LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.— Rocco! — Eu grito, fazendo a minha voz soar acima do tumulto.— O seu tempo acabou!— Você tem certeza disso Leonardo? — Ele sorri e me mostrar o seu celular.....Por um momento, o mundo parou. Eu vi o vídeo no celular, e tudo dentro de mim desabou. Lorenzo, O meu irmão, estava preso em um cativeiro, as correntes brilhando à luz fraca do lugar onde ele estava sendo mantido. Ele estava sujo, machucado, mas ainda consciente. A expressão em seu rosto era de desespero, um desespero que imediatamente reconheci e que rasgou o meu peito."Não pode ser..." A minha mente entrou em colapso. Comecei a tentar lembrar quando foi a última vez que vi Lorenzo. Eu não o vi pela manhã, não desde a noite anterior. De repente, cada pequeno detalhe que eu havia ignorado, cada sinal que deixei passar por causa da urgência da missão, começou a pesar sobre mim como uma tonelada de concreto.— Seu desgraçado! — Explodi, avançando em direção a Rocco, sentindo uma raiva tão in
ROCCO NARRANDO. ITÁLIA.Tudo começou com um plano simples. Era para ser uma operação rápida, sem muita complicação. Meus homens sabiam o que fazer. Lorenzo, aquele moleque, estava na mira. Ele nunca viu isso chegando, e, para ser sincero, eu queria que ele sentisse o golpe.As instruções eram claras: tragam Lorenzo para mim, vivo, mas não ileso. Queria que ele sentisse o poder que ainda tenho sobre ele e sobre todos. Na noite anterior, recebi a notícia de que os meus homens haviam cumprido a missão. Eles o pegaram desprevenido, enquanto ele se dirigia para casa. Idiota. Deveria ter desconfiado. Mas Lorenzo sempre confiou demais nas pessoas, especialmente em mim. Esse foi o erro dele.Quando ouvi que o haviam trazido, fui imediatamente para o subsolo. Abri a porta pesada do cativeiro e lá estava ele, acorrentado à parede, os olhos arregalados de medo e confusão. Por um momento, um sorriso cruzou os meus lábios. Ver o medo nos olhos de alguém que uma vez confiou em você tem um gosto ag
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Consegui chegar ao hospital com Celina nos braços. Cada passo era uma luta contra a urgência que crescia dentro de mim, o peso do seu corpo se tornando uma carga cada vez mais difícil de suportar. O sangue encharcava a minha roupa, um vermelho vivo que me lembrava da gravidade da situação a cada instante. Eu sentia o calor do seu sangue se misturando ao meu suor.Assim que as portas automáticas do hospital se abriram, uma enfermeira olhou para mim e gritou alguma coisa para os médicos. Eles vieram correndo com uma maca, e eu coloquei Celina cuidadosamente sobre ela.— Cuidem dela! — Exigi, com a minha voz rouca de tanto gritar e comandar durante o confronto.Os médicos a levaram para dentro correndo, sumindo por uma porta dupla. E eu fiquei ali, parado, na recepção do hospital, com a camisa empapada de sangue e um vazio profundo crescendo dentro de mim, a preocupação com Lorenzo estava me consumindo por dentro. As minhas mãos tremiam, não de medo, mas
CELINA NARRANDO.ITÁLIA.Tudo começou com um estalo. O som seco e repentino que ecoou nos meus ouvidos, seguido por uma dor tão aguda e lancinante que me deixou sem ar. Nunca imaginei que a morte pudesse chegar tão de repente, tão fria e silenciosa. Não consegui gritar, apenas senti o meu corpo fraquejar, como se cada célula estivesse sendo sugada para um vazio escuro e profundo. O chão pareceu ceder sob os meus pés, e tudo ao meu redor virou uma visão borrada de sons e cores borradas.Quando abri os olhos novamente, a dor era insuportável. Uma parte de mim queria gritar, outra parte queria desistir e se entregar à escuridão que ameaçava engolir tudo. Senti algo quente e viscoso escorrendo pelo meu corpo. Sangue. Muito sangue. Sabia que estava ferida gravemente, mas a gravidade disso ainda não havia me atingido. Todo o meu corpo tremia, e eu mal conseguia manter os meus olhos abertos. A visão começou a ficar embaçada, e a sensação de estar perdendo o controle me tomou por completo.Al
