Sam ficou no mesmo lugar enquanto Deirdre deu dois passos à frente, antes de perceber que Sam não a estava acompanhando. ― Sam? ― ― Estou aqui. ― O homem se recuperou da surpresa e a alcançou, em poucos passos. Eles caminharam juntos, no terreno plano. Deirdre disse:― O que aconteceu? Por que você ficou tão quieto, de repente? Achei que algo ruim tivesse acontecido. ― Sam sentiu um nó na boca do estômago ao olhar para os maneirismos animados de Deirdre, seu sorriso e sua gentileza. De repente, ele simpatizou com os sentimentos de Brendan. 'Se essa mentira puder ser mantida para sempre, isso será bom para Deirdre, não é?' ― Não foi nada. Eu vi uma criança atravessando a rua correndo, sem olhar para os lados e congelei, com medo de que o pior acontecesse. Mas, não passava nenhum carro... ― ― As crianças são sempre travessas. ― O sorriso de Deirdre congelou por um momento, mas ela mudou rapidamente o assunto da conversa. Eles não estavam longe da mansão, então co
Considerando a resposta seca, a jovem concluiu que seria impossível que Brendan não sentisse raiva, então, perplexa, tentou testar seu humor servindo um copo de água para o homem, que tinha se sentado no sofá, enquanto aconselhava: ― Aqueça suas mãos. Deve estar frio lá fora. ― Brendan olhou para Deirdre e sentiu a raiva diminuir substancialmente depois de ver que o nariz e as mãos dela também estavam avermelhados pelo frio. Ele recebeu o copo e disse:― Você sabe por que fiquei com raiva? ― Deirdre balançou a cabeça de um lado para o outro. ― Você poderia ter me informado que iria sair de casa e eu poderia ter lhe feito companhia. Você saiu sem dizer nada, então como eu explicaria para Ophelia que não tinha notícias suas, se ela ficasse preocupada? ― Deirdre abaixou a cabeça.― Eu não sabia que você acordaria tão cedo. ― ― Lembre-se de vir e bater na minha porta, imediatamente, se houver alguma coisa, da próxima vez. ― Na verdade, ele também não queria mais ver
― Não se mexa! ― Ele reprimiu sua raiva e esperou até que o dedo de Deirdre finalmente parasse de sangrar, antes de ir procurar o kit de primeiros socorros deixado pelo doutor Ginger. Deirdre ainda sentia o calor úmido dos lábios de Brendan em seu dedo e ela pensava que deveria sentir a dor pungente do corte, mas o dedo estava queimando sem motivo aparente. Então, se lembrou de que Brendan era maníaco por limpeza e que deveria estar passando álcool no ferimento. Ficou surpresa, no passado, ele nunca tinha se importado com nada que se relacionasse com o bem-estar dela.'Ele perdeu a cabeça...' ― Deixe a mão bem parada. ― O tom de Brendan estava cheio de raiva intensa, mas ele não havia perdido a paciência. Em vez disso, cobria o ferimento de Deirdre meticulosamente com um curativo. Depois de terminar os cuidados, o homem continuou em silêncio. Deirdre ficou bastante ansiosa e perguntou:― Você está com raiva, Brendan? ― ― Não há mais nada que você possa dizer além disso
Era a primeira vez que Brendan cedia e dava permissão para Deirdre sair. Os olhos vazios de Deirdre brilhavam como diamante quando Brendan acrescentou:― Sam não irá, então serão apenas vocês duas. Lembrem-se de estar de volta antes das seis, ou antes, se esfriar muito. Ninguém quer ver vocês resfriadas. ― ― Tudo bem. ― Deirdre ficou encantada. ― Nós voltaremos, se esfriar muito. ― ― Certo. ― Brendan terminou de tomar o café da manhã e se preparava para sair, mas, antes de deixar a mansão, entregou um cartão de débito para Deirdre.― Há quatro milhões de dólares de saldo, então deve haver mais do que o suficiente para cobrir as despesas de vocês duas. Ligue-me se não for suficiente. Você sabe meu número. ― ― Não pre... ― Deirdre engoliu as palavras tentando evitar de expressar sua rejeição natural às coisas que Brendan oferecia. Afinal, eles eram um casal. Então era muito normal que Brendan desse dinheiro para a esposa fazer compras. Se ela o rejeitasse, isso os faria pare
― Tem mais alguém com elas? ― A vendedora balançou a cabeça.― Apenas a mãe e a filha. Não vi mais ninguém com elas. ― As pupilas de Charlene se contraíram abruptamente e ela agarrou o braço da vendedora.― Mãe e filha? O que você quer dizer com mãe e filha? ― Ela estava realmente agitada. A vendedora parecia ansiosa porque não tinha ideia do que havia feito para provocar a raiva de Charlene. Então, respondeu cautelosamente:― Você não perguntou sobre aquelas duas? São mãe e filha... A primeira coisa que a jovem do rosto desfigurado disse ao entrar na loja foi que estava comprando roupas para a mãe. O que mais elas podem ser senão mãe e filha? ― Charlene ficou extremamente chocada. Ninguém sabia melhor do que ela que Ophelia já estava morta. Portanto, Deirdre não poderia ter uma mãe. Ela pressionou a vendedora, com uma expressão sombria, dizendo:― Tem certeza? Tem certeza de que a jovem reconheceu a outra mulher como sua mãe? ― A vendedora assentiu repetidamente.
