Os dias seguintes à visita dos pais de Kiara foi marcada por um silêncio pesado na mansão. Sergey estava sentado na cozinha, tomando seu café enquanto observava a luz do sol entrar pelas janelas. A dor no ombro ainda estava presente, mas ele se sentia mais forte a cada dia. No entanto, sua mente estava ocupada com as tensões daquela noite e as revelações que Kiara havia compartilhado.Ele sabia que Kiara estava lidando com muitos sentimentos complicados, especialmente após o confronto com seus pais. A toxicidade da mãe dela e os traumas do passado estavam pesando sobre ela como uma nuvem escura. Sergey se preocupava com a saúde mental dela e queria fazer tudo o que pudesse para apoiá-la.Kiara estava no quarto, perdida em pensamentos. As lembranças do passado a assombravam, e a decisão que havia tomado dias antes ainda ecoava em sua mente. Ela sabia que precisava se afastar de seus pais, mas a ideia de cortar laços com a família era assustadora. O medo da rejeição e da solidão a paral
Kiara estava no terraço da mansão, sentada em uma espreguiçadeira, com um livro nas mãos e uma xícara de chá ao lado. O fim de tarde trazia uma brisa suave, e os jardins perfeitamente cuidados estendiam-se até onde a vista alcançava. Era um raro momento de tranquilidade em sua nova vida ao lado de Sergey, mas ela sabia que o mundo dele nem sempre permitia que a paz durasse muito.Sergey apareceu na porta de vidro, a silhueta alta e imponente contra o interior iluminado. Ele a observou por um instante antes de se aproximar, e Kiara ergueu os olhos ao ouvir seus passos. Ele parecia sério, como sempre, mas havia algo em sua expressão que a fez colocar o livro de lado.— Posso me juntar a você? — ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de um tom que Kiara reconhecia como grave.— Claro, — ela respondeu, ajustando-se para dar espaço a ele. — Você está bem? Parece que tem algo na sua mente.Ele se sentou ao lado dela, apoiando os antebraços nos joelhos, e olhou para o horizonte por um mom
O avião pousou suavemente no aeroporto de Moscou. Kiara olhou pela pequena janela, observando o cenário coberto de neve. Era como um tapete branco infinito, pontuado por árvores escuras e luzes distantes que piscavam na madrugada. O frio era palpável, mesmo do lado de dentro, e ela apertou o casaco em torno do corpo enquanto se preparava para desembarcar.Sergey, ao seu lado, estava impecável como sempre. Seu sobretudo preto contrastava com a neve ao fundo, e seu olhar era atento, analisando cada detalhe ao redor. Quando os dois desceram do avião particular, o vento gelado os envolveu instantaneamente, cortante e afiado. Kiara puxou o cachecol para cobrir o rosto, o ar frio fazendo suas bochechas arderem.— Bem-vinda à Rússia, meu amor — disse Sergey, segurando sua mão com firmeza. — Essa é a verdadeira essência do inverno.Ela tentou sorrir, embora seus dentes estivessem quase batendo de frio. — Não estava brincando quando disse que fazia frio por aqui. É bonito, mas... congelante.E
A entrada da mansão era tão imponente quanto a fachada. Portas duplas de madeira maciça se abriram com um movimento suave, revelando um hall de entrada que parecia pertencer a um palácio. O teto era alto, adornado com lustres de cristal que lançavam reflexos cintilantes pelas paredes decoradas com afrescos. Kiara ficou sem palavras, os olhos absorvendo cada detalhe — desde o mármore reluzente do chão até as esculturas discretamente posicionadas nos cantos.Sergey percebeu sua reação e sorriu levemente. — Impressionante, não é? — disse ele, tocando de leve a parte inferior de suas costas para guiá-la.Ela assentiu, ainda um pouco atordoada. — É como entrar em outro mundo... Ou em um filme.Ele riu baixo. — Bem, minha família gosta de manter as aparências. Espero que você esteja pronta para conhecê-los.Kiara parou por um momento, a mão agarrando o braço de Sergey. — Eu não sabia que sua família estaria aqui. Sergey, e se... e se eles não gostarem de mim?Ele virou-se para ela, os olhos
