Diferentemente de Charlene, Deirdre não nunca precisou fazer cirurgia plástica para se parecer com outra pessoa. Seu rosto foi dado a ela por seus pais e ela mesma o adquiriu. No entanto, mesmo assim, detestava seu rosto anterior devido ao seu passado doloroso e à lembrança do rosto de sua rival.'Isso não é... engraçado?'Se Ophelia ainda estivesse viva e soubesse dessa angústia com a própria aparência, com certeza ela ficaria triste, certo? A filha, de quem tanto se orgulhava, nem teve coragem de restaurar o rosto anterior. Deirdre abaixou a cabeça e soluçou, finalmente perdendo a batalha contra o choro.Kyran enxugou suas lágrimas e a confortou:― Deirdre, ninguém pode forçá-la contra sua vontade. É o seu rosto, e você é a única pessoa com poder para tomar essa decisão. Não faremos nada se você não quiser, acredite nisso. Qualquer um que a conheça irá desconsiderar sua aparência e gostar de você sinceramente. Quanto àqueles que criticaram sua aparência, você não precisa se impor
Deirdre sentiu o coração disparar e. mesmo quando já estava calma, ainda podia sentir um medo persistente em seu coração. Então respirou fundo e assentiu.O médico, então perguntou:― Você não recebeu cuidados médicos após a lesão? É evidente que as feridas estavam inchadas e infectadas anteriormente. Posteriormente, isso resultou em marcas tão profundas. Não é de admirar que todo o seu rosto esteja destruído, embora haja apenas algumas cicatrizes.Deirdre agarrou a bainha de sua blusa, sem que percebesse, e se sentiu sufocada. Ela se lembrava de ter sido mantida no quarto pequeno e escuro da solitária quando estava na prisão. O lugar não era apenas úmido, mas também cheirava muito mal. As feridas em seu rosto começaram a coçar e infeccionar em poucos dias.Ela tentou procurar ajuda porque a infecção parecia extremamente desagradável, mas, em troca, o guarda da prisão a repreendeu impacientemente, dizendo:― Você voltou da enfermaria há alguns dias. Por que você quer ir de novo? V
Declan abriu a porta e entrou na sala, bem a tempo de ouvir o momento de intenso carinho. Satisfeito, o empresário riu e disse:― Vocês são muito amorosos. ―Deirdre abaixou a cabeça embaraçada e brincou com a borda do cobertor. Kyran perguntou:― Você veio ver se eu estava bem? ―― Sim, mas na verdade, eu tinha algo para discutir com você. Só não sei se vou conseguir manter uma postura de seriedade logo depois de ter assistido, em primeira mão, essa cena fofa ― Declan murmurou: ― Você sente menos vergonha ao dizer essas coisas porque está usando o telefone para transmitir a mensagem? ―Kyran respondeu, com uma expressão solene no rosto:― Se o coração é sincero, a observação não é mais um flerte, mas é a verdade do coração. ―Declan disse, de maneira suplicante:― Tudo bem, de qualquer maneira, não posso ganhar uma discussão contra você. Como ficou a história do rosto de Deirdre? O doutor Engle acha que pode ser restaurado? ―Deirdre levantou a cabeça, subconscientemente, qua
Deirdre supunha que a companhia que Kyran mencionou significava que passariam o período de recuperação juntos. Ela não esperava que ele se prejudicasse para isso.Ela estava bastante preocupada, mas sentia-se quente e confusa dentro dela. Então, disse suavemente:― Não faça isso de novo no futuro. A perda supera o ganho se você se machucar. ―― Desculpe, não vou fazer isso da próxima vez. ―A expressão de Deirdre relaxou e Kyran concluiu:― Venha, vou ajudá-la a voltar para o quarto. ―Entretanto, a dupla, no corredor, era um espetáculo. Um tinha dificuldade para andar, enquanto a outra não conseguia enxergar. Eles caminharam cautelosamente e acabaram suando quando chegaram ao quarto. Mesmo assim, Kyran parecia estar rindo.Deirdre ficou confusa.― Por que você está rindo? ―― Nada. ― Kyran reprimiu a vontade de rir e digitou: ― Eu senti que estávamos nos apoiando para andar com passos mancos antes, como faremos quando ficarmos velhos. ―Deirdre ficou perplexa ao ouvir o com
