Depois de algumas horas me divertido com os demais fui para a minha casa, preciso conversar com minha mãe. – Chegando lá Ravenna está sentada no sofá juntamente com Zack, assim que eu faço barulho com a porta, atraio o olhar de ambos.
- Tudo bem? – Perguntei desconfiada, os dois não paravam de me olhar, eu até já sei onde essa conversa vai dar, e acredite no final, nos três vamos estar brigando um com o outro.
- Tudo bem? Como você pergunta isso sabendo que nossa mãe está extremamente triste com o fato de que a filha mais nova dela não quer seguir um rumo com mais realidade, e prefere ficar em um mundo fantasioso. – Ravenna se pronuncia com ódio, quem ela pensa que é pra falar assim comigo? Eu sei que decepcionei a mãe, mas não é pra tanto.
- Vocês estão fazendo uma coisa pequena parecer que foi a pior coisa do mundo, aprendam que só porque vocês dois fizeram o que a mãe queria que eu tenho que fazer também, entendam de uma vez por todas, eu não vou mudar de ideia, porque eu quero fazer uma coisa que eu goste, não quero viver infeliz pelo resto da minha vida. E se vocês não gostaram? Azar de vocês. – Sai de casa e nem olhei para trás.
Saí de casa batendo a porta, argh! Eu sinceramente não aguento mais essa pressão que eles fazem, fui até uma lanchonete próxima e pedi um chá para tentar me acalmar, nem sempre eles foram assim, antes do meu pai ir embora, minha mãe sempre ressaltava que eu deveria ser quem eu quisesse, porém quando meu pai foi embora, isso foi por água baixo, ela mudou tudo, seu jeito de falar, se vestir tudo, até sua personalidade. Ela passou a odiar todos a sua volta, e passou a ter uma educação extremamente rígida, principalmente comigo que sou a mais nova. – Nunca fui uma garota rebelde, sempre ajudei no que pude, e sempre a respeitei, por que agora ela quer me julgar em todas as formas? Eu nunca fui uma péssima filha, pelo menos eu acho, então por que ela me julga tanto?
Olhei para o lado e vi um parquinho, o dia hoje estava ensolarado, então a praça estava cheia de crianças e seus pais, e um casal em especifico me chamou atenção pois, diferente dos outros pais que estavam sentados conversando, eles estavam brincando com seu filho, a mãe ria das risadas que o filho dava enquanto seu pai lhe fazia cosquinhas. – Sacudi de leve minha cabeça tentando dispersar meus pensamentos relacionados ao meu pai, eu nunca superei de fato sua partida. Suspirei me levantando indo em direção ao balcão e pagando a conta... – Pensei durante um tempo e bom, resolvi voltar a minha casa, não posso viver o tempo todo me escondendo, e eu teria de enfrentar a fera de qualquer maneira, então com muito receio fui para minha casa, até que escuto uma coisa que me chamou atenção, eu estava passado por um beco e vi duas sombras conversando, meu lado fofoqueira falou mais alto então me aproximei para ouvir mais.
- Eu não quero que ninguém lhe veja, isso é extremamente confidencial, não posso ser visto andando com um elfo. – Uma voz masculina surge, falando bem baixo, quase inaudível, mas... Elfo? Fiquei um pouco surpresa porquê aqui na cidade é terminantemente proibido a entrada de seres místicos, porém nem todos seguem as regras.
- Não podemos ser vistos juntos, eu preciso que entregue esse envelope para você sabe quem. – Outra voz masculina falou, imagina se eu sou do governo? Eles estariam mortos, quem é o louco que pede para se encontrar em um beco que é facilmente localizado? – Minha linha de raciocínio foi interrompida por passos na direção da saída do beco, sai correndo para não ser vista, eu que não quero me meter em confusão.
Avistei a minha casa, e já me deu um frio na espinha, meus irmãos nesse momento devem ter voltado ao trabalho, o que me dá mais medo, porque com minha mãe sozinha comigo, a chance deles se juntarem para me colocarem pra baixo é maior. Cheguei em casa tentando fazer o mínimo de barulho possível, o que não adiantou muita coisa, já que minha mãe estava no sofá com uma cara nada agradável, ela automaticamente olha para a porta e me condena com o seu olhar, dei um sorriso, pois estava nervosa.
- Sorrir não vai adiantar muito senhorita Zayra! – Ela afirma, me olhando torto. Me sentei no sofá sentindo uma culpa enorme.
