Ravi
Após o acontecido na floresta, eu finalmente consegui chegar no vilarejo, cheguei na casa da minha tia e abri a porta sem nem ao menos bater, olhei cada canto da sala, nossa, mudou bastante desde a última vez, as paredes pintadas de rosa foram substituídas por uma cor bege, não existia mais o sofá no meio da sala, apenas duas poltronas e dois bancos almofadados, havia uma televisão pequena apoiada em cima de uma mesinha de centro, o cheiro da casa continuava o mesmo, minha tia cultivava hortelã isso fazia com que a casa cheirasse a hortelã. – Fui para a cozinha e encontrei a figura baixa com os cabelos em um coque, com um avental e mexendo algo na panela.
- Bom dia tia Gislla. – Falei com animação e a mesma, se virou dando um pulo e colocando a mão no peito.
- Quer me matar de susto garoto? A sua educação ficou onde? Cadê o tempero? Ela me manda várias perguntas de uma vez, dou uma risada pelo nariz ao me lembrar que ela e minha mãe são a mesma pessoa em corpos diferentes.
- Aqui está. – Entreguei o saquinho de pano com o tempero que a mesma havia me pedido para pegar na cidade. – Foi bem difícil de conseguir. – Conseguir esses temperos da cidade grande são muito complicados de pegar, porque eu não posso ser visto, e só posso pegar com pessoas especificas, aqui nós fabricamos os nossos temperos, porém tem alguns específicos que são os industrializados, que não sabemos como faz, ou como plantar. – O tio está? – Ela concorda e aponta para a porta de madeira velha, quase caindo aos pedaços, me levanto e vou em direção ao quarto batendo na porta ouvindo um ``entra´´ abri a porta vendo o mesmo deitado na cama vendo noticiário.
- Oi tio, como você está? – Perguntei me sentando na poltrona que havia em seu quarto.
- Ah, Ravi, na mesma, minha perna ainda dói, a recuperação é um pouco demorada e sofrida, eles atingiram um nervo importante. – Ele fala se sentando com um pouco de dificuldade. Ele me mostra a sua perna que se encontra enfaixada, malditos humanos, meu tio estava colhendo maças quando de repente, agentes do governo apareceram e tentaram o matar, mas ele conseguiu fugir, porém ainda conseguiu ser atingido, é incrível como humanos podem ser tanto legais, quanto filhos da puta! Isso é uma realidade extremamente triste, o pior é que cada vez mais a guerra se aproxima, e eu tenho medo disso.
- Não se preocupe, você vai melhorar. – Tentei ser positivo, mas não sei se eu acredito nisso.
- Não estou preocupado com isso Ravi, estou preocupado com a nossa população, eles matam muitos de nós todos os dias, e isso aproxima uma guerra muito grande, fico me perguntado se vamos ter forças pra lutar, eles querem essa pérola, e não vão descansar até conseguirem ela. – O pior é que ele tem razão, eles não vão parar até conseguirem a pérola, e eu também fico preocupado, mas o que eu posso fazer?
- Ravi, o jantar está pronto, vai ficar para comer? – Minha tia entra no quarto e pergunta.
- Ah, não tia, ainda tenho que passar em outro lugar, mas mesmo assim obrigada. – Sorri, dei um aperto de mão em meu tio, e um beijo na bochecha da minha tia e sai do quarto.
Saí da casa esfregando os braços em minha pele, a noite está mais fria e gélida hoje. Andei um pouco até chegar na casa da Mabel, preciso da ajuda dela, toquei a campainha e esperei a mesma vir abrir a porta.
- O que você está fazendo aqui? – Ela me pergunta fazendo uma careta.
- Eu adoro o jeito que você me recebe. – Debochei e entrei na casa.
- Eu por acaso deixei você entrar? – Ela pergunta vindo atrás de mim que me sentei no sofá pegando minha mochila.
- Será que dá pra prestar atenção aqui? – Mesmo emburrada a figura roxa se senta ao meu lado. – Primeiro, eu preciso te falar que, talvez eu esteja muito lascado.
- O que você fez dessa vez? – Ela pergunta cruzando os braços.
- Então, eu roubei uma coisa.
- Você o que?!
- Eu peguei isso. – Abri a bolsa retirando o objeto. – Isso é uma arma, os humanos usam isso para nos atacar.
