Encontro de Negocios

CAROLINA 

- Ainda bem minha filha, Graças a Deus esse homem generoso vai ajudar a gente - Liguei para madre superiora a explicar que hoje não vou passar no orfanato porque vou falar com esse tal de Russo.

- Amém... Eu vou ligar quando terminar a conversa com o Seu Russo! - explico com um sorriso débil no rosto.

- Está bem, passe bem o dia e que Deus olhe por ti!

Sorrio - sempre, obrigada...

Ela encerra a chamada e solto um longo suspiro. Fico pensando se será uma boa ideia aceitar essa proposta... sinto como se estivesse a vender minha alma, esse homem não me transmite paz... Ainda não o vi, mas estou com um mau pressentimento...

Eu não tinha muita opção do que vestir para a entrevista... Sê que posso chamar de encontro no restaurante de um hotel numa "entrevista"...

Optei por vestir um vestido a executiva, que Molly me deu. Ele é de um tom azul vibrante, com um cinto que deixava minha cintura fina perfeitamente marcada. Minhas ancas estão ajustadas no vestido e é tudo tão sexy... 

Perdi a conta de quantas vezes tirei o vestido do corpo, e me repreendi por achar muito chamativo, e perdi a conta de quantas vezes voltei a pôr porque não tenho mais roupa. 

Finalmente, calço minhas sandálias rasas, pinto meus lábios com o batom vermelho e faço um coque.

Saio do flat apressada, com a bolsa pressionada contra a cintura. Chamo um táxi e mostro a localização... Tenho tantas perguntas para fazer nesse tal de Russo! Inclusive, de quais são as verdadeiras intenções dele. 

Nunca confiei em homem nenhum, sei muito bem que para muitos o interesse numa mulher se resume a uma atração sexual, e digo o mesmo para mulheres, umas só ficam com alguém se sentem palpitações na vagina. Eu acho muito normal, mas não acho certo querer ficar com alguém que você nem de sonhos imagina um dia formar uma família, um lar... Tudo bem, é biológico, eu sinto! Todo mundo sente! Mas dá para controlar, acho que se eu não controlasse, ainda hoje me ia masturbar e ontem passaria a noite numa boate e ia foder com o primeiro homem que me fizesse sentir "palpitações na vagina". Não julgo quem faz, mas também não concordo.

- Senhora, chegamos! - o motorista me avisa. Fiquei perdida nos meus pensamentos, que nem ouvia o senhor! 

Pago e o agradeço dizendo que pode ficar com o troco, mesmo falida, sou generosa! Não perco uma só chance para aumentar minha miséria! 

Estou nervosa, e assustada... minhas pernas suam e meu corpo aquece. Tiro de minha bolsa meus óculos escuros, e caminho para dentro do hotel. Eu não conheço esse tal de Russo, mas quando cheguei um garçom me perguntou meu nome e quando falei, me dirigiu até a minha mesa. De longe eu não via muito, e com os óculos ainda menos...

Mas deu para ver que tinha um Moço todo bem-vestido de uma camisa preta e todo elegante com relógio no pulso... Seu cabelo é castanho e está preso todo para trás... 

O homem estava mexendo no seu tablet e sua expressão não era nenhum pouco amigável, tiro meus óculos enquanto me aproximo e sem querer reparo na tatuagem que ele tem na costa das mãos... Uma serpente... 

- Senhor... - o garçom diz quando chegamos e aquele homem olha para mim, e nesse exato momento meu coração falha uma batida... Aqueles olhos azuis, e vibrantes me encaravam com tanta intensidade, como se já me conhecesse tão bem...

Ele se levanta sem desviar seu olhar penetrante do meu, e em seus lábios se curva um sorriso de canto... Como se tivesse vencido algo...

Russo vem até mim, se põe atrás de mim e puxa a cadeira onde me vou sentar

- Carolina Albuquerque... - ele murmura próximo ao meu ouvido e sinto… medo...

Respiro fundo e me recomponho - O trato de Senhor Russo? Ou tem outro nome? 

Falo mantendo minha postura profissional e sento na cadeira. Ele volta a sentar e após servir um pouco de vinho na minha taça, ergue de leve a sua.

