Capitulo 2

Laura resolveu procurar um especialista em desvendar mistérios sobre vidas passadas. Tentar encontrar respostas porque dos seus fracassos amorosos. Ou saber por que às vezes agia estranhamente de fazer coisas que ela nunca gostou fazer. Tentava entender esse mistério, seria algo de espírito obsessor?

O psiquiatra especialista em desvendar mistérios de vidas passadas se chamava Lauro. Que estudou muitos casos! E escreveu livros a respeito desse assunto tão polêmico e complicado. Laura precisava desabafar seus traumas do passado.

A clínica onde Lauro trabalhava ficava no décimo andar de um edifício no centro da cidade. Ela não queria que ninguém soubesse sobre sua experiência, até mesmo a sua família. A única pessoa que sabia desse segredo era seu amigo Ramon. Ela subiu por um elevador que levava até o décimo andar na sala 110. Entrou e sentou e ficou esperando a sua chamada, estava quase desistindo. Laura não tinha muita paciência de ficar esperando, e isso ela precisava descobrir o porquê dessa necessidade de querer as coisas para ontem.

Enfim ela foi chamada depois de uma hora de espera. Ao entrar ficou encantada com a decoração do lugar. A sala era aconchegante e bem espaçosa que dava vista para o centro. Podia se ver outros prédios da cidade. Havia uma poltrona cama. O psiquiatra era um senhor de idade já com 65 anos, rosto magro e cabelos branco, simpático pediu que ela se deitasse na poltrona e relaxasse. E começou fazer perguntas.

   — Então, senhora, como se chama?

   — Eu me chamo Laura!

   — Bonito nome, de forte personalidade, e bem popular!

   — Obrigado, Doutor!

   — Bom o que trás aqui? Qual é seu problema afinal? — Ela suspirou nervosa e impaciente com tantas perguntas, mas tinha que ser educada.

   — Muita coisa, doutor, não sei o que acontece porque faço coisas que não quero fazer, às vezes sinto necessidade em pisar em alguém para me sentir bem. Depois me dá uma crise de arrependimento, sofro com o que eu mesma faço. Queria saber por que sou assim, me sinto angustiada por causa disso!

  — E desde quando você faz isso?

    — Desde criança, sempre fui movida ao impulso de querer as coisas e não descansar até conseguir. Nem sempre acho certo, mas preciso fazer. É mais forte do que eu.

     — O que acontece quando você consegue atingir seu objetivo?  

     — Ai que está! Nunca fico satisfeita, parece um abismo sem fim!

     — O que de tão grave você fez a ponto de carregar essa culpa? ]

     — Culpa?

     — Perguntou Laura espantada pensando “Como ele sabe que me sinto culpada por algo grave que fiz no meu passado?”.

      — Sim, você parece carregar uma grande culpa, ou remorso, deve ter cometido algo que você não tem coragem de revelar ou contar para alguém. Para eu te ajudar precisa se livrar desse peso que carrega, só assim poderei te ajudar?

     — Não sei se estou pronta, é muito íntimo e me sinto envergonhada, me sinto suja por causa disso, doutor!

     — Bom nesse caso, hoje nem vou te cobrar a consulta porque não haverá mais tratamento!

     — Como assim não haverá mais tratamento se eu preciso?

     — Bom, senhorita Laura, eu tenho muita gente para ajudar, você quer ajuda, mas não quer desabafar e colocar seus problemas para fora, aqui é sigiloso tudo o que disser será só eu e você. A saber, fica entre quatro paredes! Sou um profissional e tenho que agir com a minha ética.

Se sabe que tenho fama e muitos clientes, é porque sou de confiança e eu não brinco com vidas e nem com dinheiros dos meus clientes, você decide? — Laura não tinha escolha, ou ela confiava nele e colocava para fora seu problema, ou seguiria com a sua vida mal resolvida, até quando? Não sabia!

    — Está bem doutor, eu contarei o que me aflige, eu tinha sete anos quando tive minha primeira experiência sexual!

     — Hum! Pensei que estrangulou um gatinho ou um cachorro de estimação, ou seria algo mais grave?

     — Laura não gostou muito do tom irônico de Lauro com aquela observação.

     — Porque o doutor está sendo irônico com meu problema sério?

     — Porque ter experiência  sexual com sete anos e brincar de boneca e a mesma coisa!

     — Sim, o que o doutor não sabe com quem comecei a manter relações sexuais!         

— Lauro ficou espantado com o que acabara de ouvir, mil pensamentos se passaram na cabeça dele.

      — Como assim? Pode dizer para eu poder entender, e poder te ajudar?

      — Nem sei como dizer, doutor, se o arrependimento matasse eu estaria morta, morro de vergonha de lembrar!

