De tanto irritar Rowan pedindo, Tess conseguiu convencer o príncipe a levá-la até Amos.
Eles desceram as escadas da torre, até a ala de visitantes. Por sorte, não havia ninguém nos corredores.
Tess, escondida sob um capuz pesado, deslizava como uma sombra atrás de Rowan.
Ele bateu uma vez na porta, então três e depois duas. Alguns segundos depois, uma bela náiade--de pele azulada, cabelos negros e olhos azuis--abriu a porta.
Rowan e ela trocaram algumas frases em um idioma que Tess não conhecia e, por fim, ela os deixou passar.
Tess olhou para Rowan, sem tirar o capuz, e ergueu as sobrancelhas.
Mas a morte não chegou.Na manhã seguinte, Tess riu amargamente. A morte brincava com ela. A garota quase sentia os dedos frios e ásperos da morte roçando seus cabelos sujos.Os dias passaram com uma lentidão agoniante. Faltavam três dias para a última prova, a que decidiria todo o futuro, quando passos firmes e metálicos soaram no corredor.Eram muito, Tess percebeu. Guardas.A porta foi destrancada e aberta. Um guarda, com o manto preto impecável, estava em posição de sentido. Uma estrela de cinco pontas prateada brilhava em sua gola.Um segundo depois, sedavuuazul escura, quase preta,
Rowan passou o dia seguinte com ela. Levou comida, o que fez com que Tess esquecesse da briga duas noites antes.Na verdade, eles não conversaram muito. Apenas a companhia o do outro os acalmava.Mas por fim, Rowan falou. " Maeve trouxe um prisioneiro novo ontem.""E eu com isso?" Tess respondeu, com a boca cheia de pão e peru.Rowan reprimiu um suspiro. " A diferença é que ela não o trouxe para o calabouço ou para qualquer prisão comum. Ela o mantém em uma cela específica em seus aposentos. O prisioneiro chegou numa cela móvel totalmente vedada e fechada. Ninguém sabe ou viu nada dele e eu mesmo não estou autorizado a vê-lo."
Ela nunca acordara tão mal antes daquele dia.Ela sabia que a morte caminhava até ela, mas, naquele momento, a morte corria.Ela se sentia fraca e sabia que seus cabelos estavam opacos e quebradiços e que sua pele estava pálida.Seus ossos não tinham peso mas, mesmo assim, era difícil sequer levantar o braço.Tess chorou ao se lembrar que, no dia seguinte, ela teria a última das provas de Maeve. Aquela que a separava da liberdade.Mas, naquele momento, ela não sabia nem se chegaria até o fim da tarde.Ela se perguntava se Liam teria sentido aquilo antes de morrer
Maeve teve a decência de lhe dar roupas novas, limpas e sem rasgos.Therae e Danara a limparam em um silêncio perpétuo, como se alguém tivesse morrido.Mas era assim que ela se sentia: como uma morta.Tinha certeza de que não conseguiria andar, mas Mab desobedeceu seu pedido e havia uma garrafa com um pouco do tônico ao lado de seu catre quando acordou.Tess agradeceu por isso. Ao menos conseguia andar.Therae a vestiu numa túnica dourada, como ouro, e numa calça feita de um tecido que Tess jamais vira antes--era macio e flexível, parecido com uma segunda pele. Ela prendeu os cabelos de Tess com grampos refinados, com
Damian esticou o braço quando absorveu as palavras dela.Mas era tarde demais.Alek gritou e Damian ouviu alguém chorar atrás dele.Ele mesmo teria se jogado atrás dela se Finnick, o irmão dela, não o segurasse pela túnica.Damian o avaliou. A semelhança era dolorosa. Mas, nos olhos azuis de Finnick, havia um fantasma da própria dor de Damian.Ele também perdera a base de seu mundo no último minuto.Cuidem um do outro.Damian se lembrou das palavras dela.
Todos olharam, atônitos, enquanto Tess avançava na garganta de Maeve.A rainha evocou uma parede de sombras, que Tess repeliu com a sua própria parede de fogo. Ela não parou de avançar.O medo de Maeve era uma visão doce como mel para Tess.Ela não sabia o que acontecera enquanto caía. O mundo estremeceu e ela parou de cair. Podia jurar que vira Mo, o dragão da Grande Deusa, deslizar por seus braços enquanto seu corpo explodia de dor.Tess desceu a espada de fogo contra o primeiro guarda que ousou cruzar seu caminho. Ele foi fatiado em menos de um segundo, aço e metal e carne e ossos transpassados como se fossem ar.
O pôr do sol iniciou seu ciclo lento e belíssimo enquanto eu apenas o observava, adorando sua beleza.Uma risada me fez virar a cabeça. Sorri para Damian, que erguia Astra nos braços e lhe mostrava o sol alaranjado.Em algum lugar a alguns metros de distância, o primogênito--Aden Solveig--caçava besouros-âmbar, muito abundantes nos jardins de Avilan, ao que parecia.Eu sorri, em êxtase. Aden já tinha cinco anos e era tão esperto quanto o pai. Os cachos castanhos, como mogno, sempre eram difíceis de controlar e os olhos azuis sempre brilhavam enquanto ele catalogava seus amados besouros.Astra era idêntica a Damian. Os cabelos negros assim como os olho
18anos depois da morte de MaeveCasamentos eram uma perda de tempo para Rowan. Eram uma tradição humana ridícula que servia exclusivamente para esvaziar os fundos do noivo, um idiota sorridente e arrumado demais no final de um corredor enfeitado com tantas flores que faziam o nariz do rei coçar.Rei. Não mais o príncipe de Maeve. O rei de Dahrnaon. O poder que antes era um poço infinito agora era um oceano inteiro.Rowan sabia que tinha que arrumar herdeiros e as diversas mulheres, de todas as raças e jeitos, que cruzavam com ele nos corredores dos castelos, nas ruas ou em qualquer maldito lugar pelo qual ele passasse pareciam fazer questão de que ele se lembrasse que precisava arruma