DianneDe costas, dei um passo para trás, mas congelei no lugar quando escutei a porta do closet ranger atrás de mim, abrindo. Lentamente, virei o meu rosto para trás, olhando por cima do ombro. Como uma assombração, Paco estava parado bem ali, a dois passos de mim. Ele tinha um sorriso maléfico.Os meus olhos se encheram de lágrimas e mais medo se apossou de mim. Quando ele moveu o seu pé na minha direção, eu corri para fora, mas ele foi mais rápido e me agarrou pelos cabelos, puxando-me de volta para o quarto e jogando-me no chão. O meu quadril de chocou contra o piso, de lado. Senti bastante dor.Os passos pesados de Paco vieram até mim.— Nicholas! — berrei.Ele ajoelhou-se em volta das minhas pernas e tapou a minha boca, apertando o meu rosto com força. Por que ele estava parecendo ser maior do que realmente era?— Cale a boca! — falou entredentes.Estremeci de medo.— Vai ficar quieta e sair comigo pelas portas dos fundos, enquanto os seus cães de guardas estão na frente. Se não
AdanCaminhei de volta para a porta, mas, antes de entrar, olhei para eles novamente.— E me agradeçam por não acabar com o nome de vocês.Nicholas engoliu em seco.Entrei e Dianne não estava mais na sala.— Dianne.Fui para o quarto e encontrei a porta do banheiro encostada. Escutei o barulho do chuveiro. Tirei os sapatos e depois o blazer. Indo ao encontro dela, retirei a gravata e as meias. Empurrei a porta e entrei. Joguei as peças no chão, ao canto.Ela estava de costas para mim. A água fumegava. Abri a porta do boxe e Dianne se virou para mim. Os meus olhos desceram lentamente por seu corpo. No quadril, havia um hematoma. Ele tinha coloração vermelha. Era grande. Toquei-o com as pontas dos dedos, cuidadosamente.— Eu juro que essa foi a última vez que esse homem tocou em você!— Ele pode tentar de novo.Neguei com a cabeça.— Não. Porque antes que ele tente fazer qualquer coisa com você e o meu filho, já terei o matado.O ódio que sentia era enorme. O meu coração batia forte e os
AdanNa cozinha, tomava uma caneca de café enquanto me preparava para sair. Em frente da ilha, conferia as notícias do mundo. Tudo aquilo que aconteceu enquanto eu dormia.Delicados braços envolveram a minha cintura, abraçando-me. Um beijo foi deixado nas minhas costas, sobre a camisa branca. Macias mãos se espalmaram na minha barriga. Apanhei-as e levei de encontro aos meus lábios. No dorso, deixei um beijo.— Você tem mesmo que ir tão cedo?— Tenho, sim, amor.Virei-me para ela.— Desculpe.Cabelo desgrenhado, olhos marcados pelo sono e sorriso doce. Era essa a feição da mulher que eu amava. Linda. Sempre linda. Acariciei o seu rosto e selei os seus lábios. Dianne se afastou rapidamente, eu sorri daquilo. Ela não gostava de me beijar sem antes escovar os dentes, mesmo quando transávamos ao acordar. Mas eu sempre lhe roubava ao menos um.— Não escovei os dentes.— Eu não me importo.Dei-lhe outro beijo. Desta vez, ela não se afastou.— Não esqueça a carta.— Já está dentro do meu pale
DianneNo caminho, ela falou sem parar. Criticou a estrada escura, o motorista, falou mal da esposa do meu irmão mais velho e reclamou do seu novo médico.— Eu continuo dizendo que sinto dores, mas ele não muda a medicação. Eu quero algo mais forte.O carro parou diante do portão que foi aberto. Acima dos muros havia seguranças armados. Quando entramos, mais gente com armas em mãos. A minha mãe se aproximou da janela e olhou para fora com espanto.— Meu Deus... Por que tudo isso?— Para prevenir situações de risco, mãe.Do portão até o lago, eram tristes mil metros. Eu tive vontade de saltar do carro e ir andando. Eu amava a minha mãe, mas não suportava ouvi-la sempre reclamar de tudo.Quando estacionamos em frente à casa, desci e ajudei-a sair, estendendo-lhe a mão. Abri a porta e dei a ela passagem. Entrou e logo deu uma boa observada a sua volta com um olhar crítico. Retirei o paletó e fechei a porta.— Venha, mãe. Dianne deve estar na cozinha.O cheiro que sentia era maravilhoso. C
