Quando Érika chegou em casa ouviu o choro desesperado de Arthur, ela se apressou e correu até o quarto do bebe, mas quando chegou lá Nicholas já estava com ele nos braços, ele olhou com desagrado para a filha.

- Onde está sua irmã? Será que não reconhece o choro do próprio filho?

- Eu não sei pai, ela deve estar ocupada, me dê ele aqui, vou acalmá-lo...

- Não há nada que possa fazer, posso não ter sido o melhor pai do mundo, mas sei reconhecer quando o choro de um bebê é de fome, esse garotão aqui não deve ter se alimentado hoje...

Disse ele fazendo graça com o neto nos braços, o menino olhou o avô e pareceu se acalmar, mas logo voltou a chorar novamente.

- Eu deveria saber que isso não daria certo.

- Acalme-se, tenho certeza de que Stef vai ter uma ótima desculpa, ela apenas não está acostumada com tudo ainda.

Érika saiu à procura de Stefany e a encontrou no jardim, ela estava agachada e encolhida ao lado de uma árvore.

- Stef! O que faz aqui fora, o Arthur não para de chorar, papai diz que esta com fome!

- De novo? Mas será que está sempre com fome? Meus seios vão cair desse jeito, estou toda deformada, vou ficar horrível...

Érika percebeu o estado de nervos da irmã e se aproximou, fazia algum tempo que percebia que Stefany estava muito diferente com relação ao menino, antes de Arthur nascer, ela falava com amor da criança, mas agora, dia após dia ela podia notar que tudo tinha mudado.

- O que houve Stef, o que está acontecendo?

- Eu não consigo Érika, eu tentei, eu juro que eu tentei, mas ta difícil pra mim voltei a escola essa semana, as meninas me olham, zombam de mim, ninguém quer ser minha amiga, a Carlinha disse que eu pareço um zumbi com essas olheiras, a Amanda falou que meu corpo está cheio de estrias e que eu envelheci muito, a Mari nem fala mais comigo.

- Você sempre soube que elas não eram suas amigas, assim como sempre soube que não seria fácil.

- Eu devia ter abortado ele!

- Não fala assim! Meu Deus, o Arthur ta ai, cheio de vida, é um bebe tão lindo!

- Mas tem o rosto dele! – Foi ai que Érika percebeu qual era o verdadeiro problema, o estupro ainda a perturbava, Fabiano ainda a perturbava. – Quando ele encosta aquelas mãos em mim e suga o meu seio na boca dele eu sinto nojo! Eu sei que é horrível, mas ele me causa repulsa.

- Eu não sei o que dizer Stef, mas quem sabe então, você devesse buscar uma ajuda psicológica, o trauma que sofreu foi grande e ter um filho na sua idade pode ser ainda mais traumatizante você não estava preparada.

- Eu achei que eu era forte Érika, mas eu não sou, mas ainda assim eu não quero ajuda, eu não quero mais um motivo para falarem de mim, se eu começar a frequentar o psicólogo ou psiquiatra que seja vão dizer que eu estou louca!

- Stef, escuta... As pessoas sempre vão falar independente de quão boa você seja sempre vai ter alguém para apontar o dedo e lembrar seus erros, cabe a você ouvir e separar o que é válido para o seu crescimento e o que não é.

Stefany respirou fundo e se levantou entrando no condomínio, Érika suspirou preocupada com o sobrinho, o que eles fariam se Stefany não se recuperasse logo?