O psiquiatra Lauro deu ordens que quando chegasse sua paciente Laura não queria ser interrompido por nada desse mundo. Tratava-se de um caso especial complicado, e sua assistente entendeu o recado e ela como ninguém sabia da competência dele e da disciplina que ele sabia impor aos seus funcionários.
Mas também era generoso e sabia reconhecer o trabalho de todos em sua volta. Ele desmarcou todas as sessões que tinha com outras pacientes alegando um compromisso inadiável. E arrumou bem a sua sala e colocou um perfume agradável, queria que sua paciente se sentisse bem à vontade, e tranquila para dar início ao tratamento.
Só estava esperando a hora que ela chegasse, estava ansioso também. Laura, por sua vez, tinha necessidade de colocar aquele peso para fora. Sentia que muita coisa ia mudar na sua vida, mas, por outro lado, tinha medo de ir além dos seus limites. Essa hora ela queria de uma vez por todas entender porque muitas coisas estranhas aconteciam com ela?
Porque tinha dificuldade em ter o domínio sobre si mesma? Porque a pressa de querer as coisas antes do tempo? E suprir a necessidade de ser amada? E o medo de ser traída?
O medo de perder algo que nem ela sabia se era de fato dela mesma? Ficou confusa em relação aos seus sentimentos, só seu psiquiatra Lauro daria as respostas que ela estava buscando.
Saiu de casa cedo com pressa bem arrumada. Nem dissera a sua mãe para onde ia, apenas disse tchau e que tinha uma consulta marcada determinada hora, mas ela sabia os termos da responsabilidade que ela havia assinado com seu psiquiatra em relação a fazer uma experiência de regressões a vidas passadas. Até porque sua mãe, e toda sua família, eram céticas em relação a isso.
E quando foi se aproximando da clínica sentia um nervoso que fizera sentir um calor e um calafrio, queria voltar, mas estava decidida ir até o fim, custe o que custasse, não ia voltar atrás. A decisão estava tomada.
Era da sua personalidade agir assim, quando queria uma coisa. Mesmo com medo, mas que a vontade de atingir seus objetivos falava mais alto. E quando entrou foi chamada diretamente para o consultório de Lauro que estava esperando ela. Também estava ansioso.
— Boa tarde Doutor!
— Boa tarde, tudo bem?
— Tudo só um pouco nervosa, e ansiosa!
— É normal. Eu também estou nervoso, sinto que seu caso é especial, e juntos descobriremos coisas novas!
— Será Doutor?
— Sim, mas deite-se e fique a vontade, eu colocarei essa pedra de cristal em sua cabeça e contarei de um até Nove, e aí, senhorita voltará em outras vidas, está bem?
— Sim.
— Lauro fez Laura deitar e fechou as cortinas das janelas e a porta e deu ordens para que não fosse interrompido.
— Então está preparada? Ligarei o gravador e gravar a nossa sessão!
— Está bem, doutor!
— Então olhe bem nessa pedra e eu vou contar de um a nove. Um... Dois... Três.. Quatro... Cinco... Nove...
— E nisso Laura adormeceu e ficou esperando o comando do seu psiquiatra dar início a regressão a vidas passadas.
— Laura, vamos voltar no ano de 2004 o que está acontecendo?
— Eu estou com meus irmãos e meus amiguinhos vizinhos. Sempre juntos brincando felizes como toda criança nessa idade. Estamos em grupo dividido em dois brincando de esconde, esconde. Minha mãe trabalha fora como diarista, e meu pai como pedreiro. Eu fico em casa cuidando dos serviços domésticos.
No momento em que Laura relatava o que se passava com ela quando criança, lágrimas desciam dos seus olhos, uma sensação magnífica de se sentir como criança.
— O que mais você está vendo?
— A minha vida tem dividido momentos felizes e tensos também, não só alegria, e sim desespero e pânico!
— Como assim? O que aconteceu?
— Meu pai, embora sendo um homem trabalhador, mas quando bebia transformava a nossa vida num verdadeiro inferno. Batia em meus irmãos, e na minha mãe, tínhamos que sair de casa e dormir na casa de estranhos. Muitas vezes ele batia na minha mãe que quase matava, e nós ainda criança vendo aquele filme de terror. Ficávamos em pânico sem saber o que fazer.
Meus irmãos tentavam tirar ele de cima da nossa mãe, e ele batia em nós que quase matava!
— Na medida em que Laura relatava seus dramas de sua infância sofrida, ela em transe se retorcia emocionada gritando por socorro para que surgisse algum vizinho pra salvar ela, e sua mãe, e seus irmãos das garras do pai alcoólatra e violento. Então Lauro acordou do transe.
— Como está se sentindo?
