“Mia Bennett”“Sr. e Sra. Hayes.”Congelo ao ouvir as palavras do maître, lutando para não rir da expressão de Ethan. Ele está visivelmente tentando manter sua habitual indiferença, mas posso notar o leve rubor em seu pescoço.O Maître nos leva até uma área mais reservada do restaurante e, por um momento, perco o fôlego. O ambiente decorado com flores e velas cria uma atmosfera absurdamente romântica. Ethan conseguiu me surpreender.— Lauren… — ele murmura sem jeito, como se quisesse justificar.— Champanhe para começar? — o Maître pergunta, ainda sorrindo. — Temos uma seleção especial para casais recém-casados.Preciso morder o lábio para segurar a risada, compreendendo o motivo pelo qual Ethan mencionou Lauren. Claramente, ele não planejou nada disso.— Só água, por enquanto — ele responde num tom controlado. Assim que ficamos sozinhos, deixo a risada escapar.— Sra. Hayes? — levanto uma sobrancelha. — Tem algo que queira me contar?— Parece que a minha irmã tem um senso de humor qu
Ethan franze a testa ao ouvir minhas palavras, inclinando levemente a cabeça. Seus olhos intensos me analisam por alguns segundos antes de um sorriso malicioso surgir em seus lábios.— Está me dizendo que fui o responsável por desvirtuar a mocinha certinha de Portland? — pergunta, sarcástico. — Digo isso porque, antes de você, eu nunca tinha feito algo tão… louco. — Reviro os olhos, mas não consigo evitar sorrir. — Como entrar no carro de um desconhecido e ainda aceitar tomar um drink com ele?— Exatamente. Sempre quis saber a sensação de fazer algo errado, e aceitar um drink de um estranho parecia um bom começo — dou de ombros, sentindo minhas bochechas esquentarem com a lembrança.— E subir para uma suíte com esse estranho foi a cereja do bolo? — provoca, com um sorriso que me faz corar. Não consigo evitar rir, balançando a cabeça.— Na minha cabeça, era perfeito. Nunca mais nos veríamos, então… que mal havia em fazer uma loucura? — mordo o lábio, hesitando antes de continuar. — E
“Miranda Pierce”Algo está diferente em Ethan essa manhã.Percebi isso desde o momento em que ele passou pela porta da sala de reuniões, cumprimentando alguns sócios com seu habitual ar de superioridade. Para qualquer um, ele continua o mesmo homem frio e controlado de sempre.Mas não para mim.Conheço Ethan bem demais para não notar as pequenas mudanças. Consigo decifrar cada expressão, cada gesto… os mínimos detalhes. Anos de convivência me ensinaram a ler até mesmo seus silêncios.Foi por isso que quase me convenci de que estava imaginando coisas. Porque depois daquela manhã no estacionamento, Ethan voltou a ser o mesmo de sempre.Mas agora, vendo como sua voz diminui toda vez que Mia se aproxima, ou como ela morde o lábio discretamente quando seus olhares se encontram…Então, quando a reunião termina, decido agir. Anos de experiência como advogada me ensinaram que o momento certo é tudo.As pessoas saem enquanto finjo organizar as minhas coisas, apenas para observá-los um pouco ma
“Mia Bennett” Tento me concentrar nos documentos à minha frente, mas é impossível quando minha mente parece uma rave. A manhã começou perfeita, com memórias do nosso fim de semana ainda vivas em cada pensamento. O jantar, a suíte, o modo como acordei nos braços dele… como tomamos café da manhã sem pressa porque nenhum dos dois queria voltar para o mundo real. Mas bastou a tarde chegar e Miranda aparecer com seu perfume enjoativo e sua arrogância para que a calmaria desse lugar à insegurança. Sim, insegurança. Por voltar à sala e encontrá-la quase sentada no colo dele. Pelo seu sorriso confiante. Pela intimidade que ela claramente tem com ele. Pela maneira como Ethan parecia normal, quando a cena que encontrei estava longe de ser… — Mia… Levanto o olhar rapidamente, encontrando Lauren parada na minha mesa com um sorriso divertido nos lábios. — Oi — respondo, tentando disfarçar o susto. — Desculpa, estava distraída. — Percebi — ela ri, sentando na beirada da mesa. — E apo
Levo alguns segundos para processar a informação. Solto um suspiro pesado enquanto encaro Ethan, que agora parece tão frustrado quanto eu.Seattle deveria ser… diferente. Um lugar onde não precisaríamos nos esconder tanto, onde poderíamos ter alguns momentos de normalidade longe dos olhares conhecidos.— Como assim? — finalmente pergunto, tentando, sem sucesso, esconder minha decepção.— Miranda está à frente do caso Morrison — explica. — Ela soube da nossa ida e decidiu aproveitar a logística. Já que vamos usar o jatinho, James…— Sugeriu isso — completo, soltando outro suspiro.— Sim. Faz sentido para ela, considerando que Miranda esteve em Seattle há algumas semanas.Mordo o lábio, pensando em como três dias com Miranda serão… complicados. Não por sua história com Ethan, mas porque ela sempre me faz sentir tão… insignificante.— Isso não afetará em nada do que planejamos, OK? — Ethan se aproxima, segurando meu rosto. — Só teremos que ser mais discretos.— Três dias com Miranda pert
Seguro o celular com tanta força que minhas mãos doem, mas não consigo soltá-lo. As palavras de David continuam brilhando na tela enquanto luto contra o pânico que ameaça me dominar novamente.Não, não posso ter outra crise. Não agora.Respiro fundo, tentando não deixar o medo me controlar dessa vez. Preciso ser racional. Se David está mesmo em Chicago, é melhor enfrentá-lo agora, em um lugar público, do que deixá-lo continuar me ameaçando.Talvez, se eu for e ouvir o que ele tem a dizer, ele finalmente me deixe em paz. Afinal, deixou bem claro que virá atrás de mim.A ideia de ele se aproximar de todas as pessoas que se tornaram tão importantes para mim… Não posso deixar isso acontecer.Meu celular vibra com uma mensagem de Ethan, desviando minha atenção.“Estou te esperando na minha sala, perdição.”Respiro fundo, tentando não parecer que estava à beira de outra crise, e me levanto. Quando entro em sua sala, ele está sentado à mesa, analisando alguns documentos.— Quer jantar hoje?
“Ethan Hayes”As vantagens de falar menos e observar mais são que, com o tempo, você percebe qualquer mudança de comportamento. Um olhar diferente, um gesto, o tom de voz… tudo se torna óbvio quando você presta atenção.Por isso, percebi que havia algo diferente em Mia quando ela voltou à minha sala. E não era apenas a irritação causada pela notícia de Miranda.Era a maneira como ela evitava meu olhar, como suas mãos tremiam levemente enquanto segurava minha cintura. A desculpa da cólica…— Mia está mentindo? — murmuro, tamborilando os dedos sobre a mesa. — Mas por que estaria?A porta se abre, interrompendo meus pensamentos, e James entra. Franzo a testa, estranhando o fato de ele ainda estar aqui enquanto Mia saiu há pouco.— Está ocupado? — pergunta, já se sentando na cadeira em frente à minha mesa.— Sempre — respondo, tentando parecer casual. — O que precisa?— Preciso que revise isso antes da reunião com o conselho — James diz, colocando a pasta na minha mesa.— Não confia nos s
“Mia Bennett”As palavras de David ecoam em minha mente enquanto tento controlar o tremor das minhas mãos.Se James soubesse o que aconteceu, como ele reagiria?Afinal, a morte da minha mãe conseguiu transformar o homem que era minha figura paterna em um monstro desconhecido que quase me matou. Então, se James descobrisse como ela morreu, como tudo aconteceu…E se ele também me culpasse, como David me culpa? Se ele passasse a me olhar com o mesmo desprezo que vejo nos olhos de David?Se eu perdesse tudo que estou construindo aqui… James, Ethan, essa nova vida que consegui criar longe de todo pesadelo…Talvez isso me destruiria de vez.— O silêncio nunca foi seu forte, filhinha — David interrompe meus pensamentos, sarcástico. — O que foi? Está imaginando a reação do seu novo papaizinho quando souber que você…— Eu não matei a minha mãe… — consigo rebater, apesar da voz trêmula.— Não? — ele levanta uma sobrancelha, abrindo um sorriso debochado. — Acredito que você não bateu a cabeça e