CELINA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Eu nunca imaginei que seria assim. Que o meu passado, as minhas decisões impensadas, me levariam a este ponto, a essa dor insuportável. Olhando para o chão frio, sujo, sinto cada músculo do meu corpo tenso, enquanto a imagem de Gabriel e Olívia presos naquele lugar horrível é a única coisa que consigo ver. O vídeo que Leonardo acabou de me mostrar queima em minha mente, como uma marca a ferro quente. E é tudo culpa minha. Cada gota de sofrimento que eles estão passando é por minha causa.Quando Leonardo pressionou o play, vi o rosto de Gabriel distorcido pelo medo e pela dor. Ele é forte, muito mais forte do que eu fui, mas ainda assim... ele é apenas um garoto. Meu garoto. Meu filho. As palavras de Rocco ainda ecoam em meus ouvidos, cada insulto, cada golpe que ele desferiu contra o meu filho ressoam como marteladas no meu peito. E Olívia... aquela menina inocente, também está pagando por meus pecados.Eu queria poder arrancar os olhos, não ter que ve
RAFAELLA MARTINI NARRANDO. ITÁLIA.Eu observo Leonardo em silêncio, o peso do que acabamos de discutir ainda pairando no ar entre nós. Celina propôs um plano louco, arriscado, e, para a minha surpresa, Leonardo parece estar considerando. O meu coração bate acelerado no peito, mas não é apenas o medo pelo que está em jogo. Há uma desconfiança, uma sombra que não consigo ignorar. Celina já provou que é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer, e a última coisa que quero é vê-la armando contra Leonardo.— Você realmente acha que dá pra confiar nela? — A minha voz soa mais dura do que eu pretendia, mas é inevitável. A ideia de Leonardo se arriscando com base em algo que Celina sugeriu me deixa inquieta.Ele suspira, passando a mão pelos cabelos, os olhos fixos em algum ponto distante. Sei que ele está ponderando todas as possibilidades, mas não posso deixar de sentir que ele está sendo atraído para uma armadilha.— Não é questão de confiar, Rafaella — Ele responde finalmente, co
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIAO silêncio no galpão é quase absoluto, interrompido apenas pelo som de vozes abafadas e pelo eco distante dos passos de Leonardo se movendo pelo andar de cima. Ele está concentrado, ocupado em discutir os detalhes do plano com os outros, sem perceber que a minha mente está a mil, tramando algo que ele jamais aprovaria. Sinto um frio percorrer a minha espinha, mas não é de medo. É de determinação. Preciso agir por conta própria, preciso confrontar Celina antes que seja tarde demais.Os meus passos são rápidos e decididos enquanto desço as escadas, sentindo cada degrau vibrar pelo meu corpo como uma contagem regressiva para o inevitável confronto. O ar no porão é pesado, denso com a tensão acumulada. Ao abrir a porta, sou recebida pelo cheiro acre de metal e suor, misturado ao som sutil da respiração controlada de Celina. Lá está ela, amarrada no chão frio, com o rosto escondido na humilhação, mas mesmo assim, a sua presença parece dominar o ambiente. E
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.O galpão é um lugar sombrio, onde o silêncio quase sempre predomina. Mas, enquanto estou no andar de cima, revisando os planos com Lorenzo e alguns dos nossos homens, um grito surgiu. É inconfundível, é Rafaella. O meu corpo reage antes da minha mente, e, em segundos, estou descendo as escadas a passos largos, o coração batendo rápido.As paredes do porão parecem comprimir a tensão, o cheiro de metal e suor é mais forte aqui. Quando chego, vejo Rafaella a poucos centímetros de Celina, os olhos de ambas queimando com ódio. A mão de Rafaella está grudada nos cabelos de Celina, puxando com força. O olhar de Celina, desafiador como sempre, só aumenta o desespero que vejo no rosto de Rafaella.— Me solta, Leonardo! — Ela grita, com o corpo todo tenso, tentando se libertar do meu aperto. Mas eu não cedo.— Eu mandei você parar! — Grito de volta, segurando ela com mais força e forçando ela soltar Celina. Sinto a raiva de Rafaella como uma onda, pulsando no ar
