Sai de casa a procura do que fazer, e acabei por parar perto de um campo de futebol onde umas crianças estavam jogando, quando de repente uma das crianças chutou a bola com tanta força que o brinquedo se perdeu na mata. – Os demais vaiaram para o menino de cabelos encaracolados e o mesmo olhou para a mata com um certo receio. Fiquei com pena daquele pequeno, tenho medo dele acabar se perdendo ou pior, encontrar alguma criatura violenta, nem pessoas adultas chegam perto dessa floresta, quem dirá uma criança, a área onde a classe média a baixa fica, é perto da floresta, motivo? O governo cismou que as pessoas de categoria mais alta, deveriam ter mais segurança, e os outros que se ferrem, então aqui é um local bem conhecido por assaltos, já que tem pouquíssima segurança aqui, posso contar nos dedos quantas vezes vi uma viatura de policial. – Me aproximei do campinho e falei atrás da grade.
- Podem deixar, eu pego a bola de vocês. – Afirmei vendo o sorriso das crianças aumentar. Saí mata a fora, tenho um pouco de medo dessa mata, ela é escura e meio macabra, um vento gélido, um cenário perfeito de filme de terror. Andando com muito medo e receio, fiquei me perguntando como um ser tão pequeno consegue chutar tão forte a ponto de uma bola desaparecer nesse meio de Árvores.
Andei por mais alguns minutos até que avistei a bola emboscada nos galhos de um arbusto. Andei até a bola sem olhar para o chão, até que eu tropeço em uma pedra e me ralo toda no chão.
- Merda! – Resmunguei enquanto via minhas pernas com pequenos aranhões sangrando, olhei para os lados e vi um lago próximo, preciso me limpar, peguei a bola e andei até o lago. Coloquei um pouco de água na minha mão e passei devagar em meus joelhos esfolados, sentido a ardência, mas eu preciso tirar a terra. – Ouvi passos vindo em minha direção, peguei a bola em minhas mãos e fiquei em posição de defesa (Quem eu quero enganar, não sei me defender nem de uma abelha quem dirá de uma criatura violenta) fiquei ofegante, estava nervosa e com medo. Merda! Eu sou tão nova pra morrer! – Olho para a trilha até que do nada aparece uma criatura de orelhas pontudas, quer dizer um elfo! Dou um pulo largando a bola imediatamente e levantando as mãos arregalando os olhos.
- E-eu só vim pegar a bola das crianças, e-eu vim em p-paz! – Gaguejei levantando as mãos em sinal de rendição. – e parece que não só eu me assustei, o mesmo me olhou com uma cara meio espantada e surpresa.
- Calma, eu não vou te machucar. – Ele fala me olhando, abaixei os braços mas ainda desconfiada. – E-eu me perdi, e não sei onde estou, eu... Senti um cheiro diferente e decidi vir até aqui, mas enfim, me chamo Ravi e você? – Ele acena com a mão e sorri, seu cabelo é azulado e sua pele é um branco rosado, suas orelhas pontudas, seus olhos são tão verdes que podem até brilhar no escuro.
- Me chamo Zayra. – Me abaixo e recolho a bola que caiu de minhas mãos. Abraço a bola como se ela fosse me proteger de quaisquer ataque que ele fizesse, tenho medo, sinceramente, não confio nele, essas criaturas podem ser bem traiçoeiras. Qualquer coisa eu jogo a bola na cara dele e saiu correndo, eu invento uma desculpa para as crianças
- Olha eu sei que te assustei, não vou negar que fiquei espantado também, nunca havia visto um humano tão de perto, muito menos alguém que não tem pretensão de me matar. Pelo menos eu acho. – Ele sussurra a última parte, mas como não estamos tão longe, consigo ouvi-lo. – Mas, se não for incomodo, você pode me ajudar a chegar na trilha do barro, acho que vocês chamam assim. – Ele pergunta, e eu assinto eu que não vou negar, vai que ele tenta me machucar, mesmo ele dizendo que não vai me machucar, eu tenho um pouco de medo.
- A trilha do barro é perto daqui, o grande problema é que como não tem placa é mais difícil de achar, já que aqui tem 3 trilhas...
- Eu acabei me perdendo, eu moro em uma vila aqui perto, mas pediram para eu ir a outra vila, para resolver algumas coisas. – Ele fala e só agora eu reparei que ele segurava um pacote em suas mãos.
- Precisamos ser rápidos, não podemos ser vistos juntos. – Falo me lembrando do detalhe que não poderíamos, sequer estar falando um com o outro, muito menos ajudar.
- Relaxa, essa hora estão todos dormindo, então vai ser difícil a gente ser visto por alguém. – Ele me explica. É bem difícil alguém estar dormindo essa hora, visto que são 15:00 da tarde.
- Bom, aqui é o começo da trilha, acho que você consegue se virar agora.
- Obrigada Zayra, se não fosse você teria me perdido obrigada.
