East Midlands, Inglaterra
GP Inglaterra – Circuito Silverstone
“E a grande novidade para essa temporada da F2 é a equipe da Pruma Racing composta por uma pilota. Isso o que vocês ouviram, uma mulher. A escuderia que tem fortes laços com a Mustof e Findspot da Fórmula 1, tendo administrado muitos pilotos da Academia da Findspot, fez um investimento forte em Eliza Santos Benedetti. A brasileira tem vinte e dois anos e uma história nas pistas. Já tendo disputado campeonatos mirins, ela tem uma série de conquistas em sua trajetória. A nova corredora da escuderia italiana passou alguns anos sabáticos e retornou com tudo para essa temporada.”
“Não sei não, Ricci. Uma mulher?”
“Qual o problema, Giovanni?”
“Digamos que a história das corridas já tem um denominador comum, o hormônio masculino. É necessário todo um porte físico, um peso ideal e os reflexos intuitivos que só nós temos. Já foi provado que as mulheres não estão aptas para estar atrás de um volante em campeonatos automobilísticos importantes. Tivemos Maria Teresa de Filippis, Lella Lombardi, Divina Galica, Sarah Fisher, Susie Wolf entre outras e pudemos ver o seu desempenho, não atingiram nem o top dez nas classificações. Concordo que temos que fazer uma diversidade de gênero no mundo automobilístico, mas o lugar atrás do volante só cabe ao homem.”
“Isso foi machista, Giovanni. Não foi legal”.
“Sei que as pessoas concordam comigo. As mulheres não podem competir a F2 muito menos Fórmula 1, e digo isso para o próprio bem delas. São frágeis, podem se machucar.”
Muda de canal.
“Eliza Santos Benedetti é o novo rosto da Pruma Racing, umas das poucas mulheres que conseguiram alcançar o F2. Apesar de a equipe ter grandes apostas nessa nova ideia e sua performance ter sido destaque nos testes para classificação da pré-temporada, seguimos nos perguntando: Afinal, a pista é lugar para uma mulher?”
Muda de canal.
“Desde quando a Pruma Racing anunciou a contratação desta pilota o mundo automobilístico tem entrado em conflito. De um lado os apoiadores da diversidade de gênero na categoria, do outro os apoiadores da permanência da sumacia masculina. A psicóloga Ananda La Paz responde: por que os homens se sentem tão ameaçados por essa conquista?”
Muda de canal.
- Tá legal, já chega. – a voz de Fábio surge no fundo dos aposentos e logo ele está sentado ao lado de Liza no grande e macio sofá em frente a Televisão de cinquenta polegadas. – Ficar assistindo à essas reportagens na véspera do seu primeiro treino livre não vai te deixar menos ansiosa. Eu falei para não colocarem uma televisão aqui, você vai ficar paranoica.
Eles estavam no seu camarim da Pruma Racing, onde era disponibilizado um sofá grande, frigobar, uma maca para massagem, alguns petiscos postos em uma mesa ao canto, um saco de pancada preto pendurado do teto enquanto as luvas de boxe recém-tiradas estavam jogadas ao lado de Eliza. Era o seu lugar de descanso e pré-aquecimento antes de entrar em ação na pista à alguns poucos metros de distância.
- Tudo bem. – ela diz ao apertar o botão para passar ao próximo canal. – Ouvir tudo isso só me deixa com mais garra de mostrar à eles do que eu sou capaz. Sei que estou pronta.
- Essa é a minha garota. – Fábio passa o braço por cima do ombro da sobrinha, sorrindo.
“A seguir veja o relato do piloto Mike Schmidt, filho do ilustre heptacampeão da Fórmula 1 – Murray Schmidt, comentar sobre a nova parceira de equipe. Os dois foram confirmados como pilotos titulares pela Pruma Racing para a Fórmula 2.”
“Eu ainda não a conheci, mas sei que ela dá um show. Com certeza vai calar a boca de muita gente”. – diz o loiro na televisão, rodeado por inúmeros microfones.
- Já gostei do garoto. – Fábio diz com os olhos na tela. – Aliás, a Pruma concordou em te poupar das conferências com a imprensa nesse final de semana, para não tirar a sua concentração da corrida.
- Tava torcendo para você dizer isso. – ela sorri satisfeita, Liza odiava ter que falar com a imprensa e se submeter à perguntas desagradáveis.
- Mike vai ter que dar conta sozinho, mas o garoto deve fazer isso com o pé nas costas. Já está no ramo há anos. – Fábio declara. – Aliás, vão poder finalmente se conhecer hoje, depois do treino livre, daqui a pouco. Tentei marcar um encontro antes, mas a assessoria dele não encontrou um espaço livre na agenda. Ele tem um sobrenome de peso, seria ótimo para a sua imagem estar relacionada à ele.
- Não quero me apoiar na imagem de alguém, tio.
- Não é se apoiar. – Fábio sorri travesso – É usufruir. Afinal a imagem de terem uma boa relação nos bastidores trás apoiadores e fãs, e eles trazem audiência, que por sua consequência te faz crescer aos olhos de um público que vai te favorecer.
