Deirdre voltou do jardim para a sala e mudou de assunto:― Estou com fome, Anna. ― ― Em um minuto, querida. Seu mingau estará pronto em breve! ―Depois da refeição, a jovem subiu para dormir e teve uma noite tranquila. Mas, na manhã seguinte, Deirdre foi acordada por uma estranha gritaria de um lado e a voz séria de Engel tentando apaziguar a situação. Por isso, levantou-se apressada, vestiu uma roupa confortável e quente e abriu a porta do quarto.O som das vozes se tornou mais nítido e a jovem entendeu as palavras:― Vou perguntar pela última vez, onde diabos está Brendan Brighthall!? Diga a ele para descer aqui agora! Eu não vou embora até que tudo seja resolvido! ―― Como ele pode fazer isso comigo? Sacrifiquei toda a minha juventude e meus melhores anos, para o Grupo Brighthall! Eu deixei eles me conduzirem como se eu fosse um escravo! E ele está retribuindo toda essa devoção me mandando para algum país estrangeiro e forçando as escolas dos meus filhos a expulsá-los!? Que p
Deirdre olhou para cima.― Mas, por que Brendan esconderia isso de seu próprio sócio? Você acha que Brendan teria medo de um cara como esse? ―― Bem... ― Engel vacilou.Deirdre deu um sorriso.― Vou cuidar da minha vida. ―Então, Deirdre girou nos calcanhares e voltou para dentro. A revelação não a fez sentir nada em particular, mas em vez disso, apenas a lembrou de como Brendan era talentoso como ator. Ela quase comprou e acreditou que talvez, no fundo, ele se importasse com ela ou a amasse.A jovem tinha acabado de entrar em seu quarto, a caminho do banheiro, quando ouviu o som de Engel tentando ligar para Brendan. Mas, a chamada não foi atendida.-Dois dias tinham se passado quando, sentada no sofá da sala de estar, Deirdre apoiou o lado da cabeça com a palma da mão e perguntou:― Anna, aquele tal do Jensen voltou? ―― Como um relógio! Ele vem aqui todo dia, mas pelo menos não tem mais ataques de histeria e, ao saber que o senhor Brighthall não está em casa, fala uns pal
Ele está bem. Parece que o ferimento se abriu, mas ele vai ficar bem.Deirdre sentiu uma pontada de culpa.― Fui eu quem fiz isso? Eu não sabia que ele estava ferido quando o empurrei. ―― Tudo bem. Não tem nada a ver com você. Mesmo se você não o empurrasse, teria se aberto, de qualquer maneira. Ele veio dirigindo do Hospital Central até aqui. ―Deirdre congelou. Era uma viagem de meia hora. ‘Brendan enlouqueceu?’ A jovem teve que afastar os sentimentos complicados conforme surgiam, quando perguntou:― Como ele pôde se machucar tanto? Achei que ele estava passando o tempo com Charlene. Aconteceu alguma coisa no meio do caminho? Uma emboscada? ―― O que você quer dizer com ‘um tempo com Charlene’? ― Sam foi pego de surpresa. ― Quem te disse um absurdo desses? Como diabos Charlene apareceu nessa história? ―― Ué? ― A mente de Deirdre ficou em branco. Brendan mentiu para ela sobre a viagem de negócios, mas Charlene não era o motivo oculto... ‘Onde ele estava? Não. Não me importava
Sam disparou um olhar preocupado para Deirdre e saiu. A porta se fechou atrás dele, mas a jovem estava a um passo de abri-la novamente quando, com uma voz sofrida e cansada, Brendan a interrompeu:― Vem cá, Deirdre. ―Ela parou de se mexer e perguntou, com uma voz fria, mas que tinha uma leve nota de preocupação:― Seu machucado não precisa ser tratado? ―Os olhos de Brendan brilharam.― Você está preocupada comigo? ―Deirdre deu uma risada sarcástica e falou:― Você acha? Vai sonhando. ―Os olhos de Brendan escureceram.― Não... não acho... ― comentou o magnata, com uma voz triste, praticamente rindo de si mesmo. Deirdre ainda tinha a voz ácida, quando concluiu:― Ainda bem que estamos na mesma página. Agora, eu vou sair, se você não tiver mais nada para me dizer. ―― Você vai para onde? É tarde da noite. ―― Vou para sala, onde posso dormir tranquila. Ou talvez dividir a cama com Anna, se estiver muito frio. ―Os olhos de Brendan ficaram duros e seu tom de voz soou fir