— Um pouco assustada com as cenas que eu presenciei, estou exausta.
— É normal, como eu havia te alertado de que passaria por diversos momentos bons, e ruins. Está disposta a ir até o fim?
— Estou sim, estou ciente do que pode acontecer!
— Vamos voltar três anos antes, em 2001. Como você está?
— Estou feliz com meus irmãos e meus amiguinhos, eu sou a chefe do grupo, eu decido quem brinca com quem, minha mãe e meu pai estão trabalhando, eu sou responsável em casa.
Sou muito brava às vezes, mas minha vida continua daquele mesmo jeito com meu pai sendo violento gritando com minha mãe chamando de tudo que é palavrão. Não aguento mais ver minha mãe sofrer nas mãos dele. A nossa vida é um verdadeiro inferno.
Às únicas vezes sou feliz quando estou brincando. Eu tenho uma amiga que faz tudo que eu mando, e meus irmãos também. Eles são magrinhos eu também sou, tem muitas casas em volta da nossa casa, e jardins com flores e um gramado para a gente brincar. Nossa, como me sinto bem nessas poucas horas quando meu pai não bebe.
— Vamos voltar mais dez anos atrás, 1991 se concentre e diga o que está acontecendo. — Desta vez Laura ultrapassou a fronteira da vida e a morte, para o nascimento.
— Eu estou como uma mulher velha cansada com 87 anos de idade, sinto que não vou durar muito tempo, meus cabelos estão caindo. Estou com problemas de saúde, e triste porque meus netos não vem me visitar, meus filhos estão todos casados. E já é noite, está chovendo muito.
Sinto frio e estou com uma dor insuportável na coluna. Ninguém está por perto para me ajudar a levantar da cama. Tenho dificuldades pra caminhar e fazer os serviços domésticos. Estou sozinha no interior do estado que é na serra gaúcha perto de Caxias do Sul RS.
— E o que mais você está vendo?
— No lugar onde moro tem bastante mata verde, e parreiral de uvas. Nessa época eu era dona de uma fazenda com muitas cabeças de gado pastando em volta da minha casa. Estou vendo um cachorro lindo deitado na área de serviço. Ele está com um olhar triste, é branco com manchas pretas em volta dos olhos, fica o dia inteiro dormindo. Eu gosto dele.
Tenho dois gatos. Um é branco, outro é cinza. Tenho uma horta grande onde eu cultivo alface, cenoura, e feijão. Estou vendo um lindo Jardim em frente à minha casa, uma grama bem cuidada.
O lugar onde eu moro é um verdadeiro paraíso pelas belezas em volta. Planto todos os tipos de flores. O lugar é lindo.
— O psiquiatra Lauro percebeu o sorriso no rosto de Laura. Agora ele percebeu que ela estava presenciando belas paisagens.
— O que mais você está vendo?
— O lugar onde estou vivendo e curtindo a minha velhice tem uma área onde fico sentada numa cadeira de balanço feita de palha feita por um artesão que mora nas redondezas. Estou curtindo as maravilhas da natureza observando as montanhas em volta, gosto do lugar onde eu moro.
Sou viúva e perdi meu marido, há mais de dez anos. Sinto falta dele, ele era um bom marido que me amava. Eu não consigo esquecer dele, porque éramos felizes. Seguidamente fico olhando as fotos de noivado e de casamento, num porta retrato.
Como é de costume no interior conversar com a vizinha que mora do meu lado, que vem sempre me ver e tomar um café comigo, e um bom chimarrão, ela conversa muito comigo. É amiga de verdade.
As cenas que estou vendo agora é uma aliança de casamento na minha mão. E pequena fazenda que sou dona com muitas cabeças de gado em volta, e cavalos de raça. Olhando bem tudo que tenho.
Posso dizer que sou uma mulher rica, mas infeliz por viver sozinha, era acostumada a viver com gente à minha volta. Do meu casamento tive duas filhas mulheres, e dois filhos homens. Todos casados, ainda não vi o rosto deles, doutor?
— Calma! Você vai saber quem são eles. Agora você pode voltar um pouco até os anos de agora. Eu vou contar de um até nove. Um... Dois... Três... Quatro... Cinco… Seis... Sete... Oito... Nove. Pode acordar!
— Laura acordou cansada e confusa como se estivesse acordada de um sonho. Estava radiante com as cenas que tinha visto, e mais leve de outras vezes e queria sentir mais essa sensação de liberdade.
Aos poucos ela foi entendendo o significado de regressar a outras vidas, mas sentia um vazio no peito, uma espécie de melancolia, um abismo, ou um vazio mal preenchido. E precisava voltar e terminar sua visita ao seu passado e saber quem ela foi em outras vidas.
