LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.O galpão é um lugar sombrio, onde o silêncio quase sempre predomina. Mas, enquanto estou no andar de cima, revisando os planos com Lorenzo e alguns dos nossos homens, um grito surgiu. É inconfundível, é Rafaella. O meu corpo reage antes da minha mente, e, em segundos, estou descendo as escadas a passos largos, o coração batendo rápido.As paredes do porão parecem comprimir a tensão, o cheiro de metal e suor é mais forte aqui. Quando chego, vejo Rafaella a poucos centímetros de Celina, os olhos de ambas queimando com ódio. A mão de Rafaella está grudada nos cabelos de Celina, puxando com força. O olhar de Celina, desafiador como sempre, só aumenta o desespero que vejo no rosto de Rafaella.— Me solta, Leonardo! — Ela grita, com o corpo todo tenso, tentando se libertar do meu aperto. Mas eu não cedo.— Eu mandei você parar! — Grito de volta, segurando ela com mais força e forçando ela soltar Celina. Sinto a raiva de Rafaella como uma onda, pulsando no ar
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Ainda sinto o calor das mãos de Leonardo no meu braço, mesmo depois que ele saiu, batendo a porta atrás de si. Fico parada no meio da sala, o coração batendo forte demais no peito, a respiração pesada como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Tento recuperar o controle, mas é difícil. As palavras dele ainda ecoam na minha cabeça, misturadas com a minha própria raiva, confusão e... dor. Ele estava certo em me parar? Será que exagerei?Solto um suspiro, tentando me acalmar. Ando até a janela, mas a vista não oferece consolo. Apenas o breu lá fora, tão tenso quanto os meus pensamentos. Sinto a garganta apertada, como se algo estivesse me sufocando por dentro. Não posso desmoronar agora, não posso me deixar abater pelo que aconteceu. Preciso ser forte, preciso manter o foco. Mas é difícil não sentir o peso de tudo o que está acontecendo, principalmente quando sei que Leonardo também está lutando contra os próprios demônios.Passo as mãos pelo ro
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Acordo com o sol filtrando através das cortinas do quarto, a sua luz ainda não sendo forte o suficiente para me obrigar a levantar. A noite foi intensa e, enquanto a minha mente tenta processar os eventos e os planos para o dia, sei que temos uma missão crucial pela frente. Me visto rapidamente, sem perder tempo com detalhes, saiu de casa em silêncio e sigo para o galpão onde Celina está amarrada.Celina foi deixada sozinha em um canto sombrio, e a visão dela ali, amarrada e vulnerável, não me causa exatamente satisfação, mas é um lembrete do que está em jogo. Os meus homens estão prontos, a tensão no ar é palpável, e cada um de nós está ciente da importância da missão.Entro no galpão e encontro Celina no chão, com os seus cabelos desgrenhados e o olhar cansado, mas ainda desafiador. Ela levanta os olhos ao me ver, e há um brilho de determinação neles que não consigo ignorar. Me aproximo e, com um gesto brusco, ordeno que os meus homens a soltem.— So
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.— Rocco! — Eu grito, fazendo a minha voz soar acima do tumulto.— O seu tempo acabou!— Você tem certeza disso Leonardo? — Ele sorri e me mostrar o seu celular.....Por um momento, o mundo parou. Eu vi o vídeo no celular, e tudo dentro de mim desabou. Lorenzo, O meu irmão, estava preso em um cativeiro, as correntes brilhando à luz fraca do lugar onde ele estava sendo mantido. Ele estava sujo, machucado, mas ainda consciente. A expressão em seu rosto era de desespero, um desespero que imediatamente reconheci e que rasgou o meu peito."Não pode ser..." A minha mente entrou em colapso. Comecei a tentar lembrar quando foi a última vez que vi Lorenzo. Eu não o vi pela manhã, não desde a noite anterior. De repente, cada pequeno detalhe que eu havia ignorado, cada sinal que deixei passar por causa da urgência da missão, começou a pesar sobre mim como uma tonelada de concreto.— Seu desgraçado! — Explodi, avançando em direção a Rocco, sentindo uma raiva tão in
