Por fim, a cuidadora convenceu Deirdre e acabou separando as roupas para levar e lavar em casa. Sem possibilidade de fugir, a jovem respirou fundo e ficou sentada na cama, traçando novos planos.Sem querer agir precipitadamente, Deirdre apenas se comportou, conversando bastante com a mulher para a conhecer um pouco melhor. Entretanto, no segundo dia, Deirdre disse:― Dona Wanner, se você estiver livre hoje, pode me levar para passear? Estou tanto tempo nesse quarto que meu corpo está ficando todo duro. Isso não pode fazer bem... ―― Você quer sair para passear? Por mim tudo bem. ― A mulher grisalha desligou a televisão e estendeu a mão para ajudar Deirdre a se levantar.Com a visão quase recuperada, Deirdre já conseguia se mover com bastante facilidade e era fácil memorizar os caminhos que levavam de seu quarto até o elevador, inclusive, conseguiu planejar trajetos capazes de evitar as câmeras de vigilância.Depois de dar muitas voltas pelo hospital, a jovem se deu por satisfeita
― Tudo indica que você é realmente esse tipo de pessoa. O que mais eu posso dizer? ― Brendan deu de ombros e disse: ― Já vi sua crueldade antes e, além disso, mesmo que você não tenha matado minha mãe, você se atreve a negar que não teve nenhuma participação nisso? ―Deirdre não conseguiu evitar que seu corpo ficasse tenso. As palavras de Brendan tocaram seu ponto sensível. Ela nunca negou responsabilidade por isso, mas o homem dizia como se ela fosse uma pessoa sem escrúpulos. Na cabeça de Brendan, mesmo que ela não fosse uma assassina, ela ainda era alguém desprezível.Por isso, a jovem não soube o que responder. Brendan se recusava a acreditar nela, então era inútil continuar discutindo.― Se você não acredita em mim, não temos porque continuar conversando. Volte para a sua querida Emily. Não posso fazer nada para te ajudar ― disse ela.Brendan semicerrou os olhos quando viu o olhar chateado de Deirdre.― Ainda assim você tem ciúmes? ―Deirdre ergueu um canto do lábio, em debo
O rosto de Brendan ficou ainda mais sombrio.― Se eu não sou honrado, o que você acha que eu sou? ―Deirdre perdeu o controle de suas emoções.― Você é um monstro! Você não me odeia? Você não gosta daquela maldita? Se ela souber que você me beijou, o que ela pensaria. Que além de tudo você é um galinha, safado! ― ― Cala essa maldita boca! ― Os olhos de Brendan ficaram frios e ele franziu os lábios: ― Se um dia ela ficar sabendo que isso aconteceu, eu realmente vou acabar com você! ―Deirdre ficou com o coração partido e disse, aos prantos:― É inútil você fazer merda e querer me chantagear para guardar segredo. Você deveria se controlar. Afinal, ninguém pode te controlar, exceto você mesmo. Se você é um safado e não consegue, vá se tratar. ―Ao ver as lágrimas de Deirdre, Brendan ficou irritado. Então ele virou as costas e encarou a outra cama do quarto. Conforme os efeitos da bebedeira passavam, o homem ficava cada vez mais arrependido por ter ido até ali. Em sua cabeça sóbria
Dentro do carro, Deirdre começou a falar:― Eu queria sair da cidade, acontece que ele ficou com meus documentos e não aceita que eu vá embora. Eu só consegui escapar porque ele ficou doente e está hospitalizado. ―O motorista balançou a cabeça:― Entendo... entendo... acho que tenho uma ideia. Você tem algum dinheiro? Vou te levar para um hotel. Você não pode viajar pela rota normal porque não tem sua identidade. Mas, eu conheço algumas vans não credenciadas que não pedem documentação alguma. Infelizmente, não é tão seguro... Não sei se você se importa. ―― Não me importo, contanto que eu possa ir. Sim, eu tenho dinheiro. ― Quando Deirdre estava presa e Ophelia fez aquela última visita, além de roupas, a mulher tinha levado uma doleira, cheia de notas altas, que poderiam ajudar a jovem em alguma eventualidade. Quando Deirdre foi libertada e levada para o hospital, nunca se separou da bolsa, que sempre esteve em seu quarto.O motorista a levou a um hotel para fazer check-in e guar