Sam quase deu a ela a resposta imediatamente, mas teve que parar um pouco, antes de organizar os pensamentos e mudar para algo menos direto.― Só posso dizer que tem a ver com alguém muito importante para você. ―― Alguém importante para mim? ―A resposta, ao invés de organizar as coisas, deixou a mente de Deirdre em completa desordem. Ela sabia que Sam nunca mentiria para ela sobre algo tão importante, mas se fosse esse o caso, então quem poderia ser essa pessoa?Uma figura tomou forma em sua mente e ela imediatamente a rejeitou. Não poderia ser ela. Ela estava morta. Sua mãe estava morta.― Quem? ―― Eu não posso te dizer. ― Sam entoou impotente. ― Tudo o que posso dizer é que não menti quando disse que o senhor Brighthall não queria nada com Charlene. Em vez disso, ele estava usando todo esse tempo para recuperar o seu respeito e se redimir. Mesmo depois que foi atacado e estava ferido, tudo com o que se importava era ligar para você para e dizer que ele estava bem. Mas seu t
― Henry Walker? ― O rosto de Deirdre ficou pálido. Ela ainda se lembrava de como o tarado tinha sido audacioso ao tentar estuprá-la enquanto dividia a cama com o amigo. É claro que o pervertido tentaria se vingar de Tobey por ter sido espancado! Só de pensar que Henry tinha atacado quando Tobey estava vulnerável fez o peito de Deirdre doer.― O que ele fez com ele? ―Brendan viu como ela estava pálida e percebeu que a agonia em seus ombros não podia ser comparada à chama queimando em seu peito.― Não muito. Ele sequestrou Tobey, só isso. ―― Sequestrou!? ― A voz de Deirdre subiu uma oitava. ― O que aconteceu com Tobey depois disso? Ele está bem!? ―Brendan tentou o seu melhor para empurrar seu descontentamento de volta em seu peito:― Deirdre, você está preocupada com outro homem, na minha presença? ― Ele apertou os braços ao redor dela e mordiscou a ponta de seu nariz. ― Você está grávida do meu filho, não se esqueça disso. Especialmente quando sua mente parece estar bastante oc
Deirdre pensou em quando cuidou de Kyran. Algum tempo atrás, seria uma lembrança doce e feliz, mas então, sentia uma quantidade igual de desânimo. Mesmo assim, concordou, enquanto lutava contra a maré de emoções.― Se você não se importa, tudo bem. ―A dupla parou de conversar e Deirdre adormeceu, alguns minutos depois. Quando acordou, na manhã seguinte e se percebeu ainda abraçada a Brendan, usando o braço do empresário como travesseiro, desde a noite anterior, sem ter mudado de posição, ficou completamente surpresa.Mas, se recuperando do choque, sentou-se na beira da cama.Brendan massageou o braço entorpecido e cumprimentou:― Bom dia! ―― Você não deveria ter saído para trabalhar? ― a jovem falou, para esconder seu constrangimento.Nos últimos dias a gravidez a deixara letárgica e acordava cada dia mais tarde. Por outro lado, Brendan era um madrugador que acordava às 6h e ia trabalhar às 7h em ponto. Então, por que ele ainda estava ali?― Estou ferido, se esqueceu? ― Os ol
― Mentiroso! ― rosnou Deirdre, carrancuda revoltada consigo mesma por se sentir feliz com a forma que Brendan a tratava. Ela não podia acreditar em si mesma. Aos poucos se deixava envolver por outra das mentiras de Brendan, de novo..Antes que a jovem saísse da cozinha, revoltada, Brendan bloqueou a passagem de Deirdre e tentou mudar seu humor.― Não fique brava. ― Ele respirou em seus ouvidos, seu hálito quente fazendo cócegas. ― Você está com fome, não está? Vou preparar um café da manhã mais nutritivo para você. ―― Você? ― Deirdre cuspiu, sarcástica. Ferido como o empresário estava, poderia acabar incendiando a cozinha inteira, ao invés de fazer panquecas. ― Eu prefiro fazer isso sozinha. Pode ir, vai, vai... ―Os olhos de Brendan tremeram. Mas, um sorriso sombreou seus lábios.― Você está me dizendo que vai fazer para mim também? ―― De onde você tirou isso? Só vou fazer uma panqueca para mim. Pedi para que saísse porque você está me atrapalhando! ―Ela o empurrou para o la