DianneNa porta do restaurante, nos despedimos. Sarah disse que faríamos a entrevista o quanto antes. Ela se foi e eu entrei no carro. Antes mesmo que o motor fosse ligado, o meu celular tocou. Era um número que não conhecia. Atendi.— Senhorita Heller?— Sim, sou eu.— Aqui é o tenente Coube, do décimo batalhão do Corpo de Bombeiros.O meu coração bateu mais forte e um calafrio percorreu as minhas costas e ombros.— A notícia que tenho para dar, não é boa. Acabamos de apagar um incêndio na sua casa.— A minha casa?— Rua Park Old.— Oh, não. Não, não. Isso não pode estar acontecendo! — disse em desespero.— Eu sinto muito. Mais de setenta por cento da casa foi destruída pelo fogo. Com sorte conseguimos controlar antes que as chamas chegassem as casas dos vizinhos.— Estou indo para aí.Desliguei a chamada.— Rua Park Old — disse ao motorista.— A sua residência?— Sim.Ele colocou o carro em movimento.— Dirija o mais rápido que puder!No registro de últimas chamadas busquei pelo nome
DianneAlguns dias se passaram. Com eles, os enjoos matinais se fizeram presentes marcando todas as manhãs. Os primeiros trinta minutos do meu dia era ajoelhada em frente ao vaso sanitário.Eu não estava mais gostando do meu perfume ou do cheiro do café, e muito menos do sabor da pasta de amendoim que ficava na boca do Adan depois que ele comia pela manhã. Eu estava quase o proibindo de ingerir aquilo.Não sabia quantas vezes por hora, eu ia ao banheiro antes de engravidar, mas estava indo de quatro a cinco vezes. A fome em mim se fazia maior a cada dia. As calças jeans já começavam a ficar desconfortáveis. E isso me deixava um tanto irritada.Para a sorte de Adan, não dormíamos mais juntos todos os dias. Ele andava silencioso e estava trabalhando muito, como sempre. Eu sentia uma tremenda falta disso. Amava ter o seu corpo junto do meu todas as noites.Sentada na sala, observava a lua através das grandes janelas de vidro. Fora da cidade, o céu era mais escuro, permitindo a lua brilhar
DianneO carro estacionou em frente a clínica. A porta foi aberta para Adan. Ele desceu e estendeu-me a mão. Entramos e não havia ninguém na recepção além das duas moças atrás do balcão. Elas se levantaram rapidamente, com sorrisos nervosos.— Bom dia, senhor presidente — disse uma delas.— Bom dia, senhor. Bom dia, srta. Heller — falou a outra.— Olá — respondeu Adan.As duas o olhavam sem piscar. Os sorrisos não abandonavam os seus rostos. Isso me incomodou. Era assim que as mulheres o olhavam?— Estou aqui para uma consulta.— Claro. — Finalmente uma delas olhou para mim.Ela pegou uma ficha e a caneta, estendendo ambos para mim. A preenchi ali mesmo.— O senhor aceita algo? Um café ou água?— Não, agradeço. Você aceita algo, querida?— Aceitaria que fôssemos logo para o consultório do médico. — Olhei para as moças. — O Dr. Foster aguarda por mim.— Sim. Vou avisar que chegou.A menor delas saiu pelo corredor, desaparecendo da minha vista alguns metros à frente, mas não antes de olh
Dianne— Decidi que quero uma festa.— Você tem certeza?— Sim. Quero exibir a minha mulher para todos que conheço. Quero espalhar a novidade sobre o meu bebê.Sorri e beijei o seu peito nu.Amava como ele sempre ficava relaxado depois do sexo. Sem linhas de preocupação na testa, ou ombros tensos.— Não sou muito boa em fazer eventos, mas podemos contratar o melhor organizador que há nesse país.Ele riu.— Bom... você tem duas três semanas para isso.— Quanta pressão, querido presidente.Mordi o seu mamilo, não com muita força. Imediatamente a sua mão acertou a minha nádega mais próxima da sua palma. Levantei-me da cama e segui para o banheiro.— Onde pensa que vai?— Ainda é uma da tarde. O dia não acabou. E eu acredito que você deve ter muita coisa para fazer.Liguei o chuveiro. Adan logo apareceu na porta.— E você tem?— Preciso de calças maiores. As minhas estão apertadas. Alguns sutiãs também estão justos demais.— Vai às compras, então?— Sim.Ele entrou no boxe.— Não suma da v