- Olha eu sei que o que eu fiz não foi nada legal, mas entenda o meu lado, por favor. – Supliquei tentando fazer ela entender o meu lado.
- Eu entendo seu lado, só não consigo compreender o porquê você quer essa área tão ridícula. – Viram? É isso que ela faz, humilha o que eu quero e exalta o que ela quer.
- Não é ridículo, só por que é uma área pouco conhecida não significa que ela seja ridícula! – Defendi com todas as minhas garras, eu não quero viver brigando com ela, mas ela também não facilita nada.
- Minha opinião já está formada, se me der licença tenho coisas mais importantes para fazer ao invés de tentar por juízo nessa sua cabeça! – A mesma termina de falar se levantando saindo de casa, respirei fundo, bom eu tentei, não tem muita coisa que eu possa fazer.
Sai de casa a procura do que fazer, e acabei por parar perto de um campo de futebol onde umas crianças estavam jogando, quando de repente uma das crianças chutou a bola com tanta força que o brinquedo se perdeu na mata. – Os demais vaiaram para o menino de cabelos encaracolados e o mesmo olhou para a mata com um certo receio. Fiquei com pena daquele pequeno, tenho medo dele acabar se perdendo ou pior, encontrar alguma criatura violenta, nem pessoas adultas chegam perto dessa floresta, quem dirá uma criança, a área onde a classe média a baixa fica, é perto da floresta, motivo? O governo cismou que as pessoas de categoria mais alta, deveriam ter mais segurança, e os outros que se ferrem, então aqui é um local bem conhecido por assaltos, já que tem pouquíssima segurança aqui, posso contar nos dedos quantas vezes vi uma viatura de policial. – Me aproximei do campinho e falei atrás da grade. - Podem deixar, eu pego a bola de vocês. – Afirmei vendo o sorriso das crianças aumentar.
Ravi Após o acontecido na floresta, eu finalmente consegui chegar no vilarejo, cheguei na casa da minha tia e abri a porta sem nem ao menos bater, olhei cada canto da sala, nossa, mudou bastante desde a última vez, as paredes pintadas de rosa foram substituídas por uma cor bege, não existia mais o sofá no meio da sala, apenas duas poltronas e dois bancos almofadados, havia uma televisão pequena apoiada em cima de uma mesinha de centro, o cheiro da casa continuava o mesmo, minha tia cultivava hortelã isso fazia com que a casa cheirasse a hortelã. – Fui para a cozinha e encontrei a figura baixa com os cabelos em um coque, com um avental e mexendo algo na panela. - Bom dia tia Gislla. – Falei com animação e a mesma, se virou dando um pulo e colocando a mão no peito. - Quer me matar de susto garoto? A sua educação ficou onde? Cadê o tempero? Ela me manda várias perguntas de uma vez, dou uma risada pelo nar
Acordei com o barulho de uma coisa alta vindo da cozinha, dei um pulo saltando da cama, sai correndo pra cozinha, onde eu encontrei a minha mãe com a mão sangrando e um prato quebrado no chão. - Mãe! O que aconteceu? – Andei rapidamente tomando cuidado para não me machucar com o vidro no chão, peguei um pano que estava ao lado dela para estancar o sangue. - E-eu não sei, eu estava pegando um prato para colocar comida e ele de repente quebrou. Fui até o armário e peguei uma maleta onde tinha todos os medicamentos e faixas, procurei o remédio para passar em cima do corte, tirei o pano, lavei o sangue, coloquei o remédio e uma pomada, e enfaixei. - Cadê a Ravenna, ela não está de folga? – Perguntei indignada, a minha mãe não é muito boa na cozinha, por isso a Ravenna sempre se encarrega de fazer o café, o que claramente hoje ela não fez. - Eu acho que ela saiu. O Zack dorme que nem pedra, aposto que nem ouviu todo esse barulho, deve estar
- Ravi? – Ai meu deus, eu não quero me meter em encrenca, mas ele aparece assim do nada ai fica complicado. - Zayra? Ah, meu senhor, que bom! Então, eu sei que não nos conhecemos bem, e você não deve nem confiar em mim, mas eu preciso da sua ajuda! Eu iria pedir a outra pessoa, mas já que você está aqui, é mais fácil. – Ele falou muito rápido, como assim minha ajuda? O que? Eu estou extremamente confusa, e não eu não confio nele, eu nem posso ser vista perto dele! Se não... Bom vocês sabem. - Ajuda? A gente não pode nem ser vistos juntos, imagina se ajudar! - Eu sei! Mas eu preciso de ajuda humana, minha amiga é uma estúpida e bom... – O que ele tá falando? O interrompi. - Calma ai, o que sua amiga fez? - Então... Horas antes...
