AdanNa cozinha, tomava uma caneca de café enquanto me preparava para sair. Em frente da ilha, conferia as notícias do mundo. Tudo aquilo que aconteceu enquanto eu dormia.Delicados braços envolveram a minha cintura, abraçando-me. Um beijo foi deixado nas minhas costas, sobre a camisa branca. Macias mãos se espalmaram na minha barriga. Apanhei-as e levei de encontro aos meus lábios. No dorso, deixei um beijo.— Você tem mesmo que ir tão cedo?— Tenho, sim, amor.Virei-me para ela.— Desculpe.Cabelo desgrenhado, olhos marcados pelo sono e sorriso doce. Era essa a feição da mulher que eu amava. Linda. Sempre linda. Acariciei o seu rosto e selei os seus lábios. Dianne se afastou rapidamente, eu sorri daquilo. Ela não gostava de me beijar sem antes escovar os dentes, mesmo quando transávamos ao acordar. Mas eu sempre lhe roubava ao menos um.— Não escovei os dentes.— Eu não me importo.Dei-lhe outro beijo. Desta vez, ela não se afastou.— Não esqueça a carta.— Já está dentro do meu pale
DianneNo caminho, ela falou sem parar. Criticou a estrada escura, o motorista, falou mal da esposa do meu irmão mais velho e reclamou do seu novo médico.— Eu continuo dizendo que sinto dores, mas ele não muda a medicação. Eu quero algo mais forte.O carro parou diante do portão que foi aberto. Acima dos muros havia seguranças armados. Quando entramos, mais gente com armas em mãos. A minha mãe se aproximou da janela e olhou para fora com espanto.— Meu Deus... Por que tudo isso?— Para prevenir situações de risco, mãe.Do portão até o lago, eram tristes mil metros. Eu tive vontade de saltar do carro e ir andando. Eu amava a minha mãe, mas não suportava ouvi-la sempre reclamar de tudo.Quando estacionamos em frente à casa, desci e ajudei-a sair, estendendo-lhe a mão. Abri a porta e dei a ela passagem. Entrou e logo deu uma boa observada a sua volta com um olhar crítico. Retirei o paletó e fechei a porta.— Venha, mãe. Dianne deve estar na cozinha.O cheiro que sentia era maravilhoso. C
DianneChrissie me encarou com olhos marejados. Depois olhou para Adan, engolindo em seco.— Eu não esperava por isso. É uma grande surpresa, eu... — Secou os cantos dos olhos. — Mais um neto. Isso é...— Maravilhoso? — perguntou Adan.— É bom, claro. — Suspirou fundo. — Não imaginava que quisesse isso outra vez.— Não foi planejado. Foi uma baita surpresa, na verdade — falou ele. — Gerou muitas emoções em nós.— Estão felizes?— Claro! — garanti-lhe.Segurou a outra mão do filho e encarou-o por instantes.— Com licença.Deu três tapinhas no dorso da mão de Adan e se retirou indo em direção da sala.— Ela está bem. A minha mãe é só um pouco dramática.Sorriu um pouco tenso.— E você está bem?Assentiu.— Foi bom contar isso para alguém.— Talvez possamos logo contar ao mundo — disse ele.— Você acha?— Freddy sugeriu que façamos isso. Disse que é questão de pouco tempo até a informação vazar, e eu concordo com ele. É melhor que saibam por nós.— Como faremos isso?— E se déssemos uma e
DianneEntrei no banheiro e me despi. Parada diante do espelho, observei a minha barriga. Abaixo do umbigo um pequenino volume começava a formar, era quase imperceptível. E talvez fosse para outras pessoas, mas não para mim. Passei a mão no montinho e sorri. Era estranho ter alguém crescendo dentro de mim. Achava engraçado pensar nisso e sempre me escapava um risinho.Amarrei os cabelos no alto da cabeça em um nó e entrei no boxe. A água forte e quente caiu sobre mim, mas nem a pressão conseguia levar o peso da preocupação que redobrava sobre os meus ombros, a cada dia. Assim como Adan, eu tinha a sensação de que tudo era fácil de resolver, mas estava fora do alcance.A justiça estava demorando demais para ser feita. Tanto poder que não podia usar a seu favor quando preciso, era quase que inútil. Adan era honesto demais para dar ordens por baixo dos panos. Não esperava que ele fizesse isso. Se algo desse errado, o seu governo estaria arruinado.Queria ter força suficiente para detê-lo.
