RaphaelChegamos ao aeroporto do Rio de Janeiro, e a familiaridade do lugar me trouxe uma onda de nostalgia misturada com uma urgência renovada. Enquanto caminhamos pela área de desembarque, senti o peso das responsabilidades que me aguardavam. Donatella estava ao meu lado, seus olhos atentos a cada movimento ao nosso redor. Eu sabia que trazê-la comigo era uma decisão arriscada, mas não podia mais deixá-la de fora dos meus planos. Especialmente agora, com Dante na Itália.Lorenzo estava esperando por nós na área de desembarque, sua postura firme e olhar vigilante. Ele se destacou entre a multidão, um farol de lealdade e competência em meio ao caos do aeroporto. Ao nos aproximarmos, ele nos cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso contido.— Raphael, Donatella, bem-vindos de volta — disse ele, pegando nossas malas com a eficiência de um veterano. — O carro está pronto. Podemos ir quando vocês quiserem.— Obrigado, Lorenzo — respondi, apertando seu ombro em um gesto de camarada
AlexandraEra uma manhã ensolarada em São Paulo, mas dentro do meu escritório, a atmosfera era carregada de tensão. Eu estava sentada à minha mesa, revisando os planos para a próxima fase da nossa operação. Tudo precisava ser perfeito, cada detalhe calculado com precisão. O meu nome, Alexandra, não podia ser associado a falhas.Enquanto analisava os relatórios, ouvi uma batida na porta. Era suave, mas determinada. Era o sinal que eu esperava. Sem desviar o olhar dos documentos, gritei para que entrasse.— Entre.A porta se abriu e um dos meus capangas entrou. Seu semblante era sério, e ele carregava um ar de urgência que imediatamente captou m
RaphaelEstava sentado ao lado da cama de Donatella, observando seu rosto pálido e inerte. A luz suave do quarto do hospital lançava sombras fracas, tornando o ambiente ainda mais sombrio. Cada bip do monitor ao lado da cama parecia ecoar na minha mente, um lembrete constante da fragilidade da vida.Donatella estava ali, imóvel, sua respiração lenta e ritmada, mas ausente de qualquer sinal de consciência. O impacto da batida tinha sido brutal, causando um traumatismo craniano sério. Os médicos não sabiam dizer quando, ou mesmo se, ela acordaria. A incerteza era uma tortura constante.As lembranças do acidente ainda estavam frescas na minha mente. O barulho ensurdecedor da colisão, o pânico ao ver Donatella fer
RaphaelEu não podia acreditar no que estava vendo. O quarto estava vazio, e Donatella não estava na cama. Meu coração começou a bater freneticamente, uma sensação de desespero crescendo dentro de mim. Olhei ao redor, esperando vê-la em algum canto do quarto, mas não havia sinal dela.— Donatella? — chamei, a voz rouca e ansiosa. — Donatella, onde você está?Corri até o banheiro, mas também estava vazio. A sensação de pânico começou a se intensificar. Saí do quarto, entrando nos corredores do hospital, o coração pulsando com uma urgência que eu nunca havia sentido antes.— Donatella! — gritei, a voz ecoando pelos corredores. — Donatella!Uma enfermeira se aproximou, os olhos arregalados de preocupação e surpresa.— Senhor, por favor, mantenha a calma — pediu, tentando me acalmar. Eu me aproximei dela, a fúria e o desespero transparecendo em cada movimento.— Onde está Donatella? — exigi, a voz firme e cheia de tensão. — Ela estava no quarto, e agora sumiu. Onde ela está?A enfermeira