- De nada, e sinceramente estava com medo de você me machucar mas você é bem legal pra um elfo.
- Aposto que nunca viu um.
- Nunca mesmo, tenho que voltar, adeus. – Andei para o lado contrário da trilha e acenei para o mesmo.
Quando voltei para a praça todas as crianças estavam reunidas, e a suas expressões pareciam ser de aflição. – Assim que eu me aproximei, todas me olharam e ficaram aliviados.
- Pensávamos que você havia morrido, estava demorando muito! – Uma menina com um rabo de cavalo que estava juntamente com os meninos exclamou.
- A bola estava muito longe, quase não achei ela. – Entreguei a bola para um menino, e inventei uma história para eles, já que eu não podia falar para eles o que aconteceu na floresta, pois seria bem perigoso. Imagina se minha mãe descobre? Nossa, ela cai dura no chão. Os pequenos me agradeceram e eu fui pra casa.
Eu queria que o meu pai estivesse aqui, tudo seria mais fácil, com toda certeza ele me apoiaria. Ele sempre falou pra mim seguir meus sonhos, e não ligar para a opinião dos outros, e é isso que eu estou fazendo, estou seguindo meu sonho, e não importa se minha mãe apoia ou não.
Enquanto voltava pra casa, pensava no acontecido na mata, eu nunca na minha vida havia visto um ser místico tão de perto, e agora eu percebo como foi perigoso a gente ter andado juntos, ri com esse pensamento. – Eu nunca fui uma pessoa que corre risco, sempre segui muito as regras, mas parece que dessa vez correu uma adrenalina tão grande. Talvez esse risco não foi tão ruim, o... Nossa, como é mesmo o nome dele? Ah, Ravi, ele não me parece ser uma pessoa ruim.
Ravi Após o acontecido na floresta, eu finalmente consegui chegar no vilarejo, cheguei na casa da minha tia e abri a porta sem nem ao menos bater, olhei cada canto da sala, nossa, mudou bastante desde a última vez, as paredes pintadas de rosa foram substituídas por uma cor bege, não existia mais o sofá no meio da sala, apenas duas poltronas e dois bancos almofadados, havia uma televisão pequena apoiada em cima de uma mesinha de centro, o cheiro da casa continuava o mesmo, minha tia cultivava hortelã isso fazia com que a casa cheirasse a hortelã. – Fui para a cozinha e encontrei a figura baixa com os cabelos em um coque, com um avental e mexendo algo na panela. - Bom dia tia Gislla. – Falei com animação e a mesma, se virou dando um pulo e colocando a mão no peito. - Quer me matar de susto garoto? A sua educação ficou onde? Cadê o tempero? Ela me manda várias perguntas de uma vez, dou uma risada pelo nar
Acordei com o barulho de uma coisa alta vindo da cozinha, dei um pulo saltando da cama, sai correndo pra cozinha, onde eu encontrei a minha mãe com a mão sangrando e um prato quebrado no chão. - Mãe! O que aconteceu? – Andei rapidamente tomando cuidado para não me machucar com o vidro no chão, peguei um pano que estava ao lado dela para estancar o sangue. - E-eu não sei, eu estava pegando um prato para colocar comida e ele de repente quebrou. Fui até o armário e peguei uma maleta onde tinha todos os medicamentos e faixas, procurei o remédio para passar em cima do corte, tirei o pano, lavei o sangue, coloquei o remédio e uma pomada, e enfaixei. - Cadê a Ravenna, ela não está de folga? – Perguntei indignada, a minha mãe não é muito boa na cozinha, por isso a Ravenna sempre se encarrega de fazer o café, o que claramente hoje ela não fez. - Eu acho que ela saiu. O Zack dorme que nem pedra, aposto que nem ouviu todo esse barulho, deve estar
- Ravi? – Ai meu deus, eu não quero me meter em encrenca, mas ele aparece assim do nada ai fica complicado. - Zayra? Ah, meu senhor, que bom! Então, eu sei que não nos conhecemos bem, e você não deve nem confiar em mim, mas eu preciso da sua ajuda! Eu iria pedir a outra pessoa, mas já que você está aqui, é mais fácil. – Ele falou muito rápido, como assim minha ajuda? O que? Eu estou extremamente confusa, e não eu não confio nele, eu nem posso ser vista perto dele! Se não... Bom vocês sabem. - Ajuda? A gente não pode nem ser vistos juntos, imagina se ajudar! - Eu sei! Mas eu preciso de ajuda humana, minha amiga é uma estúpida e bom... – O que ele tá falando? O interrompi. - Calma ai, o que sua amiga fez? - Então... Horas antes...
