Vittorio BianchiNão sei onde estou com a cabeça, mas uma vez me deixei levar, Heloisa, mesmo em corpo de mulher, ainda é uma criança. Lembro o dia em que ela nasceu, quando a segurei pela primeira vez em meus braços, tão inocente, tão pequena, e agora ela nada mais é que um furacão em forma de gente. A forma como ela rebolava em cima do meu pau, tive que me segurar muito para não fuder com ela ali mesmo.Tento desfasar, para que os empregados não percebam nada, não quero nem imaginar se o Hugo descobre que tive a ousadia de tocar na filhinha dele.Saio do quarto dela sentindo o corpo tenso, como se minha própria pele fosse uma armadilha da qual não consigo escapar. O ar do corredor parece pesado, carregado com o cheiro doce do perfume dela, uma lembrança insolente do que acabei de fazer — do que nunca deveria ter feito.Passo a mão pelos cabelos, tentando afastar os pensamentos que insistem em me atormentar. Eu sabia que isso era errado, sabia que não deveria sequer olhar para ela d
Heloisa Moura A estrada à minha frente parece infinita. Cada metro percorrido é uma despedida silenciosa daquilo que nunca deveria ter começado. O carro avança devagar pelo caminho de terra que leva à saída da propriedade, e eu mantenho o olhar fixo na janela, me recusando a olhar para trás. Minha mente repete a cena de minutos atrás como um disco quebrado. O olhar de Vittorio quando pedi uma resposta que ele não pôde me dar. O silêncio sufocante que se seguiu. O vazio no peito quando percebi que eu estava me segurando a algo que nunca existiu de verdade. Minha mala está jogada ao meu lado no banco. Poucos pertences, apenas o suficiente para voltar para casa. Para longe dele. Para longe do desejo que me consumia e da culpa que me sufocava. — Senhorita, tem certeza de que deseja ir direto para o aeroporto? — o motorista perguntou educadamente, seus olhos atentos pelo retrovisor. Minha voz sai firme, mesmo que minhas mãos estejam trêmulas. — Sim, direto para o aeroporto. O homem
Vittorio Bianchi O céu da Itália desapareceu pela janela do avião, mas a sensação de que estou deixando algo inacabado me acompanha.Heloisa foi embora. E, com ela, levou algo que não consigo nomear, mas que pesa no peito a cada dia que passa.Eu tentei ignorar. Mergulhei no trabalho, tentei afogar a confusão em taças de vinho perfeitamente envelhecido, mas nada funcionou. A vinícola sem ela parece… vazia.Talvez por isso eu esteja aqui, a caminho da casa dela. Assim que chego à casa dos Mouras, Hugo me recebe com um sorriso surpreso.— Ora, ora! O que um italiano perdido está fazendo nos EUA? Solto um suspiro, dando de ombros.— Precisava sair um pouco da Itália. A vinícola anda bem, mas... tudo lá me lembra uma garota. E é complicado.Hugo solta uma risada, me dando um tapa no ombro.— Ah, então é isso! Não sabia que você estava apaixonado, Bianchi. Mas entendo, às vezes um novo ambiente ajuda a clarear a mente.Assinto, forçando um sorriso. Ele comprou a desculpa. Mas a verdade?
