LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA. Quando entrei no carro, o silêncio de Rafaella era ensurdecedor. Ela estava sentada ao meu lado, com os olhos fixos à frente, mas a tensão em seu corpo era palpável. Enquanto eu dirigia pelas ruas escuras, a minha mente girava em torno do que havia acontecido no galpão. Eu já tinha visto Rafaella furiosa antes, mas aquela raiva, aquele ódio que transbordava de cada movimento o seu, era algo diferente. Nunca a vi tão nervosa, tão tomada por um sentimento que parecia engolir toda a sua razão.Eu tentei buscar uma maneira de falar com ela, de acalmar a tempestade que estava claramente se formando dentro dela, mas as palavras não saíam. O silêncio entre nós só era quebrado pelo som do motor e pela respiração pesada dela. Eu sabia que algo profundo havia sido quebrado naquele momento, algo que talvez não pudesse ser reparado.Quando finalmente chegamos em casa, Rafaella não esperou que eu desligasse o carro. Ela saiu apressada, e antes que eu pudesse alca
CELINA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Estava tudo errado. Como diabos eu, Celina, a mulher que sobreviveu a tudo, acabei no chão sujo e frio, humilhada, sob os olhos frios dos homens de Leonardo? A minha mente fervia com a revolta, uma chama ardendo em meu peito. A dor física era apenas uma parte do tormento; o verdadeiro sofrimento vinha da traição, da humilhação. Eu fui longe demais para ser tratada como lixo.Rafaella, aquela ingrata, não sabe o que fez. A sua fúria descontrolada, os seus golpes carregados de ódio... Tudo isso só confirmou que eu preciso acabar com essa situação antes que ela me destrua. E pensar que Leonardo permitiu que isso acontecesse! Ele ficou ali, observando, hesitando em intervir enquanto Rafaella me atacava com uma raiva que nunca vi em ninguém. Que tipo de homem deixa isso acontecer? E Adam... Ah, Adam, o covarde! Quando precisei dele, ele virou as costas, me chamando de traidora, como se ele tivesse alguma moral para falar de lealdade!Agora, eu estava ali, j
ADAM MARTINI NARRANDO. ITÁLIA.Não sei como cheguei no esconderijo. A minha cabeça estava um caos, girando em um redemoinho de raiva e dor. Cada palavra que Celina me disse se repetia em minha mente, um ciclo interminável de traição. Gabriel não é meu filho. Como ela pôde? Tudo que fiz, tudo que sacrifiquei... Por nada. Ela destruiu tudo.Assim que entrei pela porta, o apartamento parecia diferente. Fria. Vazia. Como se até as paredes soubessem da mentira que eu vivi por tanto tempo. O silêncio era ensurdecedor. Tentei me sentar no sofá, respirar fundo, mas o ar parecia denso, pesado, como se me sufocasse. A dor era insuportável, uma agulha cravada diretamente no meu peito.Levantei de repente, empurrando a mesa de centro com tanta força que ela se chocou contra a parede, o vidro se estilhaçando no impacto. Mas isso não foi suficiente. Não bastava. O ódio dentro de mim era maior que qualquer pedaço de mobília que eu pudesse quebrar. As lágrimas ameaçavam cair, mas eu as contive. Não
ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.Tudo começou a se encaixar perfeitamente, como se o universo estivesse conspirando para me dar o que eu sempre desejei: vingança. Eu sabia que esse momento chegaria, mas a sensação de ter os filhos de Celina sob o meu controle é mais doce do que eu poderia imaginar. Evandro cumpriu o seu papel como o cão leal que é, e agora, esses dois pedaços da alma de Celina estão aqui.Enquanto me dirijo para o andar inferior, penso em como quero jogar este jogo. Celina tentou me matar, e por isso, a sua dor deve ser proporcional. O subsolo é um lugar frio, úmido, perfeito para quebrar o espírito de alguém. Entro na sala onde Evandro está com Gabriel e Olívia. Eles estão amarrados em cadeiras, os seus rostos cheios de medo e raiva, uma mistura que me diverte.Gabriel me encara com uma bravura insana, os seus olhos me desafiando como se eu fosse qualquer um. Insolente.— Você é um desgraçado! — Ele grita, com a voz rouca, carregada de ódio.Esse moleque ousa me desafiar? Um