- Ele foi um dos poucos que deram declaração sobre mim e achei isso legal, mas não vou forçar uma amizade por interesse. Sinto muito. – ela diz e faz o tio suspirar – Aliás, você viu o que o Houston disse sobre mim?
- É exatamente por isso que estou aqui. – ele diz com excitação e puxa o celular no bolso do casaco. Desbloqueia a tela, que já está na matéria, e corre a notícia para ler em voz alta: - “Ela alcançou uma posição que, a um retrógrado modo de pensar, sempre pertenceu à um homem. Por isso estão tão irritados. Estou ansioso para o que está por vir, a garota tem um futuro brilhante e espero algum dia poder dividir a pista com ela.”
- É assim que eu quero ser conhecida, pelo o que eu faço ou posso fazer, não pelas pessoas que eu conheço. – ela sorri. – Luís Houston definitivamente fez o meu dia.
- Que honra é ter o outro heptacampeão da Fórmula 1 dizendo isso sobre você, tenho que procurar o contato dele ou da assessoria para agradecer. – Fábio diz e corre os olhos para o relógio digital no canto da tela do celular. – Puta merda, estamos atrasados. Daqui a pouco aparece aquela lunática da Cris para te puxar pelos cabeços...
- Me puxar pelos cabelos? – ela o interrompe com a sobrancelha arqueada.
- O.K., me puxar pelos cabelos porque eu tinha que ter te tirado daqui há quinze minutos. – ele diz levantando-se. – Vamos, minha estrela. Hora de brilhar.
Dito isso Eliza o acompanha para fora da sala, eles atravessam os longos corredores até a entrada das garagens da Pruma Racing, simbolicamente com faixadas vermelho e branco.
Ela se aproxima de seu carro, das mesmas cores, cercado por inúmeros integrantes da equipe de engenharia e mecânica. Ela havia os conhecido há três meses quando começara a preparação e os treinos intensivos, e sentia como se já fosse parte da família Pruma há anos.
Com a ajuda deles ela pegou a habilidade na condução de uma máquina moderna, a ter sensibilidade para passar aos engenheiros as reações do carro, mexer nos comandos do volante para modificar as muitas funções existentes, gerar a pressão aerodinâmica nas curvas, explicaram o que acontece se eleva ou abaixa o assoalho em um milímetro, como o carro reage se der um grau a mais ou a menos de asa em alta velocidade e ela não poderia estar mais animada para mostrar aos demais todo o progresso que eles haviam feito até então.
Eliza cumprimenta à todos com um sorriso estampado no rosto, completamente ansiosa para entrar no carro e fazer história.
- Lizzie, os pedais já foram ajustados conforme o que você pediu. – disse René, o seu engenheiro chefe. – Aquela vibração da roda dianteira esquerda também foi arrumada, sem problemas nas curvas desta vez. Vamos seguir com as táticas do Plano A. 35 H à direita nesse começo, tudo bem?
- Entendido. Obrigada, René.
- Vamos lá, hora do show. – Angél, o chefe de equipe, esbraveja no meio da cabine e aponta para Eliza – Faça o seu espetáculo, Benedetti.
- Com prazer. – ela diz e passa os braços pelas mangas de seu macacão branco e vermelho, antes amarradas na cintura, e fecha o zíper rapidamente. Em seguida ela tira o boné da marca, coloca os fones do rádios nos ouvidos e passa a balaclava pela cabeça, Cris, a tal lunática, a ajuda a colocar os cabelos longos para dentro do traje e passa a proteção do pescoço pela sua cabeça. Ajustando-a.
- Se fizer quarenta por cento do que vi você fazer nos treinos lá na sede, nós podemos nos considerar campeões dessa temporada. – a loira diz, com os finos olhos azuis brilhando de emoção em sua direção.
Cris era uma italiana linda, inteligente, experiente, ótima em fechar negócios e com o pavio curto. Ela sempre visava os melhores meios para levantar a carreira de alguém, já havia trabalhado com inúmeros pilotos e levado a maioria ao topo. Tinha sempre as melhores dicas e, apesar de ser casca grossa, havia se tornado uma grande amiga de Eliza.
Não era do feitio de uma empresária correr a cidade no interior da Itália inteira atrás de um brigadeiro brasileiro porque a pilota de TPM pediu por alguns antes dos testes classificatórios, mas ela o fez. Cris sempre garantia que Eliza tivesse as melhores condições possíveis para trabalhar, e sempre cobrava por resultados os quais Liza nunca deixara a desejar.
Ela tinha uma linha cronológica para levar Eliza ao seu objetivo e garantiu que estaria com ela em todas as situações. Ao lado dela e do tio Eliza não poderia se sentir mais segura.
- Ainda são os treinos livres, Cris. – Liza relembra, colocando o capacete verde e amarelo que havia ganho de presente de Bruno na cabeça – Nas classificatórias você pode me colocar essa pilha toda.
- Aí que você se engana, mon-cheri – ela diz ajustando a trava de segurança do capacete. – É hoje que você vai causar as primeiras impressões. Hoje você inferniza a vida daqueles machistas.
