Emily mantinha uma expressão de vítima no rosto, enquanto se defendia:― Ontem, depois que você me disse que ela estava em cirurgia, fiquei um pouco preocupada, por isso, achei melhor vir aqui para ver se tudo tinha dado certo e se ela precisava de minha ajuda para alguma coisa, mas justo quando fui ajeitar seu travesseiro ela me empurrou... ―Piscando os olhos de maneira afetada, a médica afastou os cabelos da testa, exibindo um galo que crescia. Foi então que pareceu notar e começou a apalpar, fazendo uma cara horrível, como se a dor fosse insuportável.Vendo sua aparência lastimável, Brendan arregalou os olhos e, antes que entendesse o motivo, sentiu vontade de acudir a mulher. Por isso, sua antipatia por Deirdre se aprofundou.― Deirdre, não me importa quais sejam seus motivos, nada justifica agredir aos outros! ― afirmou condescendentemente, seu tom completamente indiferente. ― Não vou te avisar sobre isso de novo. Peça desculpas! ―Deirdre se esforçou para tentar enxergar o
Brendan franziu a testa ligeiramente e seus olhos vacilaram, enquanto olhava para Deirdre de um jeito estranho. Por fim, sacudiu a cabeça e a expressão fria voltou a aparecer:― Ela não está triste. Essa manipuladora só quer me enganar. ―No final, ele não forçou Deirdre a pedir desculpas. Em vez disso, virou o corpo e saiu. Vendo isso, Emily ficou frustrada ao sentir que Deirdre estava a apenas um passo de desmoronar.Entretanto, se tentasse mais alguma gracinha para fazer a rival cruzar o limite, Brendan suspeitaria dela. Afinal, o hipnotismo de Ryker não poderia fazer Brendan perder completamente a cabeça.Depois que Emily saiu, viu que Brendan estava no corredor, não muito longe dali e, assim que se aproximou, o magnata a olhou insatisfeito e perguntou, com uma voz contrariada:― Quem te deu o direito de dizer para alguém que gosto de você e quero me casar com você? ―― Eu... ― Emily já havia encontrado uma desculpa. ― Desculpa, eu só queria que ela parasse de te importunar e
Os olhos de Brendan traíram sua agitação interior enquanto as emoções enchiam seu olhar negro e tipicamente sereno.— Mas ainda não posso te dar muita atenção. Antes de tudo, preciso resolver minhas pendências com Deirdre, depois pensarei a respeito — disse ele.Emily assentiu apressadamente, afinal, não era uma vitória, mas era um avanço significativo.― Claro, Brigh... Não... Bren. Vou esperar por você, até que concorde em ficar comigo e se casar comigo. ―Quando Emily se dirigiu a ele como 'Bren', o magnata teve sentimentos confusos. Ele se lembrava vagamente de que havia uma pessoa que que o chamara daquela forma de um jeito especial.‘Como foi que me senti? Aquilo me deixou animado e exultante, foi o tipo de felicidade que irradiava da cabeça até a ponta dos pés. Não parece que faz tanto tempo, mas mesmo assim, não consigo me lembrar de quem foi. Não pode ter sido Deirdre.’Sentindo que algo estava muito errado, Brendan afastou Emily.― Então é isso, me dê um tempo. Está fi
Por fim, a cuidadora convenceu Deirdre e acabou separando as roupas para levar e lavar em casa. Sem possibilidade de fugir, a jovem respirou fundo e ficou sentada na cama, traçando novos planos.Sem querer agir precipitadamente, Deirdre apenas se comportou, conversando bastante com a mulher para a conhecer um pouco melhor. Entretanto, no segundo dia, Deirdre disse:― Dona Wanner, se você estiver livre hoje, pode me levar para passear? Estou tanto tempo nesse quarto que meu corpo está ficando todo duro. Isso não pode fazer bem... ―― Você quer sair para passear? Por mim tudo bem. ― A mulher grisalha desligou a televisão e estendeu a mão para ajudar Deirdre a se levantar.Com a visão quase recuperada, Deirdre já conseguia se mover com bastante facilidade e era fácil memorizar os caminhos que levavam de seu quarto até o elevador, inclusive, conseguiu planejar trajetos capazes de evitar as câmeras de vigilância.Depois de dar muitas voltas pelo hospital, a jovem se deu por satisfeita
