Narração de Camila...
Naquela noite nem mesmo minha tia conseguiu me tirar do quarto! Dormi sem jantar. No dia seguinte me levantei cedo e saí do quarto faminta. Pelo silêncio da casa era possível entender que eu era a única acordada. Fui direto para a cozinha e vi um bolo de laranja em cima da mesa, sorri animada e aproveitei para fazer um café. - Tia Vivian? - Chamei por ela quando escutei um pequeno barulho no corredor daquela casa antiga. Parei de coar o café e fui até lá já que minha tia não tinha respondido. - Tia? - Olhei o corredor silencioso e suspirei me sentindo *maluca, mas minha calmaria acabou quando vi um camundongo correndo pelo corredor seguindo em minha direção. Gritei a plenos pulmões!!! Corri para a cozinha e subi em cima da mesa em pânico! Eu sempre tive pavor de ratos! Eu queria chorar de pavor. E para o meu desespero ele correu até a cozinha e eu gritei ainda mais! - TIA VIVIIIIIIAAANNN!!! - Estava com as pernas bambas e o coração disparado olhando o rato parar perto do fogão e começar a esfregar as pequenas patas no chão me causando agonia! - SOCOOOOOOORRO! Eu me perguntava onde minha tia tinha se enfiado! Eu conseguia ouvir barulho de alguém cortando grama próximo ao quintal. Aquele maldito* rato voltou a correr pela cozinha me causando mais uma onda de pânico! E berrei quando ele se aproximou da mesa! Será que ratos conseguem escalar mesas?! Gritava horrores e meu grito foi interrompido quando a porta da casa abriu drasticamente e aquele Fernando entrou assustado com a minha gritaria. Ele estava sem camisa e seu corpo era musculoso, completamente definido e estava tão suado que dava a impressão de que seus músculos brilhavam. Ele estava de calça Jeans clara e usava uma botina marrom. Percebi que ele usava um boné! Fernando era tão lindo que parecia esses modelos masculinos de revistas de cueca box. Por um segundo eu até me esqueci do rato. Fernando me olhava confuso enquanto eu estava em cima da mesa parecendo uma boba. - Você está bem? - Ele respirava ofegante e deu para perceber que se assustou com minha gritaria. Estava tentando entender o que se passava comigo. - Rato. - Falei em fio de voz paralisada e sem piscar. Ele olhou o chão e se inclinou olhando em baixo da mesa e paralisou igual um gato pronto para atacar aquele rato. Ele deu pequenos e lentos passos até alcançar a vassoura que estava perto do fogão. E finalmente ele pegou vagarosamente sem tirar os olhos da mesa e em um movimento rápido ele deu uma vassourada em baixo da mesa mas o meu desespero voltou quando o rato escapou e saiu correndo dando um olé no Fernando e ele tentava acertar mas era em vão. Até mesmo o rato deu um salto e eu quase desmaiei de pavor! Fernando seguiu o rato rindo enquanto ele voltava para o corredor. E por fim ouvi ele abrir a porta e depois voltou com a vassoura na mão. - Eu juro que tentei matar* ele, mas aquele rato é um ninja! Conseguiu escapar e foi para fora de casa. - Eu não vou sair daqui enquanto ele não estiver morto! - Meu corpo estava travado e percebi que eu estava em pé ao lado do bolo de laranja. Ele olhou o bolo e sorriu. - Cuidado para não pisar no bolo que eu fiz para vocês. - Fernando falava ainda segurando a vassoura. Me esqueci do rato por um momento e me lembrei do dia anterior quando saí correndo dele, senti meu rosto corar de vergonha. - Obrigada pela ajuda. - Minhas pernas tremiam tanto que balançava a mesa. - Vamos, venha! Eu te ajudo. - Ele estendeu sua mão. Hesitei mas não queria passar vergonha novamente, afinal ele tem sido gentil com minha tia e também comigo. Procurei pensar na conversa da psicóloga! O monstro está preso e nem todos são monstros! Levei minha mão trêmula até a mão dele. E finalmente ele a tocou, era tão grande que quase escondia minha mão pequena e delicada. - Vamos... - Ele me ajudou colocando uma cadeira na frente e eu desci. Olhei para ele e Fernando forçou um sorriso. - Posso te pedir um pouco de água? Inventei de cortar a grama do quintal todo e o sol está quente. - Claro. - Fui até a geladeira e abri um pouco, mas percebi a geladeira vazia. Era constrangedor... Peguei uma garrafa d'água, enchi um copo e entreguei a ele. - Aaah muito obrigado, Camila! - Ele bebeu a água toda e bem rápido, era possível ver