2-VIVENDO NO LIMITE

MAXIMILIAN

Um bip constante, não consigo entender onde estou, uma escuridão, mas continuo a escutar o Bip.

Agora passos, vozes, alguém vai ajudar-me.

— Você não vê que o meu neto está sofrendo Maximus?

— Ele também é meu neto, eu digo, não vamos delegar nem um aparelho.

— O doutor Estevão disse que Maximilian está a sofrer, não tem volta o seu quadro, ele não tem mais consciência, o médico já disse que será uma questão de misericórdia desligar os aparelhos.

— Não iria desligar os aparelhos do meu neto, apenas na opinião do médico da família de vocês, quero que outros especialistas falem.

— Senhores vocês não podem falar alto aqui, por favor acompanhem-me.

As vozes somem, o bip continua, reconheci as vozes, eram vovôs Maximus e Valter.

Para variar estavam brigando, sempre foi assim, desde a morte dos meus pais num acidente de carros, tinha apenas doze anos, ambas as famílias queriam a minha guarda, por sorte mamãe havia deixado um testamento deixando minha guarda para vovô Maximus e vovó Rita.

Lembro do vovô Valter quebrando tudo que via pela frente, a filha deles não confio o filho para eles, aquilo era realmente difícil de aceitar, mas o nervosismo dele não era esse, mas sim o fato das ações que eram da minha mãe ficarem congeladas até que eu tivesse maior idade.

Fui criado com muito amor e carinho, o meu pai era filho único, com isso ficamos apenas os meus avôs e eu. Foram firmes na minha educação, mas sempre me faziam participar de eventos, atividades extras, o meu avô me motivou nos exportes radicais, a minha avó na culinária, os dois na dança e diversões noturnas.

Sempre tirei boas notas, entrei um ano mais cedo na faculdade, apesar da vida agitada que levava com os meus avôs, viagens e baladas, tudo com muita diversão e responsabilidade.

Assim consegui assumir o posto de CEO da empresa da família, com vinte anos.

A única que senti que os meus avôs paternos não gostaram muito da minha escolha, porém respeitaram, foi meu namoro com Katheriny, por outro lado, foi a primeira vez que os avôs maternos elogiaram uma das minhas escolhas.

Katheriny, filha de um grande empresário, delicada, sensível, não gosta muito de ser contrariada, por ela parei as minhas aventuras, nada de corridas, saltos, escaladas, trilhas, rallys, lutas, nada, e vem sendo assim os nossos dois anos de namoro, festas da alta sociedade, nada de baladas em boates, desfiles, reuniões no clube. A única coisa que Katheriny sempre reclama e o fato de ainda morar com os meus avôs.

Ouvindo o bip constante, a última coisa que me lembro e de sair do escritório, ia passar na casa de Katheriny, seria nosso jantar de noivado, comprei um anel muito extravagante, queria entregar o anel que foi da minha avó e mãe, mas um dia Katheriny viu o anel numa foto da minha mãe, ela foi sincera em dizer que achava o anel feio, ridículo.

Eu pedi ela em casamento, porque não consigo abrir os meus olhos, escuto novamente a discussão.

— Você não tem autorização de mandar desligar nada.

— A noiva também concorda com isso.

— Noiva? Até onde eu sei ele não entregou o anel, para aquela interesseira, ainda.

— Desligar e o melhor que faremos por ele.

— O nome disso é assassinato, o meu neto vai sair desse quadro.

— Você acabou de ouvir, ele terá sequelas para sempre, nem sabemos se ira acordar.

— Ele vai acordar, sim, Max é forte, merece essa chance.

— Chance, já se foram mais de seis meses.

Como assim, seis meses, que estou aqui, preciso reagir, para saberem que estou aqui, vivo. O bip ficou mais alto, ainda não consigo abrir os olhos, mas minha mão puxa algo.

— Ele está a reagir, chamem os médicos.

Pessoas entrando, sinto que mexem comigo, tudo some, não, quero continuar aqui, não me levem, não quero.

— Rita vá para casa, ele está bem, se acordar chamo-te.