- E vou fazer com gosto. – Liza sorri e monta no carro, acertando o corpo no cockpit e encaixando as suas pernas até que encontrasse os pedais. – Tio! – ela chama sua atenção quando ele passa pela lateral do carro.
Ele se aproxima.
- Ela... Retornou a ligação? – ela questiona receosa.
Pela cara dela ele sabia exatamente de quem a sobrinha estava falando, a mãe. Durante todo esse tempo Patrícia não havia telefonado, mandado mensagens, um e-mail sequer e Liza começava a se sentir profundamente incomodada com o descaso. Sabia que não teria apoio interino dos pais em sua decisão, mas nunca que a mãe faria greve de silêncio daquela forma. Era ridículo, beirava a infantilidade.
Se ela estava preocupada com Liza, aquela era uma péssima forma de demonstrar. Mas, apesar de todos os pesares, ela era sua mãe e Liza sentia falta dela.
- Não querida, sinto muito. – Fábio diz tristonho.
Ela respira fundo.
- Tudo bem.
- Seu pai mandou mensagem dizendo que já está com a TV ligada, vai acompanhar todo o treino. – Fábio diz alegre, tentando anima-la. – Disse que comprou até uma vuvuzela para a corrida no domingo. Os vizinhos que o aguentem.
- É, eu sei. Ele me ligou. – Ela ri. – Assim como a Pri, a vovó e o Fael.
Fábio suspira.
- Tudo bem, não é importante agora. Vamos lá. – ela diz sorrindo e chacoalhando a cabeça. Aquela era a hora de se concentrar, independente das adversidades.
Logo que Fábio se afasta Greg e Malcon, dois membro da sua equipe, começam a afivelar os seus cintos de segurança.
- Boa sorte, Lizzie. – eles desejam e se afastam do carro.
Eliza liga o motor e respira fundo.
Havia finalmente chegado a hora.
(...)
Eliza não sabia dizer quantas mãos ela havia apertado desde que saíra do carro. Mas não recusava nenhuma que vinha em sua direção para parabeniza-la pelo melhor tempo da volta na pista logo em sua estreia. Ela não escondia a sua satisfação.
Mesmo os pilotos de outras escuderias haviam se aproximado, se apresentado, e lhe dado os parabéns pelo treino e pela coragem do retorno às pistas.
De volta à garagem da Pruma ela também é parabenizada pela sua equipe e a equipe que trabalhava com Mike, seu parceiro de escuderia e vizinho de garagem. Logo o loiro de olhos azuis também se aproximou e com o sotaque puxado para o alemão forte, diz: - Finalmente! Pensei que só íamos nos conhecer a caminho do pódio.
- Oi! – ela diz e aperta a sua mão estendida. – É um prazer te conhecer.
- Digo o mesmo. – ele sorri simpático, com as covinhas em suas bochechas sendo evidenciadas. – Parabéns pela volta de hoje, foi impressionante.
- Obrigada.
- Se continuar assim, não duvido nada que vai conseguir a pole position da corrida logo de cara.
- Olha que não sou de pensar pequeno. – ela diz com os olhos cerrados e riso contente.
- E nem deve. Você tem talento.
Eliza não consegue controlar o sorriso que se alarga em seu rosto, não se alegrar com aquele elogio seria no mínimo incoerente. Mike era conhecido por, além do seu talento genético, pelo seu carisma, a simpatia e sua sensatez. Ele foi o piloto modelo do ano declarado pela Revista Esporte do ano passado, uma das mais conceituadas do mundo.
E, apesar de ter trilhado toda a sua reputação por mérito próprio, era impossível olhar para Mike e não se recordar do pai, Murray. Eles tinham os mesmos olhos, nariz, lábios e sorriso. Eliza jamais se esqueceria do rosto do homem que a fazia assistir as corridas aos domingos de manhã em toda a sua adolescência. Havia chorado culposamente quando ele sofreu um acidente no ano de 2012 e não retornou mais às pistas. Então estar próxima do filho dele era uma honra.
- Bom, tenho que ir. – Mike faz uma careta cansada. – Coletiva de imprensa.
- Boa sorte. – ela diz despertando de seus devaneios.
- Que tal um jantar mais tarde? – ele diz enquanto se afastava em passos lentos. – Sabe, para a gente poder se conhecer, falar sobre a equipe, algumas dicas...
- Oh, sinto muito. Hoje vou ficar a noite inteira presa com a equipe tática para repassar as estratégias de domingo. Soube que você já fez isso, então não vamos nos ver lá. – ela diz sentida, mas logo sorri ao sugerir: – Poderíamos almoçar amanhã.
- Vou ficar preso em uma entrevista para a televisão local. – ele torce a boca. – Jantar amanhã, talvez por volta das nove?
- Tenho consulta com o físio, último check up antes da corrida. – ela deixa os ombros caírem.
- Vamos fazer assim, - ele se reaproxima e tira o telefone do bolso do macacão. – me passa o seu número e a gente combina o melhor horário.
Eliza sorri e pega o telefone que ele a oferecia, rapidamente digitando o número. Quando o entrega de volta ele sorri satisfeito.