RAFAELLA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Ainda sinto o calor das mãos de Leonardo no meu braço, mesmo depois que ele saiu, batendo a porta atrás de si. Fico parada no meio da sala, o coração batendo forte demais no peito, a respiração pesada como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Tento recuperar o controle, mas é difícil. As palavras dele ainda ecoam na minha cabeça, misturadas com a minha própria raiva, confusão e... dor. Ele estava certo em me parar? Será que exagerei?Solto um suspiro, tentando me acalmar. Ando até a janela, mas a vista não oferece consolo. Apenas o breu lá fora, tão tenso quanto os meus pensamentos. Sinto a garganta apertada, como se algo estivesse me sufocando por dentro. Não posso desmoronar agora, não posso me deixar abater pelo que aconteceu. Preciso ser forte, preciso manter o foco. Mas é difícil não sentir o peso de tudo o que está acontecendo, principalmente quando sei que Leonardo também está lutando contra os próprios demônios.Passo as mãos pelo ro
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Acordo com o sol filtrando através das cortinas do quarto, a sua luz ainda não sendo forte o suficiente para me obrigar a levantar. A noite foi intensa e, enquanto a minha mente tenta processar os eventos e os planos para o dia, sei que temos uma missão crucial pela frente. Me visto rapidamente, sem perder tempo com detalhes, saiu de casa em silêncio e sigo para o galpão onde Celina está amarrada.Celina foi deixada sozinha em um canto sombrio, e a visão dela ali, amarrada e vulnerável, não me causa exatamente satisfação, mas é um lembrete do que está em jogo. Os meus homens estão prontos, a tensão no ar é palpável, e cada um de nós está ciente da importância da missão.Entro no galpão e encontro Celina no chão, com os seus cabelos desgrenhados e o olhar cansado, mas ainda desafiador. Ela levanta os olhos ao me ver, e há um brilho de determinação neles que não consigo ignorar. Me aproximo e, com um gesto brusco, ordeno que os meus homens a soltem.— So
LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.— Rocco! — Eu grito, fazendo a minha voz soar acima do tumulto.— O seu tempo acabou!— Você tem certeza disso Leonardo? — Ele sorri e me mostrar o seu celular.....Por um momento, o mundo parou. Eu vi o vídeo no celular, e tudo dentro de mim desabou. Lorenzo, O meu irmão, estava preso em um cativeiro, as correntes brilhando à luz fraca do lugar onde ele estava sendo mantido. Ele estava sujo, machucado, mas ainda consciente. A expressão em seu rosto era de desespero, um desespero que imediatamente reconheci e que rasgou o meu peito."Não pode ser..." A minha mente entrou em colapso. Comecei a tentar lembrar quando foi a última vez que vi Lorenzo. Eu não o vi pela manhã, não desde a noite anterior. De repente, cada pequeno detalhe que eu havia ignorado, cada sinal que deixei passar por causa da urgência da missão, começou a pesar sobre mim como uma tonelada de concreto.— Seu desgraçado! — Explodi, avançando em direção a Rocco, sentindo uma raiva tão in
ROCCO NARRANDO. ITÁLIA.Tudo começou com um plano simples. Era para ser uma operação rápida, sem muita complicação. Meus homens sabiam o que fazer. Lorenzo, aquele moleque, estava na mira. Ele nunca viu isso chegando, e, para ser sincero, eu queria que ele sentisse o golpe.As instruções eram claras: tragam Lorenzo para mim, vivo, mas não ileso. Queria que ele sentisse o poder que ainda tenho sobre ele e sobre todos. Na noite anterior, recebi a notícia de que os meus homens haviam cumprido a missão. Eles o pegaram desprevenido, enquanto ele se dirigia para casa. Idiota. Deveria ter desconfiado. Mas Lorenzo sempre confiou demais nas pessoas, especialmente em mim. Esse foi o erro dele.Quando ouvi que o haviam trazido, fui imediatamente para o subsolo. Abri a porta pesada do cativeiro e lá estava ele, acorrentado à parede, os olhos arregalados de medo e confusão. Por um momento, um sorriso cruzou os meus lábios. Ver o medo nos olhos de alguém que uma vez confiou em você tem um gosto ag