LORENZO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.A mensagem de Rocco apareceu no meu telefone no momento em que eu estava prestes a sair de casa. Um frio correu pela minha espinha ao ver o nome dele piscando na tela. Eu hesitei por um segundo, o dedo pairando sobre o botão para abrir o vídeo. Algo me dizia que o que quer que estivesse ali dentro não seria fácil de digerir. Mas não havia como ignorar, não havia como fugir.Com um suspiro pesado, abri o vídeo.No começo, a imagem estava tremida, como se quem estivesse filmando tivesse pressa em mostrar o que quer que fosse. Mas, logo que a câmera estabilizou. As paredes de pedra, a iluminação fraca, o chão de concreto frio… Mas o que realmente capturou a minha atenção foram as duas figuras amarradas no centro da sala. Gabriel e Olívia.O coração disparou no meu peito. Gabriel estava se contorcendo nas cordas, o seu rosto estava uma máscara de raiva e medo. Ele gritava algo, mas o áudio do vídeo estava distorcido, as suas palavras quase inaudíveis. Então
CELINA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Eu nunca imaginei que seria assim. Que o meu passado, as minhas decisões impensadas, me levariam a este ponto, a essa dor insuportável. Olhando para o chão frio, sujo, sinto cada músculo do meu corpo tenso, enquanto a imagem de Gabriel e Olívia presos naquele lugar horrível é a única coisa que consigo ver. O vídeo que Leonardo acabou de me mostrar queima em minha mente, como uma marca a ferro quente. E é tudo culpa minha. Cada gota de sofrimento que eles estão passando é por minha causa.Quando Leonardo pressionou o play, vi o rosto de Gabriel distorcido pelo medo e pela dor. Ele é forte, muito mais forte do que eu fui, mas ainda assim... ele é apenas um garoto. Meu garoto. Meu filho. As palavras de Rocco ainda ecoam em meus ouvidos, cada insulto, cada golpe que ele desferiu contra o meu filho ressoam como marteladas no meu peito. E Olívia... aquela menina inocente, também está pagando por meus pecados.Eu queria poder arrancar os olhos, não ter que ve
RAFAELLA MARTINI NARRANDO. ITÁLIA.Eu observo Leonardo em silêncio, o peso do que acabamos de discutir ainda pairando no ar entre nós. Celina propôs um plano louco, arriscado, e, para a minha surpresa, Leonardo parece estar considerando. O meu coração bate acelerado no peito, mas não é apenas o medo pelo que está em jogo. Há uma desconfiança, uma sombra que não consigo ignorar. Celina já provou que é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer, e a última coisa que quero é vê-la armando contra Leonardo.— Você realmente acha que dá pra confiar nela? — A minha voz soa mais dura do que eu pretendia, mas é inevitável. A ideia de Leonardo se arriscando com base em algo que Celina sugeriu me deixa inquieta.Ele suspira, passando a mão pelos cabelos, os olhos fixos em algum ponto distante. Sei que ele está ponderando todas as possibilidades, mas não posso deixar de sentir que ele está sendo atraído para uma armadilha.— Não é questão de confiar, Rafaella — Ele responde finalmente, co
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIAO silêncio no galpão é quase absoluto, interrompido apenas pelo som de vozes abafadas e pelo eco distante dos passos de Leonardo se movendo pelo andar de cima. Ele está concentrado, ocupado em discutir os detalhes do plano com os outros, sem perceber que a minha mente está a mil, tramando algo que ele jamais aprovaria. Sinto um frio percorrer a minha espinha, mas não é de medo. É de determinação. Preciso agir por conta própria, preciso confrontar Celina antes que seja tarde demais.Os meus passos são rápidos e decididos enquanto desço as escadas, sentindo cada degrau vibrar pelo meu corpo como uma contagem regressiva para o inevitável confronto. O ar no porão é pesado, denso com a tensão acumulada. Ao abrir a porta, sou recebida pelo cheiro acre de metal e suor, misturado ao som sutil da respiração controlada de Celina. Lá está ela, amarrada no chão frio, com o rosto escondido na humilhação, mas mesmo assim, a sua presença parece dominar o ambiente. E