4: O apressadinho

A conversa de Alice com o pai rende, por contar com a interferência de Silvia, sua mãe, que faz muitos protestos. No final, Alice consegue acalmar os ânimos dos dois e faz com que respeitem a sua escolha.

— Espero que saiba o que está fazendo. — Insiste George.

— Já disse para não se preocuparem comigo, além disso, o inquilino vai sair daqui a alguns meses, não é mesmo? Até lá, farei de tudo para não atrapalhar a vida dele por aqui.

— Espero que faça isso mesmo, já que ele pagou todo o valor adiantado e eu já gastei tudo com a reforma da nossa casa — George revela.

— Fiquem tranquilos, vai ficar tudo bem.

Após desligar o telefone, Alice senta-se na varanda de seu quarto e observa a cidade à noite. É noite de verão e está quente, por isso, volta a colocar o baby-doll que havia tirado mais cedo.

Embora tenha terminado um relacionamento de longos anos, seus pensamentos estão voltados para o homem que deve estar dormindo no quarto ao lado. Lembrar de Richard sussurrando em seu ouvido e lhe provocando, desperta algo novo nela, coisa que jamais havia experimentado na vida.

De repente, começou a imaginar como seria a sua rotina na casa com aquele homem atraente, que até o momento, a única coisa que sabia era o nome.

“Se controla, Alice, está parecendo uma adolescente”

Embora tente se controlar, cada vez que fecha os olhos, vê Richard vindo em sua direção, com alguns botões da camisa branca desabotoados, revelando seu peitoral totalmente musculoso.

Um suor escorre por seu corpo e começa a abanar o rosto com as mãos.

— Noite quente, não acha?

A voz de Richard a assusta. Ele aparece na sacada do quarto ao lado, que, mesmo separado por uma pequena parede, dá acesso ao quarto de Alice.

— Sim, muito quente.

Embora os dois falem do clima, há uma segunda intenção na fala de cada um.

— Coloquei a banheira para encher — ele diz. — se quiser, pode usá-la.

“Isso foi um convite?” — pensa ela, sem deixar de ficar animada com a ideia.

— Obrigada pela gentileza, pensarei nisso no futuro.

Houve um curto período de silêncio entre os dois, antes de Richard fazer a próxima pergunta.

— Quem terminou?

— Do que está falando? — pergunta Alice, fingindo não entender o assunto do qual ele está falando.

— O namoro. Por acaso foi ele?

— Não, fui eu — responde, e recebe o silêncio como resposta.

Richard parece pensar no que dizer, enquanto olha para as luzes dos outros prédios.

— Você parece triste com isso.

O fato dele a achar triste a faz se culpar mais ainda. Era para ela estar se sentindo triste por terminar um relacionamento de longas datas, e imaginar como seria a sua rotina dali para a frente, mas não! Não sentia nenhuma tristeza, na verdade, pensava em Richard e no modo como a provocou na cozinha.

— Pareço? — Pergunta, querendo saber mais.

— Sim, por acaso não está?

— Eu devia, não é mesmo? — pergunta. — Mas eu não estou — confessa.

— Então, no que está pensando?

A pergunta dele a pegou de surpresa. Pelo pouco tempo que interagiu com ele, sente que Richard é direto, só não sabia o quanto.

— Em nada específico.

— Por acaso está pensando em mim? — Pergunta com naturalidade.

Mas aquela pergunta a faz engasgar e começar uma tosse incontrolável.

Para Richard, Alice não precisa responder nada, está na cara que ele sabe a resposta. Isso não o deixa esconder um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

— Quer um pouco de água, posso ir até aí levar para você — ele oferece, preocupado com sua tosse e, ao mesmo tempo, com segunda intenções.

— Não precisa — Alice responde com os olhos cheios de lágrimas por quase engasgar com aquela pergunta.

— Então está tudo bem?

— Está, sim, não precisa se preocupar — reponde sem graça, tentando se recompor.

— Tenho a leve impressão de que você ficou abalada por te pegar no flagra — ele continua.

— Você está viajando, eu não estava pensando em você.

Alice agradece por estar um pouco escuro onde estava, assim, não poderia revelar a sua cara de mentirosa.

— Que pena, porque eu estava pensando em você — ele revela. — Na verdade, vim aqui para fora para tentar parar de pensar em como a vi pela primeira vez, mas daí, chego aqui e te encontro assim — ele olha para a minúscula peça de roupa que ela veste. — Por acaso, está querendo que eu não durma esta noite pensando em você, senhorita Taylor?

Nunca em sua vida, Alice havia conhecido um homem tão direto e seguro em suas palavras. Richard não se importava com o que ela responderia, apenas falava sem parecer nem um pouco constrangido. Ele queria deixar seus pensamentos expostos.

Enquanto isso, Alice, ao invés de se sentir ofendida com as insinuações do homem, sente que ele está terrivelmente atrativo com aquelas atitudes.

— Você parece um homem bem experiente com mulheres — comenta, já que parece ter ganhado abertura para falar sobre aquilo.

— Só com as que me interesso.

— Não acha que é muito direto?

— Gosto de deixar as minhas intenções claras desde o início.

— Quantos anos você tem, Richard? — pergunta curiosa.

— Vinte e oito.

— Uau — responde, ao lembrar ser a idade que deduziu para ele.

— Por acaso, já se relacionou com alguém da minha idade?

— Não, claro que não — responde depressa. — Eu só tive um namorado na vida e ele tem a mesma idade que a minha.

— Que interessante — comenta. — Nunca teve interesse em se relacionar com alguém mais velho?

— Eu não ligo para essas coisas de idade — responde. — Só me importo com os sentimentos.

Richard olha para dentro do quarto e se lembra de ter deixado a banheira enchendo.

— Escuta, a banheira está enchendo, caso tenha interesse, eu posso deixá-la usá-la.

— Não, obrigada — responde depressa, sentindo que ele estava sendo muito apressadinho.

— Tudo bem, de qualquer modo, caso mude de ideia, irei deixar a porta do meu quarto destrancada.

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