RAFAELLA MARTINI NARRANDO.
Eu joguei as sacolas em baixo da minha cama e deitei na cama. Estou encantada com o que está acontecendo, escutei o barulho de um salto fino no chão de madeira, rapidamente me cobri e a porta abriu. — O que você tem? — Celina perguntou. — Acredito que comi algo que não me fez bem. — Você está grávida Rafaella? — O que? Está ficando louca? — Tenho certeza que está, você é um puta, vergonha da família. — Celina disse e bateu a porta. Celina tenta de todos os jeitos acabar comigo, é como se ela tivesse medo de mim, mais eu não sou nenhum tipo de risco, afinal olha para mim. Ava voltou para o quarto, ela estava pálida, trancou a porta e sentou na cama ao meu lado. — Esqueça essa festa hoje, não é seguro. — Ava disse em desespero. — Como assim? — Eu vi a Celina entregar um pacote de dinheiro para o segurança, ela pediu para que ele garantisse que o serviço fosse feito. — Mas, o que eu tenho a ver com isso? — Rafaella não seja tola, Celina não vê a hora de se livrar de você. — Eu não vou desistir de ir Ava, eu já comprei até a roupa, por favor não me peça para desistir. — Rafaella.... — Ava tentou intervir. — Ava, por favor, eu juro que ninguém vai me reconhecer, é impossível que me vejam com aquela máscara. — Você ficará apenas duas horas nesse baile, você me promete? — Prometo. — Jorge irá te levar e após duas horas ele irá voltar para trazê-la de volta. — Tudo bem. — Assim que eles saírem, eu vou lá em cima pegar aquelas coisas de passar no rosto e cabelo que Olivia usa. — Combinado. — Eu respondi e Ava saiu do quarto. Eu não via a hora de anoitecer, eu queria sair desse quarto e me sentir livre. As minhas mãos estavam suadas, não tinha nenhum barulho ao lado de fora. Ava entrou abriu a porta do quarto e disse: — Menina, o seu pai está te chamando. — Sério? — Sim, na sala, rápido, o humor dele não está nada bom. — Ava disse e fechou a porta. Eu levantei da cama, passei a mão na minha roupa amassada, sai do quarto e fui até o meu pai. — Me chamou? — Sim, Celina me disse que está grávida, isso é verdade? — Claro que não pai, eu apenas passei mal com o café da manhã de hoje cedo. — Você tem certeza Rafaella? — Absoluta, pode me levar ao médico, eu não estou grávida. — A sua mãe não te ensinou que era feio mentir garota. — Celina disse ao descer as escadas. — Não fala da minha mãe. — Eu elevei o meu tom de voz. — Escuta aqui, fala baixo comigo dentro da minha casa, quem manda aqui sou eu. — Essa casa primeiro foi da minha mãe, você chegou depois, portanto não fale dela. — Eu falo como eu quiser, sou a dona dessa casa, afinal Rafaella, mortos não falam não é mesmo? — Ela disse e sorriu. — Celina, por favor, se controle. — O meu pai disse. — Essa menina está solta demais Adam, você precisa colocar limites nela antes que ela traga dor de cabeça para nós. — Solta demais? A minha vida é ficar presa dentro daquele maldito quarto, eu não tenho vida, aliás Celina, a minha vida acabou quando você chegou nessa casa, os seus filhos tiraram o meu lugar de filha. — Rafaella... — O meu pai me interrompeu. — Estou cansada de ser a ovelha negra, estou cansada, cansada de ser sempre a errada, a excluída, a minha mãe deve sentir desgosto por ver tudo o que você me fez passar desde a morte, essa mulher parece que enfeitiçou você. — Eu gritei e a Celina deu um tapa na minha cara. — A sua mãe está morta, entenda qual é o seu lugar agora, se não quiser acabar pior do que já está. — O que você quis dizer com isso? — Vamos, acabou essa discussão, Rafaella vou pedir para o médico realizar alguns exames em você. — O meu pai disse e abriu a porta. Olivia e Gabriel me olharam dos pés a cabeça e saíram também. Sentei no sofá com raiva, eu não iria chorar, tem algo estranho nessa história e eu irei descobrir. Ava desceu as escadas com um monte de coisa nas mãos. — Vamos Rafaella, rápido, você precisa se arrumar. Eu iria sim nesse baile, eu iria dar um jeito de Celina saber que eu estava lá e depois ela iria se passar como doida para o meu pai. Levantei do sofá, corri para o banheiro, tomei um banho e fui para o quarto me vestir. Eu não fazia ideia de como usar todas aquelas maquiagens, eu nunca tive isso. Eu arrumei o meu cabelo, coloquei o meu vestido, Ava me ajudou a fechar os botões, passei um batom vermelho e por último coloquei a minha máscara. — E então como estou? — Linda, a cada dia que se passa você tem ficado mais parecida com a sua mãe. — Obrigado