2: A proposta

Alice se desespera com a presença daquele estranho no apartamento.

— Para de gritar! — O homem pede, preocupado, que os vizinhos ouçam.

— Para de olhar para o meu corpo e sai daqui, seu tarado!

— Eu que devo te mandar sair daqui — ele responde, virando as costas, sentindo-se constrangido. — Como conseguiu entrar no meu apartamento?

— O quê? — Ela corre para pegar uma toalha e cobrir o corpo, mas acaba cortando o pé em um caco de vidro. — Ai! — geme, sentindo a dor aguda.

— Você está bem? — Ele pergunta, tentando se virar novamente, mas é repreendido por ela.

— Não olha para cá, está me ouvindo? Este apartamento é meu! — Responde Alice, com a voz firme.

— Está louca? — Ele a questiona, confuso. — Moro aqui há mais de três meses e nunca te vi por aqui.

— Três meses? Mas este é o apartamento dos meus pais — diz ela, cobrindo o corpo e tentando estancar o sangue do pé com um pedaço de papel higiênico. — Por acaso, você o invadiu?

— Aluguei esta casa do senhor George Taylor — o homem revela, tentando manter a calma.

— George Taylor é o meu pai — confessa, surpresa.

Os dois percebem que tudo não passa de um mal-entendido. Alice pede que ele a espere na sala enquanto veste uma roupa para conversarem. Rapidamente, ela vai até o quarto e escolhe um baby-doll que havia separado para usar após o banho. Ao voltar para a sala, encontra novamente o estranho que está morando ali.

— Meu pai não me comunicou que havia alugado o apartamento — diz ela, sentando-se no sofá vazio.

Mesmo tentando ser discreto, o homem não consegue evitar olhar para a roupa que Alice usa.

— Então há um mal-entendido aqui que precisa ser resolvido — diz ele, desviando os olhos do corpo de Alice e fixando-os nos olhos dela. — Sou Richard Carter — estende a mão para cumprimentá-la.

Richard Carter aparenta ter no máximo 28 anos, é alto e de pele clara. Seu cabelo é preto e um pouco comprido, e sua barba parece estar por fazer.

— Sou Alice Taylor — mesmo desconfiada, ela não rejeita a mão do homem e o cumprimenta.

— Seu pai me alugou este apartamento por alguns meses — Richard explica.

— Eu não estava ciente disso — responde. — Por isso vim para cá.

— Por acaso está de passagem?

— Não, eu vim para ficar — responde determinada.

— Que tal discutirmos isso tomando um café? — sugere Richard. — Estava dormindo e acordei com seus gritos histéricos — confessa.

— Não estava gritando, estava cantando — responde, ofendida.

— Não foi o que pareceu, já que minha cabeça começou a doer instantaneamente — comenta irônico.

— Não vamos falar sobre isso, tudo bem? — pede, envergonhada.

— Então vamos tomar um café? — Richard se levanta e mais uma vez olha para as pernas de Alice, que estão descobertas.

— Vou trocar de roupa primeiro — declara, incomodada com o olhar de Richard.

— Tem certeza? Essa roupa está ótima em você — ele comenta com um leve sorriso malicioso.

A sinceridade do homem a pega de surpresa, mas Alice decide ignorar aquela conversa, já que nem sabe das procedências de Richard.

— Prefiro que preste atenção no meu rosto — responde, fazendo com que Richard a encare e perceba seu desconforto.

Deixando o homem ali, Alice vai em direção ao quarto mais uma vez e procura por uma roupa mais composta, o que acaba lhe custando tempo. Após achar um vestido longo e sem decote, o veste. Não quer que seu corpo fique exposto aos olhares daquele homem que parece um pervertido.

Já na cozinha, encontra Richard na frente do fogão, preparando algo para comer. Pelo cheiro, parece algo delicioso. Richard está com a camisa social desabotoada e mesmo que não quisesse, ela observa aquela cena por mais tempo do que deve, notando o quanto aquele homem é incrivelmente lindo.

— Aí está você — diz ele, servindo-lhe uma xícara de café. — Pelo tempo que demorou, estava achando que a sua presença foi obra da minha imaginação.

— Eu também queria que a sua presença fosse apenas uma miragem — Alice responde, aceitando a xícara.

— Você parece agradável, por isso vou deixar que passe a noite aqui e vá embora amanhã — Richard comunica.

— O que está dizendo? Eu que devo te pedir para sair daqui, já que esse é o apartamento dos meus pais — responde, ofendida.

— Mas assinei um contrato com eles e, por isso, ele é meu — Richard replica, firme.

— Vou conversar com eles e pedir que rescindam o contrato.

— Eu não irei aceitar — ele responde com voz resoluta.

— Eu também não sairei daqui — Alice diz com voz teimosa. — Ainda mais porque não tenho para onde ir — confessa, abaixando o tom de voz.

— Volte de onde veio — Richard insinua.

— Eu não posso voltar — declara. — Estava morando com o meu namorado e nós terminamos.

— Que peninha — ele zomba, fingindo tristeza.

— Não quero que tenha pena de mim, quero que saia daqui — diz nervosa ao perceber como o homem se diverte.

— Não irei sair daqui. Meu trabalho é aqui perto, não acharia outro lugar como este em tão pouco tempo, além disso, já paguei todo o aluguel adiantado.

— Você tem um ponto — sussurra, sentindo-se um pouco encurralada. Naquele momento, Alice sente-se precipitada por sair da casa do namorado antes de comunicar aos pais.

— Vá para a casa dos seus pais — Richard sugere.

— Não posso fazer isso, tenho meu trabalho e meus pais moram em outro estado. Além disso, sabe o que é ter uma vida independente e, logo em seguida, ter de voltar a morar com os pais?

— Você também tem um ponto — Richard responde com bom humor. — Mas não posso fazer nada por você.

Alice estava preocupada com o que faria da vida, pois alugar um apartamento estava fora de questão, já que havia financiado seu carro e não tinha muito dinheiro sobrando. De repente, uma ideia veio à mente. Sabia que o que estava pensando era um completo absurdo e que poderia se arrepender bastante do que iria dizer, mas naquele momento, aquela parecia ser a sua única opção.

— Você mora aqui sozinho? — pergunta, com certa curiosidade.

— Sim, por quê? — Richard responde, olhando-a de soslaio.

— Este apartamento é bem grande para uma pessoa morar sozinha, não acha?

— Onde está querendo chegar? — pergunta desconfiado.

— E se, por acaso, eu morasse aqui com você, o que acha? — Mesmo que sorrisse como se estivesse falando algo natural, por dentro ela mesma se julgava por fazer uma proposta tão absurda para um estranho que nunca havia visto em sua vida.

— Por acaso, está louca? Você me chamou de tarado há alguns minutos e agora quer morar comigo? — questiona, com o olhar surpreso.

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