ROCCO NARRANDO. ITÁLIA.Tudo começou com um plano simples. Era para ser uma operação rápida, sem muita complicação. Meus homens sabiam o que fazer. Lorenzo, aquele moleque, estava na mira. Ele nunca viu isso chegando, e, para ser sincero, eu queria que ele sentisse o golpe.As instruções eram claras: tragam Lorenzo para mim, vivo, mas não ileso. Queria que ele sentisse o poder que ainda tenho sobre ele e sobre todos. Na noite anterior, recebi a notícia de que os meus homens haviam cumprido a missão. Eles o pegaram desprevenido, enquanto ele se dirigia para casa. Idiota. Deveria ter desconfiado. Mas Lorenzo sempre confiou demais nas pessoas, especialmente em mim. Esse foi o erro dele.Quando ouvi que o haviam trazido, fui imediatamente para o subsolo. Abri a porta pesada do cativeiro e lá estava ele, acorrentado à parede, os olhos arregalados de medo e confusão. Por um momento, um sorriso cruzou os meus lábios. Ver o medo nos olhos de alguém que uma vez confiou em você tem um gosto ag
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Consegui chegar ao hospital com Celina nos braços. Cada passo era uma luta contra a urgência que crescia dentro de mim, o peso do seu corpo se tornando uma carga cada vez mais difícil de suportar. O sangue encharcava a minha roupa, um vermelho vivo que me lembrava da gravidade da situação a cada instante. Eu sentia o calor do seu sangue se misturando ao meu suor.Assim que as portas automáticas do hospital se abriram, uma enfermeira olhou para mim e gritou alguma coisa para os médicos. Eles vieram correndo com uma maca, e eu coloquei Celina cuidadosamente sobre ela.— Cuidem dela! — Exigi, com a minha voz rouca de tanto gritar e comandar durante o confronto.Os médicos a levaram para dentro correndo, sumindo por uma porta dupla. E eu fiquei ali, parado, na recepção do hospital, com a camisa empapada de sangue e um vazio profundo crescendo dentro de mim, a preocupação com Lorenzo estava me consumindo por dentro. As minhas mãos tremiam, não de medo, mas
CELINA NARRANDO.ITÁLIA.Tudo começou com um estalo. O som seco e repentino que ecoou nos meus ouvidos, seguido por uma dor tão aguda e lancinante que me deixou sem ar. Nunca imaginei que a morte pudesse chegar tão de repente, tão fria e silenciosa. Não consegui gritar, apenas senti o meu corpo fraquejar, como se cada célula estivesse sendo sugada para um vazio escuro e profundo. O chão pareceu ceder sob os meus pés, e tudo ao meu redor virou uma visão borrada de sons e cores borradas.Quando abri os olhos novamente, a dor era insuportável. Uma parte de mim queria gritar, outra parte queria desistir e se entregar à escuridão que ameaçava engolir tudo. Senti algo quente e viscoso escorrendo pelo meu corpo. Sangue. Muito sangue. Sabia que estava ferida gravemente, mas a gravidade disso ainda não havia me atingido. Todo o meu corpo tremia, e eu mal conseguia manter os meus olhos abertos. A visão começou a ficar embaçada, e a sensação de estar perdendo o controle me tomou por completo.Al
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA. Eu estava exausto. O tipo de cansaço que não vem apenas do corpo, mas da alma. Aquele tipo de fadiga que se acumula com o tempo, com as decepções, os fracassos e o peso de responsabilidades que eu nunca quis, mas que fui obrigado a carregar. A minha mente não parava, um turbilhão de pensamentos, imagens e lembranças se misturando em um caos sem fim. Assim que Rafaella e eu chegamos em casa, não troquei uma palavra com ela. Ela estava ao meu lado, tão desgastada quanto eu, mas a tensão entre nós era palpável. Subi direto para o nosso quarto, sem sequer olhar para trás. Cada passo que eu dava parecia pesar uma tonelada. Mal conseguia manter a cabeça erguida. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Fechei os olhos, tentando encontrar algum alívio, alguma paz, mas tudo o que consegui foi mais dor. O cansaço se misturava com a raiva e o medo. Medo por meu irmão, medo do que Rocco poderia fazer com ele,