Capítulo 5

Theo

Beijar Catarina é como estar no céu. É mágico, doce e, ao mesmo tempo, quente. Traz desespero, mas também sossego. A sua boca é ainda mais deliciosa do que eu poderia imaginar: carnuda e muito macia. E, quando a sua língua brinca com a minha, quase perco a noção dos sentidos. Tudo que desejo é sentir cada pedaço do seu corpo, beijar cada centímetro da sua pele. Quero que ela sinta prazer com o meu toque e anseio estar dentro dela, inteiro, entregue, completo. Só que, de repente, ela me empurra. Está ofegante, descabelada e com um olhar amedrontado.

         – Theo, pelo amor de Deus! Sou casada. E você é apenas um menino. A gente está no meio da estrada, e todos me conhecem por aqui. Já imaginou se alguém me vê? – ela fala, esbaforida, levando a mão à testa.

         – Calma, Catarina. Aconteceu porque nós dois estamos sentindo a mesma coisa. Foi inevitável. E eu não sou um menino: tenho 24 anos. Até parece que você é uma velha!

         – Eu tenho trinta e três, mas esse não é o principal problema. O Heitor é um homem poderoso ... e pode ser violento.

         – Violento? Ele maltrata você?

         – Não. Não foi isso o que quis dizer. Precisamos sair daqui e esquecer o que acabou de acontecer.

         – Você pode me pedir tudo, menos para esquecer esse beijo. Seria absolutamente impossível. Eu vou sonhar com ele sem parar, como se fosse um adolescente virgem que acabou de beijar a primeira namoradinha.

         Ela cora e acaba soltando um sorriso tímido. Sei que também não vai conseguir fingir que não há nada entre nós. E, como se o encanto fosse quebrado, o caminhão do guincho chega, resgata o carro e nos leva para casa. Seguimos olhando para frente, calados, mas completamente conscientes da presença um do outro.

***

         Já em casa, conto para os meus pais sobre o emprego e pesquiso mais sobre a história da empresa em que vou trabalhar, mas, a todo momento, Catarina invade meu pensamento. Eu já tive muitas mulheres e nunca me senti assim por nenhuma. É um sentimento avassalador, que teve início assim que pus os olhos nela. Não sabia nada a seu respeito, mas já ficava atordoado com a sua simples presença. E agora... agora, seria ainda pior, pois tinha conversado com ela e beijado a sua boca. Nenhum dos milhões de beijos que já dei na vida me preparou para aquele momento. Foi surreal, completamente indescritível.

         Fico pensando se ela se sente como eu; se está culpada; se realmente se sente arrependida. E a vontade de encontrá-la cresce dentro de mim, tomando conta de tudo e quase me tirando a razão. Preciso ter calma e, principalmente, cuidado.

***

         Dois dias se passam, e chega o momento de começar a trabalhar. Não vejo Catarina desde o nosso beijo, e isso me angustia, mas preciso focar nesse emprego. Preciso dar tudo de mim, mostrar que sou bom. Assim, termino de me arrumar e vou tomar café, convencido a manter a concentração. Só que a minha mãe me dá uma notícia que coloca toda a minha determinação a perder.

         – Theo, eu me esqueci totalmente de te dizer que vamos fazer um brunch para celebrar que a casa ficou pronta. Vai ser uma espécie de open house. Será no sábado, e convidamos as mesmas pessoas do nosso jantar de boas-vindas. Então, por favor, não marque nenhum outro compromisso porque quero que esteja aqui.

         – Claro, mãe. Que horas será?

         – Marquei às 11h. Ah! Talvez precise da sua ajuda com algumas coisas. Vou fazer uma lista de tudo o que falta e te aviso.

         – Tá bom, pode deixar. Precisando, é só falar. Agora, deixa eu ir porque não vou correr o risco de chegar atrasado no meu primeiro dia.

         – Você vai de ônibus? Já resolveu a questão do carro?

         – Hoje vou de ônibus, mas, na hora do almoço, vou fechar o carro. Já escolhi o que quero em uma concessionária lá de Vassouras. Fica pronto hoje. E o melhor: é um 4x4, perfeito para andar nessas estradas de terra aqui da região.

         – Que bom, filho. Fico feliz. Boa sorte no seu primeiro dia.

         – Obrigado, mãe, mas eu não preciso de sorte: tenho talento.

         – Modesto como sempre...

         – Fui, dona Cristiane!

         Saio atordoado, com o estômago revirado em medo e expectativa. Catarina virá na minha casa! Será que ela já sabia disso quando me encontrou? Não fez nenhum comentário a respeito, então realmente não sei. Ao mesmo tempo que anseio loucamente encontrá-la, não sei como será vê-la com o marido e na frente de tantas pessoas. Vou ter de arrumar um jeito de ficar a sós com ela, ainda que seja por poucos minutos. Mas como?

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