O quarto onde Sergey e Kiara estavam hospedados na mansão dos Volkov era um espetáculo à parte. A suíte principal parecia ter sido retirada diretamente de uma revista de decoração. As paredes eram cobertas por um papel de seda delicado com padrões dourados, e o teto alto exibia detalhes em gesso que remetiam à realeza. A enorme cama de dossel era o centro do espaço, com cortinas translúcidas que pendiam ao seu redor, conferindo um ar de privacidade e mistério.Kiara caminhou lentamente até o centro do quarto, passando os dedos pelo tecido macio das cortinas. Ela ainda sentia a pressão do encontro com a família de Sergey, mas algo no ambiente aconchegante do quarto a fez relaxar um pouco. Sergey, que havia entrado logo atrás dela, fechou a porta silenciosamente e parou por um momento, observando-a.— Está tudo bem? — perguntou ele, aproximando-se com passos firmes.Kiara virou-se para encará-lo, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. — Sim... só estou tentando processar tudo. Sua
A manhã seguinte chegou com um brilho suave invadindo o quarto através das pesadas cortinas de veludo. Kiara abriu os olhos lentamente, sentindo o calor reconfortante do corpo de Sergey ao seu lado. Ele ainda dormia, a respiração profunda e ritmada. Por um instante, ela ficou ali, observando-o, aproveitando a rara calma antes que o dia começasse.Finalmente, Sergey despertou. Ele piscou algumas vezes antes de abrir os olhos completamente e encontrá-la encarando-o. Um sorriso curvou seus lábios. — Bom dia, minha bela esposa.Kiara riu suavemente. — Bom dia. Dormiu bem?— Sempre durmo bem ao seu lado. — Ele ergueu a mão para acariciar o rosto dela, mas seu semblante logo ficou mais sério. — Hoje será um dia cheio. Tenho uma reunião importante, e quero que você venha comigo.Ela arqueou uma sobrancelha, surpresa. — Uma reunião? De negócios?— Algo assim. — Sergey suspirou e se sentou na cama, esticando os braços. — É sobre as operações aqui na Rússia. Preciso lidar com algumas questões p
A noite caía sobre Moscou com uma intensidade que parecia tornar tudo mais misterioso. O céu estava tingido de um azul profundo, pontuado por estrelas que brilhavam como pequenos cristais contra a vastidão. Sergey estava sentado em frente à lareira no escritório da mansão, um copo de uísque na mão, enquanto Kiara, vestida com um robe de cetim, entrou silenciosamente.— Está pensando em algo importante? — perguntou ela, a voz suave, mas curiosa.Sergey levantou os olhos, observando-a com um meio sorriso. — Sempre. Quando se está nesse mundo, há pouco espaço para relaxar.Kiara aproximou-se, sentando-se em uma poltrona próxima. Ela inclinou a cabeça, intrigada. — Você sente falta de alguma coisa? De uma vida mais... simples, talvez?Ele tomou um gole de seu uísque antes de responder. — A simplicidade nunca foi uma opção para mim. Cresci cercado por responsabilidades, decisões difíceis. Mas agora... — Ele a olhou nos olhos, o tom ficando mais íntimo. — Agora sinto que talvez tenha algo p
A manhã nasceu com o brilho suave do sol refletindo na neve que cobria o jardim da mansão. Kiara estava sentada perto da janela do quarto, observando os flocos caírem devagar, enquanto tomava um chá quente. O inverno russo era diferente de tudo que ela já havia experimentado. A paisagem parecia um conto de fadas congelado, e, por um momento, ela se perdeu em pensamentos.Sergey saiu do banheiro ajustando os punhos de sua camisa social. O movimento dele, sempre seguro e cheio de propósito, chamou sua atenção. Kiara sorriu suavemente, mas havia algo em sua mente que ela hesitava em verbalizar.— Algum plano para hoje? — perguntou ela, sua voz soando casual, embora seus olhos o observassem com curiosidade.Sergey ergueu o olhar enquanto colocava um relógio no pulso. — Algumas reuniões importantes, mas nada que deva tomar o dia inteiro. Por quê?Ela mordeu levemente o lábio inferior, reunindo coragem para o que queria dizer. — Pensei... talvez pudéssemos sair um pouco. Conhecer alguns lug