Vittorio Bianchi Eu sabia que não seria fácil. Desde o momento em que pisei nesta casa, sabia que Heloisa faria de tudo para manter distância. Mas o que eu não esperava era que Hugo jogasse essa bomba no meio do jantar. Casa Blanca. Augustus Bernard. Meu sangue ferveu no instante em que ouvi esse nome. Um homem bem-sucedido, vindo da França para buscá-la pessoalmente. Se isso não fosse uma estratégia para impressioná-la, então eu não sei o que é. E Heloisa? Ela hesitou. Isso me diz duas coisas. Primeiro: ela ainda não me superou. Segundo: ela está considerando seriamente essa oportunidade. Isso, sim, me incomoda. Saímos do restaurante há uma hora, mas minha mente ainda está presa na cena do jantar. Estou no escritório improvisado da casa de Hugo, segurando um copo de uísque que nem toquei. O som da porta se abrindo me tira dos meus pensamentos. Heloisa. Ela para no meio do cômodo, os braços cruzados, a expressão indecifrável. — Você vai ficar calado até quando? — ela question
Vittorio Bianchi A manhã chega lenta, e com ela, a sensação incômoda de que estou perdendo tempo. Desde que Heloisa foi embora, cada minuto parece arrastado. Estou inquieto, incapaz de focar em qualquer coisa. Nem mesmo o vinho, que sempre foi meu refúgio, consegue me distrair. Estou na sala, observando as horas passarem no relógio da parede, quando Hugo entra com seu celular na mão. Ele fala algo sobre negócios, sobre uma possível expansão da vinícola, e eu apenas balanço a cabeça, fingindo interesse. Ele não sabe. Não faz ideia da tempestade que carrego dentro de mim toda vez que escuto o nome de Casa Blanca. — Você está estranho, Bianchi. — Ele franze o cenho, analisando-me. — Parece… distraído. Alguma mulher conseguiu roubar o coração do meu melhor amigo? Solto um suspiro, passando a mão pelos cabelos. — Só estou pensando em algumas coisas. Mas não seria uma mulher, se quer saber, seu amigo continua sendo o boêmio de sempre. Hugo assente, como se acreditasse. —
Vittorio Bianchi O relógio marca quase meia-noite, mas o sono não vem. Estou sentado no escritório improvisado da casa de Hugo, um copo de uísque intocado ao meu lado. A única iluminação vem do abajur sobre a mesa, lançando sombras pelo cômodo.Minha mente está presa no que aconteceu mais cedo. O telefonema sobre o problema com o novo espumante foi o suficiente para me fazer decidir que preciso voltar para a Itália. Mas agora que estou aqui, encarando a mala meio aberta no canto do quarto, algo me incomoda mais do que qualquer problema na vinícola.Ela não está aqui.Ela está na França, conhecendo a Casa Blanca, deixando Augustus Bernard guiá-la por corredores que não deveriam ser dele.Meu maxilar se contrai ao pensar nisso. Não deveria me importar, deveria? Afinal, incentivei que ela fosse. Disse que esperaria. Que deixaria ela tomar essa decisão sozinha.Mas agora que estou prestes a partir, tudo parece... errado.Meu celular vibra sobre a mesa, e eu o pego sem pensar. Talvez seja
Heloísa MouraA França é sem dúvida o país mas bonito que já se viu, porém meu peito falta algo, ele não está aqui.O Augustus tem sido um bom anfitrião, nada mais que isso, meu coração está apertado como se algo estivesse errado. Pego meu celular e ligo para ele. Sua voz está exausta como se algo estivesse acontecendo e ele não me diz o que. Quando sinto que ele vai falar alguma coisa o Augustus bate a minha porta e prefiro desligar. O Vittorio já me abandonou demais, preciso pensar um pouco mais em mim. Porém não esperava que fosse surpreendida dessa forma, os pais do Augustus prepararam um jantar que em minha mente era de despedida, porém no meio do jantar Augustus se levanta com seu peitoral importante e pega minha mão, fazendo com que tem em fique de pé. Então ele começa um discurso que tudo ao meu redor começa a fazer sentido:— Heloísa, o que temos aqui é muito mais que um acordo comercial, você é uma excelente profissional além de ser linda por fora e por dentro quero que m