Raphael― NÃO ACREDITO NISSO, RAPHAEL! COMO VOCÊ DEIXOU ISSO ACONTECER? ― esbravejou Dante, a raiva evidente em cada palavra.― Dante, foi questão de segundos enquanto estava falando com você e, quando fui ver, ela não estava lá ― respondi, fitando meu irmão que estava diante de mim. Notei que ele estava bravo, mas por quê?Estávamos no quarto de um hotel próximo ao hospital. A tensão no ar era palpável. A expressão de Dante era uma mistura de frustração e preocupação, mas havia algo mais ali, algo que não conseguia identificar. Tudo bem ele estar preocupado com Donatella, mas a intensidade de sua reação parecia estranha, quase exagerada.Eu me sentei na beirada da cama, passando as mãos pelo cabelo, tentando acalmar minha mente. Desde o acidente, tudo parecia um pesadelo interminável, e a súbita chegada de Dante só acrescentava mais confusão à situação. Ele deveria estar na Itália, cuidando dos negócios da família. O que o trouxe para cá tão rapidamente?― Por que você está aqui, Dan
RaphaelFinalmente, chegamos à casa mencionada pelos capangas. Era uma construção isolada, rodeada por árvores e com uma única entrada visível. Paramos o carro a uma distância segura e avaliamos a situação.― Precisamos ser cuidadosos, Raphael ― disse Dante, a voz baixa. ― Pode haver mais homens lá dentro. Vamos nos aproximar devagar e avaliar a situação antes de agir.Assenti, concordando com seu plano. Avançamos em silêncio, utilizando as árvores como cobertura. Quando estávamos perto o suficiente, conseguimos ver dois homens armados patrulhando a entrada.Dante fez um sinal para que eu esperasse enquanto ele contornava a casa. Observei os guardas, tentando calcular a melhor abordagem. Precisávamos agir rapidamente e sem chamar atenção.De repente, ouvi um som vindo do lado oposto. Dante havia encontrado uma entrada alternativa e estava nos chamando. Avancei em direção a ele, os sentidos alerta. Entramos na casa com cautela, movendo-nos pelos corredores escuros.Ouvimos vozes vindas
DanteEu estava sentado na sala, esperando Raphael. Ele estava com Donatella, cuidando dela depois de tê-la salvo das garras de Alexandra. Minhas mãos estavam cerradas em punhos, o ciúme queimando dentro de mim como um fogo inextinguível. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e cada pensamento que cruzava minha mente era uma tortura.Raphael tinha sido o herói. Ele tinha conseguido resgatá-la, trazê-la de volta para a segurança. Mas eu não conseguia evitar a sensação de que, sem mim, ele não teria conseguido. Eu tinha fornecido as informações, ajudado a planejar a operação, e ainda assim, aqui estava eu, relegado a esta sala, enquanto ele estava ao lado dela.Minha mente estava um turbilhão de emoções. Ciúme, raiva, frustração. Donatella... Eu queria estar lá, pelo menos para ver seu rosto, seu lindo rosto que me assombrava dia e noite. Desde que a conheci, ela se tornou uma obsessão silenciosa, algo que eu tentava esconder, mas que agora estava explodindo dentro de mim.Me
RaphaelCaminhei indo para o quarto da Donatella, minha mente ainda perturbada pelos eventos recentes. Cada passo ecoava no chão frio, e minha mente se enchia de preocupações. Estava indo para o quarto de Donatella, ansioso para vê-la, para garantir que ela estava realmente segura. A adrenalina ainda corria em minhas veias, e o medo de perdê-la era um peso constante no meu peito.Quando virei a esquina que levava ao quarto de Donatella, vi algo que fez meu coração parar por um segundo. Dante estava saindo do quarto, movendo-se com uma cautela que imediatamente me fez suspeitar. Ele olhou ao redor, como se quisesse ter certeza de que não estava sendo observado. Meu corpo inteiro ficou tenso. O que ele estava fazendo ali? E por que parecia tão preocupado em não ser visto?Aproximei-me devagar, tentando não chamar a atenção. A mente começou a correr com possibilidades, cada uma mais inquietante que a anterior. Já estava desconfiado de Dante há algum tempo, e esse comportamento só reforça