― O que você está fazendo?! ― Quando Deirdre percebeu o que seu captor pretendia fazer, era tarde demais. O homem já havia pressionado os lábios em seu pescoço quando começou a gritar, desesperada: ― Afaste-se de mim! ―― Você deveria parar de fingir. Todo mundo sabe que você é uma vadia que dormiu com muitos homens diferentes, então por que não posso entrar na festa? Tenho certeza de que um homem como Brendan não pode te satisfazer, não é? Tudo bem. Você tem sorte de ter me encontrado hoje. Tenho certeza que você vai gostar muito. ―Deirdre sentia forte repulsa e, se pudesse enxergar, a primeira coisa que veria seria o rosto do homem, distorcido pela luxúria e desejo.O brutamontes começo a tentar rasgar as roupas da jovem e a jovem se pensava em morrer até que parou de lutar.― Você disse que me quer, certo? ― disse Deirdre, com a voz trêmula e rouca. Qualquer um que ouvisse sua voz seria incitado.O homem parou de usar a força e sorriu lascivamente.― Claro. Você é tão bonita.
Quando voltou para o hospital, Declan encontrou uma mulher chorando, com o rosto coberto, no quarto e, imediatamente, reconheceu que se tratava de Reily Grant.Quando ouviu a porta se abrindo, a mulher agiu como se tivesse encontrado seu salvador e exclamou: ― Senhor King! ―― Já estou sabendo de tudo o que aconteceu. Onde está Kyran? ―― O senhor Reed está na delegacia. ―― Ele perdeu a cabeça? Ele deveria estar descansando na cama! ― Declan franziu as sobrancelhas e fez uma ligação, enquanto partia para a delegacia.A ligação não foi atendida, em nenhuma das dez tentativas. Declan chegou à entrada da delegacia e encontrou o amigo parado e sozinho, segurando o telefone e vestindo o jaleco de paciente do hospital. Para se proteger do frio, não usava nada além de um casaco de policial.Todos os policiais foram bastante respeitosos com ele e, na verdade, um deles até lhe serviu uma caneca de chá, bem quente:― Senhor, beba isso, por favor. ―Declan se aproximou e agarrou o bra
Os olhos de Kyran se iluminaram. Ele se aproximou apressadamente do policial e se moveu com tanta força que seu abdômen se contorceu de dor. Ele soltou algumas tosses e perguntou com os olhos vermelhos:― Onde ela está? ―O policial apontou para o canto inferior direito da tela do computador.― A mulher que foi levada aqui é a senhorita McQuenny? ―A frente do rosto da mulher não podia ser vista para onde o policial apontava, mas sua roupa coincidia com a descrição da que Deirdre vestia.Kyran cerrou os punhos com força e disse:― Isso mesmo! ―― Estamos investigando na direção certa, então. Se conseguirmos extrair as imagens de vigilância das estradas principais e rastrear o paradeiro do sedã preto, poderemos descobrir para onde eles levaram a senhorita McQuenny. O policial efetuou um telefonema, para obter mais imagens de vigilância e, menos de meia hora depois, um local foi finalmente encontrado.Era em uma montanha perto de Rodovia Rivstate.O carro estava em uma proprieda
Deirdre sabia que estava em uma posição delicada pois, se caísse, morreria afogada, mesmo que sobrevivesse ao tombo. Então, sentiu um arrepio na espinha e estendeu a mão para agarrar as raízes da vegetação ao seu lado. Para seu alívio, descobriu que eram muito resistentes.A jovem respirou fundo e se preparou física e mentalmente, antes de agarrar a vegetação e seguir para a direita na ladeira, que tinha quase 90 graus.Conforme escalava, devido ao atrito, feridas se abriram em suas mãos e também havia inúmeros arranhões em seu corpo. Ela sentiu a dor ardente e penetrante nas mãos mas não teve coragem de diminuir a velocidade. Apenas quando finalmente chegou em um caminho menos íngreme teve coragem de afrouxar o aperto. Entretanto, suas mãos estavam machucadas e cobertas de sangue. Deirdre queria chorar de dor, mas suportou com os dentes cerrados e continuou a descer o caminho, com medo de que o homem viesse atrás dela. Já havia perdido as forças para correr, embora pudesse enxerga