— E então como está se sentindo, senhorita?
— Bem mais leve, mas sinto um vazio na minha alma, faltam peças para encaixar esse quebra cabeça. As coisas não estão claras pra mim. Será que era eu mesma ou eu estava vendo alguém que eu conheça?
— Tudo é possível, senhorita. Talvez seja você mesma, ou alguém que marcou a sua vida. Esse processo é demorado, você precisa voltar em muitas vidas. A gente não vive só duas ou três. E sim mil vidas!
— Como assim mil vidas, doutor?
— Se levarmos em conta da religião espírita as pessoas antes de se reencarnar ela precisa passar por uma clínica de recuperação espiritual, até se tornar uma pessoa melhor do que era em outras vidas.
Se eu levar em conta em dados de pesquisas de outros trabalhos de psiquiatras mais experientes no caso de um psiquiatra americano que teve experiências mais bem sucedidas, até escreveu vários livros baseado em fatos e estudos científicos. Ele afirma que as pessoas vivem muitas vidas e cada vida que ela vive é um País diferente.
Numa vida ela pode ser de um continente diferente do outro, ou seja, numa vida ela pode ser de um continente norte americano, e outro sul, até mesmo europeu, africano, e asiático, ou num País árabe. Se eu levar em conta nos estudos bíblicos a pessoa vive até mil gerações ou até quatro gerações!
— Eu gostaria muito de saber se caso um dia fui uma americana?
— Porque acha que pode ter sido uma americana?
— Tenho um amigo que me comentou que eu possa ter uma tendência de ser americana pelos meus olhos, meu cabelo, e minha pele!
— Seu amigo acredita em vidas passadas?
— Sim, ele acredita e gostaria muito de fazer uma experiência, ele sente a mesma necessidade que eu!
— Então diz pra ele vir aqui também!
— Sim vou dizer, e ele com certeza vai gostar!
— Você está disposta a voltar mais um pouco?
— Sim estou!
— Então deite-se novamente, e eu vou fazer o mesmo ritual da hipnose, se sentir algo que possa te prejudicar eu vou te acordar!
— Como assim sentir-me prejudicada doutor?
— Fazer regressões as vidas passadas não é só viajar em lindos sonhos e belezas e alegria, há muitas coisas ruins que o ser humano passa em outras vidas, doenças tristezas, mortes, e assim vai!
— Estou sim, dá um pouco de medo, mas não vou desistir agora, o medo é que me dá mais prazer. Risos!
— Fazer regressões as vidas passadas não é só viajar em lindos sonhos e belezas e alegria, há muitas coisas ruins que o ser humano passa em outras vidas, doenças tristezas, mortes, e assim vai! — Estou sim, dá um pouco de medo, mas não vou desistir agora, o medo é que me dá mais prazer. Risos! — Então vamos lá vou contar de um a nove. — No mesmo ritual, Lauro contou lentamente de um até Nove. — Vamos lá voltar em 1960. O que você está vendo nessa época? — Época difícil, eu estou com 56 anos. Estou morando no mesmo lugar no interior do Rio Grande do Sul. Época da ditadura militar fase difícil na política, Em fase de transição. Naquela época não tinha TV. E nós ouvíamos as notícias de tudo que estava acontecendo pelas rádios. Meu pai ainda era
Laura saiu satisfeita com sua experiência. Nunca imaginou que sua vida pudesse ser tão cheia de emoção e saber que foi feliz em outras vidas. Embora sabendo que muita coisa ainda pudesse acontecer, mas estava disposta a enfrentar esse desafio queria conhecer mais dela. E estava adorando essa experiência de voltar a vidas passadas sabendo que foi uma linda italiana em outras vidas, e tudo isso explica porque muitas coisas acontecem nessa vida e ela sabe que já viveu muitas vidas, e estava disposta a descobrir mais. Ela não ia descansar até saber se de fato era mesmo outra raça. Sentiu que a partir daí sua vida poderia dar uma reviravolta. Mesmo assim estava feliz com as novas descobertas. Agora era esperar mais uma semana até o dia da sua nova sessão com seu psiquiatra. Laura estava tendo sonhos como se fosse ter uma regressão espontânea. Desta vez ela não estava tendo uma regressão
A minha vida é um inferno, não tiro aquele rapaz moreno da minha cabeça, mas é proibido, ele me manda flores e bilhetes apaixonados me convidando para fugir para o Egito ou para a Palestina, mas se formos para a Palestina podemos sermos mortos, por causa da guerra entre os judeus e os palestino que envolve muita coisa sobre a religião, mas eu amo ele e se ele me convidar eu vou fugir, eu não aguento mais essa vida de prisioneira. Me sinto sufocada. Passo o dia inteiro trancada chorando e fazendo coisas que eu não gosto, fazer sexo sem vontade sem saber o que é prazer! — E o que mais você está vendo? — Estou traindo meu marido, cheguei ao meu limite, e vamos fugir no dia seguinte! — Como você se chama? — Maria! — E ele como se chama?
