A chamada foi conectada e Brendan rangeu os dentes, ao dizer:― Onde diabos você está?! ― Deirdre não disse nada. Ao final do silêncio, ouviu-se um clique e ela desligou a ligação, guardando o aparelho de volta no bolso e sentindo-se desapontada por não ser Sterling. Como ele estava? Ele estava bem? Ela não fazia ideia da situação em que o médico se encontrava.A única coisa positiva nessa história é que a família Fuller era bastante conhecida na cidade e qualquer motorista de táxi seria capaz de levar Deirdre para a mansão da família, sem problema algum.Descendo do veículo, a jovem pagou ao motorista que lhe orientou, descrevendo onde ela encontraria a campainha. Depois de apertar o botão, Deirdre ouviu uma série de passos rápidos, acompanhados por uma voz carregada de irritação:― Quem será o maluco, desta vez? É como se todos pensassem que podem aparecer sem avisar, sempre que quiserem! ― ― Sinto muito ― Deirdre bufou, sentindo-se ansiosa ― eu... eu só queria... saber onde
Brendan ficou tão furioso que seus olhos ficaram injetados de sangue. Ele nunca havia sido colocado em segundo lugar por uma mulher e nunca havia se sentido desprezado.― Esse filho da puta é tão importante assim, para você?! Você está agindo como se fosse morrer se não estiver com ele! ―Deirdre cerrou os punhos. A maneira como a criada havia falado, combinada com a forma como Sterling era tratado com inferioridade, no seio de sua própria família, dava a entender que ele havia sofrido algum dano corporal grave. E, no entanto, Brendan não dava a mínima para seu sofrimento. Ele sempre tinha sido assim, tratava a vida de todos como insignificantes e dispensáveis.E a falta de empatia do empresário, finalmente enfureceu Deirdre.― Você está certo, Brendan! Eu vou morrer se não estiver com ele! Era isso que você queria ouvir? Mas, qual é a sua desculpa, hein?! Você me prometeu, mas você fez o que disse que faria?! ― ― Deirdre! ― Brendan rosnou e apertou os braços dela. Seu sangue fe
As pessoas na sala pareciam ter entrado todas em estado de choque. Ninguém conseguia reagir à declaração de Brendan de que a jovem desfigurada era sua esposa. E, na verdade, admirando Deirdre dos pés até a cabeça, ela parecia uma ninfa da floresta que havia saltado de uma pintura magistralmente trabalhada, mas bem, seu rosto tinha aterrizado no asfalto quente, à toda velocidade.Somente então, Richard fez a associação e reconheceu a jovem como a assassina que Sterling protegia das hostilidades de uma multidão, nos vídeos gravados pela imprensa. Isso fez com que ele cambaleasse, afinal, não era de admirar que o idiota do seu filho tivesse atraído tanto a ira do Senhor Brighthall. Richard ficara perplexo ao ver o nome de Sterling se tornar viral, mas agora ele sabia o porquê. Aquele idiota havia roubado a garota do Senhor Brighthall. Mas, o que realmente deixou Richard furioso não foi apenas a estupidez de tudo isso. Era a garota por quem toda essa luta tinha sido travada. “Porra, de
A malícia transbordou dos olhos de Brendan. Ele parecia menos com um homem e mais com um monstro sedento por sangue:― Eu te resgatei do seu suplício, Sterling! Como ousa cuspir na minha boa vontade? Como você se atreve a tentar roubar minha mulher, na minha cara?! ― A dor queimou a bochecha de Sterling, mas não foi o suficiente para detê-lo. Ele riu.― Sua mulher? Oh, então é assim... Ser obrigada a cumprir a pena de outra pessoa por um crime que não cometeu é uma das vantagens de ser sua mulher, né? Ser desumanizada e usada como seu meio de entretenimento também é o tipo de coisa que 'sua mulher' deve fazer, certo? Deus, sou só eu que penso assim, ou ser 'sua mulher' é o tormento mais cruel que alguém pode sofrer? ―Os olhos de Brendan faiscaram de raiva e ele atacou novamente.Sterling não era páreo para ele em uma luta, mas isso não serviu como desculpa para que ele tentasse fugir do combate. As outras pessoas na sala, incluindo Deirdre, estavam horrorizadas demais para reagi