Deirdre falou baixinho, como se estivesse triste e a mulher teve ainda mais pena dela. A mulher mantinha a cabeça baixa enquanto enfaixava as mãos de Deirdre e então disse:― Você pode ficar na minha casa por um tempo então. De qualquer forma, meu filho e minha filha estão trabalhando em outro lugar e não tenho ninguém para me fazer companhia. Pelo seu peso, penso que você não deve comer muito, de qualquer maneira, então vamos pôr a mesa para mais uma pessoa. Voltaremos a conversar, quando se lembrar para quem pode ligar. ―― Nossa, você é muito generosa, muito obrigada. ― Deirdre ficou grata.A mulher acenou com a mão, como se aquilo não fosse grande coisa:― Está tudo bem ―. Então, preparou o quarto ao lado dela e colocou alguns lençóis quentes para Deirdre.― É muito frio aqui na encosta. Veja se consegue dormir essa noite, quando o sol nascer amanhã, pendurarei os cobertores do armário no sol para poder adicionar outra camada de cobertor para você. ―― Tudo bem. ―Depois do
A mulher não pôde deixar de se sentir surpresa ao ver como os movimentos de Deirdre eram habilidosos:― Nossa, você é bem rápida com as mãos, não é? ―― Eu posso fazer muitas coisas. As pessoas sempre elogiariam minha comida. ― Deirdre sorriu, mas seu sorriso desapareceu depois de um tempo.Afinal, por dois anos, ela cozinhou apenas para uma pessoa. Ela tentaria todos os tipos de maneiras de agradar essa pessoa e constantemente aperfeiçoava suas habilidades para ele.Então, ela perdeu a visão e parou de usar a cozinha.― É verdade mesmo? ― A mulher riu e disse: ― Eu encontrei algo precioso para mim, não é? Cozinhe algo do zero para que eu possa provar, quando você estiver bem. ―― Pode deixar. ―-― Há quanto tempo ele está parado aí? ―Declan estava na porta, com o olhar fixo no interior da sala e Kyran estava perto da janela. Seu rosto estava tão pálido que parecia irreal.Reily disse, com suavidade:― Ele está parado aí desde que voltou e não dormiu, nem por um minuto. ―
As atitudes do sequestrador eram despreocupadas quando a polícia perguntou sobre o local do incidente, mas ele ficou com uma raiva sem precedentes quando Deirdre foi trazida à tona:― Aquela vadia! Ela me ferrou! Quase morri naquele galpão! ―― Cuidado com as palavras! ― O detetive bateu na mesa e perguntou: ― O que você quer dizer com ‘você quase morreu no galpão’? ―O homem apontou para sua cabeça:― Você pode ver isso? Esta ferida grave é toda culpa dela! Ela me atingiu com um tijolo e quase perdi a consciência. Eu não teria sobrevivido se não fosse pelo meu bom físico. ―― Onde está Deirdre? ―― Ela fugiu! ― O homem ficou furioso e zombou. ― No entanto, vi com meus próprios olhos quando ela correu e caiu da encosta. Eu nem consegui estender a mão e agarrá-la. Suponho que possamos dizer que ela mereceu. Afinal, o que uma pessoa cega pretendia, descendo a montanha correndo? Se ao menos ela tivesse ficado quietinha... ― O homem de repente parou de falar e sorriu.O detetive fra
― Deirdre, vou procurar comida na montanha. Vá colher alguns legumes no quintal para comermos quando eu voltar. ―― Está bem. ― A jovem assentiu. Então, segurou o batente da porta e fechou os olhos confortavelmente sob a luz do sol. Já fazia três dias que ela vivia seguindo rigorosamente uma rotina.As feridas em suas mãos ainda não tinham começado a cicatrizar, mas os arranhões em seu corpo estavam começando a desaparecer.Ela acreditava que a dor penetrante que irradiava de suas palmas ocasionalmente diminuiria, em mais alguns dias e parecia que a vida havia voltado ao normal, como antes de conhecer Kyran.Ela carregou a cesta e caminhou com segurança até o quintal. A visão diante de seus olhos escurecia com frequência, então ela não conseguia ver o caminho com a nitidez que gostaria, por isso, tentava sempre fazer os caminhos de memória, como quando era cega.Ela colhia verduras no quintal, mas, antes que pudesse enxer a cesta, um par de mãos enormes se estendeu para ela.― De