Ava, eu não seria nada sem você. — Agora vá, Jorge está esperando você do lado de fora. Eu dei um beijo nela, levantei o meu vestido e sai caminhando para o lado de fora. Entrei no carro e o Jorge me olhou. — Você está linda. — Obrigado Jorge. O meu estômago estava doendo, eu estava ansiosa e com medo ao mesmo tempo. Quando o carro parou, Jorge desligou e virou para mim. — Em duas horas, estarei parado naquela esquina, não saia de lá, me espere. — Entendi, duas horas, na esquina. Eu respirei fundo, desci do carro e andei até a entrada. Um segurança me parou e perguntou o meu nome. Droga eu não havia pensado nisso, na hora só me veio o nome da Olivia. — Olivia Rizzi, sou filha do subchefe. — Desculpe senhorita, pode passar. Quando entrei naquele baile, eu fiquei confusa com o barulho da música alta e falação das pessoas. Apareci no topo da escada e as luzes viraram para mim, eu tentei me acalmar e aos poucos fui descendo os degraus da escada. De longe eu podia ver o meu pai, Celina e Olivia. Olivia não tirava os olhos de mim, eu precisava me manter longe dela, para que ela não desconfiasse quem era. O garçom passou com uma bandeja de bebidas, eu peguei uma taça de champanhe e bebi. Um homem se aproximou de mim, pegou uma taça de champanhe e disse: — Lindo vestido. — Obrigado. — Eu agradeci. — E então como é o seu nome?RAFAELLA MARTINI NARRANDO. — Porque você quer saber? — Eu questionei. — Uma moça bonita, sozinha, sem aliança, suponho que seja solteira. — Como sabe se eu sou bonita, estou de máscara. — Eu sei quando uma mulher é bonita. — Me diga você primeiro, como é o seu nome? Ele deu um gole em seu champanhe e respondeu: — Ricardo. — Prazer Ricardo, o meu nome é Amélia. — Lindo nome. — Obrigado. — E então, está sozinha? Vamos dançar? — Estou sozinha, porém agora eu não quero dançar, talvez mais tarde. — Eu disse e coloquei a taça sobre o balcão do bar. Eu virei as costas e deixei ele falando sozinho, comecei a caminhar pela festa e observar as pessoas. Quando eu não estava esperando, Olivia se aproximou de mim e passou a mão no meu vestido. — Que lindo esse vestido, eu estava atrás dele hoje cedo. — Ela disse e eu gelei. A minha sorte, é que no mesmo momento em que ela falou, Celina a chamou. A música parou de tocar, as luzes acenderam e o Don pegou o microfone para fa
LEONARDO RIZZI NARRANDO. LONDRES, CAPITAL DA INGLATERRA. Desde o momento que coloquei os meus pés dentro do território do meu maior inimigo, os meus olhos foram naquela mulher. Ela estava sozinha, talvez tivesse o mesmo propósito que o meu, vingança. Confesso que foi muito difícil me controlar aqui dentro, porque a cada momento em que Adam cruzava com o meu caminho, eu sentia vontade de matá-lo, a minha vontade era de puxar a minha arma e dar um tiro no meio da testa dele, mas, fazer isso era como assinar o meu próprio atestado de óbito. Quando aquela mulher disse que me conhecia de algum lugar, rapidamente eu saí dali, não poderia correr o risco de alguém descobrir a verdade. Entrei dentro do carro e o meu motorista acelerou o carro, de longe eu pude ver a Amélia andando na rua com rapidez. — Segue aquela mulher. — Eu ordenei para o motorista. Quando nós nos aproximamos da Amélia, um homem estava segurando em seu braço e qu
RAFAELLA MARTINI NARRANDO. E eu realmente estava muito ferrada quando chegasse em casa, Ava com certeza iria me matar. Assim que eu saí do hotel, eu peguei o primeiro taxi que vi na minha frente. — Moço, por favor, vá o mais rápido possível. — Eu disse entregando um papel com o endereço escrito e ele confirmou com a cabeça me olhando pelo retrovisor. O carro começou a andar, e quanto mais próximo a gente ficava da casa, mais nervosa eu ficava. O tempo estava fechado e tudo indicava que iria chover. — O senhor pode parar na parte de trás da casa por favor? — Pode deixar. Quando o carro parou, começou a garoar. — Quanto ficou? — 38 libras. — Ele respondeu. Eu contei o dinheiro, Leonardo me deu 200 libras, eu tirei 40 libras do dinheiro que ele deu, entreguei na mão do taxista e desci. Abri o portão bem devagar, eu não podia faz