DianneLá fora, um homem rastelava as centenas de folhas caídas na grama.Peguei o meu celular sobre a mesa e decidi dar uma volta pela propriedade, ainda não havia feito isso. Caminhei por entre as árvores até o canteiro de rosas. Ainda estavam bonitas, era uma pena que logo tudo estaria coberto por neve.Andei em direção do lago e parei à beira da margem. Era imenso e escuro. Alguns quilômetros a frente ele continuava passando atrás das árvores no bosque.Subi no deque sobre a água e andei até a sua ponta. À direita, havia uma casa de barcos. Era pequena e baixinha.O meu celular tocou bolso da calça. Ao pegá-lo, vi o nome de Sarah se acender na tela.— Alô.— Oi, garota. Como você está? — Riu.— Estou bem. E você?— Bem. Mas com saudade. Quando cheguei para te substituir, você já estava afastada. Disseram que voltaria na segunda, mas não apareceu aqui. Já se cansou da Casa Branca? — perguntou humorada.— Não sei como te contar isso, Sarah. Mas eu não vou mais trabalhar na Casa Branc
DianneNa porta do restaurante, nos despedimos. Sarah disse que faríamos a entrevista o quanto antes. Ela se foi e eu entrei no carro. Antes mesmo que o motor fosse ligado, o meu celular tocou. Era um número que não conhecia. Atendi.— Senhorita Heller?— Sim, sou eu.— Aqui é o tenente Coube, do décimo batalhão do Corpo de Bombeiros.O meu coração bateu mais forte e um calafrio percorreu as minhas costas e ombros.— A notícia que tenho para dar, não é boa. Acabamos de apagar um incêndio na sua casa.— A minha casa?— Rua Park Old.— Oh, não. Não, não. Isso não pode estar acontecendo! — disse em desespero.— Eu sinto muito. Mais de setenta por cento da casa foi destruída pelo fogo. Com sorte conseguimos controlar antes que as chamas chegassem as casas dos vizinhos.— Estou indo para aí.Desliguei a chamada.— Rua Park Old — disse ao motorista.— A sua residência?— Sim.Ele colocou o carro em movimento.— Dirija o mais rápido que puder!No registro de últimas chamadas busquei pelo nome
DianneAlguns dias se passaram. Com eles, os enjoos matinais se fizeram presentes marcando todas as manhãs. Os primeiros trinta minutos do meu dia era ajoelhada em frente ao vaso sanitário.Eu não estava mais gostando do meu perfume ou do cheiro do café, e muito menos do sabor da pasta de amendoim que ficava na boca do Adan depois que ele comia pela manhã. Eu estava quase o proibindo de ingerir aquilo.Não sabia quantas vezes por hora, eu ia ao banheiro antes de engravidar, mas estava indo de quatro a cinco vezes. A fome em mim se fazia maior a cada dia. As calças jeans já começavam a ficar desconfortáveis. E isso me deixava um tanto irritada.Para a sorte de Adan, não dormíamos mais juntos todos os dias. Ele andava silencioso e estava trabalhando muito, como sempre. Eu sentia uma tremenda falta disso. Amava ter o seu corpo junto do meu todas as noites.Sentada na sala, observava a lua através das grandes janelas de vidro. Fora da cidade, o céu era mais escuro, permitindo a lua brilhar
DianneO carro estacionou em frente a clínica. A porta foi aberta para Adan. Ele desceu e estendeu-me a mão. Entramos e não havia ninguém na recepção além das duas moças atrás do balcão. Elas se levantaram rapidamente, com sorrisos nervosos.— Bom dia, senhor presidente — disse uma delas.— Bom dia, senhor. Bom dia, srta. Heller — falou a outra.— Olá — respondeu Adan.As duas o olhavam sem piscar. Os sorrisos não abandonavam os seus rostos. Isso me incomodou. Era assim que as mulheres o olhavam?— Estou aqui para uma consulta.— Claro. — Finalmente uma delas olhou para mim.Ela pegou uma ficha e a caneta, estendendo ambos para mim. A preenchi ali mesmo.— O senhor aceita algo? Um café ou água?— Não, agradeço. Você aceita algo, querida?— Aceitaria que fôssemos logo para o consultório do médico. — Olhei para as moças. — O Dr. Foster aguarda por mim.— Sim. Vou avisar que chegou.A menor delas saiu pelo corredor, desaparecendo da minha vista alguns metros à frente, mas não antes de olh