THALES NARRANDO. — Como assim cadê a sua mulher? Onde mais ela poderia estar Thales se não na edícula. — Mamãe fala. — Ela não está no quarto, o que vocês fizeram com ela? Para onde vocês a levaram? — Grito. — Não fizemos nada Thales, nós saímos logo após a prova do vestido, fale baixo você pensa que está falando com quem. — Papai grita, e aquilo já me deixa bem nervoso. — Vocês fizeram, sim, vocês não a queriam aqui, eu quero saber para aonde vocês a levaram, não pensem que me enganam— Grito e bato a mão nos copos que estavam na bandeja ao lado da minha mãe, e tudo voa, quebrando o que tinha pela frente. O pior que por pouco na bate nela. — Chega, você vai baixar o tom de voz agora e vai respeitar a sua mãe, ou se não... — Papai fala e eu interrompo. — Ou se não o que papai? O que você vai fazer comigo? — Não queira pagar para ver o que eu sou capaz de fazer com você Thales, você não sabe um 1% do que eu sou capaz. — Papai grita bastante irritado. — Não se engane
THALES NARRANDO. — Me mostra as imagens do dia de hoje. — Eu falo rude para o segurança. — Cla,claro senhor Thales. — Ele gagueja e aquilo ali me irrita profundamente. Ele inicia o vídeo, vejo o Nicolas chegar, saímos, vejo a costureira chegar, vejo a mamãe e o papai sair e então o segurança sai da frente do portão. — Diminui a velocidade. — Ordeno. E estava lá claro em todas as cores, ela saindo com a mochila nas costas. — Onde você estava que você saiu da frente do portão? — Fui ao banheiro senhor. — Ele respondeu de cabeça baixa. — Ao banheiro? Justo na hora que ela saiu, você está mentindo para mim caralho. — Grito e dou um tapa em cima da mesa. — Não estou mentindo, eu juro. — Quem te pagou para deixar ela sair daqui? — Falo apertando o seu pescoço. — Ninguém senhor, eu juro, ninguém me pagou nada. — Seu mentiroso de merda. — Grito e dou um soco no rosto dele. O sangue começou a escorrer e eu já estava cego de ódio. — Fala caralho, quem mandou
LIZ (ROSA) NARRANDO — Você então e a nova babá do Lucas? — Uma senhora entra na cozinha e pergunta. Ela não tem um bom olhar, mas pode ser impressão, afinal mal a conheço. — Sim, sou eu, prazer chamo-me Rosa. — Falo e estendo a mão para ela, que fica no ar. Ela olha para a minha mão com nojo e depois olha para mim novamente. — Eu não gosto de funcionário andando pela casa o tempo todo, e muito menos no mesmo lugar que eu estou, portanto, evite. — Entendi. — Respondo e abaixo a cabeça. — E coloque limites naquele moleque, ele não pode fazer o que bem entender. Ele tenta virar essa casa pelo avesso. — Ela fala mais uma vez e eu só confirmo com a cabeça, afinal ela já mostrou que não gosta de funcionários. Ela sai da cozinha e eu volto a respirar. — Isso ai é uma jararaca. — Uma moça fala com ar de raiva. — Como ela é arrogante né? Parece ter um rei na barriga. — Prazer, chamo-me Josy, sou a cozinheira. — Ela estende a mão para me cumprimentar. — Prazer, sou a Rosa,
LIZ (ROSA) NARRANDO. — Hoje é sábado. — Ele resmungou. — E o que que tem? — Dia de sábado posso dormir até tarde, não tem aula. — Não senhor mocinho, pode ir levantando. — Falo mexendo na sua barriguinha fazendo cócegas nele e em seguida vou abrir a cortina do quarto e puxando a sua coberta. — Por favor, tia Rosa. — Ele pede manhoso. Eu fico de joelhos e aproximo-me dele, passo a mão no seu rosto e beijo a sua testinha. — Vamos levantar meu amor, escovar os dentes, tirar esse pijama e tomar um bom café da manhã. — Ahhh tabom vai. — Ele levanta bravo batendo o pé e segue para o banheiro. Ajudei ele a escovar os dentes, escolhi uma roupa mais fresquinha, afinal hoje o sol estava muito quente, penteei o seu cabelo e descemos. Quando chegamos na mesa do café da manhã, a Sra. Blanca e Nicolas já estavam sentados tomando café. — Bom dia. — Falo e ninguém responde. — Dá bom dia para o seu pai e a vovó Lucas. — Cochicho. — Bom dia. — Ele fala acanhado e a Bl
