Três horas depois, entre as provocações silenciosas de Ethan na piscina e o interrogatório de Vitória, termino de me arrumar e desço para a sala, onde escuto vozes. Alec e Emma já chegaram, e Theo, claro, está com eles. Ethan está em um canto da sala, conversando com Alec e James, fingindo não notar minha presença. Eu até acreditaria nisso, se não fosse a intensidade em seu olhar quando seus olhos encontram os meus. — Mia! — Emma se levanta do sofá para me abraçar. — Você está linda! — Obrigada — respondo, sorrindo. — Oi, Mia — Theo se aproxima com seu sorriso gentil habitual, me cumprimentando com um beijo no rosto. — Fiquei surpreso com o convite do seu pai. — Eu também, mas fico feliz que vieram. — Vem, vamos sentar — Emma diz, animada, nos puxando para o sofá. — Quero que me conte como foi o evento ontem. Theo começa a contar animadamente, tocando meu braço de leve, e eu tento me concentrar na conversa. Mas minha atenção está dividida entre ele e os olhares sutis de Ethan.
“Ethan Hayes”Observo Mia se afastar, lutando contra a vontade de prendê-la aqui. A maneira como ela me olha antes de fechar a porta do quarto quase me faz perder o controle novamente.— Grande ideia, Ethan Hayes — resmungo, passando a mão pelos cabelos.Passei o almoço inteiro assistindo James praticamente planejando, com o olhar, o casamento de Mia com Theo. O homem educado, atencioso, perfeito. Não posso culpá-lo; ele é exatamente o que eu disse para Mia: alguém melhor para ela.Mas, se mesmo conhecendo alguns dos meus defeitos, ela me quis, preciso fazer mais. Ser mais. Não posso continuar levando isso entre nós como se fosse só físico, mesmo que o sexo com ela seja, sem dúvida, incrível.O problema é: o que fazer para mudar isso? Normalmente, a última coisa que me interessa é me preocupar em agradar alguém, mas com Mia… quero fazer diferente dessa vez. Ela merece mais que encontros escondidos, beijos roubados…Passo a mão pelo rosto, tentando organizar meus pensamentos. Um lugar
Franzo a sobrancelha, sentindo uma sensação estranha se instalar em meu estômago. Será que as doses de whisky foram suficientes para me deixar bêbado e causar alucinações?— Ainda não entendi o que te levou a achar isso — respondo, mantendo minha voz controlada, embora minha mente esteja em caos.— Não insulte minha inteligência, Ethan. — James responde, girando o copo entre os dedos. — Desde Malibu, percebo a maneira como você olha e como age quando ela está por perto.— James…— Não, me deixa terminar. — Ele me interrompe, num tom mais sério. — Só espero que isso não termine com você tratando-a como se fosse uma… acompanhante. Ela não está acostumada com o nosso estilo de vida, Ethan. Não merece ser apenas mais um nome na sua lista.— Sei muito bem a diferença entre uma acompanhante e algo real, James. — As palavras saem mais ríspidas do que eu gostaria, mas a simples comparação é suficiente para me irritar.— E por acaso pensou na diferença de idade? — Ele levanta uma sobrancelha.
