RaphaelEra madrugada, e eu me levantei da cama, incapaz de dormir depois da pequena discussão que tive com Donatella. A casa estava mergulhada no silêncio, exceto pelo som ocasional do vento soprando lá fora. Andei pela escuridão do nosso quarto, sentindo o peso da nossa briga ainda fresco em minha mente.Donatella dormia tranquila, mas eu sabia que sua calma era apenas superficial. Ela estava magoada, e eu me culpava por isso. Eu não devia ter partido sem avisá-la, mas a urgência da situação com Alexandra não me deixou escolha. Caminhei até a janela e olhei para fora, tentando encontrar alguma paz no movimento suave das árvores.Eu precisava de um pouco de ar fresco para clarear meus pensamentos. Vesti um robe e saí do quarto, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar Donatella. Desci as escadas e fui até a cozinha, onde enchi um copo com água e tomei um gole, tentando acalmar a tensão em meus nervos.A cozinha estava escura e fria, um reflexo perfeito do meu estado de espíri
DonatellaEra tarde quando decidi aproveitar o sol no jardim. Peguei um livro que estava na minha lista de leitura há semanas, mas que eu não conseguia encontrar tempo para ler. O jardim da nossa casa era um refúgio tranquilo, um espaço onde eu podia escapar das preocupações e encontrar um pouco de paz. Sentei-me em um banco de madeira sob a sombra de uma árvore frondosa, o cheiro de flores e grama fresca enchendo o ar ao meu redor. Raphael estava no escritório, ocupado com os negócios da Moretti Enterprises. Ele parecia mais focado e determinado desde a nossa conversa na noite anterior. Eu sabia que ele estava tentando ser mais aberto e compartilhável, e isso me dava esperança de que poderíamos superar qualquer desafio juntos. No entanto, a sombra de Alexandra ainda pairava sobre nós, e isso me preocupava.Enquanto lia, perdi a noção do tempo. As palavras do livro eram um conforto bem-vindo, mas minha mente continuava a divagar, voltando sempre para Raphael e a situação em que nos e
RaphaelChegamos ao aeroporto do Rio de Janeiro, e a familiaridade do lugar me trouxe uma onda de nostalgia misturada com uma urgência renovada. Enquanto caminhamos pela área de desembarque, senti o peso das responsabilidades que me aguardavam. Donatella estava ao meu lado, seus olhos atentos a cada movimento ao nosso redor. Eu sabia que trazê-la comigo era uma decisão arriscada, mas não podia mais deixá-la de fora dos meus planos. Especialmente agora, com Dante na Itália.Lorenzo estava esperando por nós na área de desembarque, sua postura firme e olhar vigilante. Ele se destacou entre a multidão, um farol de lealdade e competência em meio ao caos do aeroporto. Ao nos aproximarmos, ele nos cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso contido.— Raphael, Donatella, bem-vindos de volta — disse ele, pegando nossas malas com a eficiência de um veterano. — O carro está pronto. Podemos ir quando vocês quiserem.— Obrigado, Lorenzo — respondi, apertando seu ombro em um gesto de camarada
AlexandraEra uma manhã ensolarada em São Paulo, mas dentro do meu escritório, a atmosfera era carregada de tensão. Eu estava sentada à minha mesa, revisando os planos para a próxima fase da nossa operação. Tudo precisava ser perfeito, cada detalhe calculado com precisão. O meu nome, Alexandra, não podia ser associado a falhas.Enquanto analisava os relatórios, ouvi uma batida na porta. Era suave, mas determinada. Era o sinal que eu esperava. Sem desviar o olhar dos documentos, gritei para que entrasse.— Entre.A porta se abriu e um dos meus capangas entrou. Seu semblante era sério, e ele carregava um ar de urgência que imediatamente captou m