Heloisa moura Fazia muito tempo que não me sentia tão… irritada.Vittorio tinha o dom de mexer comigo de um jeito que ninguém mais conseguia. Ele me provocava, me desafiava, me fazia querer gritar e beijá-lo na mesma intensidade.Mas o que mais me irritava era a maldita confiança que ele tinha."Você percebe que não consegue ficar longe de mim."Quem ele pensa que é?Cruzo os braços, observando ele se afastar como se soubesse exatamente o que estava fazendo comigo. E talvez soubesse.Porque, no fundo, ele estava certo.Vittorio sempre foi minha maior fraqueza. E minha maior tentação.Fecho os olhos por um instante, tentando recuperar o controle. Desde que ele chegou, tenho evitado ao máximo ficar sozinha com ele. Mas agora, depois dessa conversa, depois desse olhar intenso, sei que fugir não vai mais adiantar.Ele está aqui. E ele está esperando por mim…..Mais tarde naquela noite, depois do jantar, subi para o meu quarto e me jogo na cama. Meus pensamentos estão um caos.Ficar perto
Vittorio Bianchi Eu sabia que não seria fácil. Desde o momento em que pisei nesta casa, sabia que Heloisa faria de tudo para manter distância. Mas o que eu não esperava era que Hugo jogasse essa bomba no meio do jantar. Casa Blanca. Augustus Bernard. Meu sangue ferveu no instante em que ouvi esse nome. Um homem bem-sucedido, vindo da França para buscá-la pessoalmente. Se isso não fosse uma estratégia para impressioná-la, então eu não sei o que é. E Heloisa? Ela hesitou. Isso me diz duas coisas. Primeiro: ela ainda não me superou. Segundo: ela está considerando seriamente essa oportunidade. Isso, sim, me incomoda. Saímos do restaurante há uma hora, mas minha mente ainda está presa na cena do jantar. Estou no escritório improvisado da casa de Hugo, segurando um copo de uísque que nem toquei. O som da porta se abrindo me tira dos meus pensamentos. Heloisa. Ela para no meio do cômodo, os braços cruzados, a expressão indecifrável. — Você vai ficar calado até quando? — ela question
Vittorio Bianchi A manhã chega lenta, e com ela, a sensação incômoda de que estou perdendo tempo. Desde que Heloisa foi embora, cada minuto parece arrastado. Estou inquieto, incapaz de focar em qualquer coisa. Nem mesmo o vinho, que sempre foi meu refúgio, consegue me distrair. Estou na sala, observando as horas passarem no relógio da parede, quando Hugo entra com seu celular na mão. Ele fala algo sobre negócios, sobre uma possível expansão da vinícola, e eu apenas balanço a cabeça, fingindo interesse. Ele não sabe. Não faz ideia da tempestade que carrego dentro de mim toda vez que escuto o nome de Casa Blanca. — Você está estranho, Bianchi. — Ele franze o cenho, analisando-me. — Parece… distraído. Alguma mulher conseguiu roubar o coração do meu melhor amigo? Solto um suspiro, passando a mão pelos cabelos. — Só estou pensando em algumas coisas. Mas não seria uma mulher, se quer saber, seu amigo continua sendo o boêmio de sempre. Hugo assente, como se acreditasse. —
Vittorio Bianchi O relógio marca quase meia-noite, mas o sono não vem. Estou sentado no escritório improvisado da casa de Hugo, um copo de uísque intocado ao meu lado. A única iluminação vem do abajur sobre a mesa, lançando sombras pelo cômodo.Minha mente está presa no que aconteceu mais cedo. O telefonema sobre o problema com o novo espumante foi o suficiente para me fazer decidir que preciso voltar para a Itália. Mas agora que estou aqui, encarando a mala meio aberta no canto do quarto, algo me incomoda mais do que qualquer problema na vinícola.Ela não está aqui.Ela está na França, conhecendo a Casa Blanca, deixando Augustus Bernard guiá-la por corredores que não deveriam ser dele.Meu maxilar se contrai ao pensar nisso. Não deveria me importar, deveria? Afinal, incentivei que ela fosse. Disse que esperaria. Que deixaria ela tomar essa decisão sozinha.Mas agora que estou prestes a partir, tudo parece... errado.Meu celular vibra sobre a mesa, e eu o pego sem pensar. Talvez seja
Heloísa MouraA França é sem dúvida o país mas bonito que já se viu, porém meu peito falta algo, ele não está aqui.O Augustus tem sido um bom anfitrião, nada mais que isso, meu coração está apertado como se algo estivesse errado. Pego meu celular e ligo para ele. Sua voz está exausta como se algo estivesse acontecendo e ele não me diz o que. Quando sinto que ele vai falar alguma coisa o Augustus bate a minha porta e prefiro desligar. O Vittorio já me abandonou demais, preciso pensar um pouco mais em mim. Porém não esperava que fosse surpreendida dessa forma, os pais do Augustus prepararam um jantar que em minha mente era de despedida, porém no meio do jantar Augustus se levanta com seu peitoral importante e pega minha mão, fazendo com que tem em fique de pé. Então ele começa um discurso que tudo ao meu redor começa a fazer sentido:— Heloísa, o que temos aqui é muito mais que um acordo comercial, você é uma excelente profissional além de ser linda por fora e por dentro quero que m