- Josef Adam Clarke... - ele volta a pousar a taça - Russo é uma alcunha

- Imaginei... Eu não quero parecer ser mal-educada, mas tenho perguntas. - começo por falar e ele olha atento para mim, com os braços cruzados. Parecia estar relaxado - O senhor é caridoso ou é só um ato banhado de segundas intenções? 

- Como assim? - ele ergue uma sobrancelha

- O senhor decidiu que vai ajudar o orfanato, mas por quê? 

Ele descruza os braços, e senta com uma postura mais recta, com as mãos entrelaçadas e pousadas na mesa. 

- Está com medo? - ele me provoca e não respondo, ele está debochando de mim? - vou ser direto... - respiro fundo - não gosto quando me questionam, a decisão está tomada, você aceitou e agora vai cumprir ordens, afinal, sou seu chefe... 

Não sei o porquê, mas a sua grosseria me machucou... 

- Quem trabalha comigo sabe que não gosto de afronte - ele fala - ainda mais vindo de uma... Mulher... 

Fico incrédula, e ele sorri, mas um sorriso amargurado. Eu tenho muito para dizer, mas não me sai palavras na boca.

- Ironia da vida, não é mesmo? Senhor Russo - por fim falo - você diz que não aceita o questionamento de uma mulher, mas precisa das mesmas para trabalhar e na cama... 

Antes dele responder, me apresso e me levanto da mesa, caminho até o banheiro. Já me arrependo de ter aceitado a ajuda desse homem! Ele vai me atormentar a vida toda! Ele me transmiti uma energia negativa tão forte que sinto meu corpo queimar com sua presença... Sinto meu coração querer escapar pela boca... 

Respiro fundo, mas quase caio para trás quando alguém me puxa pelo braço e meu corpo b**e contra um muro de músculos... Eu tremia de medo enquanto esses fortes braços me esmagavam...

Eu reconhecia o perfume e claro que era do Russo... 

- Casa comigo e me dê um filho. - ele fala sério e quase tenho um treco. Eu não consegui decifrar suas emoções, ele está sério e firme em suas palavras. 

- O senhor está louco... Como vou ter um filho com alguém que mal conheço?! E casar?! - sorrio de nervoso - Pelo Amor de Deus...

Me viro, ficando de costas para ele e escondo todo meu desespero. Eu preciso me acalmar. 

Quando seus dedos deslizam sobre o meu braço, eu fecho os olhos como se isso me levasse para outro lugar.

- Eu te entendo... 

Ele não me entende, sexo para mim é algo que machuca. Afeto é algo que dói. Eu não consigo explicar o que sinto...

- Eu não sinto nada pelo senhor... 

- Nem ódio? - ele pergunta. Como vou odiar alguém que mal conheço? 

Maneio o rosto negando. 

- Não tenho pressa, já disse quais são minhas verdadeiras intenções, e eu sempre consigo o que quero... Inclusive, já a tenho!

Dizendo isso, ele tira suas mãos de mim e me viro furiosa. Quem ele pensa que é?! Acha que sou mais uns de seus troféus?! 

Aponto meu dedo para ele - fique com seu dinheiro! Não aceito sua proposta! 

Ele dá de ombros - mas já transferi o dinheiro, e paguei uma empresa para fazer a reabilitação do orfanato

- Não me importo! Resolva o senhor! - perco a paciência e grito. Começo a perder o controle, esse homem é rude, mal-educado, irritante, convencido, devasso, mau carácter! E tudo de ruim! Ele pode ser muito lindo, elegante, misterioso, milionário, mas isso não basta! 

Ele apenas ri da minha cara

- Assim está melhor... - olho para ele confusa, sem entender - Consegui que sentisse algo por mim... Vê como não vai ser difícil? 

- O senhor é louco... - murmuro

- Só quero que sinta algo por mim, me odeie, deteste, deseja a minha morte... Mas sinta! 

- Chega! - por fim falo alterada - Eu não quero nunca mais ver o senhor! 

Passo por ele, e não olho para trás

- Nos vemos na inauguração da reabilitação do Orfanato! - ele grita enquanto eu andava em passos largos 

- Não adianta fugir, joaninha! Eu sempre vou te alcançar!

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