Ravi - Nunca mais envolva a gente nesse tipo de situação. – Falei enquanto me jogava no sofá. - Não prometo nada, mas agora falando sério, você acha que os Wendigos voltaram? – Ela me pergunta se sentando no chão. - Não faço a menor ideia, mas as características batem, eu espero que eles não tenham voltado, porque sinceramente, podemos ter problemas bem sérios com a volta deles. Fora que eles podem ter evoluído, da última vez que o nosso povo extinguiu eles, não foi tão difícil, mas se eles voltaram mesmo, pode ter certeza, eles evoluíram. - Acha que pode causar uma guerra? - Não só acho, como tenho certeza, desde a última guerra, onde eles acabaram sendo extintos, o comandante deles, deve ter tirado esse tempo para reunir forças. - Vamos na floresta das águas? Preciso falar com a Cora. – Mabel pergunta se levantando. – Os Wendigos eles normalmente afetam muito o clima da
Acordei com um barulho de panela a cozinha, com muita indisposição fui para o banheiro e tomei um banho demorado para me acordar, me vesti e fui para a casa da Elo, já que precisava falar com ela. – Assim que cheguei em sua casa, nem me dei ao luxo de tocar a campainha, estava tão desesperada que abri a porta, que estava aberta. Parei na entrada da sala, após ver a Elo sentada no chão chorando, rodeada de fotos, que pareciam ser todas da mãe dela. - Elo! Eu... – Quando tentei falar a mesma me interrompeu. - Como você tem coragem de aparecer aqui? Eu precisava de você comigo! Enquanto o Heitor e o Otto tentavam me acalmar, eu só queria o seu abraço. – Ela se levanta me olhando, e pude ver seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. - Elo, me desculpe, mas eu tive imprevistos, não pude prever que demoraria tanto. – Tentei justificar, mas a cada palavra que eu falava parecia que seu rosto enfurecia mais. - Mais importante que apoiar sua amiga em mom
Ontem fiquei o resto do dia enfurnada dentro do meu quarto, e minha mãe também não veio falar comigo, típico dela, ela simplesmente vai esquecer o que aconteceu, e vai fingir que não discutimos ou ela vai esperar que eu peça desculpas e me arrependa, até lá ela me ignora, agora estou olhando para o buraco enorme que eu consegui fazer na parede ontem. – Olhei para o meu celular que já marcava 5:23 da manhã, não dormi direito, e também queria sair de casa mais cedo que todo mundo, para evitar que a minha paz de espirito se transforme em um caos. Já havia tomado um banho e colocado uma roupa, só estava tomando coragem para sair de casa, afinal, estou quase caindo de sono. Depois de 10 minutos pensando se vale a pena sair do meu quarto, eu decido e saio dele, e como o previsto não há ninguém acordado, ainda bem. – Coloquei um casaco antes de sair de casa, o tempo amanheceu bem gélido, talvez eu esteja com medo de ser assaltada? Sim, mas eu prefiro sair, do que em casa com a minha mãe e
Abri a porta do chalé e me deparei com o Ravi varrendo o chão, não pude deixar de rir, ele ficou parecendo um dono de casa. - Ao invés de rir deveria me agradecer. – Ele gargalhou junto comigo. - Aqui estão as roupas, vai naquele quarto e se troca. E assim ele fez, ele entrou no quarto com a mochila, e eu fiquei na sala aguardando ele. Dou um longo suspiro, posso parecer uma louca, mas estou amando o fato de não estar me preocupando de neste momento sobre a minha faculdade, ou ouvindo a minha mãe resmungar e reclamar o tempo todo, ou pensar na briga com a Eloá, parece que eu me distraindo, mesmo que seja com uma coisa perigosa, isso de algum modo me alivia, eu sei, posso parecer maluca agora. Mas é inevitável sentir a adrenalina no corpo, fico eletrizante só de pensar que minha vida antes era tão pacata e entediante. – Quando o Ravi sai do quarto aparentemente achando a roupa horrível, eu solto uma gargalhada sem fim, ele está uma graça. Suas roupas antigas t
Sabe aquela sensação de que você está correndo um risco, mas mesmo assim quer continuar porque a sua vida já não tem mais sentido, e que voltar pra casa seria pior do que correr um risco de vida? Ah, eu sei, muito específico, mas é assim que eu me sinto. – Normalmente gostamos de correr riscos, e sabe aquela frase ``Relaxa, nada pode dar errado´´ essa frase é como dizer ``Sim, vai dar tudo errado´´. Eu não sei se acredito muito em sorte e azar, acho que está mais pra consequência das suas ações, porém, nesse momento, estou tentado acreditar que exista uma sorte que esteja ao nosso favor. Eu e o Ravi já estávamos no prédio, faltava exatamente 10 minutos para a nossa ``Entrevista´´, e visto que eu estou nervosa e o Ravi rindo da minha cara, ele até parece estar se divertindo, me pergunto qual o segredo para parecer calma diante o caos! – Não sou uma pessoa que sabe disfarçar, pelo contrário, sou bem transparente, odeio mentiras, mas neste caso não tenho muita opção. – Fomos chamados e a