Charlene gargalhou.― Deirdre, você acha que a mulher com quem você está falando e rindo é realmente Ophelia? Por que você é tão ingênua a ponto de acreditar nessa pecinha de teatro quando, obviamente, Brendan contratou alguém para imitá-la... ―A mulher gargalhou mais um pouco e, como Deirdre não reagia, voltou a falar:― Será que a verdadeira Ophelia seria tão mais alta que você, tão jovem, e compraria roupas como se fosse uma pessoa comum? Além disso, você não pode ver o rosto dela porque é cega. Mas, não seja tola. A mulher cuida muito bem de sua pele e nem mesmo um traço de rugas pode ser encontrado em seu rosto. Você não poderia ter notado isso quando a tocou com as mãos? Seria totalmente impossível para uma mulher com a aparência dela ser a mãe que viveu na favela e suportou dificuldades com você! ― ― Cale-se! ― Deirdre arregalou os olhos, em choque, e sentiu um peso pesado se abater sobre o peito. Parecia sufocante. 'O quê? Do que Charlene está falando? A mulher que es
Os lábios de Deirdre tremiam e ela estendeu a mão, com grande esforço, sem a vontade real de fazer aquela confirmação:― Mãe, posso... tocar suas mãos? ― Ela conhecia as mãos de Ophelia. Eram um par de mãos cobertas de calos que pareciam muito velhas, mesmo quando a mulher era mais jovem. Alguns pontos eram especialmente calejados. Deirdre já tinha segurado na mão da mãe, muitas vezes, depois do reencontro, mas depois do Charlene tinha dito, resolveu prestar mais atenção.O coração de Maeve estava acelerado:― O que está acontecendo? O que está acontecendo com você? ― ― Eu estou bem... ― Deirdre respirou fundo e abriu um sorriso falso, com grande dificuldade. ― Eu costumava segurar sua mão com frequência e senti falta de fazer isso. Eu ansiava pela sensação de você segurando minha mão, quando me levava para casa, depois da escola... ― ― Entendo. ― Maeve sorriu, mas seu coração ainda estava em guarda. Ela imaginou que Deirdre devia ter notado alguma coisa. Ao mesmo tempo em q
― Ah, sim. ― Doutor Ginger ajustou a gravata e disse, despreocupado: ― Ganhei da Senhora McQuenny. Ela não foi às compras hoje? Pois, voltou para casa com presentes e me deu esta gravata. Sam também ganhou um presente. O presente dele foi um acessório de telefone. ― Sam, que tinha acabado de descer do carro, foi pego de surpresa. As sobrancelhas afiadas de Brendan estavam fortemente franzidas. Ele havia dado permissão a Deirdre para sair, mas ela parecia estar pensando em outros homens também. ― Onde está o acessório de telefone? ― O homem careca apontou para a mesa de centro e disse:― Tenho mais uma consulta hoje, senhor Brighthall. Devo... ― ― Vá. ― Brendan acenou com a mão, para dispensar o médico, com impaciência, e dirigiu-se rapidamente para a mesa de centro. Havia uma capa de telefone com uma estampa de cachorrinho na caixa de presente sobre a mesa de centro, e a capa parecia extraordinariamente adorável. Quando o olhar de Sam pousou no estojo, o segurança não