais estranha que já tinham enfrentado, eles queriam lutar contra ela, mas por que aquilo parecia tão errado afinal de contas?

Érika seguiu para o embarque sem olhar para trás e Tiago vestiu sua armadura de cafajeste voltando para o carro, àquela menina era um perigo, um perigo que ele tinha que manter o mais afastado possível.

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