― Quem te odeia? ― perguntou Brendan. Deirdre quase caiu na gargalhada e disse: ― Quem?! Você me odeia! E além disso, é um covarde! ― desabafou ― Você não tem metade da coragem de Sterling! Será que você tem coragem suficiente para me levar até sua família e me apresentar para todos? Será que tem coragem de dizer ao mundo meu verdadeiro nome? ―Brendan congelou. Claro que não tinha. Deirdre já sabia a resposta e respondeu por ele:― Não. Claro que não. ―Um sorriso de escárnio surgiu em suas feições, tirando Brendan de seu estupor. Então, ele agarrou o volante com força, falando em tom de descrença:― Como você ousa?! Como você ousa me comparar a um filho bastardo que não é amado nem mesmo por sua própria família?! Você sabe exatamente o quanto eu e ele somos diferentes?! Você realmente acha que ele teria uma mulher cega como namorada se tivesse o mesmo status que eu? Pfft! Ele nem teria coragem de admitir que você é a mulher dele! ―Brendan não pensou muito em suas palavras
― Como você não recebeu intervenção cirúrgica durante o melhor período para o tratamento, será muito difícil reverter a condição. A taxa de sucesso da intervenção cirúrgica é baixa, por isso, não recomendo correr o risco de se submeter ao procedimento. ― ― Está tudo bem. Já me acostumei com a cegueira. ― Deirdre, então, se levantou e tateou o caminho até a porta, querendo sair. Brendan planejava ir atrás dela, mas se lembrou que ainda não havia conseguido o remédio. Então, depois de receber a medicação, saiu e constatou que a jovem tinha tateado todo caminho, até o final do corredor. Cruzando a distância em passos largos, o homem alcançou Deirdre e a puxou pelo pulso, dizendo:― Você perdeu a cabeça! Onde já se viu, sair no meio de uma consulta médica! Ainda bem que você é cega, ou teria escapado correndo do hospital! ― Deirdre lutou para se livrar das garras de Brendan, segurando, com força, em uma quina de parede, enquanto dizia:― Estou me sentindo sufocada, eu só quer
Deirdre achou a reação dele um insulto e o canto de seus lábios se curvou em um sorriso de escárnio enquanto enunciava suas próximas palavras, lenta e pausadamente, para que fosse entendida.― Minha cegueira é culpa sua! Responsabilidade sua, Brendan! E agora você finge querer tratar meus olhos? Você acha que isso me fará recuperar o ano que vivi sem enxergar, o inferno que passei!? Você espera que eu me desfaça em lágrimas e gratidão por você? Comigo esse seu truque de me recompensar após me punir não funciona mais! ― ― Que bobagem é essa? ― Brendan agarrou o volante, com força, enquanto olhava confuso para Deirdre ― Eu te deixei cega? Não se atreva a pensar que pode me difamar, só porque a trato bem! Não se atreva a fazer isso! ― ― Difamar você? ― A jovem sentiu um frio percorrer todo seu corpo, imobilizando-a e, ao mesmo tempo, fazendo com que todos os sentidos de seu corpo funcionassem em seu auge. Ela percebia que aquela conversa era inútil. ‘Será que Brendan vai reconhec
Ao ouvir isso, Deirdre cerrou os punhos com tanta força que as unhas cravaram na carne. Ela nunca esqueceria dos sofrimentos da prisão, é claro. Ela nunca esqueceria o quão impiedoso foi Brendan e todas as torturas a que fora submetida. O corpo de Deirdre tremia, mas ela se acalmou o suficiente para abrir os olhos cegos, mais uma vez. Seus olhos vidrados foram abaixados quando ela fez uma observação zombeteira:― Por que você desperdiçaria seu fôlego me ameaçando se tivesse capacidade de me mandar para a cadeia, mais uma vez? Acredito que a vida não foi tão boa para você, depois que Brendan me fez confessar. Estou certa? ― O rosto de Charlene empalideceu. Deirdre estava certa. Ela havia presumido que o relacionamento entre ela e Brendan cresceria depois que Deirdre fosse presa e que eles se casariam e teriam filhos. No entanto, Brendan ficou mais distante e, embora nunca tivesse declarado abertamente, Charlene sabia que Brendan a culpava pelo atropelamento. Ele também a culpava