3: Não sou mais uma garotinha

Tudo bem que a sua proposta foi um tanto estranha, mas precisava ao menos tentar.

— Pode parecer maluquice, mas nós dois precisamos deste lugar — ela continua. — Passo praticamente o dia inteiro fora de casa, você nem perceberá que estou aqui.

Richard pega um prato com waffles que acabou de preparar e serve à mesa, em seguida se senta. Ele a observa comer, após isso, diz.

— Não estou preocupado com isso, mas você nem me conhece e mesmo assim quer morar na mesma casa que eu. Não passa por sua cabeça que posso ser algum maníaco?

— Na verdade, passa sim — responde rapidamente. — Eu não gostei do jeito que me olhou quando eu estava no banho, mas vou relevar por ter deixado a porta aberta, entretanto, se eu fosse você, ficaria bem longe de mim. Não sei se você sabe, mas o meu pai é delegado da polícia federal e minha mãe é advogada.

Richard não deixa de rir com o comentário que acaba de escutar. A atitude dele faz com que as bochechas de Alice fiquem vermelhas.

— O que foi, por acaso disse algo engraçado? — pergunta ofendida.

— Acha mesmo que, se eu quisesse fazer alguma coisa com você, seus pais poderiam me impedir? Você mesma disse que eles estão em outro estado, enquanto isso, você está aqui dentro deste apartamento comigo, como uma ovelhinha indefesa. O que faria se eu fosse para cima de você agora mesmo? — Desta vez, o tom de voz de Richard sai ameaçador e os seus olhos azuis acabam ficando negros como a noite. Alice estremece toda, sentindo-se na defensiva.

— Você não faria isso, faria? — ela pergunta com voz trêmula.

Richard termina de desabotoar a camisa e deixa seu peito à mostra, se levanta da cadeira onde está sentado e se aproxima de Alice, que já está com o coração acelerado. A aura hipnotizante dele é tão forte que ela não consegue mover nem um músculo sequer de seu corpo. Ele encosta a boca na orelha dela. Aquela atitude fez a respiração da moça ficar ofegante.

— Só se você querer — ele sussurra em seu ouvido.

Aquela frase foi o suficiente para que o coração de Alice quase saísse pela boca. Ela toma coragem e vira o rosto, olhando nos olhos de Richard, que continua próximo. Seus olhos se encontram. A sensação é estranha e completamente nova, porque apesar de saber que poderia estar em perigo, ela não queria se afastar.

— Eu… eu — Alice gagueja.

Então, Richard sai de perto dela e começa a gargalhar. Alice percebe que ele estava brincando com ela.

— Seu filho da mãe — sussurra, se ajeitando na cadeira.

— Vai conseguir resistir às minhas provocações enquanto ficar nesta casa? — ele provoca, sentando-se novamente.

— Acha mesmo que eu me prestaria a cair numa provocação barata dessas? — Alice responde, ainda nervosa com o que aconteceu.

— Se for assim, pode ficar, eu também fico praticamente o dia todo fora de casa, então creio que isso não será um problema.

Richard se levanta, coloca a xícara que sujou na lava-louças e sai dali, mas antes, olha para trás e faz um questionamento que está em sua cabeça.

— Você tem quantos anos? — Ele pergunta.

— Tenho vinte e um — ela responde. — Por que quer saber? — Pergunta curiosa.

— É que você tem cara de ser bem novinha e eu não quero violar nenhuma lei — ao responder, ele lança uma piscadela de olho bem descarada para Alice e sai dali.

Após perceber estar sozinha na cozinha, Alice respira fundo e pensa no que acabou de acontecer. Ela até tenta comer alguma coisa, mas sente que ficou ansiosa demais para conseguir engolir alguma coisa.

Voltando para o seu quarto, tranca a porta por precaução, com medo de Richard querer aparecer ali para fazer alguma gracinha. A ideia de que iria ficar naquele apartamento com aquele homem a deixa um pouco empolgada, mas decide ligar para o pai, para saber mais sobre Richard.

— Querida, que milagre receber uma ligação sua uma hora dessas. — Seu pai, George Taylor, diz do outro lado da linha.

— Sei que não costumo ligar muito, ainda mais tarde da noite, mas eu só quero saber como estão as coisas — Alice diz como se não quisesse nada.

— Por aqui, estamos todos bem. E você e o Endrick, como estão?

— É sobre isso que quero falar com o senhor — diz ela, já sabendo que receberia uma enxurrada de questionamentos. — Terminei com o Endrick.

— O quê? — A voz de George se altera.

— Isso mesmo que o senhor ouviu, foi bom enquanto durou, mas creio que prolongar o nosso relacionamento seria apenas uma perda de tempo.

— Mas por qual motivo? — George ainda não acredita na revelação da filha. — Vocês estão juntos há tantos anos, achei que iriam se casar e ter filhos.

— Não há um motivo específico, pai, eu apenas não sinto mais nada por ele, e por conta disso, decidi que não quero mais.

— Então, você vai sair de casa? — George questiona.

— Na verdade, eu já saí — revela.

— E onde está agora? No aeroporto? Quer que eu vá te buscar?

— Não, eu não estou indo para lugar nenhum, na verdade, eu estou no nosso apartamento.

— Como assim? Filha, eu aluguei o apartamento.

— Não precisa me contar, eu já descobri isso. — Alice anuncia, deixando o pai confuso. — Conheci o seu novo inquilino e ele me deixou ficar aqui — revela.

— Você deve estar brincando comigo — George sorri nervoso.

— Conheci o senhor Carter e ele foi muito gentil comigo — mente. — Como o apartamento é bem grande, ele deixou que eu ficasse em meu antigo quarto.

— Alice, por acaso você está louca? — A voz de seu pai fica estridente e ela tem que afastar o celular do ouvido. — Você nem conhece esse homem e quer morar com ele? Por acaso, o seu juízo se findou com o seu relacionamento? — Pergunta George. — Nem sei quem é esse senhor que está morando na nossa casa.

— Fica tranquilo, pai, ele sabe que o senhor é delegado, jamais mexeria comigo.

— Ficar tranquilo? — grita. — Arrume agora mesmo as suas coisas e pegue o primeiro avião que conseguir.

— Eu não irei, já disse! Não precisa se preocupar, eu não sou uma garotinha indefesa — responde decidida.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo