RAFAELLA MARTINI NARRANDO. VERONA, ITÁLIAO escritório estava quieto, a tranquilidade só quebrada pelo som suave da lareira no canto da sala. Eu estava sentada à mesa, tentando juntar os meus pensamentos. A foto que encontrei entre os livros pesava em minhas mãos como uma bomba prestes a explodir. Fiquei ali parada, olhando para aquela foto. A imagem de Rocco e Celina juntos, íntimos demais, era uma evidência incontestável do que eu tinha visto naquela noite.A porta se abriu com um estrondo, e antes que eu pudesse reagir, Rocco estava dentro da sala. Ele avançou em minha direção, os olhos faiscando de raiva e determinação. Antes que eu pudesse sequer pensar em me defender, ele me prensou contra a parede.— Eu sei que você nos viu ontem à noite, Rafaella — disse ele, com a voz baixa e ameaçadora.— Rocco, eu... — Meu coração batia descompassado.— Não tente negar — ele interrompeu, apertando o meu pescoço. — Você viu e agora está tentando expor algo que não entende.As minhas mãos tr
LEONARDO RIZZI NARRANDO. VERONA, ITÁLIA.Ao abrir a porta da sala, Rafaella estava caída no chão da sala, inconsciente, com Rocco parado ao seu lado, como se fosse uma estátua. O meu coração quase parou de bater. Gritei pelo seu nome.— Rafaella!Me ajoelhei ao seu lado, desesperado. Aproximei meu rosto do dela, procurando sinais de vida. Seu peito subia e descia levemente, indicando que ela ainda respirava. Toquei seu rosto, meu desespero crescendo a cada segundo.— Rocco, o que você fez? Desgraçado. — Eu gritando, me virando para ele com uma raiva que nunca havia sentido antes.Rocco, que normalmente é tão seguro de si, parecia agora um menino assustado. Ele gaguejou, tentando se explicar.— Nós... nós discutimos. Ela foi subir a escada, e... e se desequilibrou. Não foi minha culpa!— Sua culpa ou não, você vai torcer para ela não morrer, ou eu acabo com você! — Gritei com minha voz saindo falhada pelo medo e a raiva.Eu sabia que não podia perder tempo ali. Peguei Rafaella nos bra
ROCCO NARRANDO.VERONA, ITÁLIA.Aquela maldita sobreviveu. Ela tinha que ter morrido. Eu preciso dar um jeito de calar a boca da Rafaella, porque se ela realmente falar para o Leonardo o que aconteceu, já era, estava tudo acabado para mim. Os meus contatos do hospital me disseram que ela acordou, mas sem memória. Isso me dá alguns dias para conseguir pensar em algo. Peguei o meu celular e liguei para a Celina.~ início de ligação ~— Já te falei para não me ligar assim durante o dia. — Ela atendeu sussurrando.— É urgente.— O que houve?— Rafaella nos viu na festa, contou para o Leonardo.— E agora?— Ele não acreditou nela, o problema foi que dentro do escritório do Riccardo ela achou um livro com uma foto nossa em uma festa.— Aquela maldita foto...— Isso, aquela maldita foto. Eu perdi a cabeça, coloquei ela contra a parede, queimei a foto, só que ela correu e caiu da escada.— Morreu? Me diz que sim.— Não, não morreu, ela apenas perdeu a memória.— Você precisa dar um jeito de m
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.VERONA, ITÁLIA.Eu realmente não conseguia me lembrar de absolutamente nada, por mais que eu forçasse a minha mente, não conseguia me lembrar de nada. O meu corpo inteiro estava doendo, o entre sai de médicos e enfermeira já estava me incomodando. O tal do Leonardo voltou para o quarto, quando ele abriu a porta, eu olhei para ele.— Como você se sente? — Ele perguntou.— Confusa, queria entender o que aconteceu comigo.— Aos poucos você vai se lembrar, o que posso te dizer é que você caiu da escada, você e o meu padrinho, bom, vocês não se dão muito bem.— Foi ele que me empurrou?— Eu não sei, quando cheguei em casa te encontrei caída nos pés dele, eu não posso dizer que ele te empurrou, porque eu realmente não sei.— Entendi.— Eu trouxe algumas roupas para você, acredito que você queira levantar e tomar banho.— Sim, eu já estou agoniada de ficar nessa cama.— Imaginei, você é muito ativa. — Ele disse e o celular dele começou a tocar.Ele não atendeu, col
LEONARDO RIZZI NARRANDO.VERONA, ITÁLIA.O som do meu celular cortou o silêncio do hospital, fazendo o meu coração acelerar. Olhei para a tela e vi o nome de um número desconhecido, desliguei várias vezes, só que aquele número estava insistindo demais. Atendi com pressa, sentindo a ansiedade subir como uma onda.~ início de ligação. ~— Leonardo Rizzi? — A voz do outro lado era grave e urgente.— Sim, sou eu. Quem fala? — Perguntei, tentando manter a calma.— Sou o Anderson, do galpão leste. Temos um problema no galpão. Há uma situação crítica que requer a sua presença imediata.— O que aconteceu? — Perguntei, já me preparando para sair.— Explosão no galpão, alguns homens estão feridos. Precisamos de você aqui para controlar a situação e coordenar a operação. É sério, Leonardo. Precisamos de sua ajuda agora.Eu senti um frio na barriga. A minha mente voou imediatamente para Rafaela, sozinha no quarto do hospital. A angústia de deixar ela naquele estado me consumia, mas eu sabia que nã
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.VERONA, ITÁLIA.Eu sentia uma mistura de exaustão e um medo profundo enquanto a enfermeira permanecia ao meu lado, sua mão segurando a minha com firmeza. O mundo ao redor parecia estar girando, e eu precisava de um momento para processar tudo o que havia acontecido.— Você está segura agora — Ela continuou, sua voz suave, tentando me acalmar.— Vamos chamar reforços e garantir que você fique protegida.Eu acenei levemente, ainda tentando recuperar o fôlego. A minha mente estava um turbilhão, repleta de imagens e sensações confusas. Tudo parecia se entrelaçar: a escada, Rocco, a foto escondida, e agora, aquele homem que tentou me matar. O medo e a dor eram quase insuportáveis.— Preciso saber de algo — Eu disse com a minha voz tremendo.— Onde está Leonardo? Eu quero ele aqui.— Eu não sei, ele saiu.— Eu preciso dele aqui, eu preciso dele agora. — Eu comecei a gritar.— Calma, eu vou pedir para ligarem para ele.Eu fechei os olhos por um momento, tentando ac
LEONARDO MARTINI NARRANDO. VERONA, ITÁLIA. Eu estava decidido. Não podia permitir que aquele homem permanecesse impune, eu iria fazer ele sofrer até ele desejar nunca ter nascido. Ao sair do quarto de Rafaella, com a promessa de proteger ela fresca na mente, eu fui direto até a administração do hospital para pedir as gravações das câmeras de segurança. O meu coração batia acelerado, mas eu tentava manter a calma e a firmeza.— Preciso das imagens das câmeras de segurança, agora — Eu disse à recepcionista, tentando manter a voz controlada.— É uma questão de segurança.Ela olhou para mim, surpresa e talvez um pouco assustada, mas depois de uma breve hesitação, chamou o responsável pela segurança. Minutos depois, eu estava sentado em uma sala, observando as gravações das últimas horas. O homem disfarçado de enfermeiro apareceu nas imagens, suas ações meticulosas e cuidadosas. Mas havia algo familiar nele. Eu sabia que já o tinha visto antes.— Esse homem não é um estranho para mim —
LEONARDO MARTINI NARRANDO.VERONA, ITÁLIA. Eu sabia que a paz momentânea não duraria. A imagem daquele homem disfarçado de enfermeiro ainda perturbava a minha mente. Aquele rosto familiar insistia em aparecer nos meus pensamentos, me lembrando que o perigo ainda rondava Rafaella e todos nós. Decidi que era hora de ir ao galpão e enfrentar a montanha de problemas que me aguardava lá.Ao entrar no meu escritório, senti o peso das responsabilidades se intensificar. As pilhas de documentos, os telefonemas incessantes, e os olhares dos meus homens, todos esperando por uma decisão, uma solução. A frustração começou a se acumular. O meu pai não havia me preparado para isso, mas nada poderia realmente me preparar para a pressão constante e os desafios diários. Os meus homens estavam inquietos, conversando em sussurros. Entrei direto na minha sala, sabendo que precisava me concentrar e lidar com as crises uma de cada vezMe sentei à minha mesa, tentando concentrar a minha mente dispersa. Foi