Mesmo tendo sido um momento sutil, não escapou dos sentidos aguçados de Deirdre:― Doutor Engle, o que aconteceu? Tem alguma coisa errada? ― Deirdre não pôde deixar de se sentir ansiosa.Enquanto isso, uma enfermeira bateu na porta e entrou no escritório para entregar alguns documentos. Ela deu uma olhada em Deirdre e perguntou:― Bom dia, doutor. Por que a senhorita McQuenny ainda não chegou? Hoje não é dia de tirar o curativo? ― O médico riu e disse:― Ela está aqui, não está? ―A enfermeira ficou surpresa. Metade do rosto de Deirdre estava escondida pela máscara, e seus olhos eram extremamente bonitos e cristalinos. Á primeira vista, dava para perceber que eram características faciais marcantes e bonitas.― Você é mesmo a senhorita McQuenny? ― A enfermeira estava incrédula. A pele ao redor dos olhos de Deirdre estava cheia de cicatrizes grossas e carne mutilada no passado. Era tão ruim que ela nunca tinha dado uma segunda olhada mais atenta em Deirdre, depois de ver a condiç
O homem inalou e disse em um tom pesaroso:― É realmente uma pena. Você tem olhos tão lindos. ― E, logo depois, o homem disse: ― Para onde você está indo? Precisa da minha ajuda para chegar no lugar que você quer ir? ―― Não, muito obrigada. ― Deirdre ponderou atentamente e recusou a oferta. ― Estou acostumada com isso e posso ir sozinha. ―― Eu insisto! Deixa que eu te acompanho. O hospital está lotado. Você pode se virar se alguém a derrubar? E se alguém te tirar do caminho certo, não pode ser um problema? ―Deirdre estava prestes a recusar quando ouviu uma voz mecânica, de telefone, vindo à sua frente.― Deirdre. ―Era Kyran e a jovem levantou a cabeça abruptamente. Os braços do homem a envolveram, e o abraço foi apertado no momento seguinte para protegê-la.Kyran parecia estar em guarda e exalava hostilidade. O homem cortês nem teve tempo de reagir à situação antes de Kyran se encarregar de falar pelo telefone.― Por que você está voltando sozinha? Eu poderia ter vindo atrá
Depois que voltaram para o quarto Deirdre percebeu que Kyran não tinha reagido ao rosto dela.Mesmo que apenas a metade superior de seu rosto tivesse sido restaurada, era muito surpreendente ver seu rosto atual em comparação com o rosto mutilado anteriormente. Inesperadamente, Kyran se comportou como se estivesse acostumado a vê-la daquela maneira e Deirdre estava confusa sobre isso.Depois de ficar no quarto, em silêncio, por um tempo, Kyran se comportou como se tivesse percebido algo e perguntou:― Por que você ainda está usando a máscara? ―Deirdre explicou suavemente:― A recuperação da parte superior do meu rosto está muito boa, mas minhas bochechas ainda estão gravemente feridas. doutor Engle disse que a recuperação será mais lenta e que precisarei de curativos regulares. Devemos ser capazes de ver alguns resultados em mais duas semanas ou mais. ―― Ah, sim. Entendo. ―'Entendo? Isso é tudo?' Deirdre não conseguiu esconder a decepção em seus olhos.― Kyran, já enviei os t
As bochechas de Deirdre queimaram. Sem querer, ela tinha admitido que se importava com a opinião de Kyran e, sem saber o que responder, a jovem só ficou olhando para frente, embasbacada. Os lábios do homem se curvaram em um sorriso, afinal, quem cala consente. Por isso, Kyran digitou:― Estou muito feliz em saber que você se importa com o que eu penso. ―Deirdre abaixou a cabeça, mas ela não tinha nenhum argumento para rebater a lógica do homem, por isso, achou mais fácil insistir em sua própria pergunta:― Então? Por que você não disse nada, então? A menos que tanto o senhor Engel quanto o senhor King estivessem mentindo, meu rosto deve estar bem diferente. ―― Talvez eles estivessem mentindo para te agradar, mas e o homem que flertou com você? Você realmente acha que ele estava mentindo? ― Kyran argumentou, com os olhos pregados na jovem cega, cujo olhar era desfocado e vidrado, mas claros e transparentes.Ele baixou o volume do telefone.― Eu sempre te achei linda, Deirdre. Eu