“Ethan Hayes”O whisky queima minha garganta enquanto James conta alguma história sobre seu último encontro. Estamos sentados na varanda de sua casa, como fazemos há anos quando precisamos conversar, mas minha mente está em outro lugar.Está nela.— Ethan? — A voz de James me traz de volta. — Cara, você nem riu da parte em que derrubei o vinho no meu… — Ele para, me observando com aquele sorriso irritante que conheço tão bem. — Ah, claro. É a tal azarada, não é?— Não começa. — Viro o restante da bebida.— Quanto tempo faz que te conheço? Treze anos? — Ele pega o whisky na mesa ao lado, nos servindo outra dose. — Nunca te vi assim por uma mulher. Na verdade, nunca te vi assim por nada.— Talvez eu esteja ficando velho — murmuro, girando o copo na mão enquanto olho para o céu.— Estou começando a concordar com você. Talvez o maior galinha de Chicago esteja realmente considerando algo sério — debocha, e eu apenas balanço a cabeça, exausto demais para reagir.— Que diferença faz? — pergu
“Mia Bennett”Meu coração dispara quando Ethan fecha a porta atrás de mim. Eu deveria estar irritada. Deveria xingá-lo por me puxar desse jeito, por agir como se tivesse algum direito sobre mim após ter escolhido se afastar.Mas a verdade? A verdade é que passei a noite inteira desejando que fosse ele ao meu lado. E agora que ele está aqui, simplesmente não consigo me afastar.— Resolver o quê, Ethan? — pergunto, levantando o queixo enquanto puxo meu braço. — Que você estava certo? Que eu só virei o rosto porque, mesmo passando a noite inteira com uma pessoa maravilhosa, tudo o que fiz foi me odiar por ainda pensar em você?— Mia… — Ele tenta se aproximar, mas para quando dou um passo para trás.— Não, Ethan. Você não tem esse direito! — exclamo, balanço a cabeça. — Também não tem o direito de decidir que mereço mais, por que como posso merecer mais quando é exatamente você que eu quero?— Com todos os defeitos que tenho? — Ele força uma risada baixa, amarga. — Você só pode estar louc
“Ethan Hayes” Que porra eu estava pensando? Como pude sequer cogitar a ideia de me afastar dela? Logo dela, que, desde o momento em que entrou no meu carro, virou minha vida perfeitamente controlada de cabeça para baixo? A verdade é que Mia sempre teve esse poder: o de me fazer perder o controle que tanto prezo. E agora, com seus lábios nos meus e seu corpo pressionado contra o meu, percebo que lutar contra isso foi a maior estupidez que já cometi. Minhas mãos apertam sua bunda com mais força, e sinto suas unhas arranharem minha nuca em resposta. Porra, como senti falta disso. Como senti falta dela. — Você não faz ideia do quanto me irritou hoje — murmuro, deslizando minhas mãos pelas suas coxas. — A porra desse vestido… — Passou a noite toda pensando nisso? — Mia provoca. Claro que ela sabia exatamente o que estava fazendo quando escolheu esse vestido. — Em como seria ver outro cara tocando no que é meu? Óbvio. — Sussurro em seu ouvido, entrelaçando meus dedos em seus cab
“Mia Bennett”Pisco os olhos algumas vezes antes de finalmente conseguir enfrentar a claridade que entra pela cortina. Estou no meu quarto. Não, espera. Estou no quarto de hóspedes. Não foi mais um dos sonhos que costumo ter após dormir chorando. Me sento rapidamente quando sinto o toque de Ethan no meu braço, mas a confusão logo dá lugar ao susto ao ver Vitória parada na porta, a mão cobrindo a boca e os olhos arregalados. — Merda… — murmuro, puxando o lençol para me cobrir. Ethan solta um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. — Vocês deram muita sorte de não ser outra pessoa — ela diz, olhando rapidamente para o corredor antes de nos encarar novamente. — E sorte de eu ter me oferecido para vir te chamar, Sr. Hayes. — Por que bateu e entrou assim? — ele pergunta, num tom baixo, mas claramente irritado. — Bati umas três vezes, ninguém respondeu, e achei que tinha acontecido alguma coisa — ela retruca, agora mais calma. — Me desculpe. — Tori, por favor — murmuro, co