- Eu vou te m****r mensagem. – ele diz novamente se afastando.
- Vou esperar. – ela responde e ele ri antes de dar-lhe as costas e se distanciar acompanhado de outras dez pessoas ao seu redor.
- Eu conheço esse olhar. – a voz de Cris sopra eu sei ouvido.
- Do que você está falando?
- Do flerte entre você e o garoto prodígio. – ela diz. – Como sua empresária eu tenho o dever de te alertar sobre os perigos que há nos bastidores.
- O que? – Liza ri. – Não estávamos flertando, ele me chamou para jantar para uma conversa amigável. Somos colegas de equipe, não temos que manter uma relação boa? – questiona recordando-se da fala do tio.
- Uma relação profissional boa. – Cris destaca – Querida, ainda que eles forem pilotos aclamados, de nomes estimados e com talento, não passam de garotos. E esses garotos quando veem uma mulher belíssima como você, ainda por cima vestida em um macacão sexy e mandando ver na pista, não pensam em outra coisa além de te fazer subir no troféu deles.
Liza não contém a risada.
- Estou falando sério. – Cris diz, apesar de rir minimamente. – Mike é um bom garoto, mas ainda sim é um garoto. Além de um dos pilotos que compete na mesma categoria que você. Você não tem tempo para esse tipo de distração agora.
- Eu não estava pensando por este lado e acho que ele só quis ser simpático. – ela dá de ombros.
- Mi amore, todos são simpáticos e é assim que entram no seu coraçãozinho e te afetam. Quando menos perceber está acordando na cama dele, completamente nua, quando deveria estar na sua preparação física. – ela relata – Se apaixonar não é errado e nem proibido, mas pode afetar a sua razão em certos momentos e nunca é uma boa ideia se envolver com os seus adversários. Ainda mais se for o seu companheiro de equipe.
- Não era isso que estava acontecendo.
- Tudo bem, só estou te alertando. – ela diz sorrindo carinhosa – Meu dever também é cuidar de você. Os pilotos podem parecer ser amigos e próximos, mas especialmente estes da F2 na primeira oportunidade fazem de tudo para pegar o lugar uns dos outros no grid. Sabe, isso vale a entrada para a Fórmula 1 e eles usam todas as táticas possíveis. Por isso você, mon-cheri, tem que ter o dobro de cuidado. Cair na lábia de um piloto é muito fácil e pode ser fatal para alguém na sua posição. Sei aonde você quer chegar e farei o meu melhor para que o alcance, mas tem que me prometer que vai me ouvir.
- Pode deixar, Cris. – ela abraça a loira de lado. – Fica tranquila que eu não vim aqui para isso. Eu estou completamente focada na minha carreira e assim permanecerei. Não vou me envolver, prometo. Fora que acabei de sair de um relacionamento, namoro está fora das minhas prioridades de qualquer forma.
- É assim que se fala, ragazza. – Cris comemora. – Claro que nem sempre são unhas e farpas, mas eu não gostaria de ver você ser passada para trás por um deles. Confie plenamente em sua equipe, e em sua equipe somente.
- Entendido. – ela diz veemente.
Ela estava ali para ser campeã, e campeã ela seria.
(...)
Maranello, Itália
Circuito Findorano
- Dona Thompson, ESP Americana. Eliza, depois de três pódios, duas P4 e uma P5, você já tem uma somatória de pontos que uma mulher nunca antes atingiu nessa categoria. Como se sente em relação à essa marca histórica? – indaga uma das entrevistadoras que está com o microfone direcionado à Liza.
- Eu me sinto satisfeita em mostrar ao mundo que mulher no volante não é perigo constante. – diz divertida, causando uma onda de riso no grupo de entrevistadores – Temos que parar com esse tabu de que nós não temos condição para guiar um carro em pista. Não poderia estar mais honrada pela Pruma me dar essa oportunidade e, claro, sem a ajuda da minha equipe isso não seria possível. Foi um trabalho em conjunto, a equipe é maravilhosa, e eu não poderia estar mais orgulhosa do que estamos fazendo.
- Richard Clark, Sportchannel alemã. Eliza, estando em terceiro lugar na classificatória geral do campeonato, você já tem condição para tirar a superlicença que te permite pilotar um F1 e foi noticiado que você já está com o processo em andamento. Você tem intenções de disputar o campeonato da Fórmula 1 no ano que vem?
- Não posso afirmar que estarei na grid da Fórmula 1 já no ano que vem, mas estamos trabalhando para que seja possível. Afinal a Formula 1 é o campeonato dos sonhos de todo piloto e comigo não seria diferente. Mas essa é a minha temporada de estreia na F2 depois de anos parada e estou feliz pelas conquistas que estamos tendo até então.
- Donald Price, Foxit Sports europeia. Eliza, o mundo tem acompanhado de perto a sua carreira e todas as suas conquistas históricas. Garotinhas ao redor do globo têm se sentido cada vez mais inspiradas em você para se tornarem pilotas de sucesso. Têm algum conselho para elas?
- Nunca desistir é primordial. A estrada percorrida não é fácil, tem que ter garra e foco no seu objetivo. Serão muitos comentários ofensivos, oportunidades desiguais, desmerecimento, falta de apoio, mas temos que mostrar que não somos vencidas tão facilmente. Tudo é possível se você se esforçar para isso.
- E é notável o quanto tem esforçado. – Donald continua. – Afinal seus treinos são constantes, mais frequentes que os seus colegas de campeonato. No entanto, não seria saudável, e até complementar, uma folga de vez em quando para acalmar os ânimos?
Eliza ri.
- Ouviu isso, Cris? – a jovem indaga e todas as cabeças se viram para a empresária, que já adquiri a coloração vermelha no rosto. – Estou brincando, me desculpe. – Uma enxurrada de risadas soa. – Treinar não é uma questão obrigatória para mim, eu faço porque eu mesma me submeto à isto. Além de melhorar as minhas habilidades é também uma forma de me tranquilizar e acho que nunca vou me cansar disso. Correr é a minha vida.
- Obrigada, Eliza.
- Tá bom, já chega pessoal. – Fábio interfere o falatório dos repórteres. – Ela acabou de sair do pódio e está encharcada de champanhe, precisa de um banho. Obrigado à todos, mas temos que ir.
Dito isso a jovem se despede do grupo e acompanha seu tio e a empresária bastidores adentro.
- Mandou bem, nem parece que há dois meses tinha vergonha das câmeras e microfones. Falas bem elaboradas, neutras e coerentes. – Cris elogia. – Você é carismática o bastante e a mídia ama você.
- Ama até demais. Fotos dela por aí é o que não falta. – Fábio resmunga. – Ontem saiu uma dela conversando com o Mike na garagem e eu saí no fundo, devia ser alguns paparazzi nos portões da arquibancada que pegaram vocês distraídos. Vocês saíram perfeitos, agora eu... – ele bufa de cara fechada – Virei um meme da F2.
- Aquela foto tá no papel de parede do meu celular, sua cara tá cômica. – Liza diz rindo e joga a garrafa de champanhe vazia em uma lixeira apropriada quando passa ao lado dela. – As entrevistas de hoje foram de boa, só achei inconveniente aquele Donald falar sobre os meus treinos, ninguém pega no pé dos outros pelo tanto que eles treinam.
- É porque os outros não são tão obcecados como você. – Fábio declara. Eles saem pelos portões do fundo e já tem um carro os esperando para os levarem ao hotel. – Já conversei com você sobre a intensidade e frequência dos seus treinos. Você não é de ferro, uma hora tem que descansar.
Os três entram no carro.
- Oi Peter. – Liza cumprimenta o motorista enquanto afivelava o seu cinto.
- Srta. Benedetti, parabéns pelo pódio de hoje. – o homem diz encarando-a através do retrovisor. – Quase alcançou o primeiro lugar desta vez.
- Obrigada! – ela agradece sorrindo. – Tá vendo, tio Fábio? – ela se direciona à ele, sentado no banco do passageiro – Não é obsessão, se chama perfeccionismo. E tem trazido resultados, então não fale da minha dedicação como se fosse uma coisa ruim. É coerente que eu treine mais que os outros se eu quero chegar ao nível de experiência deles.
- Nessa eu tenho que concordar com seu tio. É bom que esteja tão dedicada, mas você precisa respirar os ares fora de um autódromo um pouco. – Cris diz guardando o troféu de Liza em sua bolsa de tamanho maior que o convencional. – Você está indo muito bem, então não vamos fazer com que isso vire algo ruim. Está bem?
- Como queiram. – ela dá de ombros.
- Mudando de assunto, Matias Gionotto entrou em contato comigo. – Cris informa descontraidamente. Todos no carro, exceto motorista, prendem a respiração por um momento.
- Ah Meu Deus, - Liza alarga o seu sorrido. - o chefe de equipe da Findspot me procurando? O que ele queria?
- Sim. – Cris sorri confiante. – Ele te convidou para fazer um teste drive no modelo que vai às pistas na próxima temporada da F1, na verdade você e ao Schmidt. – ela complementa – Ele quer aproveitar que vocês estão na cidade da sede da fábrica da construtora. Como a próxima corrida é só daqui duas semanas poderíamos ficar por aqui, aproveitar essa semana livre para descansar, e fechar com chave de ouro no teste da Findspot.
- Gostei da parte do descansar. – Fábio diz do banco da frente.
- Gostei da parte do fechar com chave de ouro. Quando vai ser? – Liza pergunta animada.
- Próximo sábado. Mas marquei um jantar hoje com o pessoal da equipe Findspot só para socializar. – Cris comunica. – Esteja pronta às oito.
- Sem problemas. – ela fala batendo na mão do tio em comemoração.
Chegando ao hotel Peter teve a usual dificuldade para parar o carro, tamanha era a quantidade de pessoas ao redor do veículo. Dois seguranças do hotel automaticamente se encaminham na direção do carro para auxiliar na transição da pilota para a porta de entrada.
