Capítulo 04

Narração de Camila...

Depois que comemos aquela sobremesa deliciosa eu decidi voltar para o meu quarto. Me deitei na cama e liguei uma tv antiga que tinha alí no quarto. Comecei a assistir um noticiário e meu estômago embrulhou quando o repórter começou a falar sobre o tráfico que meu marido mexia. Ele era dono de tudo e tinha bastante dinheiro, mas o vício nas drogas não o deixava trabalhar direito! E mesmo sendo a esposa dele eu não tinha direito de usufruir de nada! Nem mesmo das comidas que ele comia. Ele era um monstro e me tratava como um animal acorrentado ainda se divertia quando deixava os restos da sua comida para mim e isso quando deixava, porque na maioria das vezes nem isso. Me mantinha sempre presa! E eu não podia falar com ele se ele não permitisse. Continuei ouvindo aquela reportagem sobre a máfia suja dele e meu coração disparou quando mostrou ele sendo preso junto com seus comparças. Chorei em alívio! Torcia para ele ser morto! Ele tinha muitos inimigos! Seria um prazer saber daquilo!

Me levantei trêmula da cama e desci as escadas que rangiam, vi minha tia lavando a louça.

- Ele foi preso. - Falei soluçando em choro. Minha tia secou suas mãos com um pano de prato e correu até a mim me abraçando forte.

Chorei no abraço da minha tia como se pudesse respirar ao saber que eu estava livre das mãos dele!

- Acabou meu amor! - Minha tia falava acariciando meus cabelos.

A campainha tocou novamente e minha tia me soltou e correu para abrir a porta. Era uma mulher negra*, alta e muito elegante

- Boa tarde Vivian. - Ela falava com gentileza e depois me olhou abrindo um sorriso.

- Você deve ser a Camila.

- Sim. - Respondi timidamente.

- Bom, eu me chamo Patrícia e estou aqui para te ajudar. Sou psicóloga e queria conversar um pouco com você, pode ser?

- Tudo bem. - Relaxei meus ombros rendida.

Ela foi comigo até o meu quarto e fechou a porta me olhando preocupada.

- Camila... Sua tia disse que você tem traumas e não aceita aproximação de homens.

- Sim. Marcos me traumatizou.

- Vamos trabalhar isso em você? Vamos consertar o que ele quebrou? - Ela me olhava gentilmente e sorria.

- Isso é impossível.

- Nada é impossível! Está vendo lá fora? - Patrícia se levantou e puxou a cortina mostrando a luz do dia.

- Sim.

- Existem muitas pessoas assim como você, elas chegaram em mim e estavam quebradas e desacreditadas que um dia poderiam viver normalmente. Mas é possível! Camila, temos apenas um única vida! Você lutou por ela quando decidiu fugir dele e da sua morte*, agora você está livre! Ande pelo quintal e respire o ar fresco.

- Ele foi preso. - Falei voltando a chorar.

- Ótimo Camila! Você ficou muito tempo traumatizada e agora é hora de enfrentar os seus traumas. Ele não está mais aqui! Ele não vai te fazer nenhum mal* ouviu bem?

- Obrigada. - Sussurrei.

Patricia era inteligente e sabia dar bons conselhos. Ela trabalhou em minha cabeça a tarde toda e quando o sol estava se pondo ela me convenceu a andar pelo quintal. Senti o ar fresco do final da tarde acariciar meus cabelos e o sol esquentar minha pele, inspirei aquele ar fresco da fazenda. De longe vi as plantações de trigo e o vento os balançavam... Eu estava livre.

Patricia se despediu de mim, entrou em seu carro e foi embora. Fiquei parada no quintal me mantendo com os pés firmes no chão acreditando que eu podia voltar a viver como antes. Ouvi o latido do Marron e ele correu até a mim e pulou colocando suas patas gigantes em meu busto* quase me desequilibrei, eu ri sentindo ele lamber meus braços.

- E aí garotão? - Acariciei seus pêlos com cor de chocolate.

- Marron! Volta! Não faça isso! - Meu coração bateu forte ao escutar a voz de um homem. Olhei assustada e era o pai da Júlia, o Fernando. Recuei quando o cachorro desceu e voltou até ele balançando o rabo. Ele se aproximou rindo com uma coleira na mão e colocou no marrom.

- Me desculpe Camila. Ele é muito afoito! - Ele sabia o meu nome? Eu continuei calada e travada no mesmo ligar olhando ele terminar de colocar a coleira no cachorro.

- Você é de onde? Sua tia não falou muito sobre você. - Fernando falava com simpatia enquanto eu não conseguia me mexer e nem falar nada. Eu estava em choque e sentia que ia desmaiar!

- Está tudo bem? - Ele perguntou novamente e senti calafrios. Consegui mover minhas pernas e corri para a casa da minha tia me escondendo dele. Subi as escadas escutando minha tia me chamar preocupada e depois me tranquei no quarto deitando em minha cama. Ele deve achar que eu sou uma louca! Surtada! Sem *noção! Por ter corrido dele e o deixando falar sozinho.

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