Ao voltar do supermercado com sua mãe, Laura se sentiu cansada. Guardou as mercadorias que ajudou sua mãe comprar e almoçou e foi deitar um pouco, sentiu sono à tarde depois do almoço. Estava com muito sono, mal deitou já estava de olhos fechados como se tivesse bebido alguma bebida misturada com algum sonífero de tal tamanho era seu sono. E estranhou que nunca sentiu tanto sono assim. Mal pegou no sono estava conversando com a senhora simpática americana que estava cuidando do seu jardim e de sua horta. Aquela cachorra novamente correndo na direção dela abanando o rabo feliz por ter visto Laura. E olhava atentamente nos olhos dela. E pulou no colo como se ela fosse dona da cachorra para estranheza de Brigitte. — Nossa parece que ela gostou de você mesmo. Ela nunca foi fazer isso, pelo contrário, parecia sentir raiva de todas as pessoas que conversa comigo, é muito estranho isso!
O dia seguiu normalmente para Laura embora triste pelas últimas cenas que ela viu em sua vida passada. Queria um final feliz e não tão traumático como foi. Já não bastava sua vida real que não era lá grandes coisas, e quando chegou à noite tivera mais uma regressão espontânea. E novamente se deparou com a senhora amiga Brigitte. Laura sentiu-se muito feliz ao ver aquela senhora simpática, era tudo que ela precisava depois de um dia tenso em sua vida tumultuada. — O que foi minha jovem, porque está tão triste? — Como a senhora sabe que estou triste? — Não há nada que eu não saiba sobre a sua vida, minha jovem! As coisas que você nem imagina que eu sei a seu respeito! — Como assim? Eu não estou entendendo aonde a senhora quer chegar?
— Eu acredito muito na senhora, aliás, a única que eu consigo confiar? — E nisso Laura acordou sem entender nada o que estava acontecendo. Aquela senhora novamente em seus sonhos dando conselhos que ela precisava, e uma amiga de confiança. Cada dia que passava aprendia um pouco. Tinha dúvidas, é claro, mas estava no caminho certo. Embora Brigitte dissera que era preciso tentar consertar seus erros do presente e não querer voltar a vidas passadas tentando encontrar justificativas para seus erros. Mesmo assim já que começou ia até o fim. E nunca foi de abandonar o barco, e não seria agora que ela ia, e já estava ansiosa para que chegasse semana seguinte. Enquanto a semana não chegava ela seguia levando a sua vida normal com muito trabalho como sempre, mas sua mente estava sempre ocupada pensando em tudo que estava acontecendo. E sabia que nada era por acaso. E que tudo fazia sentido
— E o que mais você está vendo? — Eu vejo o homem de branco explicando para uma multidão sentada sobre a grama. Diz ele que o mundo precisa mudar seus conceitos e respeitar mais as leis da vida e da natureza, porque chegará o tempo que não haverá mais águas nos rios animais morrendo sobre os campos doenças epidêmicas sobre a terra e nação se levantando contra nação. E famílias desunidas. Pais se levantando contra filhos, e filhas contra mães. Irmão matando irmão por causa da ganância. E muitos matando em nome de Deus. E cristão sendo perseguidos. A igreja perdendo a força por questões políticas dentro do Vaticano. E religiões crescendo perigosamente, mas que são falsas fazendo prodígios, mas que na verdade o diabo o está por trás disso tudo. Estou com medo do que ouço o homem falar. Pergunto a ele porque eu tenho que saber dessas coisas. Ele diz que sou especial e que serei
Thiago não consegue convencer o homem que o amor justifica tudo, mas ele é bem claro. Que lei é lei e que devem ser cumpridas, as pessoas se sentem no direito de fazer o que bem entender, e na hora de acertar as contas não querem pagar o que devem. Eu cometi meus erros e ele também deveria ter ficado quieto no canto dele e não ficar me atentando e causando uma tragédia. Diz ele que não era a nossa hora de partir,mas fomos desobedientes e pagamos com a morte,mas temos mais uma chance quem sabe na outra geração, mas que seja a última vez. Então estamos saindo da sala. E estamos curados e sabemos que foi o último aviso, mais uma dessas seremos eliminados para sempre sem chance de defesa. Agora me vejo saindo com Thiago, estou me despedindo dele, estou triste e chorando por ter que deixar, e partir. Não sei pra que lado ele está indo, eu vou ficar mais um pouco. Eu preciso de mais algumas aulas.