Maeve se sentava num imponente trono de cristal e ônix. Ela usava um vestido azul-escuro e uma capa de cor grafite se estendia sobre seus ombros. Na cabeça, uma coroa de vidro e algum material preto que Tess não conhecia. A rainha também usava um sorriso frio no rosto.
Mora usava um vestido vermelho-vinho e uma coroa de gelo adornava sua cabeça. Ela não fazia questão de esconder sua felicidade em ver Tess naquela situação.
Mas Mab era quem mais chamava atenção. Ela vestia preto, uma cor que não combinava com seu cabelo loiro reluzente. A coroa de cores parecia deslocada comparada ao vestido. Quando Mab ergueu o olhar, Tess soube o porque do vestido. Luto. Luto pelas irmãs e pelo juízo. Tess gostou ainda mais da rainha por aquele pequeno ato de rebelião contra as irmãs.
Mas Tess só levou um segundo para notar tudo isso. Seus olhos e pensamentos se voltaram para o homem parado diante dos tronos.
Damian parecia abatido mas ainda trazia o olhar corajoso no rosto,que se iluminou ao ver Tess.
Ela não se importou com os guardas que a ladeavam, ou com Rowan atrás dela e nem com as rainhas. Ela correu para Damian.
Um dos guardas tentou impedí-la, mas ganhou uma cotovelada no estômago.Ela correu mais rápido do que pensava ser possível e logo havia cruzado o salão e se jogado no calor dele.
Seus corpos se encaixavam em perfeita harmonia, como um quebra-cabeça de duas peças.
Eles se apertaram, tentando fundir seus corpos em um. Tess manteve um soluço preso na garganta.
Ela afundava as unhas nas costas dele e ele apertava tanto a cintura dela que era impossível respirar.
Mas nenhum deles realmente se importou com dor ou desconforto.
" Separem-nos." A voz de Maeve ecoou dois segundos antes dos guardas puxarem Tess para longe e foram necessários mais dois para impedí-la de correr de volta para Damian, que era contido por mais três guardas.
Seus corpos se separavam cada vez mais, mas os corações batiam na mesma velocidade e as respirações estavam igualmente irregulares. Eles estavam ligados por uma força maior do que o simples amor e nenhuma rainha vadia iria destruir isso.
" Ótimo. " Maeve disse com um sorriso satisfeito quando Tess foi imobilizada pelos guardas, assim como Damian. " Agora que tenho a atenção de todos, gostaria de esclarecer algumas regras do meu jogo. "
Tess grunhiu um xingamento e ganhou um olhar irritado de Maeve.
"Bem, creio que o caso de amor de meu filho com uma funcionária minha é equivocado. " Ela declarou, fazendo a raiva crescer em Tess. " Portanto, terei que tomar medidas drásticas já que vocês se recusam a romper o relacionamentozinho de vocês. "
Tess se espremeu contra os guardas, irada. " Somos parceiros! Você não pode nos separar simplesmente porque é sua vontade."
Maeve riu, um som que arranhou os ouvidos de Tess. " Claro. " Ela disse, como se Tess e Damian fossem um casal de crianças teimosas. " Vamos supor que isso realmente seja verdade. É simples, vou romper o laço de vocês. "
Damian arquejou. " É impossível. Não pode romper algo abençoado pelos deuses simplesmente porque acha que pode." Tess se surpreendeu com o quão calmo a voz dele soava, apesar dos olhos lançarem adagas à mãe.
Maeve deu de ombros. " Farei o que eu quiser porque eu posso fazer isso. Vou provar que o amor de vocês não passa de uma brincadeira de criança, um passatempo. "
"Ambos serão testados e as provas serão intercaladas. Ao final, se ambos estiverem vivos, eu os deixarei ir e correr de mãos dadas pelo pôr do sol. " Maeve disse.
" O que pretende, irmã? " Mora perguntou, em êxtase.
" Eu quero provas do amor indestrutível deles. Para isso, colocarei à prova o quanto eles se amam. " Maeve sorriu para Tess e não havia nada de calor no gesto.
" Faça. " Tess desafiou. " Se quer tanto seu entretenimento, faça agora mesmo."
Maeve sorriu ainda mais para ela, um sorriso felino e predatório. " Oh, não. Vocês terão dois dias para se preparar e o primeiro a ser testado será Damian. Mas não se preocupe, logo será sua vez também. "
"E o que vai ganhar com isso?" Damian perguntou.
O sorriso desviou para o filho. " Ora, querido, não importa como, mas irei mostrar a algum de vocês que o amor é menos importante que o poder. Eu terei um dos dois ao final disso, meu filho. Não irei perder dois objetos de extremo poder."
"E depois?" Tess perguntou. " O que vai acontecer com aquele que não achou a sanidade? " Ela zombou.
" Irá se tornar um escravo da própria mente." Maeve sorriu para Damian, que enrijeceu e lançou um olhar aterrorizado para Tess. Ele temia por ela, Tess percebeu.
Tess teria perguntado o que isso significava se não fosse pelo olhar de Damian. Ela não sabia se poderia lidar com aquilo também.
Maeve os dispensou e não foi Rowan quem a levou de volta, e sim um guarda rude.
Enquanto voltava para sua cela fria, Tess se viu com medo do que Maeve poderia fazer a eles.
Um tremor passou por sua espinha quando ela se lembrou das palavras da rainha: ela só tinha dois dias para se preparar.
