Capítulo 05

Narração de Camila...

Naquela noite nem mesmo minha tia conseguiu me tirar do quarto! Dormi sem jantar.

No dia seguinte me levantei cedo e saí do quarto faminta. Pelo silêncio da casa era possível entender que eu era a única acordada.

Fui direto para a cozinha e vi um bolo de laranja em cima da mesa, sorri animada e aproveitei para fazer um café.

- Tia Vivian? - Chamei por ela quando escutei um pequeno barulho no corredor daquela casa antiga. Parei de coar o café e fui até lá já que minha tia não tinha respondido.

- Tia? - Olhei o corredor silencioso e suspirei me sentindo *maluca, mas minha calmaria acabou quando vi um camundongo correndo pelo corredor seguindo em minha direção. Gritei a plenos pulmões!!! Corri para a cozinha e subi em cima da mesa em pânico! Eu sempre tive pavor de ratos! Eu queria chorar de pavor. E para o meu desespero ele correu até a cozinha e eu gritei ainda mais!

- TIA VIVIIIIIIAAANNN!!! - Estava com as pernas bambas e o coração disparado olhando o rato parar perto do fogão e começar a esfregar as pequenas patas no chão me causando agonia!

- SOCOOOOOOORRO!

Eu me perguntava onde minha tia tinha se enfiado! Eu conseguia ouvir barulho de alguém cortando grama próximo ao quintal. Aquele maldito* rato voltou a correr pela cozinha me causando mais uma onda de pânico! E berrei quando ele se aproximou da mesa! Será que ratos conseguem escalar mesas?! Gritava horrores e meu grito foi interrompido quando a porta da casa abriu drasticamente e aquele Fernando entrou assustado com a minha gritaria. Ele estava sem camisa e seu corpo era musculoso, completamente definido e estava tão suado que dava a impressão de que seus músculos brilhavam. Ele estava de calça Jeans clara e usava uma botina marrom. Percebi que ele usava um boné! Fernando era tão lindo que parecia esses modelos masculinos de revistas de cueca box. Por um segundo eu até me esqueci do rato. Fernando me olhava confuso enquanto eu estava em cima da mesa parecendo uma boba.

- Você está bem? - Ele respirava ofegante e deu para perceber que se assustou com minha gritaria. Estava tentando entender o que se passava comigo.

- Rato. - Falei em fio de voz paralisada e sem piscar. Ele olhou o chão e se inclinou olhando em baixo da mesa e paralisou igual um gato pronto para atacar aquele rato. Ele deu pequenos e lentos passos até alcançar a vassoura que estava perto do fogão. E finalmente ele pegou vagarosamente sem tirar os olhos da mesa e em um movimento rápido ele deu uma vassourada em baixo da mesa mas o meu desespero voltou quando o rato escapou e saiu correndo dando um olé no Fernando e ele tentava acertar mas era em vão. Até mesmo o rato deu um salto e eu quase desmaiei de pavor! Fernando seguiu o rato rindo enquanto ele voltava para o corredor. E por fim ouvi ele abrir a porta e depois voltou com a vassoura na mão.

- Eu juro que tentei matar* ele, mas aquele rato é um ninja! Conseguiu escapar e foi para fora de casa.

- Eu não vou sair daqui enquanto ele não estiver morto! - Meu corpo estava travado e percebi que eu estava em pé ao lado do bolo de laranja. Ele olhou o bolo e sorriu.

- Cuidado para não pisar no bolo que eu fiz para vocês. - Fernando falava ainda segurando a vassoura. Me esqueci do rato por um momento e me lembrei do dia anterior quando saí correndo dele, senti meu rosto corar de vergonha.

- Obrigada pela ajuda. - Minhas pernas tremiam tanto que balançava a mesa.

- Vamos, venha! Eu te ajudo. - Ele estendeu sua mão. Hesitei mas não queria passar vergonha novamente, afinal ele tem sido gentil com minha tia e também comigo. Procurei pensar na conversa da psicóloga! O monstro está preso e nem todos são monstros! Levei minha mão trêmula até a mão dele. E finalmente ele a tocou, era tão grande que quase escondia minha mão pequena e delicada.

- Vamos... - Ele me ajudou colocando uma cadeira na frente e eu desci. Olhei para ele e Fernando forçou um sorriso.

- Posso te pedir um pouco de água? Inventei de cortar a grama do quintal todo e o sol está quente.

- Claro. - Fui até a geladeira e abri um pouco, mas percebi a geladeira vazia. Era constrangedor... Peguei uma garrafa d'água, enchi um copo e entreguei a ele.

- Aaah muito obrigado, Camila! - Ele bebeu a água toda e bem rápido, era possível ver que ele estava com muita sede.

- Quer mais? - Perguntei.

- Por favor. - Ele estendeu o copo e enchi mais.

- Sabe onde está a minha tia?

- Sim. Ela foi trabalhar...

- Entendi.

- Por que a senhorita correu de mim ontem, Camila? - Fernando tirou o boné disposto a me escutar.

- É complicado. - Me abracei sentindo meu coração voltar a disparar.

- Bom... Podemos comer o bolo juntos eu posso te ouvir! Pelo cheiro você fez café, eu adoro café! - Fernando levantou as sobrancelhas sorrindo e se convidando.

- Está bem. - O que eu estava fazendo?!

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