― Por que você é tão gentil? ― Deirdre perguntou, sem saber por que o homem era tão prestativo.Mas, o motorista respondeu vagamente:― Como eu disse, você tem idade para ser minha filha. Além do mais, você está grávida. Mas, não se preocupe. Vou te deixar no ponto de ônibus certo. ―Deirdre assentiu e, como não tinha dormido naquela noite, sentia-se bastante cansada. Por isso, recostou-se no banco e cochilou. Depois de alguns minutos, ela abriu os olhos e percebeu que o táxi ainda estava em movimento.― Ainda não chegamos? ― ela perguntou.― Estamos quase lá. ― respondeu o motorista. ― Faltam apenas dois minutos. Estamos no horário também. ―A jovem relaxou e esperou, até que sentiu que a velocidade do carro diminuía, então não pôde deixar de olhar pela janela. Se ela bem se lembrava, o motorista tinha dito que ela pegaria o ônibus em um ponto no subúrbio e que eles estavam quase chegando, então era muito estranho que ela ainda estivesse em uma região que mais se parecia a área
― Você precisava ter fugido? Vocês não poderiam simplesmente sentar e conversar? ― perguntou o motorista.Entretanto, Deirdre ainda pensava no que o motorista tinha dito antes: 'Ele achou a casa do motorista? Isso significa que Brendan passou a noite inteira investigando?’Ou seja, se Brendan descobriu sobre a fuga durante a noite, teria tido muito tempo para cultivar a raiva, sem falar que teria passado a noite em claro. Brendan não conseguiria se conter e precisaria se vingar para ficar satisfeito.O medo crescente continuava a se espalhar das solas dos pés de Deirdre para todo o seu corpo enquanto ela observava o motorista ligar o carro para partir. Então, lutou bravamente e desesperadamente para explicar:― Ele não é meu namorado! ― Deirdre disse com raiva: ― Ele não é nada meu! Não tenho nada a ver com ele! Ele está me sequestrando e me aprisionando! Senhor, eu imploro, chame a polícia! ―Aquele era um recurso desesperado de quem temia que sua vida fosse se tornar um inferno.
― Brendan! Você está louco? O que você está fazendo! Você vai me estuprar? Você quer carregar essa culpa, mais uma vez? ― Os cantos dos olhos de Deirdre se encheram de lágrimas e seu rosto estava contorcido pelo pavor.Entretanto, Brendan evitou os chutes com facilidade e logo, o magnata se meteu entre suas pernas. Uma forte sensação de alheamento tomou conta da jovem, enquanto era violentada, como se aquele não fosse seu corpo, como se aquela não fosse sua vida. O tempo paria estranho, passando em uma velocidade diferente, enquanto tudo o que a jovem via era o rosto indiferente do monstro que abusava de seu corpo. Deirdre se perguntou se ele a estava observando sofrer.Aquela era a terceira vez que Brendan a violentava. A primeira, foi na mansão da família, na varanda, na noite em que o magnata descobriu que ela estava grávida. Daquela vez, ela também implorou impotentemente para que ele parasse, mas ele agiu como se nada importasse. Naquela época, ela só queria que a criança desapa
Deirdre sentiu vontade de rir como se tivesse perdido completamente a sanidade, achando a preocupação obsessiva de Brendan em ir atrás dela absurda.― Se ele estava preocupado com a possibilidade de eu me machucar, de que adiantou? Quem foi o monstro que me deixou nesse estado, senão ele mesmo? ― ela perguntou friamente, mostrando as marcas roxas dos braços.Jet desviou o olhar e demorou um tempo para conseguir falar:― O senhor Brighthall se arrepende do que fez. No começo, pensei que ele tivesse perdido a sanidade, mas depois ele recuperou os sentidos e ficou transtornado e arrependido pelo que fez! Mostrou, até mesmo, preocupação com a possibilidade de ter esmagado a criança, de alguma forma ― ele gaguejou.Deirdre ergueu a cabeça com espanto e olhos cheios de descrença.― Posso jurar por Deus que tudo o que disse é verdade ― jurou Jet.― Incluindo a preocupação de Brendan com a criança? ― mesmo depois de tudo, Deirdre ainda se apegava às sombras de esperança e fé em Brendan.