Todo fim de toda corrida era sempre a mesma coisa e, apesar de cansativo, Eliza não se recusava tirar nenhuma foto ou autografar qualquer objeto que os fãs a pediam. Ela sentia como se aquilo fosse uma demonstração de quanto ela estava fazendo bem o seu trabalho, e não poderia se sentir mais agradecida por isso.
Depois que terminou de tirar a última das vinte e três fotos em poses diferentes os seguranças a acompanharam até o saguão do hotel.
- Obrigada Giovanni, Dylan. – ela diz aos rapazes que sorriem em retorno e se direciona ao elevador.
- Eu tenho que confirmar a reserva no restaurante, para que nada saia do previsto. Toma aqui o seu celular e o carregador. – Cris diz entregando-a seus pertences antes de se afastar. – Antes do jantar tenho um encontro com o pessoal da HCM Energy drink, acho que lá vem uma bela parceria por aí. Encontro com vocês mais tarde.
Eliza e Fábio param na frente do elevador, aguardando por sua chegada ao andar, quando o celular do homem toca.
- Alô. – ele atente de imediato. – Oi... – ele diz animado e logo põe a mão sob o autofalante para dizer à sobrinha – Lizzie, se importa de continuar sozinha até o quarto? O elevador pode cortar a ligação.
- Claro que não, pode ir. – ela diz. Ele sorri e acena para ela, se afastando enquanto continuava a conversa.
Eliza desbloqueia o celular em mãos, mas não tem tempo de conferir nada porque duas mãos fortes a tiram do chão por alguns instantes e a giram junto à um grito: - Olha ela aí!
Quando é posta de volta ao chão ela gira nos calcanhares e dá de cara com Felipe De Paula, piloto brasileiro e colega de campeonato que disputava pela atual Carsport.
- Parabéns pela P2! – ele salda com o sorriso divertido no rosto.
- Obrigada! E Parabéns a você também pela P4! – ela diz e bate na sua mão erguida no alto. – Você fez uma corrida incrível!
- A corrida em si foi incrível, mas quase te pego no final da terceira curva. – ele diz cruzando os braços. – Foi mal.
- Achei que ia me fazer ir para fora da pista. – ela responde risonha.
- Afonso me disse que introduziram a DRS semana passada no seu carro. Foi por isso que não rodou?
- Não. – ela dá de ombros – Desacelerei e virei o volante dois graus direita e esquerda pra manter a aderência. Não foi preciso a DRS.
- Uma boa. – ele elogia, passando as mãos pelo cabelo castanho claro e olha acima da cabeça de Eliza, quando sorri – Falando no diabo.
A jovem gira nos calcanhares a tempo de ver Afonso Pessoa, piloto americano com origens brasileiras, representante da System Racing, vir em sua direção.
- Parabéns, pequena grande mulher! – ele ergue os braços para abraça-la.
- Obrigada! – ela ri fechando os braços ao redor do rapaz rapidamente.
- Você arrebentou e, melhor ainda, deixou o Andreas mordido de raiva. – os três riem.
Giuliano Andreas era um piloto francês, também da Carsport, que não se mostrava muito contente pelo fato de ter uma mulher no campeonato. Por ser filho de um ex-piloto, diferente de Mike ou Afonso, o rapaz tinha o ego extremamente inflado e arrogante. Consequentemente não ia muito com a cara de Eliza, mas ela não podia se importar menos com isso.
- Nós estamos combinando de ir à um clube que tem aqui perto mais tarde para comemorar. Sabe, encher a cara, arriscar uns passos, falar bobagem, e não aceito um não seu como resposta. – Afonso diz com aqueles olhos castanhos brilhantes, quase num tom preto intenso. – Vamos eu, Lipe, Armand, Dan e um pessoal da engenharia da Virtua Racing. Só gente boa, vai ser que nem a farra da última vez.
- A Turquia nunca mais será a mesma depois daquela noite. – Felipe diz rindo.
Apesar dos alertas de Cris sobre os pilotos da F2 Liza não conseguiu evitar uma relação divertida com os dois pilotos. Eles haviam sido tão receptivos e hospitaleiros que quando viu já estava inclusa em sua roda de amigos.
Eles a faziam rir e deixavam o trabalho mais informal, eram uns dos poucos pilotos a quem ela havia se afeiçoado.
- Eu adoraria ir, mas... – ela começa com uma face sofrida.
- Deixa eu adivinhar, vai acordar amanhã cedo para treinar? – Felipe interrompe sua fala com uma sobrancelha arqueada.
- Não. – ela ri. Até os seus colegas estavam habituados com a sua falta de tempo, ela realmente precisava de uma folga, pensou.
- Tem simulação? – Afonso tenta.
- Não. – ela sorri. – Cris marcou um jantar importante hoje à noite. Mas, dependendo da hora que acabar por lá, eu apareço no tal clube depois.
- Então, você vai? – Felipe indaga animado.
- Estou dizendo que talvez eu apareça. – ela acentua.
- Isso já é alguma coisa. – Afonso diz sorridente. – Te mando a localização por mensagem.
- Tá bom. – ela se despede dos dois e eles saem conversando animados.
(...)
