Sergey estava em casa, recuperando-se do ferimento no ombro. Ele se permitiu relaxar no sofá, a dor pulsando levemente, mas a presença de Kiara ao seu lado era um bálsamo para sua alma. A mansão estava silenciosa, exceto pelo som suave da respiração dela enquanto ela lia um livro ao seu lado. Ele a observava, admirando a forma como a luz suave da tarde iluminava seu rosto, e se sentia grato por ter alguém tão especial em sua vida.No entanto, seu momento de tranquilidade foi interrompido por um toque insistente na porta. Sergey franziu a testa, sentindo uma onda de preocupação. Ele não esperava visitas, especialmente depois do que havia acontecido com Kadriovski.— Vou ver quem é — disse ele, levantando-se lentamente e sentindo uma leve dor no ombro. Kiara olhou para ele com preocupação.— Você não precisa fazer isso. Deixe que os seguranças cuidem — ela respondeu, mas Sergey balançou a cabeça.— Eu preciso saber quem está aqui.Ao abrir a porta, ele ficou surpreso ao ver os pais de K
O sol se pôs lentamente em Nova York, deixando a mansão envolta em uma luz suave e dourada. Sergey estava sentado no sofá, tentando relaxar enquanto a dor no ombro diminuía. Ele havia passado o dia se recuperando do ferimento, mas sua mente estava longe. As palavras de Kiara e a tensão com seus pais ainda ecoavam em sua cabeça. Ele sabia que a relação dela com a família era complicada, mas não imaginava o quão profunda era a dor que ela carregava.Enquanto isso, Kiara estava no quarto, sentada na beirada da cama. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela tentava processar tudo o que havia acontecido. A visita dos pais havia reaberto feridas antigas que ela pensava ter fechado. A tensão entre eles e as lembranças do passado a deixavam angustiada.Os abusos que sofreu, quando criança voltavam à sua mente como sombras persistentes. Ela se lembrou do medo que sentia ao voltar para casa, da insegurança que a acompanhava em cada canto familiar. O rosto de seu padrasto surgia em suas
Os dias seguintes à visita dos pais de Kiara foi marcada por um silêncio pesado na mansão. Sergey estava sentado na cozinha, tomando seu café enquanto observava a luz do sol entrar pelas janelas. A dor no ombro ainda estava presente, mas ele se sentia mais forte a cada dia. No entanto, sua mente estava ocupada com as tensões daquela noite e as revelações que Kiara havia compartilhado.Ele sabia que Kiara estava lidando com muitos sentimentos complicados, especialmente após o confronto com seus pais. A toxicidade da mãe dela e os traumas do passado estavam pesando sobre ela como uma nuvem escura. Sergey se preocupava com a saúde mental dela e queria fazer tudo o que pudesse para apoiá-la.Kiara estava no quarto, perdida em pensamentos. As lembranças do passado a assombravam, e a decisão que havia tomado dias antes ainda ecoava em sua mente. Ela sabia que precisava se afastar de seus pais, mas a ideia de cortar laços com a família era assustadora. O medo da rejeição e da solidão a paral
A chuva caía em uma melodia constante, ecoando pela cidade quase vazia. Kiara Dubois apertava o casaco contra o corpo magro enquanto caminhava para casa. O frio da noite não era novidade para ela; tampouco a sensação de exaustão após mais um turno no bar onde trabalhava. Seus pés doíam, e ela desejava apenas uma cama quente e um pouco de paz.O céu estava enegrecido, e os trovões ocasionalmente iluminavam as ruas molhadas. Ela havia aprendido cedo a ser cuidadosa à noite, mas o bairro geralmente era tranquilo. Hoje seria apenas mais uma noite comum, pensou. Mas ao dobrar uma esquina estreita, algo quebrou sua rotina com a força de uma rajada de vento.À sua frente, cinco homens formavam um círculo em torno de algo que parecia inerte. Não é da minha conta, ela tentou dizer a si mesma. Seus passos hesitaram. Era tarde demais. Uma rajada de vento levantou a aba do casaco de um deles, revelando um brilho metálico de algo que ela não queria identificar. Um dos homens se afastou por um mome