    — Bom, senhora Laura, por favor, diga com quem?

    — Meus amigos de infância, doutor.

— Laura estava querendo se atirar do prédio depois que deixou escapar aquela verdade dolorosa e cruel. 

    — Foram eles que te forçaram, ou foi vontade sua?

    — Foi vontade minha, doutor. Achava tudo normal, sentia curiosidade e vontade às vezes, não entendia porque, mas fiz. E me arrependo mil vezes porque fiz isso, me sinto envergonhada e tenho até pesadelos por causa disso!

     — Acalma-te, nada o que fez possa se envergonhar, como eu disse fazer sexo nessa idade ou brincar de bonecas é a mesma coisa. Você era uma criança, feio são adultos como vejo muitos casos de pais abusar de criança com sete anos, padrasto ou até irmãos mais velhos, aí sim! Seria trágico.

Não no seu caso! Não se envergonhe disso, é passado, e se você realmente se arrependeu é sinal de grandeza, agora esqueça o passado e tente levar sua vida normal!

     — O senhor tem certeza disso?

     — Sim, tenho certeza. Vejo casos de jovens adolescentes, que sofreram abusos de pais e até de padrasto, essas sim, que é preocupante, no seu caso não. Foi apenas uma brincadeira de criança, assim como acreditar em papai Noel, mula sem cabeça, coelhinho da páscoa.

Hoje você é adulta sabe disso o que é real e fantasia, mas precisa se livrar dessa culpa que pode te atrapalhar muito a sua vida!

     — Sim, Dr. Entendi que farei o possível!

     — E depois o que aconteceu?

    — Depois parei, estava crescendo e me tornando uma mulher, mas com aquele peso na minha consciência e nunca mais me envolvi com mais ninguém.

    — E quando foi a sua última relação amorosa? Desculpe a pergunta, não é nada pessoal?

    — Bom, na verdade, depois que conheci um amigo pela ‘internet’ que se tornou especial na minha vida me dando dicas para eu sair e me divertir, porque até aí eu só ficava trancada em casa. A minha vida era um marasmo. Aí a minha vida mudou!

   — Como isso mudou? O que ele tem de tão especial? E como ele se chama?

    — Ele se chama Ramon Dias. Eu me sinto bem com a presença dele mesmo que seja há distância. Embora eu nunca a conhecesse pessoalmente, mas há uma grande conexão entre nós que mesmo pela ‘internet’ me sinto perto dele, assim como ele se sente perto de mim.

É difícil explicar, mas a minha vida não é nada sem ele para conversar, por isso que estou aqui em busca de ajuda para entender o que está acontecendo comigo!

    — E depois que ele apareceu na sua vida mesmo sendo pela ‘internet’ o que aconteceu de fato a ponto de me dizer que a sua vida não é mais a mesma? 

    — Bom, encorajada por ele, comecei a me soltar e me envolvi com alguns caras aí, mas todos foram uns fracassos. Admiro tanto meu amigo que acho ele tão perfeito que, na verdade, queria encontrar alguém que fosse igual a ele!

   — Porque tinha que ser alguém como ele?

   — Ele é meu anjo da guarda, me sinto bem assim, ele é inteligente e sábio mora sozinho e sei lá. Difícil explicar essa sintonia que há entre a gente, doutor!

    — Já tiveram algum contato físico? ]

    — Ainda não, doutor, mas aí é que está, sinto a presença dele constantemente sem ser tocada, sinto ele dentro de mim, até fazendo amor comigo, não consigo entender porque isso acontece nunca senti nada tão forte assim em toda minha vida. Isso que já me envolvi com muitas caras daqui de perto, mas que nenhum me marcou tanto como esse de agora.

Suponho que estou ficando maluca, por isso não consigo imaginar a minha vida sem ele, a vontade que tenho de ir ao encontro dele, na cidade onde ele mora, doutor!

    — Desde quando vocês se conhecem?

    — Faz uns três anos, mas antes era só amizade, e mesmo assim eu sentia falta dele quando não falava comigo mesmo sendo nas redes sociais.

    — O psiquiatra Lauro ficou pensativo com o que ouviu da sua paciente, e como ele era especialista em realizar regressões a vidas passadas, sentiu poder fazer uma experiência com Laura.

Havia a necessidade em ajudar aquela jovem em sérios apuros e conflitos. Estava esperando ela voltar na próxima sessão e propor-lhe essa experiência. Deu a sessão como encerrada.

   — Bom, por hoje estamos encerrando a sessão, mas se quiser continuar realizando um tratamento, terá que vir várias vezes!

   — Aceito a sugestão. Quanto eu devo?

   — Por hoje não paga nada, e sim, se aceitar realizar um tratamento, aí sim, quando terminar acertamos!

    — Farei sim, porque eu preciso!

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