No povoado Esperança os camponeses terminavam mais uma colheita. Os armazéns estavam todos cheios. Não havia lugar para mais nada. E o que eles tinham nos armazéns dava para manter a população do reino todo por dois anos.

O líder do povoado era Eurico, um homem bom, íntegro, que conduzia os interesses do povoado com muita responsabilidade, honestidade e era respeitado por todos.

Os camponeses eram humilhados e roubados constantemente pelo Rei Artur, porque aquela região era de terra fértil, onde sempre se produzia bem, eram as melhores terras de todo reino. Com o trabalho dos camponeses, sempre tinham fartura de alimentos. Os camponeses eram obrigados a pagar altos tributos ao rei. Sem aquelas terras e o trabalho dos camponeses, o rei teria que importar mantimentos de reinos vizinhos para que seu povo não passasse fome.

Por causa da fé que os camponeses tinham em Deus, o rei os obrigava a adorar o seu deus que era a imagem de uma serpente.

Num certo dia, o rei Artur e seu filho Jonas, vieram ao povoado para fazerem uma visita. A intenção era saber se suas ordens eram cumpridas ou não.

Jonas, vendo a bela e formosa Marisol, a única filha de Eurico, líder do povoado, ficou encantada com sua formosura. Ele disse ao rei, seu pai, que a queria por mulher, que queria que ela fosse sua esposa.

          Mas Jonas ignorava que Marisol amava a Robin, um jovem rapaz que teve que fugir porque fora acusado de ter matado um oficial do rei. Fora acusado pelo comandante César porque não concordava com as coisas que o rei obrigava o povo a fazer, era um rapaz valente, muito habilidoso com as armas e não tinha medo de nada. Como César achava que Robin poderia representar algum perigo aos interesses do rei, acusou-o do crime. Ele, não tendo como provar sua inocência, para não ser condenado à morte e para não pagar por um crime que não cometeu, decidiu deixar sua família, seu grande amor que era Marisol e fugiu para bem longe, para uma terra bem distante.

Antes de partir, disse a amada que se ela quisesse poderia casar-se com outro, porque ele não sabia se voltaria algum dia para buscá-la. Então partiu e o tempo foi passando.

Mediante a insistência de seu filho Jonas, o rei Artur voltou ao povoado para falar com Eurico para que levasse Marisol ao palácio real, a fim de ser a futura esposa do príncipe.

O rei chegou ao povoado e foi conversar com Eurico que a princípio recusou o pedido do rei, dizendo que queria falar com sua filha primeiro, porque não queria tomar uma decisão sem que sua filha concordasse. Pediu ao rei que esperasse até o final da tarde.

Eurico falou com sua filha Marisol e ela foi falar com o rei, com o consentimento de seu pai, para ver se entravam em acordo quanto ao pedido de casamento.

          Ela impôs uma condição para fechar o acordo, que o rei não a obrigasse a adorar o seu deus e parasse de cobrar altos impostos, pagando um preço justo pelos produtos que os camponeses produziam para vender.

O rei, sem pensar muito, aceitou o pedido dela devido à insistência do filho. Mas ele não sabia que se não cumprisse o prometido, poderia arrepender-se porque sem os produtos que ele obrigava os camponeses a pagar como imposto, o império não sobreviveria, passaria fome.

Fechado o acordo, Marisol partiu, despedindo-se de todos e o povoado inteiro vibrou e comemorou a decisão dela de ajudar os camponeses a sair da opressão do rei, pois todos queriam muito bem a ela e a consideravam uma pessoa correta e muito educada, além de se interessar pelas coisas do povoado, como ensinar as crianças a ler e escrever.

Era costume a futura princesa ir morar no palácio real um ano antes de se casar com o príncipe para conhecer e adequar-se aos costumes e pertencer à família real. Durantes este tempo o príncipe não podia tocá-la intimamente porque existia uma crença que se o príncipe mantivesse relações íntimas com a futura esposa antes do casamento, este seria cheio de infelicidade. Marisol partiu com a comitiva do rei para morar no palácio, para adaptar-se à nova vida e os tempos foram passando.