- Nossa, o que isso faz?
- Atira, foi isso que machucou a perna do meu tio, e como a guerra meio que está quase acontecendo eu queria saber o que eles iriam usar para nos atacar.
- Mas você não acha isso perigoso? Se um dos ajudantes do Senhor pegar você com isso, você tá bem ferrado. Mas enfim, preciso de sua ajuda...
Acordei com o barulho de uma coisa alta vindo da cozinha, dei um pulo saltando da cama, sai correndo pra cozinha, onde eu encontrei a minha mãe com a mão sangrando e um prato quebrado no chão. - Mãe! O que aconteceu? – Andei rapidamente tomando cuidado para não me machucar com o vidro no chão, peguei um pano que estava ao lado dela para estancar o sangue. - E-eu não sei, eu estava pegando um prato para colocar comida e ele de repente quebrou. Fui até o armário e peguei uma maleta onde tinha todos os medicamentos e faixas, procurei o remédio para passar em cima do corte, tirei o pano, lavei o sangue, coloquei o remédio e uma pomada, e enfaixei. - Cadê a Ravenna, ela não está de folga? – Perguntei indignada, a minha mãe não é muito boa na cozinha, por isso a Ravenna sempre se encarrega de fazer o café, o que claramente hoje ela não fez. - Eu acho que ela saiu. O Zack dorme que nem pedra, aposto que nem ouviu todo esse barulho, deve estar
- Ravi? – Ai meu deus, eu não quero me meter em encrenca, mas ele aparece assim do nada ai fica complicado. - Zayra? Ah, meu senhor, que bom! Então, eu sei que não nos conhecemos bem, e você não deve nem confiar em mim, mas eu preciso da sua ajuda! Eu iria pedir a outra pessoa, mas já que você está aqui, é mais fácil. – Ele falou muito rápido, como assim minha ajuda? O que? Eu estou extremamente confusa, e não eu não confio nele, eu nem posso ser vista perto dele! Se não... Bom vocês sabem. - Ajuda? A gente não pode nem ser vistos juntos, imagina se ajudar! - Eu sei! Mas eu preciso de ajuda humana, minha amiga é uma estúpida e bom... – O que ele tá falando? O interrompi. - Calma ai, o que sua amiga fez? - Então... Horas antes...
Ravi - Nunca mais envolva a gente nesse tipo de situação. – Falei enquanto me jogava no sofá. - Não prometo nada, mas agora falando sério, você acha que os Wendigos voltaram? – Ela me pergunta se sentando no chão. - Não faço a menor ideia, mas as características batem, eu espero que eles não tenham voltado, porque sinceramente, podemos ter problemas bem sérios com a volta deles. Fora que eles podem ter evoluído, da última vez que o nosso povo extinguiu eles, não foi tão difícil, mas se eles voltaram mesmo, pode ter certeza, eles evoluíram. - Acha que pode causar uma guerra? - Não só acho, como tenho certeza, desde a última guerra, onde eles acabaram sendo extintos, o comandante deles, deve ter tirado esse tempo para reunir forças. - Vamos na floresta das águas? Preciso falar com a Cora. – Mabel pergunta se levantando. – Os Wendigos eles normalmente afetam muito o clima da
Acordei com um barulho de panela a cozinha, com muita indisposição fui para o banheiro e tomei um banho demorado para me acordar, me vesti e fui para a casa da Elo, já que precisava falar com ela. – Assim que cheguei em sua casa, nem me dei ao luxo de tocar a campainha, estava tão desesperada que abri a porta, que estava aberta. Parei na entrada da sala, após ver a Elo sentada no chão chorando, rodeada de fotos, que pareciam ser todas da mãe dela. - Elo! Eu... – Quando tentei falar a mesma me interrompeu. - Como você tem coragem de aparecer aqui? Eu precisava de você comigo! Enquanto o Heitor e o Otto tentavam me acalmar, eu só queria o seu abraço. – Ela se levanta me olhando, e pude ver seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. - Elo, me desculpe, mas eu tive imprevistos, não pude prever que demoraria tanto. – Tentei justificar, mas a cada palavra que eu falava parecia que seu rosto enfurecia mais. - Mais importante que apoiar sua amiga em mom