- Me desculpe o atraso, - Liza diz ao se aproximar de Fábio no saguão do restaurante luxuoso – Cris me fez alisar todo o cabelo.
Fábio olha a sobrinha de cima à baixo. Ela vestia uma calça social preta, camisa de seda dourada com um decote médio e mangas bufantes, saltos agulha e maquiagem leve no rosto. O cabelo longo estava solto e batia na altura da sua cintura, moldando o seu rosto e corpo.
- Está linda. – ele elogia – E mais alta.
- Prefiro as sapatilhas, macacão e boné. – ela resmunga disfarçadamente com um sorriso no rosto. – Esses sapatos doem, mas Cris diz que são elegantes e finos, além de empinar o meu bumbum. Então...
- Eu tenho pena de vocês mulheres, esse negócio deve ser uma tortura. – ele diz fitando os pés da sobrinha. – Mas se ela acha que seu bumbum vai fazer negócios serem fechados hoje, bota ele pra jogo.
Ambos riem.
- Mandei mensagem para o Mike perguntando se viríamos juntos para cá e ele me disse que não estava sabendo de nada, a Cris não o convidou?
- Esse jantar não é uma introdução dos pilotos da Pruma para a Findspot e sim de você para a Findspot. – Fábio explica. – O Mike já é bem íntimo daquela escuderia, o pai dele correu por eles durante anos, você sabe. O intuito desse jantar é tornar você íntima deles também.
- Entendi. – ela assente. – Mas por causa dessa bola fora agora tô devendo uma pizza clandestina para o Mike, que a nossa nutricionista não saiba disso.
- Que a Cris não saiba que você volte e meia faz um tráfico de pizzas para o seu quarto. Ela vai te matar. – ele a corrige aos risos. – Aliás, onde está a ragazza? – indaga procurando Cris por cima do ombro da sobrinha.
- Ainda naquela reunião sobre o patrocínio da HCM, disse para eu vir na frente. Acho que vem uma parceria grande por aí, ela estava muito animada. Eles estão na negociação já tem horas. – Liza corre os olhos pelo saguão parcialmente cheio – Mas parece que fomos os primeiros à chegar, de qualquer forma.
- Não, não. Ele foi ao banheiro. – Fábio diz.
- Ele quem? – Liza pergunta entusiasmada e é quando um rapaz se aproxima dos dois.
De rosto alegre e sorriso nos lábios, o garoto caucasiano de cabelos castanhos propositalmente bagunçados, tinha os olhos verdes mais marcantes que Liza já havia visto – graças ao salto que a deixara na mesma altura. Ele vestia uma calça Johns e camisa social preta, com as mangas dobradas até os cotovelos. Simples, porém elegante.
Eliza não esperava que ele comparecesse, e talvez essa fosse a sua ruína, porque não esperava ficar tão impactada com a presença de alguém que até então ela não sabia muito mais que o nome.
O rapaz olhava diretamente em seus olhos e, por mais desconcertante que podia parecer, ela não conseguia desviar. Não saberia dizer se passaram-se segundos, minutos ou, até, horas, mas ela se via vergonhosamente presa no seu olhar e mal ouve o tio quando ele apresenta: - Lizzie, acredito que já ouviu falar de Charlie Lacroix. Ele veio em nome da Findspot, é um dos pilotos titular deles.
- É uma honra te conhecer. – ele diz esticando a mão na direção de Liza, o sotaque mais arrastado deixando o seu inglês charmoso. – Parabéns pelo pódio de hoje, fez uma bela corrida.- Obrigada! – ela responde apertando a sua mão, no entanto Lacroix a vira delicadamente e pousa um beijo rápido lá. – Deixa eu adivinhar, francês.- Monegasco. – ele afirma alegre.- Nunca conheci um monegasco antes. – ela comenta. – Você sabe, não tivemos corrida lá essa temporada.- Espero causar uma boa primeira impressão, então. – ele diz sorrindo e Liza nota que os olhos verdes sorriam junto.- Parabéns pela posição na classificação geral, foi uma temporada e tanto. – ela diz.- Foi dura, mas fico feliz por ter ficado entre o top cinco. Obrigado.Fá
As luzes de neon e ambiente escuro os deixam momentaneamente cegos, mas logo a visão se acostumou. O local é uma boate badalada no centro da cidade, e por isso estava praticamente impossível transitar de um ambiente ao outro, graças ao grandioso número de pessoas. Corpos suados dançavam a batida de uma música eletrônica, pessoas rindo e conversando com copos coloridos em mãos, luzes piscando e correndo pela pista de dança e um bar lotado lembravam Eliza à época de faculdade. Quanta ironia, ela pensa recordando-se da fala do tio de mais cedo.Ela e Charlie vão diretamente ao bar e quando finalmente chegam lá Eliza pede duas cervejas. Enquanto esperam Charlie corre os olhos pela extensão da boate e Liza mira seu rosto animado e sorriso divertido.Que ela estava atraída por ele, não podia negar, mas ela não queria levar os conselhos do tio