Theo. Almoço. Hoje.Desvio o olhar para Ethan, que mantém sua expressão neutra enquanto leva a xícara à boca. A única indicação de seu descontentamento é a força desnecessária com que segura a porcelana.— Theo não comentou nada comigo ontem — murmuro, fingindo interesse enquanto me sirvo um pouco de café.— Porque Alec e eu combinamos ontem, no fim do expediente — James explica, sorrindo. Ethan ri, sarcástico, deixando o jornal de lado.— Se você e Alec continuarem assim, não vai demorar para começarem a organizar um casamento arranjado — ele comenta, num tom carregado de ironia.— Deixe de ser exagerado, Ethan — James responde, esfregando a mão na nuca e desviando o olhar para mim. — Não quero que pense assim, Mia. É só que… ainda estou me acostumando com esse negócio de ser sogro de alguém.Me engasgo com o café, tossindo, enquanto Ethan me oferece um guardanapo e James me olha preocupado, com as sobrancelhas franzidas.— Sogro? — pergunto, entre uma tossida e outra, encarando Jame
Três horas depois, entre as provocações silenciosas de Ethan na piscina e o interrogatório de Vitória, termino de me arrumar e desço para a sala, onde escuto vozes. Alec e Emma já chegaram, e Theo, claro, está com eles. Ethan está em um canto da sala, conversando com Alec e James, fingindo não notar minha presença. Eu até acreditaria nisso, se não fosse a intensidade em seu olhar quando seus olhos encontram os meus. — Mia! — Emma se levanta do sofá para me abraçar. — Você está linda! — Obrigada — respondo, sorrindo. — Oi, Mia — Theo se aproxima com seu sorriso gentil habitual, me cumprimentando com um beijo no rosto. — Fiquei surpreso com o convite do seu pai. — Eu também, mas fico feliz que vieram. — Vem, vamos sentar — Emma diz, animada, nos puxando para o sofá. — Quero que me conte como foi o evento ontem. Theo começa a contar animadamente, tocando meu braço de leve, e eu tento me concentrar na conversa. Mas minha atenção está dividida entre ele e os olhares sutis de Ethan.
“Ethan Hayes”Observo Mia se afastar, lutando contra a vontade de prendê-la aqui. A maneira como ela me olha antes de fechar a porta do quarto quase me faz perder o controle novamente.— Grande ideia, Ethan Hayes — resmungo, passando a mão pelos cabelos.Passei o almoço inteiro assistindo James praticamente planejando, com o olhar, o casamento de Mia com Theo. O homem educado, atencioso, perfeito. Não posso culpá-lo; ele é exatamente o que eu disse para Mia: alguém melhor para ela.Mas, se mesmo conhecendo alguns dos meus defeitos, ela me quis, preciso fazer mais. Ser mais. Não posso continuar levando isso entre nós como se fosse só físico, mesmo que o sexo com ela seja, sem dúvida, incrível.O problema é: o que fazer para mudar isso? Normalmente, a última coisa que me interessa é me preocupar em agradar alguém, mas com Mia… quero fazer diferente dessa vez. Ela merece mais que encontros escondidos, beijos roubados…Passo a mão pelo rosto, tentando organizar meus pensamentos. Um lugar
Franzo a sobrancelha, sentindo uma sensação estranha se instalar em meu estômago. Será que as doses de whisky foram suficientes para me deixar bêbado e causar alucinações?— Ainda não entendi o que te levou a achar isso — respondo, mantendo minha voz controlada, embora minha mente esteja em caos.— Não insulte minha inteligência, Ethan. — James responde, girando o copo entre os dedos. — Desde Malibu, percebo a maneira como você olha e como age quando ela está por perto.— James…— Não, me deixa terminar. — Ele me interrompe, num tom mais sério. — Só espero que isso não termine com você tratando-a como se fosse uma… acompanhante. Ela não está acostumada com o nosso estilo de vida, Ethan. Não merece ser apenas mais um nome na sua lista.— Sei muito bem a diferença entre uma acompanhante e algo real, James. — As palavras saem mais ríspidas do que eu gostaria, mas a simples comparação é suficiente para me irritar.— E por acaso pensou na diferença de idade? — Ele levanta uma sobrancelha.