RAFAELLA MARTINI NARRANDO. Ficar aqui nessa casa é um risco para mim, vivendo embaixo do mesmo teto que a minha inimiga. O que eu fico me perguntando é o seguinte: Será que o meu pai, sabe dos planos de Celina? Até porque não entra na minha cabeça toda essa maldade que a Celina tem contra mim e o porque o meu pai nunca ficou do meu lado. Com lágrimas nos olhos, eu peguei uma bolsa ao lado do armário velho que tinha no quarto, coloquei as poucas roupas que eu tinha dentro da bolsa, peguei a última foto que eu consegui salvar da minha mãe e guardei junto com as roupas. Peguei uma caneta e um papel, eu iria deixar uma carta para a Ava e outra para o meu pai. Primeiro eu iria escrever para Ava, a pessoa que desde a mina infância me deu muito amor e carinho, que cuidou de mim quando estive doente, que muitas vezes entrou na frente da Celina quando ela queria me bater e apanhava por mim, as minhas lágrimas caiam desesperadamente, o meu coração estava quebrado por saber que talvez eu nu
LEONARDO RIZZI NARRANDO. Quando eu cheguei na reunião, quase todos os membros já estavam presentes. Eu procurei o meu lugar, me sentei e fiquei olhando os membros superiores do conselho geral conversarem. Era uma mesa enorme, tinha mais de 50 homens sentados e cerca de uns 100 homens em pé, aqui dentro ninguém podia entrar armado, o respeito tinha que ser máximo, independente do tipo de desavença. — Nos nossos registros, temos algumas famílias que ainda não colocaram os nomes dos herdeiros. Eles começaram a falar diversos nomes, mas, o que me chamou a atenção foi quando eles falaram o nome do desgraçado do Adam Martini. — Adam Martini, nós temos nos nossos registros o nome dos dois filhos mais novos, mas, se me recordo bem o senhor é viúvo e teve uma filha com a falecida Amélia, não é mesmo? — Sim senhor, a minha filha Rafaella. — Porque o nome dela não está aqui nos nossos registros? — Acho que ouve algum engano, vou concertar isso. — O mais rápido possível por favor.
RAFAELLA MARTINI NARRANDO. — Me dê apenas um motivo para não te matar agora. A minha respiração ficou pesada, um medo começou a percorrer pelas minhas veias. — Vingança. — Eu disse com os olhos cheios de lágrimas. — Vingança? — Ele perguntou olhando dentro dos meus olhos e eu afirmei com a cabeça. — Vingança contra quem? — Adam e Celina Martini. — Você quer vingança contra o seu próprio pai? — Ele não é o meu pai, pai é quem ama, quem cuida, quem da carinho. — Eu disse e ele abaixou a arma. — Eu estou indo embora, você tem certeza que quer vingança ao meu lado? Você terá que ir embora da Inglaterra comigo. — O homem que me agarrou ontem na rua, aquele que você deu um tiro, a minha madrasta pagou ele para abusar de mim e depois me matar. — Quem faz isso com a própria família? — Eu não tenho família, desde a morte da minha mãe, eu estou sozinha no mundo Leonardo. — Tem certeza Rafaella? Depois que você entrar naquele avião não tem volta, não tem arrependimento, se você se ar
ADAM MARTINI NARRANDO. LONDRES, CAPITAL DA INGLATERRA. 15 ANOS ATRÁS.. — Você só pode estar ficando louca Celina. — Louca é uma coisa que não sou, eu sei bem do que eu escutei Adam e você sabe que é verdade. — Eu quero se que foda a verdade, você não vai me chantagear dessa forma. — Tem certeza? Já pensou o que o Don irá fazer caso descubra a verdade? Você irá ser expulso da Máfia, irá perder o seu cargo de subchefe. — Você não seria capaz... — Você não tem noção do que eu sou capaz para fazer a minha vida dar certo. Celina era filha de uma das empregadas da casa do Don Victor, Celina cresceu ambiciosa e sabendo exatamente o que queria, mas, como ela não nasceu dentro da alta sociedade ela sabia que para chegar no topo teria que derrubar alguém e por ironia do maldito destino ela ouviu alguém falar que eu não filho do meu verdadeiro pai. Don Victor tinha acabado de assumir a máfia após a morte do seu pai e ele ainda estava agindo sobre influência do conselho, então quando
ADAM MARTINI NARRANDO. LONDRES, CAPITAL DA INGLATERRA. — Onde ela está Ava? — Perguntei furioso para Ava. — Nã, nã, não sei.. — Ela gaguejou. Ava estava tremendo, os seus olhos e rosto estavam vermelhos e quando ela me viu, ficou ainda mais nervosa. — Me dê isso aqui. — Eu disse e peguei a folha de papel que estava em sua mão. Rafaella tinha ido embora, ela deixou uma carta para Ava. — O que está escrito aí? — Celina perguntou. — Ela foi embora. Ava, para onde ela foi? Você sabe tudo sobre a Rafaella, para onde ela foi Ava? — Eu gritei. — Eu não sei senhor Adam, eu acabei de pegar a carta e ler, eu não sei para onde Rafaella foi. — Ela está mentindo Adam, claro que ela sabe onde Rafaella está. — Celina disse. — Eu juro por tudo o que é mais sagrado senhor Adam, eu não sei, eu estou tão surpresa quanto o senhor.