O auge do inverno havia chegado e o tempo todo, a cada segundo do dia, o vento chicoteava o exterior do castelo.Tess se encolhia, tremendo, e xingava alto toda vez que uma nova rajada passava pelas barras da janela minúscula.Um guarda piedoso havia lhe dado seu manto de veludo preto. Mas nem isso era capaz de fazê-la parar de tremer.Tess tinha certeza de que, se estivesse na forma feérica, não sentiria frio. Mas estava presa no corpo humano por uma maldita pulseira bonita.Pelas contas dela, faltavam menos de doze horas para o desafio de Damian. E cada hora que passava era uma agonia.Pensar em Damian perto de Maeve sem que Tess pudesse fazer nada? J&aac
Os guardas a arrastaram até o lado de fora.Na maioria dos castelos, haveria um jardim ou um bosque ali. Mas não no Castelo Negro, de Connacht.No quintal de Maeve, havia um penhasco de forma afunilada. Era tão profundo que, vinte metros abaixo, a neblina encobria o fundo, fazendo com que fosse impossível saber ao certo a profundidade. Mas era profundo o suficiente para fazer as entranhas de Tess tremerem. O chão passava de cascalho para terra seca e ia afunilando até uma ponta extremamente fina, que cabiam, no máximo, duas pessoas de pé.Mas era profundo o suficiente para fazer as entranhas de Tess tremerem.Maeve estava corajosamente--ou imprudentemente-- parada na beira do pen
Tess dormiu por dois dias.Seu cansaço e exaustão eram tanto mentais quanto físicos.Ela odiou Maeve mais ainda por sequer conseguir se fazer andar até a porta e pegar sua refeição. Respirar era difícil e doía.Tess também não fazia idéia de como havia sido levada até sua cela ou se Maeve teria feito maos alguma coisa com Damian.E ela teve certeza de que, se ela tivesse feito, arrancaria o próprio braço para poder transpassar o corpo da rainha com uma lança de gelo. Ou talvez de fogo. Ou ambos, se fosse possível.Ela levou dez minutos para conseguir se sentar e mais vinte
Três dias.Três malditos dias até a prova.Mas Tess aproveitou aquele dia, cada mísero segundo dele.Era cedo, muito cedo, quando Rowan escancarou a porta da cela dela.Tess levantou a cabeça com dificuldade. Ela viu que o sol havia nascido há pouco tempo, e por esse motivo xingou o guerreiro de um nome tão feio que provavelmente até os mais bêbados do Garras de Tigre--a taverna preferida dela em Holirya--a olhariam boquiabertos." Vejo que está de bom humor. Ótimo. Levante-se." Rowan disse." Não consigo. " Tess resmungou antes de deixar a cabe&c
Ela estava deitada ao lado de Damian, meio dormindo e meio enrolando seu indicador no cabelo já comprido dele vagarosamente.Damian roncava baixinho, sua cabeça apoiada no peito de Tess de um jeito que a fazia apoiar o queixo no topo da cabeça dele.O sol se punha devagar, banhando toda a cela em laranja vivo. Um vento uivou lá fora e Damian aumentou levemente seu aperto na cintura dela.Tess sabia que logo teria que ir embora, mas não conseguia deixá-lo. Deixar Damian seria como deixar um pedaço de seu próprio coração naquela cela imunda e fria, quase tão fria quanto a dela.Tess ouviu passos calmos no corredor e enrijeceu o corpo. Era hora de partir.
Tess estava grata por um banho, por não mais cheirar como um porco e por uma refeição decente.Também estava grata por poder comer e ficar o dia todo com Damian, Alek, Krisa e Liam.Segundo Alek, Reana estava com Maeve. Ela havia sido convocada de manhã, quando as rainhas acharam uma feérica doente, mas viva, com as mesmas marcas carmim. Maeve queria saber se a garota poderia curar a feérica.Mas Tess tinha quase certeza de que Reana não conseguiria e logo a feérica morreria. Logo, as rainhas voltariam para o castelo. Logo, ela receberia o relatório de seu olheiro e o homem diria que Tess ficara o tempo todo na cela, assim como Damian.Ou era o que queriam que o olh
Não houve banho ou roupas limpas desta vez.Tess foi arrastada pelos guardas com as mesmas roupas imundas e mal-cheirosas que usara durante a semana.Ela não se importou de verdade. Por sorte, as mangas da túnica cobriam as manchas carmim de seus braços.Uma criada lhe entregou um manto pesado e cinza e, quando os guardas abriram a porta, Tess viu que nevava.Ela se livrou da mão do guarda que a empurrava e enterrou os dedos na neve. O bracelete em seu braço queimou, como se seu poder estivesse se agitando dentro dela. Era como em Avilan, quando ela quase conseguira se livrar do bloqueio de Damian enquanto discutia com Syena.Aquilo nã
Edik a abraçou forte e Tess se desfez.Ele trazia no rosto o raro sorriso e parecia harmonioso e sereno. Não morto; picado em pedaços e carbonizado.Tess o abraçou, inspirando o cheiro de madeira, musgo, terra molhada e pinho dele, um cheiro tradicional dos lenhadores.Tess levantou os olhos e viu os olhos azuis mais escuros que o dela e o cabelo loiro como trigo dele. Finnick era tão parecido com ele." Sua mãe disse que eu queria falar com você, querida?" Ele perguntou, passando um braço forte pelos ombros dela enquanto a conduzia para a beira da floresta.Chrases ainda era acolhedora, com seu musgo, madeira, mofo e cogumelos n