Ontem fiquei o resto do dia enfurnada dentro do meu quarto, e minha mãe também não veio falar comigo, típico dela, ela simplesmente vai esquecer o que aconteceu, e vai fingir que não discutimos ou ela vai esperar que eu peça desculpas e me arrependa, até lá ela me ignora, agora estou olhando para o buraco enorme que eu consegui fazer na parede ontem. – Olhei para o meu celular que já marcava 5:23 da manhã, não dormi direito, e também queria sair de casa mais cedo que todo mundo, para evitar que a minha paz de espirito se transforme em um caos. Já havia tomado um banho e colocado uma roupa, só estava tomando coragem para sair de casa, afinal, estou quase caindo de sono. Depois de 10 minutos pensando se vale a pena sair do meu quarto, eu decido e saio dele, e como o previsto não há ninguém acordado, ainda bem. – Coloquei um casaco antes de sair de casa, o tempo amanheceu bem gélido, talvez eu esteja com medo de ser assaltada? Sim, mas eu prefiro sair, do que em casa com a minha mãe e
Abri a porta do chalé e me deparei com o Ravi varrendo o chão, não pude deixar de rir, ele ficou parecendo um dono de casa. - Ao invés de rir deveria me agradecer. – Ele gargalhou junto comigo. - Aqui estão as roupas, vai naquele quarto e se troca. E assim ele fez, ele entrou no quarto com a mochila, e eu fiquei na sala aguardando ele. Dou um longo suspiro, posso parecer uma louca, mas estou amando o fato de não estar me preocupando de neste momento sobre a minha faculdade, ou ouvindo a minha mãe resmungar e reclamar o tempo todo, ou pensar na briga com a Eloá, parece que eu me distraindo, mesmo que seja com uma coisa perigosa, isso de algum modo me alivia, eu sei, posso parecer maluca agora. Mas é inevitável sentir a adrenalina no corpo, fico eletrizante só de pensar que minha vida antes era tão pacata e entediante. – Quando o Ravi sai do quarto aparentemente achando a roupa horrível, eu solto uma gargalhada sem fim, ele está uma graça. Suas roupas antigas t
Sabe aquela sensação de que você está correndo um risco, mas mesmo assim quer continuar porque a sua vida já não tem mais sentido, e que voltar pra casa seria pior do que correr um risco de vida? Ah, eu sei, muito específico, mas é assim que eu me sinto. – Normalmente gostamos de correr riscos, e sabe aquela frase ``Relaxa, nada pode dar errado´´ essa frase é como dizer ``Sim, vai dar tudo errado´´. Eu não sei se acredito muito em sorte e azar, acho que está mais pra consequência das suas ações, porém, nesse momento, estou tentado acreditar que exista uma sorte que esteja ao nosso favor. Eu e o Ravi já estávamos no prédio, faltava exatamente 10 minutos para a nossa ``Entrevista´´, e visto que eu estou nervosa e o Ravi rindo da minha cara, ele até parece estar se divertindo, me pergunto qual o segredo para parecer calma diante o caos! – Não sou uma pessoa que sabe disfarçar, pelo contrário, sou bem transparente, odeio mentiras, mas neste caso não tenho muita opção. – Fomos chamados e a
A empresa se encontrava completamente vazia, e isso me dava arrepios, rodeamos a empresa toda, mas não achamos nada. - Olha Ravi, acho melhor irmos pra sala da gerente primeiro, essa sala não ia ter um acesso tão fácil assim né? – O puxei para a mão entrando na sala da gerente. Eu e o Ravi já estávamos na sala da gerente a 10 minutos, mas até agora não encontramos absolutamente nada, já frustrada, me sentei na cadeira. - Acho que aqui não vamos encontrar nada, ela é só a gerente, precisamos ir pra sala de arquivos. – Falei já impaciente. - Calma apressada, acho que encontrei algo. – Notei que ele segurava um papel nas mãos. – Me levantei e fui em direção do mesmo, olhei para o papel na mão dele e me assustei. - Que merda é essa? – No papel era basicamente um resumo da fraqueza de cada ser místico, fraqueza e como matar com facilidade. – Isso é preocupante! - Pode ter certeza. - Olha, aqui tem um número, deve ser de algum arquivo. – Peguei uma caneta e anotei no pulso. Ele coloc