3-ROMPENDO LIMITES

ALANA

Dormir até tarde, coisa boa de mais, quem diria que algo assim seria tão gratificante.

Nunca fui de dormir até tarde, mas agora a minha rotina mudou muito, acordo durante a semana as cinco da manhã, para não me atrasar no emprego, vou até lá na minha linda bicicleta rosa/ferrugem.

Foi o que escolhi, não posso reclamar.

Deitada aqui no meu quarto, escutando apenas o barulho do ventilador velho, começo lembrar como cheguei até ali.

No dia que resolvi fugir da casa dos meus avôs peguei apenas, meus documentos, certificados de estudo, as joias que eram da minha tia, essas eles não tinham conhecimento, a minha poupança com o dinheiro que ganhei fazendo trabalhos na época da faculdade, isso eles também não sabiam.

As joias a minha tia havia ganho do seu ex-noivo, antes dele morrer uma semana antes do casamento, o que a levou para o convento onde vivia feliz, mas guardou todas as joias, valeram-me um bom dinheiro.

Vesti uma das minhas roupas da época que morava no convento, coloquei a mochila nas costas, sai pela área de serviço, ninguém notou.

Deixei o quarto trancado e o chuveiro ligado.

Peguei um táxi, até a rodoviária, onde comprei quatro passagens diferentes, chamei um carro de aplicativo e segui para a cidade vizinha, lá comprei uma passagem para um destino diferente dos que havia comprado antes.

Foram quatro dias de viagens, nas paradas, comprava uma roupa nova e ia mudando.

Cheguei numa cidade grande, sabia que teria mais chances de emprego ali.

Vendi metade das joias da minha tia, com o dinheiro pesquisei uma casa pequena, num bairro residencial.

Encontrei um bairro, onde a maioria dos moradores era idosos, uma vila, muito aconchegante.

A casa era de um casal que ia morar em outro estado com os filhos.

O quintal era de um tamanho bom, a casa tinha uma cozinha/sala, banheiro, um quarto, uma área de serviço com um tanque de concreto, na frente da casa tinha uma pequena garagem, onde fica a minha bicicleta, um pequeno jardim, uma horta.

O dinheiro das primeiras joias deu para que comprasse a casa a vista.

Vendi mais algumas joias, comprei o básico, uma cama de casal, para ter conforto na hora de dormir, uma geladeira, fogão, uma pia, mesa, um guarda-roupa, e minha bicicleta, precisava de uma meio de transporte.

Apenas a cama comprei nova, os outros moveis todos usados, mas em bom estado.

Fiz um pequeno enxoval, aproveitei um bazar da igreja e comprei algumas roupas para mim, achei quatro conjuntos sociais iguais, iria usar como uniforme quando começasse a trabalhar, mesmo sendo bem largos para mim.

A filha de uma vizinha indicou-me uma empresa na cidade que precisavam de pessoas para cuidar do almoxerifado, mas você e graduada em administração e contabilidade, e ainda tem o curso de secretariado.

Bem a minha experiência nessas áreas foram todas no convento, onde não tinha um registo em carteira, então fui atrás do que primeiro apareceu, fazia um mês que estava ali, sabia que o dinheiro não iria durar para sempre.

A pessoa que me contratou gostou dos meus certificados, disse que tudo iria depender de mim, subir de cargo.

Assim, fiquei no almoxerifado por três meses, era responsável por catalogar tudo que chegava e saia.

Depois de três meses, colocaram-me como responsável de estoque, melhor salário, e assim fui a cada dia me esforçando, ou melhor fazendo o meu serviço.

Faz quatro meses que estou entre as secretárias da diretoria, mas acredito que ontem fiz besteira.

Sou responsável por digitar e revisar alguns documentos, ontem de manhã chegou nas minhas mãos, documentos que nunca faria digitação da forma que estavam, foi quando revi tudo, os números não batiam, fiz os cálculos, revisei, digitei da forma correta, e levei ao senhor Levi, expliquei para o homem o que aconteceu, e o que fiz, ele ficou vermelho, pediu que eu saísse, durante o restante do dia, não me foi solicitado nem outro serviço.

A tarde o assistente do senhor Maximilian foi na sala do senhor Levi, ele gritou com o pobre homem, que na saída apenas passou na minha mesa, olhou para mim, sem dizer nada.

Achei estranho, na dúvida hoje depois que terminar a faxina da minha casa, já vou pesquisar algumas vagas de serviço.

Claro se me perguntarem, digo, não quero sair de lá.

Dizem que o senhor Maximilian e muito duro, bravo, não admite erros, a empresa e cheia de regras. Porém, são regras claras, que fazem a empresa desenvolver, os funcionários recebem os melhores salários e condições, temos plano de saúde, vale-refeição, vale-transporte.

Nesses dois anos trabalhando lá consegui terminar de mobiliar minha casa, claro que não tenho televisão, mas isso não me faz falta, tenho o meu computador portátil.

O que mais gosto na empresa e o respeito, não existem casos de assédio, abuso de poder, para uma mulher sozinha isso vale muito.

Claro que já recebi alguns convites para sair, mas recusei todos.

A minha rotina se resume, durante a semana acordar as cinco da manhã, montar a minha marmite, ir de bicicleta até o serviço, cuidar por cinco minutinhos do pequeno jardim do fundo da empresa, trabalhar o dia todo, chegar às dezoito horas, sair para correr e me exercitar nos aparelhos do parque.

A noite tenho compromisso com a igreja em dois dias, terça e quinta-feira, na sexta-feira sempre saiu com alguma das vizinhas, vamos ao bingo, ou outra atividade.

Sábado durmo até tarde, acordo cuido da minha casinha, a tarde cuido de um coral de crianças da igreja, no domingo vou à missa, na maioria das vezes almoço na casa de alguém da igreja, não recuso convite das famílias da igreja.

No domingo a tarde começo prepara o que irei comer durante a semana, assim fica prático e ainda consigo manter uma dieta saudável e saborosa.

Minha vizinha dona Candida, diz que preciso sair com pessoas da minha idade, para arrumar namorado.

Acredito que se existir alguém para chamar do meu namorado, vai aparecer.

Aqui ninguém sabe do meu passado, ou da minha classe social.

Chamar-me-iam de louca ao saber todo luxo que deixei para trás, ou não, quando contasse o por deixei.

Se me arrependo, nem em dia de chuva, ou quando a minha bicicleta quebra, nunca iria deixar-me usar por aquele homem.

Rompia os limites colocados por minha família, claro que deixei uma cartinha, dizendo adeus, não irei voltar, nem casar com esse ai.

Sobre o meu presente, vou viver cada dia, esperar para ver o que ira acontecer na segunda-feira em meu emprego.

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