Ravi - Nunca mais envolva a gente nesse tipo de situação. – Falei enquanto me jogava no sofá. - Não prometo nada, mas agora falando sério, você acha que os Wendigos voltaram? – Ela me pergunta se sentando no chão. - Não faço a menor ideia, mas as características batem, eu espero que eles não tenham voltado, porque sinceramente, podemos ter problemas bem sérios com a volta deles. Fora que eles podem ter evoluído, da última vez que o nosso povo extinguiu eles, não foi tão difícil, mas se eles voltaram mesmo, pode ter certeza, eles evoluíram. - Acha que pode causar uma guerra? - Não só acho, como tenho certeza, desde a última guerra, onde eles acabaram sendo extintos, o comandante deles, deve ter tirado esse tempo para reunir forças. - Vamos na floresta das águas? Preciso falar com a Cora. – Mabel pergunta se levantando. – Os Wendigos eles normalmente afetam muito o clima da
Acordei com um barulho de panela a cozinha, com muita indisposição fui para o banheiro e tomei um banho demorado para me acordar, me vesti e fui para a casa da Elo, já que precisava falar com ela. – Assim que cheguei em sua casa, nem me dei ao luxo de tocar a campainha, estava tão desesperada que abri a porta, que estava aberta. Parei na entrada da sala, após ver a Elo sentada no chão chorando, rodeada de fotos, que pareciam ser todas da mãe dela. - Elo! Eu... – Quando tentei falar a mesma me interrompeu. - Como você tem coragem de aparecer aqui? Eu precisava de você comigo! Enquanto o Heitor e o Otto tentavam me acalmar, eu só queria o seu abraço. – Ela se levanta me olhando, e pude ver seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. - Elo, me desculpe, mas eu tive imprevistos, não pude prever que demoraria tanto. – Tentei justificar, mas a cada palavra que eu falava parecia que seu rosto enfurecia mais. - Mais importante que apoiar sua amiga em mom
Ontem fiquei o resto do dia enfurnada dentro do meu quarto, e minha mãe também não veio falar comigo, típico dela, ela simplesmente vai esquecer o que aconteceu, e vai fingir que não discutimos ou ela vai esperar que eu peça desculpas e me arrependa, até lá ela me ignora, agora estou olhando para o buraco enorme que eu consegui fazer na parede ontem. – Olhei para o meu celular que já marcava 5:23 da manhã, não dormi direito, e também queria sair de casa mais cedo que todo mundo, para evitar que a minha paz de espirito se transforme em um caos. Já havia tomado um banho e colocado uma roupa, só estava tomando coragem para sair de casa, afinal, estou quase caindo de sono. Depois de 10 minutos pensando se vale a pena sair do meu quarto, eu decido e saio dele, e como o previsto não há ninguém acordado, ainda bem. – Coloquei um casaco antes de sair de casa, o tempo amanheceu bem gélido, talvez eu esteja com medo de ser assaltada? Sim, mas eu prefiro sair, do que em casa com a minha mãe e
Abri a porta do chalé e me deparei com o Ravi varrendo o chão, não pude deixar de rir, ele ficou parecendo um dono de casa. - Ao invés de rir deveria me agradecer. – Ele gargalhou junto comigo. - Aqui estão as roupas, vai naquele quarto e se troca. E assim ele fez, ele entrou no quarto com a mochila, e eu fiquei na sala aguardando ele. Dou um longo suspiro, posso parecer uma louca, mas estou amando o fato de não estar me preocupando de neste momento sobre a minha faculdade, ou ouvindo a minha mãe resmungar e reclamar o tempo todo, ou pensar na briga com a Eloá, parece que eu me distraindo, mesmo que seja com uma coisa perigosa, isso de algum modo me alivia, eu sei, posso parecer maluca agora. Mas é inevitável sentir a adrenalina no corpo, fico eletrizante só de pensar que minha vida antes era tão pacata e entediante. – Quando o Ravi sai do quarto aparentemente achando a roupa horrível, eu solto uma gargalhada sem fim, ele está uma graça. Suas roupas antigas t