Vittorio Bianchi Vê Heloísa saindo pela porta da minha casa levou com ela o meu coração mas sem pensar muito subi para o meu quarto agora repleto das coisas da Liliane arrumo algumas peças de roupas em uma pequena mala e saio de lá sem olhar para trás, debaixo do mesmo teto que ela não fico. Fui para um hotel e lá fiquei até o lançamento do Passione. Isso mesmo coloquei o nome do nosso espumante de Passione, ele traduz tudo que passei com a Heloísa. Seis meses se passaram e estou morando no quarto de um hotel, a Heloísa não me atende mas se como o destino quisesse me levar para os braços dela mais uma vez recebi uma proposta irrecusável apresentar o Passione em uma feira de vinhos artesanais. Nova Iorque. O simples nome já fazia meu peito se apertar. Não sabia se era sorte ou ironia do destino, mas essa oportunidade era tudo que eu precisava para estar perto de Heloísa novamente. No avião, com uma taça do próprio Passione em mãos, encarei a cidade através da pequena janel
Heloisa MouraA voz dele me pegou desprevenida. O som grave, carregado de algo que não consegui definir de imediato, fez meu coração falhar uma batida.— Vittorio…?Pisquei algumas vezes, sentindo um turbilhão de emoções se chocar dentro de mim. Não, não podia ser ele. Não depois de tanto tempo. Mas ele estava ali, ajoelhado ao lado da minha cama, os olhos escuros e intensos cravados em mim, como se não acreditasse que eu ainda existia.Por um segundo, um único segundo, meu peito se aqueceu com a lembrança do que fomos. Mas logo depois, a raiva me dominou. O que ele estava fazendo aqui? Depois de seis meses de silêncio, após me abandonar como se eu não significasse nada? Preferir ficar ao lado daquela mulher...Me endireitei na cama, sentindo Augustus se mover ao meu lado. Ele fechou o livro que estava lendo e me lançou um olhar preocupado antes de encarar Vittorio.— O que você está fazendo aqui? — minha voz saiu firme, carregada de incredulidade.Os olhos dele brilharam, e algo em s
Heloísa Moura Seis meses antes…A viagem até minha casa foi mais longa do que imaginava, o jatinho não parecia ser apenas para minha pequena família e sim, aparentava que estávamos em um voo comercial com todos os assentos completos.O silêncio no jatinho era sufocante. Meu pai cruzava os braços, o maxilar travado, enquanto minha mãe suspirava pesadamente ao meu lado. Desde que a confirmação da minha gravidez saiu da boca dela, ele parecia uma bomba prestes a explodir.— Quem é ele, Heloísa? — Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina.Fingi não ouvir, mantendo o olhar perdido na janela, observando as nuvens abaixo de nós.— Heloísa! — ele repetiu, mais alto.— Pai, eu já disse, isso não importa agora.— Como assim não importa? — Sua incredulidade era quase palpável. — Um neto meu está para nascer e você quer que eu simplesmente aceite que não sei nada sobre o pai?Minha mãe tocou o braço dele em um pedido mudo para que se acalmasse, mas ele a ignorou.— Ele sabe? Esse… esse sujeito
Vittorio BianchiO barulho do motor do carro era a única coisa que preenchia o silêncio enquanto eu dirigia sem rumo pelas ruas. Eu tinha saído do hospital, mas minha mente ainda estava presa naquele quarto, naquela conversa.Heloísa tinha sido direta. Dura."Eu aprendi a viver sem você."As palavras ecoavam na minha cabeça, repetindo-se como um mantra cruel.Passei as mãos pelo volante, sentindo a tensão prender meus músculos. Eu queria voltar, queria encontrá-la de novo, queria exigir respostas… mas algo dentro de mim dizia que, se eu fizesse isso, só pioraria as coisas.Ela tinha Augustus ao lado.E eu?Eu era apenas o homem que a deixou sozinha por seis meses.Meu peito pesava com a realidade que eu tentava negar desde que pisei aqui. Eu achava que, assim que visse Heloísa, tudo se resolveria. Que ela me perdoaria, que entenderia por que fui embora.Mas agora eu percebi o quanto fui ingênuo.Heloísa sempre foi forte. Sempre enfrentou tudo de cabeça erguida. E, quando percebeu que