DiannePam voltou com as calças e eu as provei. Ficaram ótimas. Ela disse que serviriam até o fim da gravidez. Escolhi quatro delas e me dirigi até o caixa de pagamento. Pam me acompanhou até a porta.— Foi um prazer atendê-la novamente. Volte sempre que precisar.— Agradeço.Sorri e dei um passo em direção da saída, mas parei por breves segundos, e então me virei para ela novamente.— Pam...— Não vou falar nada a ninguém — interrompeu-me, aproximando. — É a sua vida. Ninguém além de você e o pai desta criança tem algo a ver com a espera por ela — falou baixo.— Obrigada.— E se posso te dar uma dica, compre vestidos bem largos que são ajustados com fitas na cintura. Tem uma loja logo mais adiante, tenho certeza de que encontrará coisas ótimas por lá.Era tão bom que alguém estivesse sendo gentil comigo. Saí e caminhei até um pouco mais adiante. Parei diante de uma bela vitrine com vestidos de modelagem exatamente como Pam recomendou.No vidro polido, se refletia o movimento intenso d
Dianne— Que se foda!— Se acalme, Adan.— Eu quero esse cretino morto.— Não posso mandar que enfiem uma bala no crânio dele!— Então eu farei isso.— Vai perder a razão.— Eu quase a perdi!Eu não sabia se a conversa alta era real ou um sonho. Talvez, um pesadelo. Os meus olhos estavam cansados demais para abrir. Eu tentei, mas não consegui. Virei a cabeça para o outro, ainda me questionando se a conversa era real.— Se vai matar alguém, não me deixe ficar sabendo disso.Então, o silêncio se fez presente outra vez e eu voltei a dormir. Ou, talvez, apenas parei de sonhar com aquilo.Não sei por quanto tempo dormi. Acordei com a claridade do sol tocando o meu rosto. Ao abrir os olhos, vi Adan parado diante da janela. Uma mão apoiada na parede e a outra na cintura.— Adan.Ele se virou para mim e sorriu. Mas seu sorriso não alcançou os olhos. Aproximou e sentou-se à beirada da cama. De repente, memórias do dia anterior invadiram a minha cabeça causando dor.— Como se sente?— A minha ca
DianneLúcia voltou com uma bandeja cheia de comida. Consegui comer quase tudo. Quando terminei, coloquei a bandeja sobre a mesa de centro e recostei novamente no sofá.No celular havia oito chamadas perdidas do tio Thommy, seis do Theo e mais algumas da Karen e da Thelma. Liguei para o tio Thommy e fiquei exatos trinta e sete minutos afirmando estar bem. Para Thelma mandei uma mensagem, ela devia estar no trabalho.Encarei o nome de Theo na lista de chamadas perdidas. Fiquei um pouco receosa de ligar para ele. Ainda não havíamos nos falado ou visto desde o nosso pequeno entendimento. Ele disse precisar de tempo, então estava aguardando o seu momento.Respirando fundo, toquei no seu nome. Levei o celular à orelha e escutei atentamente os toques da chamada. Um. Dois. Três.— Dianne?! — Quatro.A sua voz demonstrou pura preocupação.— Oi, Theo.— Graças a Deus! Não sabe o quanto fiquei apavorado quando soube do que aconteceu. Eu vi no noticiário, foi um grande susto.— Desculpe.— Não pe
DianneSeguimos para a cozinha e nos sentamos. Comemos enquanto ela falava sem parar sobre possíveis nomes e os seus significados. Theo passou boa parte da tarde conosco. Foi ótimo tê-lo por perto de novo. Depois que ele se foi, sentei-me com Beatrice na varanda de frente para o lago.— Me diga... Como está se sentindo?— Bem.Sorri para ela.— Não precisa esconder a verdade de mim.— Estou bem. Só... cansada.— Os seus sorrisos não alcançam mais os olhos.— Eu me sinto oprimida. O tempo todo. Eu não uso mais redes sociais, porque eles falam de mim como se eu fosse um corpo vazio. Um objeto destrutivo. Não sou vazia ou uma bomba relógio. Tenho personalidade. Tenho história por trás de tanta dor e pequenas cicatrizes. Não sei como eu deveria me sentir sendo alvo de pessoas que me querem para o mal. Eu deveria só não me importar? Tem um comportamento certo para isso? Eu valho demais ou de menos, entende? Tenho um bom valor em dinheiro, afinal tentaram me sequestrar. Mas é só isso? Eu nã