Seguindo a linha tênue sobre relacionamentos e suas singularidades já se tem uma predefinição não explícita de que o tempo é um fator imposto e indispensável para se desenvolver intimidade suficiente para gerar amor entre duas pessoas. Isso é um fato. Mas há de se encontrar pessoas que passaram anos de sua vida em um relacionamento estável e não desenvolve o companheirismo, fidelidade, intimidade e integridade com o seu parceiro. Quantas vezes já não ouviu falar sobre casais que com seus sete anos de relacionamento ainda estavam em dúvida de que trocar as alianças seria a decisão certa, quando em outras situações casais que haviam se conhecido em menos de um ano oficializaram a relação sem hesitações e continuaram com a mesma paixão por toda a vida? Liza era uma pessoa que antes acreditava que o tempo era um fator fundamental para que se pudesse surgir sentimentos, tanto que os seus relacionamentos sempre haviam seguido o mesmo roteiro e chegado aos sete mese
O céu azul estava limpo e sem nuvens naquela manhã, o que significava uma grande chance de bom vôo – como o comandante da aeronave fretada para a Pruma Racing havia informado antes de deixarem o chão.Eliza não era muito fã de voar, a ideia de não ter absolutamente nada abaixo de seus pés era simplesmente assustadora, mas passou a se acostumar devido ao número de viagens que fazia a cada duas, se não, toda semana.Contudo, ainda assim, ela não conseguia se sentir confortável o suficiente para dormir e desta forma ficava acordada por mais de seis ou dezoito horas, dependendo o tempo de duração da viagem. Cris vez ou outra a incentivava a tomar medicamentos para dormir, mas ela sempre preferia por evita-los.Na viagem em questão eles já haviam saído de um vôo internacional de quinze horas de Singapura à Turquia para serem transfe
Depois de se livrar da repórter com as perguntas inconvenientes Liza caminha na direção do grupo, que estava a ponto de entrar na garagem da Pruma Racing sem sequer nota-la. Ela os segue e depois que passam as paredes para os bastidores, ela indaga, chamando-lhes a atenção: - O que está acontecendo aqui?Os três viram-se em sua direção espantados a princípio, mas Charlie automaticamente sorri.- Lizzie! – ele diz alegre. – Bom, não era para sermos pegos de surpresa e sim surpreendermos você, mas, aqui está. Feliz aniversário!E indica sua mãe.- Com certeza me pegaram de surpresa. – ela diz sem humor.Patrícia tira os óculos dos olhos e sorri para a filha com eles marejados.- Querida! – ela diz e se aproxima dela, abraçando o seu corpo paralisado. Liza sequer sobe os braços para rode&aacu
Afonso é lançado à prateleira repleta de remédios, que se espalham pelo chão. Charlie segura-o pela gola da jaqueta e o prensa contra a madeira de forma arrogante. O americano tenta se soltar, mas o rosto vermelho e olhos raivosos do monegasco o calam de comentários ácidos ou maiores reações.O corredor está vazio e nem mesmo as câmeras flagram aquele momento de descontrole, contudo ainda se o lugar tivesse repleto de pessoas Charlie não conseguiria se conter por tamanha repulsa e raiva que assumiram o seu corpo.- Foi você! – Charlie esbraveja.- Eu o quê, Lacroix? Tá louco? – o rapaz pergunta alarmado. – Me solta, cara.- Causou o acidente. – o monegasco diz entredentes. – Você fechou o Robert de propósito. Ela poderia ter se machucado feio, Pessoa!- Me larga, Lacroix. – Afonso diz, tentando se so
- Vocês só podem estar brincando comigo.Reunidos na sala de reunião do autódromo do circuito de Barcelona-Catalunha estava o comitê de júri da FIA, sigla para Fédération Internationale de l'Automobile – em português Federação Internacional de Automóvel – que basicamente é a organizadora dos campeonatos de esporte automobilísticos, quem faz seus regulamentos técnico e esportivo, inspeciona circuitos, homologa carros e emite as credenciais para todos os eventos do calendário. Estavam também a diretoria da construtora Pruma Racing, Eliza Benedetti com empresária e agente.Ao lado de fora Charlie, Patrícia, Mike, René e o restante da equipe de engenharia da Pruma aguardavam ansiosamente. Os fiscais haviam convocado uma reunião com urgência para falar sobre algum detalhe da corrida e nenhum deles sequer d
- Uau.É tudo o que o alemão diz depois de Liza ter despejado toda a história em cima dele.Eles estavam sentados frente a frente nas poltronas da sala bem mobiliada do loft onde Mike passava maior parte das suas férias e ficava quando ia ao país visitar os pais.O lugar era um digno apartamento de solteiro, isso se for generalizar como um apartamento de solteiro de um piloto de Fórmula race por estar repleto de estantes que expunham inúmeros troféus, capacetes já usados, quadros, prêmios e medalhas pertencentes ao rapaz ao longo de sua carreira.As cores predominantes por todo o imóvel eram o laranja tijolo e preto, pois mobília, eletrodomésticos, lustres, abajures e até o piso de madeira na casa do piloto eram escuros e davam um contraste moderno às paredes de tijolos à vista envernizadas.Rústico e mode