O silêncio dentro da SUV era ensurdecedor, pontuado apenas pelo som da chuva batendo contra as janelas. Kiara Dubois estava sentada no banco traseiro, o corpo tenso, os dedos entrelaçados no colo em uma tentativa fútil de esconder o tremor. Ela se sentia como um animal encurralado. Ao lado dela, Sergey Novikov parecia a personificação da calma, embora a intensidade de seus olhos âmbar deixasse claro que nada escapava à sua atenção.— Para onde estamos indo? — A voz dela soou baixa, quase um sussurro.Sergey virou a cabeça na direção dela, apoiando um braço no encosto do banco. Ele a estudou por um momento, o canto de sua boca se curvando em algo que não era bem um sorriso.— Para onde será seguro para você, devotchka.A palavra russa, que ele pronunciava com tanta facilidade, a intrigava. Ele a usara antes, e embora ela não soubesse o significado, sentia algo quase carinhoso em sua pronúncia. Mas agora não era hora para decifrar palavras.— Eu não preciso de segurança. Eu só quero ir
Kiara acordou cedo no dia seguinte, apesar do cansaço que ainda a envolvia. O quarto estava banhado pela luz suave da manhã, filtrada pelas persianas fechadas. A cama onde ela dormia era incrivelmente confortável, mas nada que fosse capaz de mascarar o desconforto de sua mente, que girava em torno dos eventos da noite anterior. Sergey Novikov. Ele ainda estava em sua cabeça, uma presença constante, sua voz profunda e os olhos âmbar que pareciam enxergar além de sua pele. Cada momento que ela passava naquele lugar, cada segundo em sua presença, parecia intensificar o turbilhão dentro dela. Ela sabia que sua vida, assim como a conhecia, havia mudado para sempre.Ela olhou para o relógio, percebendo que ainda tinha tempo antes que qualquer coisa acontecesse. Levantou-se devagar, os pés descalços tocando o chão gelado. O quarto era elegante, com uma decoração minimalista que, ao mesmo tempo, parecia impessoal. As paredes brancas, os móveis escuros e modernos, o cheiro sutil de madeira e u
Kiara passou o resto do dia em silêncio, observando a casa que Sergey havia chamado de “refúgio”. Cada corredor, cada cômodo parecia ter sido projetado para ser moderno e impessoal, mas ao mesmo tempo, havia algo de inquietante naquela perfeição. As paredes, de um branco gelado, refletiam a luz das lâmpadas discretas que iluminavam os espaços. O silêncio era opressor, com exceção do som ocasional dos passos de Sergey, que a vigiavam como uma sombra.Ela se sentava na sala, onde o sol estava começando a se esconder atrás dos edifícios da cidade. Estava impaciente, seu corpo nervoso pela tensão no ar, mas não sabia o que mais fazer além de esperar.Sergey não havia lhe dado explicações sobre o que aconteceria a seguir. Nenhuma garantia de segurança, de liberdade, de qualquer coisa que ela realmente quisesse. Ela se sentia como uma prisioneira, mas uma prisioneira com um raro e desconcertante contato com seu captor. Não era apenas o poder dele que a intimidava; havia algo mais, algo que
O sol já havia se posto há horas, mas Kiara ainda não conseguia deixar de olhar pela janela, tentando encontrar alguma forma de entender sua nova realidade. Ela estava presa em uma casa de luxo, cercada por paredes imponentes e câmeras de segurança em todos os cantos. Sergey parecia sempre um passo à frente, como se soubesse exatamente como cada movimento dela seria. E isso a incomodava mais do que qualquer coisa.Desde a conversa com ele naquela tarde, Kiara não tivera mais a chance de falar sobre o que estava acontecendo. Sergey a manteve à distância, dando-lhe tempo para refletir, ou talvez para intensificar o medo que crescia em seu peito. Ela sabia que ele estava esperando algo, mas não sabia o quê. Ele dissera que ela tinha um papel, mas qual? Como uma mulher comum, sem nada de especial, ela não conseguia entender como poderia ser parte de algo tão complexo, tão perigoso.A noite já havia avançado quando a porta do seu quarto se abriu, quebrando o silêncio. Sergey entrou sem faz