― Tudo indica que você é realmente esse tipo de pessoa. O que mais eu posso dizer? ― Brendan deu de ombros e disse: ― Já vi sua crueldade antes e, além disso, mesmo que você não tenha matado minha mãe, você se atreve a negar que não teve nenhuma participação nisso? ―Deirdre não conseguiu evitar que seu corpo ficasse tenso. As palavras de Brendan tocaram seu ponto sensível. Ela nunca negou responsabilidade por isso, mas o homem dizia como se ela fosse uma pessoa sem escrúpulos. Na cabeça de Brendan, mesmo que ela não fosse uma assassina, ela ainda era alguém desprezível.Por isso, a jovem não soube o que responder. Brendan se recusava a acreditar nela, então era inútil continuar discutindo.― Se você não acredita em mim, não temos porque continuar conversando. Volte para a sua querida Emily. Não posso fazer nada para te ajudar ― disse ela.Brendan semicerrou os olhos quando viu o olhar chateado de Deirdre.― Ainda assim você tem ciúmes? ―Deirdre ergueu um canto do lábio, em debo
O rosto de Brendan ficou ainda mais sombrio.― Se eu não sou honrado, o que você acha que eu sou? ―Deirdre perdeu o controle de suas emoções.― Você é um monstro! Você não me odeia? Você não gosta daquela maldita? Se ela souber que você me beijou, o que ela pensaria. Que além de tudo você é um galinha, safado! ― ― Cala essa maldita boca! ― Os olhos de Brendan ficaram frios e ele franziu os lábios: ― Se um dia ela ficar sabendo que isso aconteceu, eu realmente vou acabar com você! ―Deirdre ficou com o coração partido e disse, aos prantos:― É inútil você fazer merda e querer me chantagear para guardar segredo. Você deveria se controlar. Afinal, ninguém pode te controlar, exceto você mesmo. Se você é um safado e não consegue, vá se tratar. ―Ao ver as lágrimas de Deirdre, Brendan ficou irritado. Então ele virou as costas e encarou a outra cama do quarto. Conforme os efeitos da bebedeira passavam, o homem ficava cada vez mais arrependido por ter ido até ali. Em sua cabeça sóbria
Dentro do carro, Deirdre começou a falar:― Eu queria sair da cidade, acontece que ele ficou com meus documentos e não aceita que eu vá embora. Eu só consegui escapar porque ele ficou doente e está hospitalizado. ―O motorista balançou a cabeça:― Entendo... entendo... acho que tenho uma ideia. Você tem algum dinheiro? Vou te levar para um hotel. Você não pode viajar pela rota normal porque não tem sua identidade. Mas, eu conheço algumas vans não credenciadas que não pedem documentação alguma. Infelizmente, não é tão seguro... Não sei se você se importa. ―― Não me importo, contanto que eu possa ir. Sim, eu tenho dinheiro. ― Quando Deirdre estava presa e Ophelia fez aquela última visita, além de roupas, a mulher tinha levado uma doleira, cheia de notas altas, que poderiam ajudar a jovem em alguma eventualidade. Quando Deirdre foi libertada e levada para o hospital, nunca se separou da bolsa, que sempre esteve em seu quarto.O motorista a levou a um hotel para fazer check-in e guar
― Por que você é tão gentil? ― Deirdre perguntou, sem saber por que o homem era tão prestativo.Mas, o motorista respondeu vagamente:― Como eu disse, você tem idade para ser minha filha. Além do mais, você está grávida. Mas, não se preocupe. Vou te deixar no ponto de ônibus certo. ―Deirdre assentiu e, como não tinha dormido naquela noite, sentia-se bastante cansada. Por isso, recostou-se no banco e cochilou. Depois de alguns minutos, ela abriu os olhos e percebeu que o táxi ainda estava em movimento.― Ainda não chegamos? ― ela perguntou.― Estamos quase lá. ― respondeu o motorista. ― Faltam apenas dois minutos. Estamos no horário também. ―A jovem relaxou e esperou, até que sentiu que a velocidade do carro diminuía, então não pôde deixar de olhar pela janela. Se ela bem se lembrava, o motorista tinha dito que ela pegaria o ônibus em um ponto no subúrbio e que eles estavam quase chegando, então era muito estranho que ela ainda estivesse em uma região que mais se parecia a área