5: Mal-entendido

Após Richard sair dali, Alice ficou paralisada, pensando na conversa que acabou de ter.

Embora tente pensar em outras coisas, sua imaginação está no homem do quarto ao lado e na possibilidade dele estar lhe esperando.

Mais uma vez, o calor consume o seu corpo e começa a suar frio. Embora tenha pegado o celular para tentar se distrair, volta e meia volta a imaginar Richard na banheira.

— Acho que, de tanto falarem, eu devo estar realmente maluca. — Entra no quarto e liga o ar condicionado.

Ao se deitar na cama, fecha os olhos e tenta dormir. Mesmo com o ar ligado, sente que seu corpo continua quente.

Como não consegue dormir, senta-se na cama e começa a pensar nas possibilidades. Ela pode entrar no quarto de Richard, já que ele mesmo a havia convidado. Mas o que faria depois? Mesmo que soubesse que ele ficaria na cidade por pouco tempo, sua consciência a julgava por querer estar lá dentro.

“Você está solteira” — Uma voz sussurra em seu ouvido, lhe motivando a fazer o que planeja.

“Mas acabou de terminar um relacionamento de anos” — outra voz lhe adverte.

Parece que dois seres angelicais sussurram em seu ouvido, para escolher o que era certo ou errado.

“Ele te espera, Alice” — continua a ouvir a voz.

“Vai se entregar tão fácil assim? Você nem o conhece.”

Lutando contra os seus pensamentos, ela decide se levantar da cama e ir até a cozinha beber um copo de água. Ao voltar para o quarto, acaba passando de frente ao quarto principal, onde Richard devia estar dormindo.

Pela fresta que fica abaixo da porta, ela nota que a luz do quarto está apagada.

“Será que ele já dormiu?”

Dominada por aquele pensamento, decide abrir um pouquinho da porta do quarto dele, só para espionar o que está acontecendo ali. Ao olhar para a cama de casal, percebe que ela está vazia. Olha também para a porta do banheiro e vê que a luz está apagada.

Onde Richard está? Curiosa com aquela questão, abre mais a porta do quarto, mas se surpreende com braços largos lhe envolvendo.

— Achei que você não viria mais — disse ele, beijando a sua boca.

Aquele beijo desperta todos os sentidos adormecidos em Alice, e mesmo sentindo que aquilo não estava certo, se deixou levar por aquelas emoções.

Beijando-a com mais afinco, percebe que ela não resiste àquilo. Rapidamente, a pega no colo e a leva para a cama.

Era um sentimento novo, estranho e, ao mesmo tempo, avassalador. Os dois estavam em perfeita sincronia e nenhum queria parar com aquilo, durante toda a madrugada.

[…]

Pela manhã, o barulho da campainha acorda Alice, que ao abrir os olhos, se dá conta de estar deitada nua na cama de Richard.

— Não acredito — sussurra, vendo-o deitado ao seu lado, em sono profundo.

O barulho da campainha continua, então, para não acordar Richard e ter que encará-lo logo de manhã, ela sai do quarto enrolada a um lençol e anda até a porta do seu apartamento. Ao olhar pelo olho mágico, quase tem um mini infarto ao ver, do outro lado da porta, Dora, sua ex-sogra e mãe de Endrick.

A mulher continua tocando insistentemente a campainha, demonstrando que não sairá dali tão cedo. Com medo de acordar Richard, Alice abre a porta e dá de cara com a ex-sogra que a analisa dos pés à cabeça.

— Achei que precisaria arrombar a porta — a mulher diz, com a voz alterada.

— Dora, bom dia, por acaso aconteceu alguma coisa?

Antes mesmo de terminar a pergunta, Alice sente o seu rosto queimar, ao sentir Dora desferir um tapa em seu rosto.

— Como ousa terminar com o meu filho, no momento em que ele mais precisará de você? — A senhora de meia-idade a questiona, sem se importar com o tapa que desferiu.

— O que significa isso? — Alice pergunta, sem acreditar no que acabou de acontecer.

— Vocês viveram por tantos anos juntos e justo agora que o Endrick passará por uma situação difícil, você resolve o abandonar. Como eu te julguei errado todo esse tempo, Alice? Achei que você era uma boa moça, mas depois do que fez ontem, eu só tenho nojo de você.

— Será que dá para a senhora se acalmar? Sei que, pelo fato de namorarmos por um longo período, o nosso término possa deixá-la abalada, mas isso não justifica a senhora agir assim comigo.

— Continuo sendo gentil com você — diz ela. Enquanto fala, Dora olha para Alice enrolada no lençol e acaba vendo marcas roxas em seu pescoço. — Você está traindo o meu filho, não é mesmo? — questiona.

— Claro que não, isso não passa de um mal-entendido.

— Que mal-entendido, o quê? — a voz da mulher ecoa pelo apartamento. — Enquanto o Endrick descobre que tem pouco tempo de vida, a pessoa que ele mais ama neste mundo se diverte com outro homem.

— O que a senhora disse? — questiona Alice, sem entender o que acabou de ouvir.

— O meu filho está condenado a morte e por sua causa, os dias dele vão ficar mais tristes! Você não tem coração, Alice, além de abandonar o Endrick, passou a noite se divertindo com outro homem, como se os sentimentos do meu filho não significassem nada para você.

— O que está acontecendo aqui?

Antes que Alice responda algo, Richard aparece na sala, apenas de cueca, ao ser acordado por conta do barulho de vozes alteradas na sala.

Alice leva a mão à cabeça, sabendo que aquele é o pior momento para ele aparecer ali.

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