DianneChrissie me encarou com olhos marejados. Depois olhou para Adan, engolindo em seco.— Eu não esperava por isso. É uma grande surpresa, eu... — Secou os cantos dos olhos. — Mais um neto. Isso é...— Maravilhoso? — perguntou Adan.— É bom, claro. — Suspirou fundo. — Não imaginava que quisesse isso outra vez.— Não foi planejado. Foi uma baita surpresa, na verdade — falou ele. — Gerou muitas emoções em nós.— Estão felizes?— Claro! — garanti-lhe.Segurou a outra mão do filho e encarou-o por instantes.— Com licença.Deu três tapinhas no dorso da mão de Adan e se retirou indo em direção da sala.— Ela está bem. A minha mãe é só um pouco dramática.Sorriu um pouco tenso.— E você está bem?Assentiu.— Foi bom contar isso para alguém.— Talvez possamos logo contar ao mundo — disse ele.— Você acha?— Freddy sugeriu que façamos isso. Disse que é questão de pouco tempo até a informação vazar, e eu concordo com ele. É melhor que saibam por nós.— Como faremos isso?— E se déssemos uma e
DianneEntrei no banheiro e me despi. Parada diante do espelho, observei a minha barriga. Abaixo do umbigo um pequenino volume começava a formar, era quase imperceptível. E talvez fosse para outras pessoas, mas não para mim. Passei a mão no montinho e sorri. Era estranho ter alguém crescendo dentro de mim. Achava engraçado pensar nisso e sempre me escapava um risinho.Amarrei os cabelos no alto da cabeça em um nó e entrei no boxe. A água forte e quente caiu sobre mim, mas nem a pressão conseguia levar o peso da preocupação que redobrava sobre os meus ombros, a cada dia. Assim como Adan, eu tinha a sensação de que tudo era fácil de resolver, mas estava fora do alcance.A justiça estava demorando demais para ser feita. Tanto poder que não podia usar a seu favor quando preciso, era quase que inútil. Adan era honesto demais para dar ordens por baixo dos panos. Não esperava que ele fizesse isso. Se algo desse errado, o seu governo estaria arruinado.Queria ter força suficiente para detê-lo.
DianneLá fora, um homem rastelava as centenas de folhas caídas na grama.Peguei o meu celular sobre a mesa e decidi dar uma volta pela propriedade, ainda não havia feito isso. Caminhei por entre as árvores até o canteiro de rosas. Ainda estavam bonitas, era uma pena que logo tudo estaria coberto por neve.Andei em direção do lago e parei à beira da margem. Era imenso e escuro. Alguns quilômetros a frente ele continuava passando atrás das árvores no bosque.Subi no deque sobre a água e andei até a sua ponta. À direita, havia uma casa de barcos. Era pequena e baixinha.O meu celular tocou bolso da calça. Ao pegá-lo, vi o nome de Sarah se acender na tela.— Alô.— Oi, garota. Como você está? — Riu.— Estou bem. E você?— Bem. Mas com saudade. Quando cheguei para te substituir, você já estava afastada. Disseram que voltaria na segunda, mas não apareceu aqui. Já se cansou da Casa Branca? — perguntou humorada.— Não sei como te contar isso, Sarah. Mas eu não vou mais trabalhar na Casa Branc
DianneNa porta do restaurante, nos despedimos. Sarah disse que faríamos a entrevista o quanto antes. Ela se foi e eu entrei no carro. Antes mesmo que o motor fosse ligado, o meu celular tocou. Era um número que não conhecia. Atendi.— Senhorita Heller?— Sim, sou eu.— Aqui é o tenente Coube, do décimo batalhão do Corpo de Bombeiros.O meu coração bateu mais forte e um calafrio percorreu as minhas costas e ombros.— A notícia que tenho para dar, não é boa. Acabamos de apagar um incêndio na sua casa.— A minha casa?— Rua Park Old.— Oh, não. Não, não. Isso não pode estar acontecendo! — disse em desespero.— Eu sinto muito. Mais de setenta por cento da casa foi destruída pelo fogo. Com sorte conseguimos controlar antes que as chamas chegassem as casas dos vizinhos.— Estou indo para aí.Desliguei a chamada.— Rua Park Old — disse ao motorista.— A sua residência?— Sim.Ele colocou o carro em movimento.— Dirija o mais rápido que puder!No registro de últimas chamadas busquei pelo nome