que ele estava com muita sede. - Quer mais? - Perguntei. - Por favor. - Ele estendeu o copo e enchi mais. - Sabe onde está a minha tia? - Sim. Ela foi trabalhar... - Entendi. - Por que a senhorita correu de mim ontem, Camila? - Fernando tirou o boné disposto a me escutar. - É complicado. - Me abracei sentindo meu coração voltar a disparar. - Bom... Podemos comer o bolo juntos eu posso te ouvir! Pelo cheiro você fez café, eu adoro café! - Fernando levantou as sobrancelhas sorrindo e se convidando. - Está bem. - O que eu estava fazendo?!Narração de Camila...Talvez eu tivesse ficando louca quando aceitei conversar com ele. Observei ele puxar a cadeira e se sentar suspirando e colocando o boné em cima da mesa. Servi o café e o entreguei, também coloquei dois pratos em cima da mesa.- Obrigado Camila. - Forcei um sorriso. Os olhos verdes claros do Fernando chamavam tanta atenção. - De nada. - Também servi um café para mim e me sentei de frente para ele olhando apenas minha xícara. Ele pegou uma faquinha de serra que estava ao lado do bolo e cortou duas fatias, serviu uma fatia para mim e depois se serviu. Eu estava constrangida...- Agora me fale. - Fernando assoprou o café e deu um gole me analisando. - Bom... Meu passado não é nada legal, e resumindo. Esse foi o motivo! - Falei sem olhar para ele. - Você resumiu tanto que eu não consegui entender nada Camila. - Fernando se inclinou tentando encontrar com meus olhos que fitavam apenas a madeira antiga da mesa. - Eu sofri *maus tratos Fernando. Um homem me machuco
Narração de Camila...Talvez eu tivesse abusando da bondade do Fernando. Afinal pedi um emprego e agora pedi uma carona até a praia. Daqui a pouco ele vai pensar que sou uma folgada! Mas a carona seria só desta vez. Entramos no Jeep conversível vermelho sem a capota novinho. Seguimos para a praia. Era gostoso andar naquele Jeep conversível, o vento bagunçava meus cabelos pretos mas refrescava. Olhei para ele pelo canto dos olhos e ele ficava mais charmoso ainda dirigindo usando um óculos de sol. A viagem foi rápida e ele estacionou em frente a Orla do Malibu. A praia estava lotada! Estava animada em começar minhas vendas! - Obrigada mesmo Fernando! Desculpe pelo incômodo... - Que incômodo?! Estou de folga! Minha filha pegou no sono e ela é dorminhoca! - Fernando me fez rir.- O que pretende vender? - Ele olhou minha bolsa térmica.- Sanduíches naturais. - Falei animada. - Se quiser posso te fazer companhia, aproveito para tomar um banho de mar e depois voltamos. - Me animei! Menos
Narração de Camila...Voltamos para o Jeep e ele seguiu direto para casa. Eu estava aliviada em ter conseguido vender os sanduíches e agradecida pela ajuda do Fernando. Minha tia de fato não tinha mentido quando falou que ele era um bom homem, nem mesmo me senti tímida e com medo dele querer dar em cima de mim! Era respeitador. Ele estacionou ao lado das duas casas e me olhou sorrindo.- Seu sanduíche é maravilhoso. - Ele sorriu.- Obrigada! Amanhã chegarei cedo para começar o trabalho!- Ok. - Ele me olhou por um tempo, mas desviei meu olhar ao me sentir constrangida diante do olhar dele - Bom... Até amanhã! - Saí do Jeep e entrei na casa da minha tia. O ranger do chão fez ela aparecer no corredor preocupada. - Camila! Por que Fernando depositou aquela quantia na minha conta? Eu vi você voltando com ele. - Porque vou trabalhar na casa dele! E ele me adiantou um salário para diminuir as contas. - Minha tia me olhou em alívio colocando a mão no *peito mas logo sua expressão foi toma
Narração de Camila...Voltamos para a casa e decidimos deixar as compras em cima da mesa, no dia seguinte arrumaríamos tudo. Acendemos as velas pela casa, ao menos não ficaríamos no escuro! Fui direto para o meu quarto dando boa noite para minha tia. Eu precisava acordar cedo no dia seguinte para finalmente começar a Trabalhar na casa do Fernando. Infelizmente o calor era insuportável! Me levantei da cama e abri a janela decidida a sentir pelo menos o frescor da noite. E estava bem fresquinho, mas infelizmente a fresca veio com os mosquitos. Resumindo... Eu não dormi quase nada! Fiquei a noite toda sendo picada pelos mosquitos e passando raiva escutando eles voando próximo do meu ouvido. Acordei com o despertador tocando às seis da manhã. Eu praticamente tinha cochilado! Esse *malditos mosquitos! Me levantei mal-humorada pelo cansaço e me olhei no espelho. E para o meu desespero eu estava com muitas olheiras e meu rosto estava tomado pelas marcas de picadas dos mosquitos! Parecia que