“Mia Bennett”“Sr. e Sra. Hayes.”Congelo ao ouvir as palavras do maître, lutando para não rir da expressão de Ethan. Ele está visivelmente tentando manter sua habitual indiferença, mas posso notar o leve rubor em seu pescoço.O Maître nos leva até uma área mais reservada do restaurante e, por um momento, perco o fôlego. O ambiente decorado com flores e velas cria uma atmosfera absurdamente romântica. Ethan conseguiu me surpreender.— Lauren… — ele murmura sem jeito, como se quisesse justificar.— Champanhe para começar? — o Maître pergunta, ainda sorrindo. — Temos uma seleção especial para casais recém-casados.Preciso morder o lábio para segurar a risada, compreendendo o motivo pelo qual Ethan mencionou Lauren. Claramente, ele não planejou nada disso.— Só água, por enquanto — ele responde num tom controlado. Assim que ficamos sozinhos, deixo a risada escapar.— Sra. Hayes? — levanto uma sobrancelha. — Tem algo que queira me contar?— Parece que a minha irmã tem um senso de humor qu
Ethan franze a testa ao ouvir minhas palavras, inclinando levemente a cabeça. Seus olhos intensos me analisam por alguns segundos antes de um sorriso malicioso surgir em seus lábios.— Está me dizendo que fui o responsável por desvirtuar a mocinha certinha de Portland? — pergunta, sarcástico. — Digo isso porque, antes de você, eu nunca tinha feito algo tão… louco. — Reviro os olhos, mas não consigo evitar sorrir. — Como entrar no carro de um desconhecido e ainda aceitar tomar um drink com ele?— Exatamente. Sempre quis saber a sensação de fazer algo errado, e aceitar um drink de um estranho parecia um bom começo — dou de ombros, sentindo minhas bochechas esquentarem com a lembrança.— E subir para uma suíte com esse estranho foi a cereja do bolo? — provoca, com um sorriso que me faz corar. Não consigo evitar rir, balançando a cabeça.— Na minha cabeça, era perfeito. Nunca mais nos veríamos, então… que mal havia em fazer uma loucura? — mordo o lábio, hesitando antes de continuar. — E
“Miranda Pierce”Algo está diferente em Ethan essa manhã.Percebi isso desde o momento em que ele passou pela porta da sala de reuniões, cumprimentando alguns sócios com seu habitual ar de superioridade. Para qualquer um, ele continua o mesmo homem frio e controlado de sempre.Mas não para mim.Conheço Ethan bem demais para não notar as pequenas mudanças. Consigo decifrar cada expressão, cada gesto… os mínimos detalhes. Anos de convivência me ensinaram a ler até mesmo seus silêncios.Foi por isso que quase me convenci de que estava imaginando coisas. Porque depois daquela manhã no estacionamento, Ethan voltou a ser o mesmo de sempre.Mas agora, vendo como sua voz diminui toda vez que Mia se aproxima, ou como ela morde o lábio discretamente quando seus olhares se encontram…Então, quando a reunião termina, decido agir. Anos de experiência como advogada me ensinaram que o momento certo é tudo.As pessoas saem enquanto finjo organizar as minhas coisas, apenas para observá-los um pouco ma
“Mia Bennett” Tento me concentrar nos documentos à minha frente, mas é impossível quando minha mente parece uma rave. A manhã começou perfeita, com memórias do nosso fim de semana ainda vivas em cada pensamento. O jantar, a suíte, o modo como acordei nos braços dele… como tomamos café da manhã sem pressa porque nenhum dos dois queria voltar para o mundo real. Mas bastou a tarde chegar e Miranda aparecer com seu perfume enjoativo e sua arrogância para que a calmaria desse lugar à insegurança. Sim, insegurança. Por voltar à sala e encontrá-la quase sentada no colo dele. Pelo seu sorriso confiante. Pela intimidade que ela claramente tem com ele. Pela maneira como Ethan parecia normal, quando a cena que encontrei estava longe de ser… — Mia… Levanto o olhar rapidamente, encontrando Lauren parada na minha mesa com um sorriso divertido nos lábios. — Oi — respondo, tentando disfarçar o susto. — Desculpa, estava distraída. — Percebi — ela ri, sentando na beirada da mesa. — E apo
Levo alguns segundos para processar a informação. Solto um suspiro pesado enquanto encaro Ethan, que agora parece tão frustrado quanto eu.Seattle deveria ser… diferente. Um lugar onde não precisaríamos nos esconder tanto, onde poderíamos ter alguns momentos de normalidade longe dos olhares conhecidos.— Como assim? — finalmente pergunto, tentando, sem sucesso, esconder minha decepção.— Miranda está à frente do caso Morrison — explica. — Ela soube da nossa ida e decidiu aproveitar a logística. Já que vamos usar o jatinho, James…— Sugeriu isso — completo, soltando outro suspiro.— Sim. Faz sentido para ela, considerando que Miranda esteve em Seattle há algumas semanas.Mordo o lábio, pensando em como três dias com Miranda serão… complicados. Não por sua história com Ethan, mas porque ela sempre me faz sentir tão… insignificante.— Isso não afetará em nada do que planejamos, OK? — Ethan se aproxima, segurando meu rosto. — Só teremos que ser mais discretos.— Três dias com Miranda pert