LIZ (ROSA) NARRANDO. — Só mais uma colherzinha e está ótimo. — Falo tentando fazer com que ele coma tudo. — Eu comi bem não comi tia? - Ai gente, como pode ser tão lindo e ninguém aqui parar para da atenção a ele. — Comeu sim meu amor, você está de parabéns. — Então eu vou poder ir na piscina? - Ele me olha com esses olhos pequenos, mas bem expressivos que não tem como negar nada. — Vai sim, só vamos esperar um pouco para você não passar mal. Ele estava ansioso e se fosse eu no lugar também estaria. Levei-o para o quarto, troquei a sua roupa, em seguida peguei uma toalha e nós descemos. A área da piscina era linda, eu não consigo entender o fato de ter um área dessa e a criança não poder brincar. Isso não entra na minha cabeça. — Tia você vai entrar comigo né? — Ele diz enquanto eu coloco a boia. — Não meu amor, a tia não tem um biquíni para usar, eu vou me sentar aqui no raso e ficar te olhando pode ser? — Não tia, entra comigo, por favor. — Ei Rosa, eu
LIZ (ROSA) NARRANDO. Quando voltei para o quarto, o Lucas estava dormindo. Confesso que achei melhor, assim ele dorme e quem sabe ao acordar esqueceu do que aconteceu. Passo a mã na sua cabeça. — Tadinho, a piscina te cansou não é meu amor. — Falo e cubro ele com a coberta. Bom, agora não tinha muito o que fazer a não ser ficar aqui velando o sono dele, sento-me no sofá ao lado da cama e como os dois pedaços de bolo que eu trouxe, coloco o prato na mesinha, encosto a minha cabeça no sofá estava bem cansada e acabo pegando no sono. — MÃE. — Lucas grita e eu acordo assustada. Ele estava sentado na cama chorando, me aproximo e acolho em meus braços. beijo a sua cabeça e encosto ela em meu peito. — O que foi meu amor? o que assustou você? — Sonhei com a mamãe. Ele coloca uma mão nos olhos coçando. Eu não queria entrar em detalhes com ele sobre esse assunto, eu podia apenas o confortar e foi exatamente isso o que eu fiz. Embalei ele nos meus braços e fiquei ali fa
LIZ (ROSA) NARRANDO. Estava impaciente com a espera, fui tomar água e molhei toda a minha blusa. — Pronto? — Sim, eu só preciso trocar a blusa que me molhei. Pode me esperar no carro. — No carro? — Sim, leva ele para o carro que eu chego. Ele pegou o Lucas no colo todo sem jeito, o Lucas colocou as mãos no seu pescoço e deitou a sua cabeça no seu ombro. O Nicolas realmente estava muito perdido. Notava-se que ele não parecia ter vinculo paterno com o filho, afinal ser pai, não é uma questão só de DNA, ser pai envolve laços fraternos fortes, e acho que isso falta neles. Desci as escadas correndo, com a bolsa do Lucas na mão. Fui até o meu quarto, coloquei uma blusa de frio, ténis velho que eu tinha e fui para o carro. O Nicolas tinha acabado de colocar o Lucas no banco do carro, ele deu a volta entrou e eu entrei ao lado no banco do passageiro. Aquele carro tinha o cheiro dele, era um perfume amaderado, ele colocou uma música baixinha e deu partindo, onde
NICOLAS NARRANDO O sentimento que carrego dentro de mim é de culpa, sim isso mesmo, pois eu não consigo olhar para o meu filho e não sentir remorso por ele não ter a mãe presente. Afinal a vida que levo me trouxe até aqui. Devido as minhas inimizades ela pagou o preço muito alto por mim. E isso trouxe até agora danos irreparáveis no meu relacionamento com o meu filho. Eu não conseguia aceitar o fim que ela teve, ela foi a mulher que eu, mais amei e o Lucas foi a pessoa que ela mas amou, porém, eu não queria apenas o Lucas, eu queria os dois na minha vida. Eu queria a família tão sonhada que idealizamos, porque o nosso amor era isso nos últimos meses NÓS 3. E então por esse motivo eu nunca consigui seguir em frente, nunca consigo me perdoar, os pesadelos do dia em que a perdi me assombram e o pior é que o Lucas também sofre com pesadelos, e ele é so uma criança. O último pedido de Manu era que eu cuidasse do Lucas, só que não é isso que eu venho fazendo, e todas as vez