Narração de Camila...Já não bastava o meu mal* humor por não ter uma noite de descanso...Aquela Kelly se sentia a própria patroa! Depois que limpei toda a área onde o cachorro ficava, ela me chamou e me levou até o banheiro dos funcionários e mandou eu lavar. Respirei fundo controlando minha raiva, enquanto eu lavava o vaso sanitário ela me observava com os braços cruzados olhando se eu limpava o banheiro direito. Olha vou te falar... Tem que ter muita paciência! Na hora do almoço aproveitei para voltar pra minha casa. Fernando estava no seu escritório em reunião e decidi não avisar sobre...E para o meu alívio já tinham religado a energia! Aproveitei para fazer um miojo (Não me julguem) Não queria perder 1 hora de almoço fazendo uma comida demorada. Depois que ficou pronto eu me esparramei no sofá. Já exausta e comi meu miojo em silêncio... Amava sentir apenas a minha companhia. Mas ouvi um ranger no segundo andar, soltei a tigela em cima da escrivaninha e subi as escadas curiosa
Narração de Camila...Entrei no quarto da Júlia e era exatamente como eu sempre sonhei quando era criança! As paredes pintadas na cor rosa bebê e tinham enfeites de borboletas brilhantes por todas elas. Também tinha um armário branco com variedades de bonecas barbies, suspirei totalmente encantada e me aproximei daquelas bonecas. - Você tem um ótimo gosto, Júlia! - Falei passando a mão no cabelo de uma barbie. - Obrigada... São meus brinquedos favoritos! Meu pai sempre me presenteia com uma barbie todo mês! - Júlia falava animada. Aproveitei que estávamos a sós para matar* minha curiosidade a respeito do Fernando. - Seu pai é legal? Digo... Como ele é no dia a dia? - Minha pergunta fez Júlia sorrir.- Meu pai é o melhor pai do mundo todo!!! Ele gosta de contar histórias e todo verão ele me leva para o parque de diversão que aparece na Cidade. - Eu podia ver como os olhos de Júlia brilhavam ao falar do pai dela. Então meu coração não estava enganado... De fato Fernando era bom. Eu q
Narração de Camila...Aquela situação foi constrangedora... Voltei para minha casa em silêncio e andei na ponta do pé para não fazer barulho na casa. Foi em vão, afinal a escada rangia alto a cada degrau que eu subia. Mas para o meu alívio cheguei em meu quarto sem acordar minha tia. Me deitei na cama e senti meu coração bater forte pela vergonha, não sei como eu faria para trabalhar no dia seguinte. Mas não podia voltar atrás, afinal o Sr. Fernando adiantou o salário todo! Procurei fechar meus olhos e não ficar pensando mais naquela situação constrangedora, mas de fato vou ficar mais atenta e também não ficarei até tarde no trabalho novamente. Dormi... Acordei com o despertador gritando! Desliguei rapidamente e me levantei. Apesar do susto pela madrugada eu acordei mais descansada e estava com disposição para trabalhar! Desci as escadas e vi que tia Vivian fazia o café as pressas.- Bom dia tia Vivian. - Falei com um sorriso no rosto e ela me olhou apressada. - Bom dia Camila! Eu e
Narração de Camila...Aquela mulher ia pagar muito caro por fazer m@l a Júlia! Fiquei a manhã toda passando e dobrando as roupas dela como a Larissa desejou. Depois que terminei eu fui para o quintal procurar Júlia e ela brincava em silêncio acariciando a barriga do cachorro marrom. Eu ia me aproximar mas ouvi Larissa me chamar. Percebi que ela queria que Júlia ficasse longe de mim, olhei para ela e percebi autoridade em seu olhar. - Está quase na hora do almoço da Júlia e você ainda não começou a fazer a comida. Hoje o cardápio é carne com legumes, minha enteada precisa se alimentar direito. - Sim. - Respirei fundo e fui para a cozinha em silêncio, para o meu alívio ela não me seguiu. Maria a mulher baixinha com os cabelos enrolados sempre em trança me olhou com angústia. - Eu sinto muito Camila, eu podia adiantar o almoço da Júlia. Mas Larissa exijiu que fosse feito por você. - Está tudo bem Maria... - Forcei um sorriso. E ela ajudou me mostrando onde ficava cada coisa na cozinh