Heloísa Moura As palavras de Vittorio ficaram ecoando na minha mente. "A única certeza que eu tenho com a volta da Liliane é que perdi o amor da minha vida." “O que me prendeu na Itália foi o lançamento do Passione, o espumante que desenvolvi junto a Heloísa.” Ele me olhava como se não houvesse mais ninguém na sala, como se quisesse que eu entendesse tudo o que estava por trás daquela frase. Mas eu não podia. Não depois de tudo. Engoli em seco e desvie o olhar, focando no prato à minha frente, mas a comida agora parecia sem sabor. Meu peito subia e descia com a respiração irregular, e minhas mãos tremiam levemente sobre a mesa. — É uma situação complicada hein, Vittorio?. — disse meu pai. — Mas o importante é que minha menina está bem cuidada e o bebê terá um pai presente. Pisquei algumas vezes, tentando absorver a situação. Vittorio continuava com os olhos fixos em mim, e o silêncio entre nós parecia gritar mais alto do que qualquer outra coisa. Como se ele pedisse p
Heloísa Moura Não consigo dormir direito, meu bebê está inquieto, como se sentisse a presença do pai. Sorrio com meu pensamento. O Vittorio está aqui, em minha casa, a praticamente um passo de distância. Involuntariamente levanto da minha cama e vou até o quarto no qual sei que ele está. Abro a porta devagar, sentindo um frio na barriga. A luz do corredor ilumina o quarto o suficiente para que eu veja a silhueta de Vittorio na cama. Ele está deitado de lado, respirando profundamente, como se estivesse realmente dormindo. Mas eu o conheço bem demais para acreditar nisso. Dou um passo hesitante para dentro, sentindo o coração acelerar. Meu bebê se mexe em meus braços, resmungando baixinho, e meu instinto é balançá-lo suavemente para acalmá-lo. Não quero acordar Vittorio, mas ao mesmo tempo, quero que ele acorde. Quero que me veja. Quero que perceba que estou aqui, assim como ele está. — Sei que você não está dormindo — murmuro, encostando-me no batente da porta. Por um momento
Heloísa Moura Vittorio não espera mais palavras. Ele me conhece o suficiente para saber que, apesar da minha hesitação, meu corpo já fez sua escolha. E quando seus lábios voltam a encontrar os meus, não há mais espaço para dúvidas. O beijo é diferente agora. Não há mais a pressa do momento anterior, mas sim a intensidade da saudade. Uma saudade que nos devora, que nos consome de dentro para fora. Meus dedos percorrem suas costas, sentindo a rigidez de seus músculos enquanto ele se inclina sobre mim, cobrindo meu corpo com o dele. — Deus, Heloísa… — ele murmura contra minha pele, sua boca deslizando pelo meu pescoço. Fecho os olhos, sentindo o calor que se espalha por mim, o arrepio que acompanha cada toque. Vittorio conhece cada centímetro do meu corpo, cada ponto sensível, cada suspiro que escapa antes mesmo que eu perceba. E ele usa isso contra mim, suas mãos explorando lentamente, como se quisesse reacender cada memória que tentei apagar. Meus quadris se movem em busca d
Vittorio Bianchi Acordo e sinto como se estivesse tendo um djavú, sentir o cheiro da Heloísa em meus braços é como se eu tivesse no paraíso, meu filho, se mexe me trazendo a realidade. Não foi um sonho, a Helô, está em meus braços, passamos a noite juntos, como se nada tivesse acontecido. Olho para baixo e vejo os fios dourados da Helô espalhados pelo meu peito. Sua respiração é tranquila, seus dedos entrelaçados aos meus. Meu coração aperta. Seis meses. Seis meses de distância, de mágoa, de noites em claro me perguntando se um dia voltaria a tê-la assim, tão perto. Mas a realidade me puxa de volta. Meu filho se remexe novamente como se procurasse pelo meu calor, O instinto me faz me mover, mas antes que eu possa me levantar, Helô suspira e se aninha ainda mais em mim. Meu corpo reage ao toque dela, como se nunca tivéssemos passado tanto tempo afastados. Fecho os olhos por um instante, absorvendo aquele momento que parece frágil demais, como se fosse desmoronar a qualquer seg