RaphaelEstava sentado ao lado da cama de Donatella, observando seu rosto pálido e inerte. A luz suave do quarto do hospital lançava sombras fracas, tornando o ambiente ainda mais sombrio. Cada bip do monitor ao lado da cama parecia ecoar na minha mente, um lembrete constante da fragilidade da vida.Donatella estava ali, imóvel, sua respiração lenta e ritmada, mas ausente de qualquer sinal de consciência. O impacto da batida tinha sido brutal, causando um traumatismo craniano sério. Os médicos não sabiam dizer quando, ou mesmo se, ela acordaria. A incerteza era uma tortura constante.As lembranças do acidente ainda estavam frescas na minha mente. O barulho ensurdecedor da colisão, o pânico ao ver Donatella fer
RaphaelEu não podia acreditar no que estava vendo. O quarto estava vazio, e Donatella não estava na cama. Meu coração começou a bater freneticamente, uma sensação de desespero crescendo dentro de mim. Olhei ao redor, esperando vê-la em algum canto do quarto, mas não havia sinal dela.— Donatella? — chamei, a voz rouca e ansiosa. — Donatella, onde você está?Corri até o banheiro, mas também estava vazio. A sensação de pânico começou a se intensificar. Saí do quarto, entrando nos corredores do hospital, o coração pulsando com uma urgência que eu nunca havia sentido antes.— Donatella! — gritei, a voz ecoando pelos corredores. — Donatella!Uma enfermeira se aproximou, os olhos arregalados de preocupação e surpresa.— Senhor, por favor, mantenha a calma — pediu, tentando me acalmar. Eu me aproximei dela, a fúria e o desespero transparecendo em cada movimento.— Onde está Donatella? — exigi, a voz firme e cheia de tensão. — Ela estava no quarto, e agora sumiu. Onde ela está?A enfermeira
Raphael― NÃO ACREDITO NISSO, RAPHAEL! COMO VOCÊ DEIXOU ISSO ACONTECER? ― esbravejou Dante, a raiva evidente em cada palavra.― Dante, foi questão de segundos enquanto estava falando com você e, quando fui ver, ela não estava lá ― respondi, fitando meu irmão que estava diante de mim. Notei que ele estava bravo, mas por quê?Estávamos no quarto de um hotel próximo ao hospital. A tensão no ar era palpável. A expressão de Dante era uma mistura de frustração e preocupação, mas havia algo mais ali, algo que não conseguia identificar. Tudo bem ele estar preocupado com Donatella, mas a intensidade de sua reação parecia estranha, quase exagerada.Eu me sentei na beirada da cama, passando as mãos pelo cabelo, tentando acalmar minha mente. Desde o acidente, tudo parecia um pesadelo interminável, e a súbita chegada de Dante só acrescentava mais confusão à situação. Ele deveria estar na Itália, cuidando dos negócios da família. O que o trouxe para cá tão rapidamente?― Por que você está aqui, Dan
RaphaelFinalmente, chegamos à casa mencionada pelos capangas. Era uma construção isolada, rodeada por árvores e com uma única entrada visível. Paramos o carro a uma distância segura e avaliamos a situação.― Precisamos ser cuidadosos, Raphael ― disse Dante, a voz baixa. ― Pode haver mais homens lá dentro. Vamos nos aproximar devagar e avaliar a situação antes de agir.Assenti, concordando com seu plano. Avançamos em silêncio, utilizando as árvores como cobertura. Quando estávamos perto o suficiente, conseguimos ver dois homens armados patrulhando a entrada.Dante fez um sinal para que eu esperasse enquanto ele contornava a casa. Observei os guardas, tentando calcular a melhor abordagem. Precisávamos agir rapidamente e sem chamar atenção.De repente, ouvi um som vindo do lado oposto. Dante havia encontrado uma entrada alternativa e estava nos chamando. Avancei em direção a ele, os sentidos alerta. Entramos na casa com cautela, movendo-nos pelos corredores escuros.Ouvimos vozes vindas