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA. Eu estava exausto. O tipo de cansaço que não vem apenas do corpo, mas da alma. Aquele tipo de fadiga que se acumula com o tempo, com as decepções, os fracassos e o peso de responsabilidades que eu nunca quis, mas que fui obrigado a carregar. A minha mente não parava, um turbilhão de pensamentos, imagens e lembranças se misturando em um caos sem fim. Assim que Rafaella e eu chegamos em casa, não troquei uma palavra com ela. Ela estava ao meu lado, tão desgastada quanto eu, mas a tensão entre nós era palpável. Subi direto para o nosso quarto, sem sequer olhar para trás. Cada passo que eu dava parecia pesar uma tonelada. Mal conseguia manter a cabeça erguida. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Fechei os olhos, tentando encontrar algum alívio, alguma paz, mas tudo o que consegui foi mais dor. O cansaço se misturava com a raiva e o medo. Medo por meu irmão, medo do que Rocco poderia fazer com ele,
CELINA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA. O som da porta se fechando atrás de Rafaella e Leonardo ecoou na minha mente como o golpe final de uma sentença implacável. Eles se foram, me deixando sozinha neste quarto de hospital, presa em um corpo que já não era o meu. A dor física era quase insignificante comparada ao desespero que me rasgava por dentro. Como eu cheguei a isso? Como tudo na minha vida se desmoronou tão rápido? As lágrimas começaram a escorrer antes que eu pudesse contê-las, molhando o travesseiro sob a minha cabeça. A realidade era brutal demais para aceitar: eu estava paraplégica. As palavras dos médicos ecoavam na minha mente como um pesadelo do qual eu nunca poderia acordar. "Nunca mais poderá andar." Como se as minhas pernas tivessem sido arrancadas de mim, e com elas, toda a esperança, todo o futuro que eu havia imaginado. Cada soluço parecia arrancar pedaços da minha alma. Eu não conseguia me livrar da imagem de Rafaella, o ódio claro nos seus olhos, como se a minha de
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIAO som da porta se fechando com um estrondo foi o ponto final da discussão mais amarga que Leonardo e eu já tivemos. A minha raiva fervia por dentro, uma mistura de frustração e desespero, e tudo o que eu queria era machucar, gritar, fazer alguém sentir a dor que eu estava sentindo. Assim que ele passou pela porta, peguei o vaso mais próximo e, sem pensar, joguei com toda a força contra a madeira. O impacto foi tão forte que o vaso se estilhaçou em mil pedaços, refletindo o caos dentro de mim.Caí de joelhos no chão, as lágrimas finalmente explodindo. A minha respiração estava rápida e irregular, como se eu não conseguisse puxar o ar suficiente para sustentar a raiva e o medo que me consumiam.— Isso tudo é minha culpa. — Eu gritei, com a voz embargada pelo choro.— Tudo isso começou por minha causa, e estou cansada de ver os outros pagarem por meus erros.A culpa era um peso insuportável em meus ombros, um veneno que me corroía por dentro. Eu estava e
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA.A noite já havia chegado quando voltei para casa, o silêncio absoluto que me envolvia era quase opressivo. A raiva que havia me consumido mais cedo, aquela fúria cega que me levou a sair de casa, agora dava lugar a uma preocupação crescente. Rafaella e eu havíamos discutido de uma forma que eu não me orgulhava, e enquanto eu guiava o carro pelas ruas escuras, todas as palavras ditas no calor do momento ecoavam na minha mente como um martelo.Entrei pela porta da frente, esperando encontrá-la, talvez sentada na sala ou deitada na cama, ainda furiosa comigo. Mas o que encontrei foi um silêncio. Não havia som algum. Nenhuma luz acesa, nenhuma TV ligada, nada que indicasse a presença dela.— Rafaella? — Chamei, mas a minha voz ecoou pela casa vazia.Subi as escadas, sentindo o peso da ansiedade crescer a cada passo. Entrei no nosso quarto e, novamente, nada. Nenhum sinal de Rafaella. A cama ainda estava desfeita, do jeito que a deixamos antes de tudo desm