Capitulo 4.

           Ravi

Após o acontecido na floresta, eu finalmente consegui chegar no vilarejo, cheguei na casa da minha tia e abri a porta sem nem ao menos bater, olhei cada canto da sala, nossa, mudou bastante desde a última vez, as paredes pintadas de rosa foram substituídas por uma cor bege, não existia mais o sofá no meio da sala, apenas duas poltronas e dois bancos almofadados, havia uma televisão pequena apoiada em cima de uma mesinha de centro, o cheiro da casa continuava o mesmo, minha tia cultivava hortelã isso fazia com que a casa cheirasse a hortelã. – Fui para a cozinha e encontrei a figura baixa com os cabelos em um coque, com um avental e mexendo algo na panela.

- Bom dia tia Gislla. – Falei com animação e a mesma, se virou dando um pulo e colocando a mão no peito.

- Quer me matar de susto garoto? A sua educação ficou onde? Cadê o tempero? Ela me manda várias perguntas de uma vez, dou uma risada pelo nariz ao me lembrar que ela e minha mãe são a mesma pessoa em corpos diferentes.

- Aqui está. – Entreguei o saquinho de pano com o tempero que a mesma havia me pedido para pegar na cidade. – Foi bem difícil de conseguir. – Conseguir esses temperos da cidade grande são muito complicados de pegar, porque eu não posso ser visto, e só posso pegar com pessoas especificas, aqui nós fabricamos os nossos temperos, porém tem alguns específicos que são os industrializados, que não sabemos como faz, ou como plantar. – O tio está? – Ela concorda e aponta para a porta de madeira velha, quase caindo aos pedaços, me levanto e vou em direção ao quarto batendo na porta ouvindo um ``entra´´ abri a porta vendo o mesmo deitado na cama vendo noticiário.

- Oi tio, como você está? – Perguntei me sentando na poltrona que havia em seu quarto.

- Ah, Ravi, na mesma, minha perna ainda dói, a recuperação é um pouco demorada e sofrida, eles atingiram um nervo importante. – Ele fala se sentando com um pouco de dificuldade. Ele me mostra a sua perna que se encontra enfaixada, malditos humanos, meu tio estava colhendo maças quando de repente, agentes do governo apareceram e tentaram o matar, mas ele conseguiu fugir, porém ainda conseguiu ser atingido, é incrível como humanos podem ser tanto legais, quanto filhos da puta! Isso é uma realidade extremamente triste, o pior é que cada vez mais a guerra se aproxima, e eu tenho medo disso.

- Não se preocupe, você vai melhorar. – Tentei ser positivo, mas não sei se eu acredito nisso.

- Não estou preocupado com isso Ravi, estou preocupado com a nossa população, eles matam muitos de nós todos os dias, e isso aproxima uma guerra muito grande, fico me perguntado se vamos ter forças pra lutar, eles querem essa pérola, e não vão descansar até conseguirem ela. – O pior é que ele tem razão, eles não vão parar até conseguirem a pérola, e eu também fico preocupado, mas o que eu posso fazer?

- Ravi, o jantar está pronto, vai ficar para comer? – Minha tia entra no quarto e pergunta.

- Ah, não tia, ainda tenho que passar em outro lugar, mas mesmo assim obrigada. – Sorri, dei um aperto de mão em meu tio, e um beijo na bochecha da minha tia e sai do quarto.

Saí da casa esfregando os braços em minha pele, a noite está mais fria e gélida hoje. Andei um pouco até chegar na casa da Mabel, preciso da ajuda dela, toquei a campainha e esperei a mesma vir abrir a porta.

- O que você está fazendo aqui? – Ela me pergunta fazendo uma careta.

- Eu adoro o jeito que você me recebe. – Debochei e entrei na casa.

- Eu por acaso deixei você entrar? – Ela pergunta vindo atrás de mim que me sentei no sofá pegando minha mochila.

- Será que dá pra prestar atenção aqui? – Mesmo emburrada a figura roxa se senta ao meu lado. – Primeiro, eu preciso te falar que, talvez eu esteja muito lascado.

- O que você fez dessa vez? – Ela pergunta cruzando os braços.

- Então, eu roubei uma coisa.

- Você o que?!

- Eu peguei isso. – Abri a bolsa retirando o objeto. – Isso é uma arma, os humanos usam isso para nos atacar.

- Nossa, o que isso faz?

- Atira, foi isso que machucou a perna do meu tio, e como a guerra meio que está quase acontecendo eu queria saber o que eles iriam usar para nos atacar.

- Mas você não acha isso perigoso? Se um dos ajudantes do Senhor pegar você com isso, você tá bem ferrado. Mas enfim, preciso de sua ajuda...

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