Renato precisava estar sozinho, depois de ver Susana, não se perdoava por ela ainda ter o poder de abalá-lo tanto, sempre que a via, voltava a sentir aquele abismo em sua alma, por tudo que não foi, tudo que deixou de ser, a traição que ainda ardia como uma ferida aberta, vê-la aparentemente tão abatida ainda piorou essa dor dentro dele. Por que tinha que amar uma mulher tão indigna? Ele não se conformava.
Deixou Rafaela em casa e dirigiu-se a um bar, iria beber um pouco, não para ficar desacordado, mas para pensar, porque sabia que iria chegar à sua cama e não conseguiria dormir mesmo que quisesse. Voltou a entrar no carro, deixando uma Rafaela triste, ele não queria magoá-la, ela era a última pessoa no mundo a qual ele desejaria fazer isso, mas tampouco poderia falar com ela sobre o que aquela mulher significou para ele, e o quão h
Rafaela levantou cedo, como sempre fazia na fazenda, mas dessa vez porque nem havia conseguido dormir. Então, ao amanhecer, levantou para um banho, preparou a banheira com sais e espumas perfumadas e ficou ali por um longo tempo ouvindo música em seu MP3. Deixou as lágrimas correrem mais uma vez, já tinha chorado muito à noite.Não sabia com que cara iria olhar para Renato, mas sabia que, tampouco poderia fazer uma cena de ciúmes, afinal, ele nunca demonstrou que queria mais do que uma amizade com ela, mas isso não fazia a dor ser menor. Pelo menos se fosse uma traição, ela poderia lhe dar uns tapas e falar o que pensava, mas estava de mãos atadas, porque ele era maravilhoso com ela, e ela, no fundo, sabia que ele poderia viver a vida dele como bem entendesse.
Quando Rafaela chegou do trabalho, Renato estava na sala esperando-a com pacotes nas mãos. Ela se aproximou e eles se cumprimentaram com beijos na bochecha. Já era de noite.— Você demorou, fiquei preocupado.— Não precisava se preocupar, eu disse que, provavelmente, sairia com minha amiga e foi o que aconteceu.— Sim, disse, mas isso não me deixou descansado, fiquei pensando se você afinal não saísse com sua amiga como iria regressar. — Ela riu da sua preocupação.— Pegaria qualquer meio de transporte, Renato, mas voltaria.
— Puta que pariu, Iago, tem que ser algo muito importante pra você ter vindo me acordar, senão, te mato cara! — O amigo entrou para o quarto de Renato.— Isso por acaso são horas de ainda estar dormindo? São 14:00h, meu. E me diz uma coisa, pra que você tem a merda de um celular, se quando uma pessoa precisa te ligar você não atende? E nem esse maldito telefone que tá aqui bem no seu ouvido você atendeu — disse, apontando para o telefone na mesa de cabeceira. — Que merda, Renato!—Então era você? Insistente pra caralho, porra. Será que não vê que perdi a noite? Ao menos que alguém tenha morrido, ou você tá fodido! — disse enterrando a cara no travesseiro.
Todos dançavam ao som de Calvin Harris - Open Wide ft. Big Sean. Estava sendo uma noite muito agradável para Rafaela. Ela estava na companhia de muitos colegas, inclusive de sua melhor amiga e seu novo namorado, o melhor amigo de Renato, Iago.Mas quem estava sempre ao lado dela era Júlio e, por incrível que pudesse parecer, a companhia dele a estava agradando muito. Isso a surpreendeu, por breves momentos, até conseguia esquecer que estava fazendo tudo isso para atingir Renato.Júlio, um cirurgião de 32 anos, pele alva, cabelo castanho claro, um pouco comprido, chegava até a nuca. E era muito charmosa a forma como ele o colocava atrás da orelha quando tocava seu rosto.
— Eu te desejo! — gritou Iago. Eles riram. Ele e Juliana andavam apressados para entrar logo no apartamento dele. Entraram na cobertura, o apartamento era de luxo, decoração masculina e moderna, mas o que mais chamou a atenção dela foi a varanda, a porta da enorme varanda paisagística estava aberta, ela foi de encontro aquele cheiro de natureza e se deparou com a vista para o oceano atlântico, não havia mais nada à frente nem aos lados, apenas eles, a plenitude e a imensidão do mar.Ela olhava distraída para a vista linda, que já estava ficando um pouco apagada pelas nuvens. Mesmo assim respirou profundo. Sentiu o forte corpo juntar-se atrás ao seu.O zíper de seu vestido deslizou lentamente, as mãos eram tão leves, mas excitantes,
— Abre a porta, por favor, Rafaela — Renato gritava. — Preciso me desculpar, saber se te machuquei. Não queria ter agido daquela forma, princesa, eu juro, me descontrolei. Abre a porta, por favor, não posso dormir sem antes saber que você me desculpou. — Mais batidas. — Sei que sou um estúpido, abre, Rafaela —gritou mais uma vez.— Que gritaria é essa? Ficou louco de vez, Renato? — perguntou o pai.— Me erra, coroa! — disse, revirando os olhos.— Me erra, coroa? — riu com amargura. —É assim que se fala com seu pai? O que está acontecendo aqui? Um homem de 28 anos se comportando como um adolescente, enche a cara e vem pra casa gritar como um lo
Renato, Iago, Rafaela e Juliana, comiam uma pizza no shopping depois de verem Velozes e Furiosos 7. Estavam num ambiente muito alegre e descontraído. Ao lado daquelas pessoas Renato se sentia realmente bem, até esquecia de seus problemas, se não fosse pela mesa ao lado com seus quatro seguranças.Ele também gostava de ver o quanto o amigo estava apaixonado, como ele dava comida na boca de Juliana e os dois não conseguiam tirar as mãos um do outro nem por um segundo.— Obrigado por ter tirado minha roupa ontem antes de dormir — Renato disse no ouvido de Rafaela a fazendo corar.— Ah, hum... De nada, só achei que seria desconfortável
Os dias se passaram, muitas mudanças ocorreram para Rafaela, que já havia saído do seu trabalho no hospital, com muita relutância por parte de sua amiga e de seus colegas, principalmente de Júlio. Todos já a adoravam. Ela explicou seus motivos e todos entenderam que a causa era nobre.Por outro lado, Renato estava radiante que Rafaela não fosse mais trabalhar no mesmo hospital que o cirurgião. Ele ainda não tinha conseguido esquecer o episódio na boate. Provavelmente ficaria com trauma de Kisomba.Ela já tinha ido a um posto de saúde de um bairro desfavorecido oferecer-se como voluntária na parte da manhã. Foi aceita na hora, claro, esses lugares costumavam ser um caos, principalmente pela manhã por falta de profissionais e, muitas vezes, da boa vontade dos mesmos. A mulher não ent