— Não irei, ele logo vai acordar quero que saiba que estamos do seu lado.

Os meus olhos começavam a acostumar com a luz, com isso vi o vulto das pessoas que mais amo.

-E-la nun-ca te o-be-de-ce. Falo arrastado, eles vêm até mim me abraçando, oferecem-me água.

Vovô chama um médico que não conheço, ele faz perguntas e exames, logo sai, me deixando com os meus avôs.

— O que aconteceu, comigo?

— Você sofreu um acidente, um caminhão cruzou o sinal vermelho e bateu no seu carro.

— Eu não sei se sonhava ou realmente ouvi, seis meses.

— Sim filho, seis meses, porém há uma semana atrás, você debateu-se tirando os aparelhos, e começou a respirar sozinho, mas sem acordar.

— Estamos felizes que você voltou. Vovó me abraça emocionada.

Nisso a porta e aberta, vovô Valter passa por ela.

— Como ele está?

— Vivo e acordado, ao contrário do que o seu médico disse que estaria. Vovô Maxinus disse com acidez.

— Pare com isso vocês dois. Vovó sempre colocando ordem.

— Estou bem vovô. Disse com um sorriso, para Valter que não sorriu de volta e olhou para meus avôs.

— Vocês já contaram para ele?

— O médico disse que ele precisa passar por exames, depois vai dar o diagnóstico final.

— Vocês são uma piada, não tem coragem de contar a verdade, sabem que ele vai preferir ter morrido.

— Qual verdade vocês estão falando?

— Você não vai mais andar, está alej@do da cintura para baixo, nem homem de verdade você é mais, virou um vegetal, um imprestável, inútil, essa vai ser sua vida de agora em diante, acabou o Maximilian aventureiro.

— Cale a sua boca Valter, o meu neto pode não voltar a andar, mas continua muito homem, sobre o aventureiro acabou quando ele começou a namorar aquela interesseira.

A minha cabeça rodava, como não andar, inútil, como isso é possível.

— Eu quero fazer os exames, saber o que realmente aconteceu.

— Isso o meu neto, assim que se fala.

— Vovô Valter, falaram alguma coisa sobre a minha cabeça ter sequelas, ter ficado inútil?

Ele parecia não entender a minha pergunta.

— Não Max, a sua cabeça parece que não sofreu nem uma sequela.

— Ótimo, que bom que na última reforma fiz questão de colocar portas mais largas, e rampas, pois parece que teremos um CEO cadeirante.

Eu estava muito abalado com a situação, não sabia como iria viver a partir dali, mas não deixaria ninguém saber o que estava sofrendo.

Pedi para que o meu assistente viesse no hospital, e assim já comecei a ver como a empresa estava esses seis meses sem a minha presença.

Fiquei no hospital ainda três dias, onde já fui aprendendo a viver na cadeira de rodas, estranhei a minha namorada não apareceu, acreditei que estivesse querendo fazer surpresa quando saísse daqui.

Na tarde do terceiro dia, Katheriny apareceu linda como sempre, um dos médicos, havia-me dito que mesmo com as pernas paralisadas, ainda havia a possibilidade do meu órgão se#u@l ainda estar ativo, bastava uma boa estimulação para descobrir.

Achei que ver Katheriny seria esse estímulo, mas não, ela estava com rosto sério, olhava-me de uma forma diferente, como se estivesse com nojo.

-Oi meu amor. - disse para ela.

— Oi Max, precisamos conversar. — Quando uma mulher começa uma conversa assim, só pode ser notícia má.

— Pode falar, sem rodeios.

— Quero terminar, não vou ficar ligada a um alej@do, que não vai servir-me de nada, um homem que não vai dar-me prazer, você vai precisar de cuidados, que eu não terei como oferecer, não vou virar cuidadora de um inútil, você entende, sou jovem quero a minha vida.

— Você sabe que poderia dizer apenas quero terminar, mas fez questão de humilhar. Tudo bem, terminamos, pode ir.

Ela saiu, sem entender. Na verdade, aquilo doeu, mas ninguém saberia, pois estou vivo, sempre fui aventureiro, essa cadeira será só mais uma aventura.

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