Vittorio BianchiO peso da garrafa de espumante nas minhas mãos parecia maior do que realmente era. O rótulo impecável escondia o problema que enfrentávamos—uma falha que não deveria ter acontecido, mas aconteceu. O primeiro lote de uma das safras mais aguardadas da Di Fiore estava comprometido.Passei a mão pelo rosto, sentindo o cansaço pesar nos ombros. Dias sem dormir direito, sem conseguir tirar da cabeça a sucessão de erros que nos trouxe até aqui. O já estava aparecendo , e a claridade começou a bater sobre os vinhedos, tingindo as videiras de dourado, mas nem a paisagem era suficiente para aliviar a tensão no meu peito.E então, ouvi uma voz. Baixa, hesitante.— Vittorio…Minha cabeça se ergueu de imediato. Ela estava ali.Parada na entrada do vinhedo, os cabelos um pouco desalinhados pelo vento, a respiração acelerada como se tivesse corrido. Meus olhos demoraram um segundo para acreditar no que viam.Heloísa. O choque me paralisou.Ela correu em minha direção, e antes que eu
Vittorio BianchiOlhei novamente para Heloísa, e pela primeira vez naquela noite, senti algo além da tensão e do peso da responsabilidade. Eu senti admiração.Ela não apenas percebeu o que ninguém havia notado, mas também provou — mais uma vez — que seu lugar sempre foi ao meu lado, nos desafios e nas vitórias.— Você acabou de nos salvar de uma crise gigante.Ela sorriu de leve, cruzando os braços.— Não gosto de ver você preocupado assim.Meu peito aqueceu com aquela confissão simples, mas carregada de significado.— Eu sabia que você voltaria para casa por um motivo.O sorriso dela diminuiu um pouco, mas seu olhar ficou mais intenso.— Talvez eu nunca devesse ter ido embora.Eu segurei o olhar dela por um longo momento, deixando o peso daquela frase se assentar entre nós. Se antes havia dúvidas, agora não havia mais nenhuma. Heloísa estava aqui. E dessa vez, eu não a deixaria partir. Ao cair da noite a vinícola ficou silenciosa e a única iluminação vinha das luzes amareladas espa
Hugo e Ava Moura Minha casa está tão vazia, a Heloísa estando na França e o Vittorio voltou para Itália, ficamos apenas a Ava e eu, nesta imensidão de casa, meus churrascos aos domingos já não são os mesmos, pois não tem o humor ácido do Vittorio, não tem o sorriso da minha menina. — Querido, acho que fizemos errado quando aceitamos a proposta do pessoal da Casa Blanca. Nossa filha pode pensar que a entregamos de bandeja para eles. — Fala a Ava irritada mais uma vez. Ela não aceita o acordo que fiz, com os Casablanca, pois acredita que a Heloísa, está apaixonada por alguém que ela não sabe ainda. — Ava, querida, a Heloísa sabe muito bem se virar, se ela não quiser casar com o Augustus é apenas ela dizer não e voltar para casa, falamos com o Vittorio e ela pode trabalhar com ele. O que acha? — Hugo, não quero pressionar a Helô, em absolutamente nada. Neste momento meu celular vibra e quando olho o visor vejo o nome do Augustus. Coloco no viva voz atendendo de imediato. — B
Heloísa Moura Assim que meu pai sai do quarto, solto a respiração que nem fazia ideia que estava prendendo. Vou em direção ao banheiro e sou agarrada pela cintura pelo Vittorio. Não dá tempo nem de falar nada pois ele busca minha boca com desespero. Assim que os lábios de Vittorio encontram os meus, tudo ao meu redor desaparece. Seu beijo é intenso, carregado de urgência e algo mais que não consigo identificar. Meus dedos se entrelaçam em seus cabelos enquanto me deixo levar por aquela sensação eletrizante. Mas não posso me perder ali. Não agora. Com esforço, me afasto, respirando com dificuldade. Ele me encara com os olhos escuros brilhando de desejo e confusão. — Preciso descer — murmuro, colocando as mãos em seu peito e criando uma distância segura. Ele suspira, passando as mãos pelos cabelos em um gesto frustrado. — Tudo bem, Heloísa. Mas isso não acabou. Lembre-se que a noite iremos jantar, só nós dois. — Seu tom é carregado de promessa. Desvio o olhar, sabendo que,